terça-feira, 27 de abril de 2021

Revolução sexual: Tolos ou Mentirosos

Os actuais defensores da Revolução Sexual – esse grande pântano de esgoto, miséria humana, famílias disfuncionais, entretenimento decadente e advogados – garantem que a ruptura antropológica mais radical que a humanidade alguma vez conheceu, a desvinculação entre o casamento, a procriação e os simples factos da vida, não terá qualquer efeito (nenhum, não se preocupem) sobre o casamento, a procriação, a família e a vida comunitária.

Ao que eu respondo: “Não foi isso que disseram das outras vezes?” Precisamente qual das previsões dos revolucionários sexuais é que se confirmou?

Disseram-nos que a liberalização das leis de divórcio não teria qualquer efeito, nenhum, não se preocupem, sobre as taxas de divórcio. A nova lei apenas tornaria o divórcio menos doloroso para o casal e, por isso, menos doloroso para os filhos. Porque aparentemente existem “bons” divórcios.

Através de uma demonstração milagrosa de simpatia e maturidade fora do alcance da sua idade, as crianças ficariam felizes por ver os seus pais felizes. Aliás, de outra forma a sua felicidade não seria possível. Ninguém se deu ao trabalho de perguntar como é que os pais poderiam ser felizes perante a infelicidade dos seus filhos. Mas os revolucionários enganaram-se em relação a isso. Ou então estavam a mentir, das duas, uma.

Disseram-nos que toda a gente fazia “aquilo”, sendo que “aquilo” se tornou gradualmente mais imoral e antinatural, e basearam as suas afirmações em investigação levada a cabo pelo pedófilo e fraude Alfred Kinsey. Ver com bons olhos a fornicação, disseram, não mudava nada, apenas libertava as pessoas da censura e permitia-lhes fazer aberta e honestamente aquilo que até então tinham feito desonestamente e em segredo. 

Em apenas uma geração a relação entre os sexos transformou-se completamente até que as raparigas e os rapazes que queriam praticar a normal virtude da prudência, e até a mais difícil virtude da castidade, se viram isolados e sós. Antigamente o coração de um rapaz entraria em sobressalto se a rapariga lhe desse um beijo. Agora, mal consegue fingir um bocado de afecto se ela não o levar ao clímax. Também aqui os revolucionários se enganaram. Ou então estavam a mentir.

Disseram-nos que a pornografia era um passatempo inocente para uma minoria que gostava. Não tinha nada a ver com violência, não seria prejudicial para a cultura. Seria possível proteger os nossos filhos dela. Não teria qualquer efeito, nenhum, não se preocupem. Vale a pena sequer comentar esta? Enganaram-se, ou então estavam a mentir.

Disseram-nos que com a pílula ia haver menos crianças concebidas fora do casamento, e que a liberalização das leis do aborto não afectaria, de todo, não se preocupem, o número de mulheres que o procuram. O Papa Paulo VI, na Humanae Vitae, previu o contrário. Actualmente 40% das crianças na América nascem fora de casamentos, a maior parte cresce sem um lar estável. Segundo o próprio Supremo Tribunal, o aborto tornou-se uma parte tão intrínseca da vida de uma mulher, como uma protecção de último recurso contra fazer um filho quando se faz a coisa que faz filhos, que não pode ser limitado. Mais uma vez, os revolucionários enganaram-se, ou estavam a mentir.

Talvez deva dizer que estavam a mentir outra vez, porque as provas que levaram até ao tribunal tinham sido sempre um monte de mentiras.

Disseram-nos que o facto de pequenas crianças serem introduzidas ao prazer sexual por pessoas queridas e mais velhas não tinha grande mal, a não ser que os pais reagissem de forma exagerada. Durante algum tempo tiveram de se esquecer que o tinham dito, mas agora que a Igreja Católica pôs a casa em ordem outra vez estão a esquecer-se de que se tinham esquecido e começam a cantar novamente a mesma melodia: não tem qualquer mal, nenhum, não se preocupem. Estavam, e estão, enganados, ou estavam e estão a mentir.

Não se preocupem... 

Disseram-nos que as leis de igualdade de género não resultariam em consequências absurdas, como o envio de mulheres para as frentes de combate, casas de banho unissexo e a normalização da homossexualidade. Não teria qualquer efeito, nenhum, não se preocupem. Enganaram-se, ou estavam a mentir.

Em que é que acertaram? Alguma vez as relações entre homens e mulheres estiveram mais marcadas pela suspeita, raiva e vergonha? De acordo com os seus próprios testemunhos, as nossas faculdades são agora selvas incontroláveis de assédio e violação. Não era assim antes de os revolucionários meterem mãos à obra.

Disseram-nos que o aborto não conduziria à eutanásia. Agora dizem ainda bem que o aborto conduziu à eutanásia mas dizem que a eutanásia, a morte medicamente assistida, não levará à matança de idosos sem o seu consentimento. Mas por acaso isso já aconteceu. Todos os dias há idosos a serem sujeitos a asfixia lenta e supostamente indolor, em todos os hospitais do país. Não terá qualquer efeito, nenhum, não se preocupem.

Disseram-nos que o alargamento da noção (não a realidade, que é impossível, mas a pretensão) de casamento a pessoas do mesmo sexo não teria qualquer efeito, nenhum, sobre qualquer outra coisa no país. Não afectará o que os nossos filhos aprendem na escola, não afectará o número de jovens a experimentarem coisas antinaturais, não afectará a liberdade religiosa, não afectará a liberdade de expressão.

Não poderia ter qualquer efeito sobre essas coisas porque, garantiram-nos, o comportamento em questão é perfeitamente natural, levado a cabo por pessoas perfeitamente saudáveis. Não teria qualquer efeito, nenhum, não se preocupem, agora concordem ou sejam destruídos.

Alguma vez as previsões desta gente se confirmaram? Porque é que havemos de confiar neles agora?

Anthony Esolen in 'Catholic Thing' (Traduzido no blog 'Actualidade Religiosa')

3 comentários:

  1. Maria José Martins28 abril, 2021 09:40


    "Todos uns mentirosos!" E não só no que se refere à Revolução Sexual...
    Desde há muito, que o Homem perdeu o Norte e caminha em direção ao Abismo. Falta de Deus no mundo, sempre ouvi da parte dos mais velhos, da minha Geração, quando algo de muito mau acontecia. E, hoje, penso no que diriam, se tivessem acesso às Notícias que a toda a hora entram pela nossa casa!
    E quanto mais leio e medito sobre a MISSÃO--VIDA-- de Jesus Cristo na Terra, mais horrorizada fico, ao constatar como o facilitismo nos envolveu, a nós Cristãos, ao ponto de permitir o AVANÇO desenfreado de TUDO o que lhe é oposto.
    "...Lembrai-vos sempre de que, sem a ajuda de Deus não podereis permanecer em estado de Justiça, nem durante uma hora! Por isso, vos digo: Vigiai, e ensinai, que quem não mantiver um contacto constante com a Oração, cai no torpor..."
    "...mas lembrai-vos TAMBÉM, se quando chegar o ponto em que já não aguentais mais, para fazer a Vontade de Deus, persistindo, mesmo contra tudo, não tenhais medo de cair em vileza ou renegar, porque se persistirdes, Deus fará de vós gigantes de heroísmo, se permanecerdes FIÉIS à Sua Vontade. Lembrai-vos de que, tal como Eu fui assistido por um Anjo, depois da última tentação, o mesmo acontecerá convosco!"
    "...sim, muitos Me amam, mas continuam na mesma; não se transformam por Amor a Mim! Mas houve UMA que, de uma ANIMALIDADE COMPLETA e PERVERTIDA, chegou a UMA ESPIRITUALIDADE ANGELICAL: Maria Madalena!...Ela mudou pela atividade do seu Amor..."
    E Jesus acrescenta ainda: "Não basta o Meu Sangue. Ao Meu Sangue tereis que juntar o VOSSO ARREPENDIMENTO. Sem ARREPENDIMENTO, e um arrependimento amargo, mas salutar, INUTILMENTE, Eu terei morrido por vós!"--De "O Evangelho como me foi revelado"--Maria Valtorta
    Penso que, nestas frases, se resume um pouco o porquê de nos termos deixado SEDUZIR e enganar por todos ESSES MENTIROSOS!
    E que a IGREJA ACORDE DE VEZ e acolha as sugestões de D, Schneider, pois, "mais vale tarde do que nunca" e, assim, dê oportunidade a que Deus Cumpra o que Jesus nos promete: o Envio de Anjos capazes de nos ajudar a combater toda a esta INFESTAÇÃO diabólica, que neste momento, assola o mundo e nos conduzam à VERDADE, que tão relativizada está!!


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  2. Este texto é grande e cheio de questões importantes referentes à nossa sociedade contemporânea (mas não só).
    (1) Eu não concordo com a banalização do sexo mas isso sou eu. Ela foi muito propalada pela revolução sexual mas não vem daí. Os romanos, por exemplo, não ficavam nada atrás dos crazy 60's. Mas nem tudo foi mau: as mulheres, cada vez mais, têm direito à sua autonomia e a sonhar também com as suas carreiras, se assim o entenderem. Não vejo isso como um retrocesso.
    (2) A questão do casamento e divórcio é complexa também. Se o casamento resulta, naturalmente não há razão para se mexer nele. As pessoas mais bem-estruturadas que conheço vêm de casamentos felizes (mas não são muitas, digo-vos já). As restantes vêm de núcleos familiares tóxicos, alguns deles profundamente religiosos (mas não só). Será bom para estas famílias - cônjuges e crianças - ficarem juntas? Tenho dúvidas.
    (3) Quanto a Kinsey, cujo trabalho conheço muito ao de leve, insere-se de facto nesta corrente da liberalização do sexo e da orientação sexual. Mas convém lembrar também que há centenas de crimes de pedofilia na igreja católica - que repudio, claro - perpetrados pela classe clerical. E há também muita homossexualidade reprimida lá: não só na congregação, como nos seminários e entre altas instâncias da igreja. Há muitos exemplos que vieram a público nos últimos anos, quer em Portugal, quer lá fora. Curas de conversão, como as que monsenhor Schneider prescreve, não sei se funcionarão.
    (4) Por último, a questão delicadíssima do aborto e da eutanásia. Creio que ninguém defenderá a liberalização da morte (ninguém no seu perfeito juízo, pelo menos). Criminalizar o aborto parecia-me, porém, um pouco extremo. Mas também é certo que há muita gente irresponsável na sua vida sexual. A questão da eutanásia - que foi bem vetada pelo PR - merece uma discussão ampla, talvez até em referendo e não como se estava a fazer, à socapa, no parlamento. Há casos de grande sofrimento físico, que configuram quase um 'sofrimento de Job', que não sei se não são já enquadradas por lei. Continuo a achar, todavia, que a vida e morte estão nas mãos de Deus. Ainda voltando um pouco atrás: falei com algumas mulheres que recorreram ao aborto e posso-vos dizer que, tirando um ou outro caso de completa leviandade, sempre notei uma angústia genuína nas mães. Não é uma questão simples, portanto. Quem sou eu para atirar a primeira pedra...

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  3. Maria José Martins28 abril, 2021 22:13

    Mas, se o Homem chegou aonde chegou, para quem ACREDITA na Palavra de Deus, é, precisamente, porque renegou as suas Origens e o Fim para que foi Criado, por Ele.
    Assim, todas as "aberrações" que hoje podemos, infelizmente, constatar, e às quais, até já nos vamos, habituando, simplesmente existem, como consequência da DESORDEM em que o próprio Homem entrou, porque Deus TUDO CRIOU PERFEITO e segundo a SUA ORDEM, também PERFEITA! Aliás, Jesus, quando O interpelaram sobre o divórcio, Ele respondeu: Mas, no Princípio, não era assim!
    E nem mesmo Jesus, redimindo-nos, com a Sua Morte, conseguiu que o Seu Reino fosse Restaurado, na Terra; mas, mais uma vez, por culpa nossa, porque Ele deixou-nos TODOS os remédios, na Sua Palavra e nos Sacramentos; e a Sua Igreja, para que Os pusesse em prática! E Ele NUNCA disse que ia ser fácil, mesmo assim; pelo contrário, mandou que nos identificássemos, com Ele...que amássemos a Cruz, porque iríamos ter muito que sofrer, uma vez que o mundo nos odiaria, como O odiou, a Ele!
    Agora, se mais uma vez, o HOMEM falhou, a culpa continua a ser sua...e a única maneira de atenuar a situação, é VOLTARMO-NOS para Deus e IMPLORAR-LHE MISERICÓRDIA, por termos VIOLADO a SUA Lei e a Sua Vontade, esforçando-nos por nos arrependermos, porque ELE está SEMPRE pronto a Perdoar; mas somente SE MUDARMOS DE VIDA--Conversão--
    Eu penso, que é isso que nos diz D. Schneider: que tentemos, pelo menos, REVERTER a Situação, que já está sem controlo.
    Porém, Deus vê o nosso coração e está SEMPRE pronto a Perdoar! E se já não for possível SALVAR TODO MUNDO, Salvemos, pelo menos, UMA GRANDE PARTE!
    Porque os valores do mundo--tal como os vemos--são os OPOSTOS aos de Deus, porque vêm da nossa HUMANIDADE, puramente CARNAL. E sem a condenar, Deus EXIGE que CRESÇAMOS EM ESPÍRITO,
    e nos tornemos deuses EM DEUS, que é SOMENTE ESPÍRITO! Assim, seremos cada vez mais PERFEITOS e incapazes de magoar ou prejudicar o próximo.

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