domingo, 14 de agosto de 2022

Aljubarrota, a independência de Portugal e a coragem do Santo Condestável

Neste dia, há 637 anos, os portugueses venceram os castelhanos na Batalha de Aljubarrota

Não desiste o Rei de Castela da conquista de Portugal, e invade-o novamente, procurando cercar Lisboa. Acorre o Condestável, junta suas forças com as de D. João I, e marcham ambos até Aljubarrota, onde esperam os castelhanos. Nuno Álvares manda de novo formar suas tropas em quadrado, e quando nasce o dia 14 de Agosto tudo está pronto. 

O sol refulge nas laminas e nos elmos. Nuno reza com fervor. O Arcebispo de Braga, com as vestes episcopais sobre a cota de armas, e a imagem da Virgem sobre o elmo, percorre as fileiras dando a absolvição e exortando todos a combaterem contra os sequazes do antipapa Clemente VII.

À tarde atacam os espanhóis; são trinta mil contra os sete mil lusos. O embate se dá terrível, rompe-se no começo o quadrado português, mas logo se fecha de novo sobre a cavalaria castelhana, que é acometida por D. João I e seus cavaleiros. O Arcebispo de Braga é ferido. D. Nuno, ileso, está em toda parte onde o perigo é maior. Por fim, vê-se oscilar o pendão de Castela e os portugueses põem-se a bradar: já fogem, já fogem. E, como diz o cronista da batalha: «Os castelãos por não fazer deles mentirosos, começaram cada vez a fugir mais».

É a vitória. O Rei e o Condestável, que estão em jejum por ser a véspera de Nossa Senhora de Agosto — como então se chamava a festa da Assunção — agradecem a Deus a derrota definitiva do invasor.

Em Outubro, D. Nuno invade, por sua vez, terras de Castela, e recebe e aceita um desafio de vários chefes castelhanos. Encontra-os perto de Valverde, onde, como de costume, forma suas forças em quadrado. Desta vez não espera o ataque, mas avança contra os adversários: As hostes destes são tão numerosas, que cercam o quadrado português e este estaca. Ferido no pé por uma flecha, o Condestável continua a lutar nos lugares mais perigosos. 

A batalha parece indecisa por um momento, e alguns cavaleiros procuram, preocupados, o santo capitão. Encontram-no a rezar profundamente. Querem tirá-lo dali, e ele responde: «Ainda não é tempo, aguardai um pouco e terminarei de rezar». E continua imerso na oração, para depois levantar-se e desbaratar os inimigos.

Com esta vitória estava praticamente terminada a luta pela independência de Portugal. A campanha continuou por algum tempo com combates de menor importância.

D. Luís de Orléans e Bragança in Catolicismo n° 121 (Janeiro de 1961)

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