quinta-feira, 30 de maio de 2024

Missa de Corpus Christi: A doutrina revelada na Liturgia

A Festa de 'Corpus Christi' foi instituída pelo Papa Urbano IV no dia 11 de Agosto de 1264 com a bula 'Transiturus'. O Papa pediu a vários teólogos que escrevessem hinos de louvor ao Santíssimo Sacramento, para a festa do Santíssimo Corpo e Sangue do Senhor que ia começar a ser celebrada por toda a Igreja.

S. Tomás de Aquino foi o primeiro a apresentar os seus hinos. Isto foi o suficiente para que mais nenhum teólogo quisesse apresentar outros hinos, dada a enorme beleza dos hinos de S. Tomás. Entre estes textos estavam os famosos: Adoro Te Devote, Pange Lingua e também o hino Lauda Sion Salvatorem.

Este último é cantado na na Sequência (antes do Evangelho) da Santa Missa da solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue do Senhor.

Aqui fica o texto original de S. Tomás, bem como a sua tradução. Um verdadeiro exemplo de como a liturgia faz brilhar a doutrina Católica em todo o seu esplendor.

Texto Latino
Tradução em português
Lauda Sion Salvatórem
Lauda ducem et pastórem
In hymnis et cánticis.

Quantum potes, tantum aude:
Quia major omni laude,
Nec laudáre súfficis.

Laudis thema speciális,
Panis vivus et vitális,
Hódie propónitur.

Quem in sacræ mensa cœnæ,
Turbæ fratrum duodénæ
Datum non ambígitur.

Sit laus plena, sit sonóra,
Sit jucúnda, sit decóra
Mentis jubilátio.

Dies enim solémnis ágitur,
In qua mensæ prima recólitur
Hujus institútio.

In hac mensa novi Regis,
Novum Pascha novæ legis,
Phase vetus términat.

Vetustátem nóvitas,
Umbram fugat véritas,
Noctem lux elíminat.

Quod in cœna Christus gessit,
Faciéndum hoc expréssit
In sui memóriam.

Docti sacris institútis,
Panem, vinum, in salútis
Consecrámus hóstiam.

Dogma datur Christiánis,
Quod in carnem transit panis,
Et vinum in sánguinem.

Quod non capis, quod non vides,
Animósa firmat fides,
Præter rerum ordinem.

Sub divérsis speciébus,
Signis tantum, et non rebus,
Latent res exímiæ.

Caro cibus, sanguis potus:
Manet tamen Christus totus,
Sub utráque spécie.

A suménte non concísus,
Non confráctus, non divísus:
Integer accípitur.

Sumit unus, sumunt mille:
Quantum isti, tantum ille:
Nec sumptus consúmitur.

Sumunt boni, sumunt mali:
Sorte tamen inæquáli,
Vitæ vel intéritus.

Mors est malis, vita bonis:
Vide paris sumptiónis
Quam sit dispar éxitus.

Fracto demum Sacraménto,
Ne vacílles, sed memento,
Tantum esse sub fragménto,
Quantum toto tégitur.

Nulla rei fit scissúra:
Signi tantum fit fractúra:
Qua nec status nec statúra
Signáti minúitur.
Louva, Sião, o Salvador,
Louva o guia e o pastor
Com hinos e cânticos.

Quantos possas, tanto ouses,
Porque está acima de todo o louvor
E nunca o louvarás suficientemente.

É-nos hoje proposto um tema
Especial de louvor:
O pão vivo que dá a vida.

O pão que na mesa da sagrada ceia
Foi distribuído aos doze,
Como nos foi dado sem ambiguidades.

Ressoem pois os louvores, sonoros,
Cheios de amor. Seja formosa e jovial
A alegria das almas.

Porque celebramos o dia solene
Que nos recorda a instituição
Desde banquete.

Na mesa do novo Rei,
A Páscoa da Nova Lei
Põe fim à Páscoa antiga.

O rito novo rejeita o velho,
A realidade dissipa as sombras
Como o dia dissipa a noite.

O que o Senhor fez na ceia
Mandou-no-lo fazer
Em sua memória.

E nós intruídos pelo mandado divino
Consagramos o pão e o vinho
Em hóstia de salvação.

É dogma de fé para os cristãos
Que o pão se converte na carne
E o vinho no sangue do Salvador.

O que não compreendes nem vês,
Diz-to a fé viva; porque se opera
Fora das leis naturais.

Debaixo de espécies diferentes,
Que são apenas sinais exteriores,
Ocultam-se realides sublimes.

O pão é comida, e o vinho é bebida;
Mas debaixo de cada uma das espécies
Cristo está totalmente.

E quem o recebe não o parte
Nem divide, mas recebe-o
Todo inteiro.

Quer o recebam mil, quer um só,
Todos recebem o mesmo,
Nem recebendo-o podem consumi-lo.

Recebem-no os bons e os maus igualmente,
Porém com efeitos diversos:
Os bons para vida e maus para morte.

Morte para os maus e vidas para os bons:
Consideremos como são diferentes os efeitos
Que produz o mesmo alimento.

Quando a hóstia é dividida,
Não vacile a tua fé porque o Senhor
encontra-se sempre todo debaixo
do pequeno fragmento ou da hóstia inteira.

Nenhuma coisa a pode dividir:
apenas os sinais foram divididos
sem a menor alteração da realidade divina que esses mesmos sinais significam.

Quem estiver interessado em cantar:

2 comentários:

  1. Pode explicar-me porque o texto da sequência da Solenidade em uso é o seguinte e não o que refere? Obrigado.

    SEQUÊNCIA DA SOLENIDADE DO SANTÍSSIMO CORPO E SANGUE DE CRISTO

    Terra, exulta de alegria,
    Louva o teu pastor e guia,
    Com teus hinos, tua voz.

    Quanto possas tanto ouses,
    Em louvá-l’O não repouses:
    Sempre excede o teu louvor.

    Hoje a Igreja te convida:
    O pão vivo que dá vida
    Vem com ela celebrar.

    Este pão – que o mundo creia –
    Por Jesus na santa Ceia
    Foi entregue aos que escolheu.

    Eis o pão que os Anjos comem
    Transformado em pão do homem;
    Só os filhos o consomem:
    Não será lançado aos cães.

    Em sinais prefigurado,
    Por Abraão imolado,
    No cordeiro aos pais foi dado,
    No deserto foi maná.

    Bom pastor, pão da verdade,
    Tende de nós piedade,
    Conservai-nos na unidade,
    Extingui nossa orfandade
    E conduzi-nos ao Pai.

    Aos mortais dando comida,
    Dais também o pão da vida:
    Que a família assim nutrida
    Seja um dia reunida
    Aos convivas lá do Céu.

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  2. E porque falam os naturalistas de uma estupenda serpente, segundo palavras do Pdr. Nieremberg que não duvidava em citá-la nas suas reflexões sobre o Corpo de Jesus Cristo? Dão-lhe o nome de Anfisbena, que tem duas cabeças, e é de tal natureza, que por uma vomita veneno e pela outra saudável antídoto contra ele. Adianta o Pdr. Silveira Malhão no seu sermão sobre o SSmo. Sacramento, que esta analogia tem por base o respeito com que devemos receber o SS.mo.: "...o Corpo de Jesus Cristo também mata, e vivifica: encerra veneno mortal, e antídoto salvífico, segundo S. Tomás.- Mors est malis, vita bonis. - Ele mata: -todo aquele, (diz o Apóstolo) que come e bebe indignamente o corpo, e sangue de Jesus Cristo, come, e bebe o próprio juízo!- Ele vivifica: - Todo aquele, diz o evangelista S. João, todo aquele que come a minha carne, e bebe o meu sangue, tem segura a vida eterna..."

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