quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Os 7 degraus do Altar: a concepção tradicional do Sacramento da Ordem

Após o primeiro ano de formação, o jovem seminarista receberá a batina, que é a farda do exército de Cristo. E estará vestido de preto porque deve morrer para o mundo, e as coisas do mundo não devem significar nada para ele.

Depois da batina, o seminarista receberá o que chamamos de “tonsura”. A tonsura é uma cerimónia muito antiga, em que o bispo corta o cabelo do seminarista em forma de cruz, que repete depois do bispo as palavras do Salmo XV: Dominus pars hereditatis meae et calicis mei, tu es qui restitues hereditatem meam mihi. “O Senhor é a parte da minha herança e meu cálice, tu és aquele que restaurará a minha herança para mim.” O seminarista declara que o Senhor é a sua porção e o seu quinhão neste mundo, como os levitas do Antigo Testamento. E este é o significado da palavra “clérigo”: ter o Senhor como nossa porção e sermos nós mesmos a porção do Senhor.
Tonsura
Tradicionalmente, a tonsura é considerada a entrada no estado clerical e conduz o seminarista aos sete degraus do altar, que são os sete graus do sacramento da Ordem. Portanto, embora o sacramento da Ordem seja um, ele é dividido em graus, e o seminarista subirá um degrau de cada vez.

O primeiro degrau é a Ordem de Ostiário. Com esta ordem o seminarista recebe a incumbência de abrir e fechar a igreja, e cuidar dos vasos sagrados.
Ostiário: entrega da chave
O segundo degrau é a Ordem de Leitor. Com esta ordem o seminarista recebe a tarefa de ler as Sagradas Escrituras durante o Ofício Divino e catequizar o povo.
Leitor: entrega do livro
O terceiro degrau é a Ordem de Exorcista. Com esta ordem o seminarista recebe o poder de expulsar o demónio dos corpos daqueles que estão possuídos (embora o uso desse poder esteja sujeito a formação e permissão adicionais).
Exorcista: entrega do livro
O quarto degrau é a Ordem de Acólito. Com esta ordem o seminarista recebe o ofício de servir a Santa Missa.
Acólito: entrega da vela


Acólito: entrega das galhetas
Estas são as quatro ordens que chamamos de menores. E em seguida vêm as três ordens ditas maiores.

O quinto degrau do Altar é o Subdiaconato. É durante essa ordenação que o jovem levita faz sua promessa, o seu voto de castidade perpétua. Ele recebe, então, o poder de ajudar o diácono e o sacerdote no Altar. Vemos bem que primeiro ele promete castidade, e só então recebe o poder de servir no Altar. Por isso, podemos ver claramente que a castidade e o serviço do Altar devem andar sempre juntos.
Subdiácono: promessa de castidade

Subdiácono: entrega do cálice

 

Subdiácono: entrega do livro das Epístolas
O sexto degrau do Altar é o Diaconato. Com esta ordem, o seminarista recebe o poder de ajudar o sacerdote no altar, de anunciar o Evangelho, pregar e baptizar.
Diácono: imposição da mão

Diácono: entrega do livro dos Evangelhos
Finalmente, o sétimo degrau do Altar é a Ordem dos Sacerdotes, que inclui tanto os simples padres (presbiterado) quanto bispos (episcopado).
Sacerdote: imposição das mãos

Sacerdote: unção das mãos

Sacerdote: entrega do cálice e hóstia

Sacerdote: promessa de obediência
Na sua ordenação o sacerdote recebe um poder que nem sequer foi concedido aos próprios Anjos de Deus: o poder de consagrar o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo e o poder de perdoar os pecados. O grande plano de salvação está nas pequenas mãos do sacerdote. O padre é tão pequeno, mas ao mesmo tempo tão grande. Que missão, que vocação! A vocação mais sublime da Terra: ser sacerdote, ser outro Cristo, continuar a obra da redenção de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Nós, sacerdotes, recordamos com grande emoção todos os passos que nos conduziram ao altar de Deus: a nossa tonsura, as ordens menores, o subdiaconato, o diaconato e, por fim, o sacerdócio. É uma grande alegria ser sacerdote, de tal forma que nunca voltaríamos atrás. Se tivéssemos mil vidas, mil vezes nos entregaríamos a Deus, para a salvação de almas.

Que alegria baptizar e dar vida espiritual a uma alma! Que alegria reconciliar o pecador com Deus no sacramento da confissão! Que alegria abençoar um casamento, pedindo as graças de Deus para a nova família! Que alegria acompanhar os moribundos nos seus últimos momentos, com o sacramento da extrema unção, abrindo-lhes as portas do reino dos céus com o poder das chaves colocadas nas mãos do sacerdote! Que alegria indizível oferecer o Santo Sacrifício da Missa e elevar a Hóstia Sagrada e o Santo Cálice para a glória de Deus e a salvação das almas! Que alegria ser padre!

Mas, para ser justo, devo dizer que ser padre é também uma cruz. Não é uma reclamação, é um facto. Quando passamos a compartilhar mais da vida de Nosso Senhor, passamos a compartilhar mais dos Seus sofrimentos. E porque o sacerdócio é a assimilação mais forte a Cristo, é normal que traga sofrimento. No dia da sua ordenação, a mãe de São João Bosco disse-lhe: “Meu filho, hoje começas a sofrer”.

Essas são, de facto, palavras fortes, que não nos devem atemorizar, mas devem recordar que qualquer sacerdote, como outro Cristo, é chamado a ser sacerdote e vítima. Qualquer sacerdote é chamado a oferecer Cristo ao Pai, mas também a se oferecer com Cristo, para a glória de Deus e para a salvação das almas. O Sacerdócio é o mistério da Quinta-Feira Santa: reúne em si a alegria da Última Ceia e a agonia do Getsémani.

Por isso, meus queridos irmãos, gostaria de pedir-lhes que rezassem todos os dias pelos sacerdotes, para que possamos ser fiéis à nossa vocação. E, por favor, rezem também para que muitos jovens possam ouvir a voz de Deus e ter a coragem de deixar tudo para trás e seguir o Mestre. 


Cónego Heitor Matheus, ICRSS, in Rorate Caeli
(Tradução: Fratres in Unum)

1 comentário:

  1. Maria José Martins12 janeiro, 2021 10:21

    E, para aqueles que negam o Poder--Serviço--da Hierarquia, na Igreja, vou transcrever, mais uma vez, o que Jesus diz em: "O Evangelho como e foi revelado", de Maria Valtorta.
    Diz Jesus:
    Escutai vós, que aqui estais. Lembrai-vos de que um Organismo, para que seja verdadeiramente ativo e são, REQUER UMA HIERARQUIA, isto é, quem comande e quem obedeça. É assim que acontece nas Cortes dos reis e também nas Religiões, desde a Hebraica às outras, mesmo que sejam IMPURAS. Ninguém pode fazer nada sozinho, um pontífice ou um rei...Existe sempre um Chefe, os ministros e os fiéis.
    Ora, mesmo quando as suas disposições existam apenas, para as contingências humanas ou para formalismos de ritos...E, infelizmente, agora, até na religião mosaica nada mais existe senão um formalismo de ritos...movimentos de um maquinismo, que executa sempre os mesmos movimentos, mas cuja INTENÇÃO desses gestos, já MORREU. E, por isso, o SEU DIVINO ANIMADOR, Aquele que dava aos ritos o seu VALOR, RETIROU-SE DO MEIO DELES; E MORREU PARA SEMPRE, pois os ritos SÃO GESTOS E NADA MAIS!
    E ai duma Religião, quando ela morre e, de uma POTÊNCIA REAL, vira vazia e se transforma numa PANTOMINA CLAMOROSA, EXTERIOR...PENSAI BEM!
    Lembrai-vos disto, e REPETI aos VOSSOS SUCESSORES, para que ESTA VERDADE seja conhecida, através dos Séculos....Era menos perigoso, para os Povos, a queda dos astros, porque Deus tem Poder para tudo repor, do que a DESVENTURA de PEMANECER SEM UMA RELIGIÃO VERDADEIRA, ou que chegasse um dia, em que o Homem não AMASSE MAIS A DEUS , porque os Sacerdotes de todas as religiões tivessem feito de cada uma delas UMA PANTOMINA VAZIA! Mesmo das "impuras ou imperfeitas!"
    Agora, se Eu falo assim, das "religiões impuras", algumas resultantes de revelações parciais a Sábios que buscavam Deus, em seus corações, e outras nascidas das necessidades instintivas do Homem, de criar para si uma fé e dar à alma um espaço onde ela possa amar a Deus, sendo essa necessidade o estado primitivo da busca permanente do Homem, por Deus...QUE DEVEREI EU DIZER A ESTA, QUE LEVA O MEU NOME, da Qual Eu Criei para vós, os Pontífices e os Sacerdotes, e VOS ORDENO QUE A PROPAGUEIS POR TODA A TERRA?!
    ELA É ÚNICA, VERDADEIRA, PERFEITA, IMUTÁVEL, na SUA DOUTRINA, ENSINADA POR MIM, que sou MESTRE, e COMPLETADA pelo Ensinamento d/Aquele que está para vir, O ESPÍRITO SANTO, Guia Santíssimo para os Meus Pontífices e para todos os que Os ajudarão...e onde SE AFIRMARÁ A MINHA PALAVRA!..."
    "...E agora, Eu vos digo que estou para voltar ao Pai, mas a Terra não ficará sem a MINHA PRESENÇA. Eu serei SEMPRE Vigilante, Amigo e Médico, onde as almas dos pecadores e dos SANTOS PRECISAREM DE MIM, ou forem ESCOLHIDOS por MIM, a fim de TRANSMITIREM A MINHA PALAVRA aos outros, porque a Humanidade terá necessidade de um CONTÍNUO AMOR DA MINHA PARTE. Sendo ela tão dura para se arrepender, mas muito pronta para se perder...se Eu não a Salvar com os Meios Sobrenaturais e os Auxílios Divinos, DE QUE VALERIA A LEI, se, NA MINHA IGREJA, NÃO Se ADMINISTRASSEM ESSES AUXÍOS DIVINOS!..."
    E Jesus continua, exortando o VALOR DO SACERDÓCIO, fazendo várias referências ao Futuro, mas pedindo SEMPRE HUMILDADE, COERÊNCIA E SANTIDADE, para que TUDO O que Ele PROMETE possa ser CUMPRIDO, através e, SOBRETUDO, dos Seus SACERDOTES SANTOS, CANAIS DE TODAS as GRAÇAS, BÊNÇÂOS E MILAGRES!

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