Habituámo-nos a olhar quase com inveja e com um
estranho e injustificado sentimento de inferioridade as tradições litúrgicas
orientais… quando nós, Católicos
Romanos, temos uma tradição litúrgica belíssima, feita sobretudo de Pão e de
Vinho e da Palavra de Deus, gestos e palavras que herdámos de Cristo, pelos
Apóstolos, e que unem Céu e terra pela nova Árvore da Vida, a Cruz de Cristo.
A nossa liturgia é feita de luz e de fogo, de treva e de
silêncio, de gesto e de repouso… É feita do mais puro incenso e do óleo
perfumado do Crisma, e daqueles gestos que foram exprimindo na nossa história
e na nossa cultura a presença consoladora de Deus entre nós: “Eu estarei
convosco todos os dias…”.
A nossa tradição produziu textos
belíssimos, herdados dos nossos primeiros pais na fé, na era dos mártires, e
escritos por grandes Padres da Igreja e autores eclesiásticos como S.Leão
Magno, S.Agostinho, São Tomás de Aquino…
A nossa tradição ergueu a
maioria dos mais belos edifícios sagrados construídos na história da humanidade,
onde trabalharam os melhores arquitectos, os melhores escultores, os melhores
pintores, e tudo isto para o culto divino... E na Casa de Deus sempre
encontraram o conforto do lar paterno os filhos de Deus, ricos e pobres, santos e pecadores... e mesmo os filhos pródigos...
E que dizer da música
inspirada que ao longo da história os compositores escreveram para a nossa
liturgia… desde o Canto Gregoriano, continuando com Palestrina, Byrd, Mozart… e
por tantos outros contemporâneos?… E tudo isto, puro dom de Deus que, pela
Igreja, foi sendo comunicado, vivido e realizado de geração em geração, e que
agora, como tesouro precioso e imerecido é depositado na fragilidade das nossas
mãos pobres, feridas e pecadoras…
No vídeo, “Ave verum corpus”, hino eucarístico, de William Byrd
(1543-1623), grande compositor inglês que manteve a sua fé católica mesmo no
meio das perseguições, cantado pelo coro da Westminster Abbey na Missa Papal,
durante a Comunhão.
Ave verum corpus natum de Maria Virgine. Vere
passum, immolatum in cruce pro homine. Cuius latus perforatum unda fluxit et
sanguine. Esto nobis praegustatum mortis in examine. O Iesu dulcis, o Iesu pie,
o Iesu fili Mariae. Miserere mei. Amen.
(Avé, ó verdadeiro corpo
nascido da Virgem Maria. Padeceu verdadeiramente, imolado na cruz pelo Homem. De
cujo lado trespassado fluiu água e sangue. Faz que nós Te possamos saborear na
prova suprema da morte. Ó doce Jesus, ó piedoso Jesus, ó Jesus filho de Maria.
Tem misericórdia de mim. Ámen)
Gravação feita pelos
Tallis Scholars: http://www.youtube.com/watch?v=G4rWsH1hkQ8
Gravação feita pelos
King’s Singers: http://www.youtube.com/watch?v=809ypF_-T00
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