As revoluções ideológicas abatem-se sobre os povos, como ondas
contra a rocha: quem se mete na frente é esmagado. Aconteceu literalmente em
Tianamen, onde as lagartas dos blindados trituraram os manifestantes, e
acontece, de várias formas, em todo o mundo. Parece impossível deter as marés do
poder. E, de repente,… o mar fica tão calmo que nem se acredita.
Nos EUA, a partir de 1 de Janeiro de 2014, as instituições
de caridade que se recusam a proporcionar aborto e métodos contraceptivos aos
colaboradores, violam o sistema de saúde instituído por Barack Obama. Como
tal, o Governo aplica-lhes uma multa de 100 dólares por pessoa, por dia. Há
instituições com mais de 10.000 funcionários. Passadas poucas semanas, as
multas somam quantias tão incomportáveis, que a maioria das instituições abrirá
falência, se o dinheiro não lhes for devolvido rapidamente.
Em 2007 passou a ser obrigatório no Reino Unido aceitar a
adopção por homossexuais e, com base nisso, fecharam 85% das instituições
católicas que apoiavam crianças em dificuldade. As restantes, afogadas em
multas, provavelmente não vão sobreviver. No Reino Unido, há casos de tribunais
que retiraram crianças a famílias por o casal ser contra a adopção por
homossexuais.
Em França, François Hollande aprovou o casamento homossexual
e já há processos em tribunal contra os Presidentes da Câmara que se recusam a
presidir a essas fantochadas. A somar às pessoas que estão na prisão por
defenderem a dignidade humana, sem excepções.
Na Bélgica e na Holanda, a eutanásia está a abranger cada
vez mais pessoas e recentemente começou a aplicar-se a crianças, como extensão
do aborto.
Na Suécia, nos EUA e noutros países, há gente na prisão por
ler em público as passagens da Bíblia relativas à homossexualidade, ou
processadas por se recusarem a colaborar em casamentos homossexuais.
No entanto, o mundo é mais complexo do que parece.
O Supremo Tribunal dos EUA acaba de dar razão às Irmãzinhas
dos Pobres, que se recusaram a contratar seguros que incluíssem aborto e
métodos contraceptivos. A sentença deu ânimo a muitas casas de saúde e
paróquias, que foram multadas da mesma maneira, a 100 dólares por dia, por
pessoa. O fanatismo chocou com a fibra de umas freiras norte-americanas que
trabalham em lares de terceira idade! O Governo não compreende como umas
freirinhas frágeis e sem dinheiro lhe fazem frente. Baralhado, Obama está
surpreendido por esta gente que ele maltrata. Em especial, a pessoa do Papa
Francisco deixa-o profundamente impressionado, como ele próprio disse à
televisão.
A situação é dramática para os católicos do Reino Unido, mas
em 2010 o Parlamento, a Rainha e o povo, receberam Bento XVI como o Chefe de
Estado mais importante do planeta. A Presidente do Parlamento reconheceu explicitamente
a sua autoridade moral. O número de conversões em países de língua inglesa atingiu
um recorde histórico. Tony Blair, antigo Primeiro Ministro, responsável pela
adopção por homossexuais, converteu-se ao catolicismo.
Claramente, o mundo é complexo. A União Europeia aprovou há
dias o relatório da Ulrike Lunacek (que quer fundar o mundo no aborto e na
homossexualidade), mas também votou a favor da iniciativa «Um de nós», que
recolheu 2 milhões de assinaturas em 20 países, pedindo protecção para os bebés
desde o momento da concepção. A mesma União Europeia, que se envergonha das
suas raízes cristãs, nomeou o Papa Francisco como o «Comunicador do Ano».
Mais curiosos são os comunistas. Os jornalistas da China,
reunidos no «China International Press Forum», puseram o Papa em terceiro lugar,
no meio dos ídolos tradicionais, o presidente iraniano Hassan Rohani, o
ex-presidente egípcio Mohamed Morsi, etc.
Quase todos os meios de comunicação social, da «Time» à
«Rolling Stones», riem da fidelidade no casamento, enaltecem o comportamento
homossexual e tratam a Igreja como uma aberração retrógrada. No entanto,
praticamente todos perceberam algo, que não sabem explicar. Um fascínio que os
desarma e deixa sem argumentos. Como se explica que votem o Papa Francisco como
figura do ano? Claramente, o mundo é complexo.
Em Novembro, os Bispos portugueses declararam que as leis do
aborto, do casamento entre pessoas do mesmo sexo ou da co-adopção por
homossexuais «são reversíveis». O presidente da Conferência Episcopal
Portuguesa duvida até que elas correspondam à vontade dos portugueses. Os
órgãos de comunicação foram unânimes: nada pode parar a co-adopção pelos
homossexuais! Será que os bispos não estão a ver a marcha imparável do
progresso?
Em Janeiro, apesar do nevão que cortou as comunicações
aéreas e algumas estradas, cardeais e bispos dos EUA, à frente de uma multidão
imensa, proclamaram que preferiam respeitar os direitos humanos a obedecer a
leis injustas. O Cardeal de Boston falou, na homilia, da precariedade do poder
humano. Disse que as leis contra a dignidade humana são como aquele imperador
vestido com um traje invisível, que ninguém se atrevia a contestar. De repente,
uma criança, alheia às convenções sociais, desata a rir: o rei vai nu! E acrescentou
que a voz da Igreja é, hoje, esta criança.
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