segunda-feira, 30 de junho de 2014

O Papa Francisco, as excomunhões e os católicos-camaleões

 O Papa Francisco afirmou há pouco tempo, numa homilia, que os mafiosos estavam excomungados. Ouviu-se um aplauso geral em relação a esta “medida” (que será mais uma constatação), mas até aí tudo bem. 

O problema é que muitos dos primeiros a aplaudir o discurso do Papa são os mesmos que, nos últimos 50 anos, repetiram ad nauseam que a excomunhão era um “instrumento medieval”, que “Deus é amor” e por isso não se pode excomungar ninguém, que “o que interessa é a misericórdia e não as leis”, que “a Igreja tem que ser inclusiva e não exclusiva”, e outros mil chavões próprios de quem quer trocar a razão pela emoção.


Estes “católicos do Maio de 68” não conseguem discordar do Papa Francisco, ao contrário do que fizeram com os Papas que o antecederam, por isso correram a apoiar a excomunhão aos mauzões dos mafiosos.


Pois é, meus caros, mas não são só os mafiosos que estão excomungados automaticamente. O mesmo acontece, por exemplo, com quem faz um aborto (cân. 1398 do Código de Direito Canónico), e com quem negou a fé católica (apóstata da fé), quem negou alguma verdade de fé (herege) ou quem rejeita o Primado de Pedro e se afasta da Igreja Católica (cismático), como se pode ler no cân. 1364 § 1.

Tentar contrapor a excomunhão ao amor ou à misericórdia não faz qualquer sentido porque essa pena tem dois motivos:

- Medicinal em relação ao próprio, que, vendo a gravidade das suas acções, poderá mais facilmente perceber que errou e arrepender-se;

- Preventivo em relação aos que poderiam seguir aquela pessoa, caso não tivessem sido avisados dos perigos, e com isso perder as suas almas.

E isto tanto vale tanto para os mafiosos como para qualquer caso previsto com a pena de excomunhão. Resta saber se esses outros casos também são dignos de aplauso.

João Silveira

domingo, 29 de junho de 2014

Sta. Teresa e S. Josemaria sobre S. Pedro e S. Paulo

"Suplicava muito ao Senhor que me livrasse de ser enganada [na vida espiritual]. Isto eu fazia sempre com muitas lágrimas e pedia-o a S. Pedro e a S. Paulo porque o Senhor me disse, no dia em que Ele me apareceu pela primeira vez, que eles me guardariam para que não fosse enganada.

E assim via-os muito claramente muitas vezes ao meu lado esquerdo, embora não por visão imaginária. Eram estes gloriosos santos muito meus senhores."

Santa Teresa de Ávila - Livro da Vida, 29, 5


"Ânimo! Tu... podes. – Vês o que fez a graça de Deus com aquele Pedro dorminhoco negador e cobarde...; com aquele Paulo perseguidor, odiento e pertinaz?"

S. Josemaria Escrivá - Caminho, 483

Uma Questão de Semântica


Diariamente somos confrontados com questões importantes e que requerem reflexão. Não raras vezes o que sucede é que estamos a analisar o nome que damos à coisa que queremos analisar, em lugar de analisarmos a coisa à qual demos um nome.

Surgiu recentemente - e deu logo azo a discussão – uma notícia sobre uma peça elaborada pelo artista Élsio Menau, antigo aluno da Universidade do Algarve, que foi apreendida pela GNR por alegadamente se tratar de um ultraje à Bandeira Nacional. Trata-se de uma bandeira de Portugal “enforcada” numa estrutura de madeira que esteve exposta num terreno particular há cerca de um ano.

Algumas pessoas aplaudiram a acção da força de segurança ao abrigo do nº 1 do artigo 332 do Código Penal (que sanciona ultrajes e desrespeitos pelos símbolos nacionais). Outros colocaram questões jurídicas e processuais sobre o tema. Mas logo surgiram muitos que vieram defender o artista invocando a liberdade de expressão.

Ora, como não sou jurista, abstenho-me de avaliar a validade jurídica da questão. No entanto, acho que é interessante pensar um pouco sobre a questão da suposta liberdade de expressão do artista.

Permitam-me, antes de mais, fazer aqui um pequeno parêntesis já que estudei do 5º ao 12º ano no Colégio Militar, escola que incute nos seus alunos valores como o patriotismo, o amor à Pátria, o respeito pela hierarquia e outros tantos que, como estes, parecem ter caído em desuso.

No Colégio ensinam-nos desde pequenos que, quando passa o Estandarte Nacional ou se canta o hino, nos devemos colocar-se em “sentido” (um termo militar que designa uma posição de respeito). No Colégio ensinam também que não se usa uma bandeira como saia, como lenço para o cabelo ou como capa à moda do super-homem. Aprendemos que há um procedimento correcto para dobrar a bandeira e todo um conjunto de regras que se devem ao significado que aquele aparente pedaço de tecido encerra.

São habituais os casos em que os alunos mais pequenos abordamos seus superiores  confusos sobre algum desrespeito que puderam observar em relação a esta matéria, por ir contra aquilo que aprenderam nas suas aulas de instrução militar.

Com efeito, poderá provocar estranheza a alguns, mas verifica-se que os alunos sofrem um grande choque quando ao fim de alguns anos de formação rígida reparam que o mundo fora dos muros do Colégio é muito diferente daquilo que lhes ensinaram na sua escola bicentenária.

As pessoas não fazem estas coisas “por mal”, nem são más pessoas por causa disso. No entanto, há muito tempo que em Portugal não existe uma cultura de patriotismo, muito provavelmente devido ao estigma que ainda muita gente tem ao associar patriotismo ao nacionalismo e o nacionalismo ao Estado Novo. Não fomos suficientemente razoáveis para entender que nem todos os traços que caracterizavam o Estado Novo eram negativos e decidimos abolir tudo aquilo que pudesse, de alguma forma, estar relacionado com o antigo regime.

Há um outro factor que agrava este desligar do respeito institucional pelos nossos símbolos: o relativismo em que nos vimos mergulhados e que associamos erradamente à liberdade. Vive-se, pois, um tempo onde tudo é permitido e parece que nada é condenável, porque há sempre um pretexto que legitima aquilo que se quer condenar. Frequentemente esse pretexto é semântico:

Enforcar uma bandeira é arte; abortar é liberdade da mulher; insultar a crença dos outros é liberdade de expressão; ser malcriado é ser hiperactivo e assim por diante.

Assim, sempre que algum tema sensível é discutido, aparece algum opinion maker que trata de mudar a designação daquilo que estamos a discutir e, a partir desse ponto, começa-se a discutir essa designação em vez de se escrutinar aquilo que realmente está em causa.

Vamos levar esta questão ao ridículo para que, sem perda de generalidade, se compreenda melhor o que quero dizer. Imagine o leitor que um determinado indivíduo decide pegar numa pedra e atirar à cabeça de outro indivíduo. Qualquer pessoa no seu perfeito juízo sabe que aquela atitude não é correcta. Legalmente não é permitido agredir outras pessoas; moralmente também sabemos que devemos respeitar a integridade física do outro ser; até culturalmente somos educados a não chatear as outras pessoas. Imagine-se então que há um opinion maker na rua a testemunhar o incidente que depois descreve na sua crónica dizendo que, ao contrário do que os “ultraconservadores” andam a dizer, aquilo não se trata de uma agressão, mas sim da liberdade do primeiro indivíduo atirar o que bem entender para onde quiser e que aquele que ficou lesionado não tinha nada que estar a passar no momento em que foi atirada aquela pedra num exercício exemplar de liberdade e livre arbítrio.

Inspirado nesta crónica, um grupo de activistas decide criar uma página de Facebook a defender o lançador de calhaus e a censurar todos aqueles que o querem privar do seu exercício de liberdade.

Enfim, não vale a pena desenvolver mais esta história porque todos conseguimos facilmente imaginar um desfecho curioso.

Este conto não tem sentido nenhum (ou era esse o meu objectivo), mas ilustra bem aquilo que repetidamente acontece sem nos apercebermos. Apliquemos este método a uma situação mais próxima da realidade:

Legalmente não se pode matar um ser humano; moralmente (acredito) ninguém coloca a questão e culturalmente, pelo menos em Portugal, matar vai contra qualquer costume ou tradição. Dito isto seria de esperar que  qualquer atentado à vida de uma criança, para além de ilegal, fosse punível. Mas o que é que se verifica na realidade?

Verifica-se que alguém decidiu dizer que a mulher tem o direito a não querer ter filhos e rapidamente,  ficou decidido que se podem matar bebés.

É um exemplo de algo conseguido à custa de um raciocínio falacioso e manipulador de se tão simples quanto dar um nome diferente a uma determinada realidade. A partir deste ponto analisa-se se uma mulher tem o direito a querer ou não ter um filho e facilmente se convence uma percentagem significativa de pessoas a votarem favoravelmente esta matéria num referendo. Afinal, é de um “direito” que se trata.

A verdadeira questão, essa, ficou para trás, junto de todo um conjunto de elementos que perante a força da palavra “liberdade” ou “direito” são esquecidos.

Por simplificação até podemos considerar a hipótese académica de uma mulher ter o direito de, estando grávida, não querer ser mãe. Mesmo assumindo isto como verdade, continua a ser verdade que matar não é correcto nem moral, nem cultural nem legalmente. Além disto, podem ainda colocar-se questões como “se não está disposta a ser mãe, por que é que está disposta a ter relações conjugais?”. Ao fazer esta pergunta, reparamos que já está instituído na sociedade que é lícito ter relações sexuais com qualquer pessoa, porque alguém decidiu que  isso se trata de “liberdade de escolha”.

Continuando a aprofundar a análise, chegamos a um ponto em que percebemos que questões fundamentais da nossa identidade estão camuflados por toda uma engenhosa quantidade de supostas liberdades e designações um tanto ou quanto genéricas que ao longo do tempo foram relativizado aquilo que durante vários séculos definiu o nosso ethos como humanos.

Onde é que entra o artista nesta análise? É que, até podemos concordar que a mulher tem o direito de decidir se quer ter um filho ou não, tal como podemos considerar que o enforcamento da bandeira é arte. O que não nos podemos esquecer é do exemplo do sujeito que decidiu atirar a pedra à cabeça do outro: onde até pode ser verdade que ele tem a liberdade de arremessar objectos na rua, mas isso não deixa de fazer com que a sua atitude – além de um exercício de liberdade – seja uma agressão premeditada, o que todos assumimos que está errado. Logicamente, daqui se segue que matar uma criança também é errado e ultrajar uma bandeira igualmente, porque uma bandeira não é exactamente a mesma coisa que um pano de cozinha.

Estamos habituados a discutir a forma e assim o conteúdo acaba por ser esquecido. Tenhamos pois o cuidado de procurar entender quando é que numa discussão estamos a analisar o objecto e quando é que estamos a analisar a sua designação.

Bernardo Serrão Brochado

sábado, 28 de junho de 2014

Frase do dia

"A ideologia de género é demoníaca."

Papa Francisco na audiência com o bispo australiano Andreas Laun

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Diz o capitão da selecção dos EUA: "Sou católico e quero viver uma vida que agrade a Deus"

O golo marcado por Clint Dempsey na partida entre EUA e Gana aos 28 segundos de jogo foi o mais rápido desta edição da Copa do Mundo, e o quinto mais rápido de sempre. Contra Portugal, aos 31 anos de idade, o capitão da formação das estrelas e listas foi um dos melhores jogadores. 

Dempsey é um líder em campo. Um homem sincero por fora, que não tem escrúpulos em falar da sua fé. Assim se mostrou numa entrevista que deu pouco antes de partir para o Brasil: 

"Eu cresci numa família católica (em Nacogdoches, Texas) e ia à Missa com a minha avó todos os domingos. Graças a ela aprendi que a fé é importante.

Aos 12 anos a minha vida deu uma reviravolta que me marcou para sempre. A minha irmã Jennifer morreu de um aneurisma cerebral e eu encontrei-me perguntando o porquê de muitas coisas e o papel de Deus nisto tudo. Durante alguns anos cansei-me e afastei-me de Deus. Mas Ele foi paciente e lentamente curou-me e deu-me forças... 

Na faculdade juntei-me a um grupo de estudo e leitura da Bíblia. A Palavra de Deus deu-me paz e criou o desejo de ter uma relação com Ele... Fazer-Lhe perguntas e procurar as respostas através da Escritura ajudou-me a crescer e a encontrar a direcção certa. Agora é a fé em Cristo que me dá confiança no futuro. Sei que tanto nos momentos bons como maus Ele é fiel e cuida de mim.

Hoje rezo para ter força para percorrer a estrada que tenho pela frente...procuro dar o meu melhor em campo e agradeço a Deus pelas oportunidades e o sucesso que me deu. Eu quero fazer o bem, não cometer erros, e viver uma vida agradável a Deus."

in iltimone

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Quem é S. Josemaria Escrivá?

‹‹Cada vez estou mais persuadido: a felicidade do Céu é para os que sabem ser felizes na terra.››
S. Josemaria (Forja, 1005)

quarta-feira, 25 de junho de 2014

42 «nenes» na cama do Papa

No dia 13 de Junho a televisão deu uma longa entrevista do Papa Francisco ao português Henrique Cymerman. Em todo o mundo, não foram poucos os jornais, revistas e televisões que revindicaram o título de «entrevista exclusiva». Como todos eles publicam as crónicas que Cymerman escreve do Médio Oriente, todos lhe chamaram jornalista da casa. Esta multiplicação dos «exclusivos» fez-me lembrar a multiplicação dos bebés, os «nenes», como lhes chama o Papa na entrevista.

A entrevista está disponível aqui. Dura quase uma hora, mas nem se dá pela passagem do tempo.

A certa altura, a propósito das campanhas contra Pio XII, o Papa diz que, durante a perseguição aos judeus, nasceram 42 bebés na cama do Papa, em Castel Gandolfo. O casarão de Castel Gandolfo não é assim tão grande, mas a Igreja mobilizou todos os locais possíveis para esconder os judeus perseguidos. Recantos de igrejas, conventos de clausura, edifícios da Santa Sé, todos os esconderijos se encheram, para além do razoável, incluindo o quarto do Papa. Não foram só algumas dezenas de milhares de judeus que viveram escondidos. Foi uma multidão impressionante, mesmo nas barbas dos nazis, que na época ocupavam a Itália. Em Castel Gandolfo, o quarto do Papa, como zona mais reservada da casa, acolhia os casos especiais e assim nasceram 42 bebés na cama de Pio XII.

O Papa Francisco recordou os muitos gestos de gratidão dos judeus, por Pio XII ter salvo tanta gente; e as declarações de Golda Meir (Ministra de Israel) quando Pio XII morreu. Como não podia deixar de ser. E, de repente...

Vale a pena recordar. Foi no dia 20 de Fevereiro de 1963 que um jovem, praticamente desconhecido, chamado Rolf Hochnuth, levou à cena «Der Stellvertreter» (em português «O Vigário»), num teatro de Berlim Ocidental. Num tempo recorde, a peça foi traduzida em 25 línguas, representada em teatros de todos os continentes, citada nos jornais quase como se fosse um documento histórico e transportada para o cinema. A mensagem era simples: Pio XII assobiava para o lado, enquanto os nazis matavam os judeus.

Paulo VI, que tinha sido um dos colaboradores mais próximos de Pio XII no tempo da guerra, protestou energicamente, e repetidas vezes, contra aquela mentira. Fizeram-se investigações históricas. Muitíssimos judeus publicaram testemunhos de primeira mão, alguns comoventes. O «L'Osservatore Romano» publicou 80 histórias pessoais que, ao contrário da peça, eram perfeitamente reais e assinadas pelos próprios. Não serviu de nada. A ficção foi mais forte que a verdade.

Reli há dias o livro autobiográfico de Israel Zolli, Rabino-Chefe durante várias décadas. Quantas peripécias! Incluindo obviamente as angústias da perseguição. Mas o mais interessante é o relato da conversão. Ele e a mulher foram baptizados e ele ficou com o nome de Eugenio Zolli, em recordação do bem que Eugenio Pacelli (mais conhecido como Pio XII) tinha feito aos judeus. Atacaram-no forte e feio: Um judeu deve ser sempre um judeu! Claro ‒ defendia-se Zolli ‒, mas Cristo era judeu, e os doze apóstolos eram judeus!... Zolli era professor universitário e um especialista mundial em hebraico e Sagrada Escritura. Mas nem valia a pena ouvir! A ficção conseguia falar mais forte que a verdade.

Bem, não completamente. Durante 50 anos, a ficção foi mais forte que a verdade, mas só durante 50 anos. O horizonte está a mudar.

Há dias, um judeu português, filho de um judeu polaco fugido do Holocausto e de uma mãe judia sefardita, entrevistou o Papa Francisco, em «exclusivo» para todo o mundo.
  
José Maria C. S. André in «Correio dos Açores», 22-VI-2014
‒ A selecção que o Papa apoia?
‒ «Os brasileiros pediram-me neutralidade! E vou cumprir a minha palavra!».


segunda-feira, 23 de junho de 2014

Laicidade positiva - Papa Bento XVI

A ‘laicidade sadia’ exige que o Estado não considere a religião como um simples sentimento individual, que poderia ser confinado exclusivamente ao âmbito particular. Pelo contrário,  a religião deve ser reconhecida como presença comunitária pública. Não é um sinal de laicidade sadia a rejeição, à comunidade cristã e àqueles que legitimamente a representam, do direito de se pronunciar a respeito dos problemas morais que hoje interpelam a consciência de todos os seres humanos, de maneira particular dos legisladores. 

Não se trata de uma ingerência indevida por parte da Igreja na actividade legislativa, própria e exclusiva do Estado, mas sim da afirmação e da defesa dos grandes valores que dão sentido à vida da pessoa e salvaguardam a sua dignidade. Antes de ser cristãos, estes valores são humanos.

Nesta nossa época há quem procure excluir Deus de todos os âmbitos da vida, apresentando-O como antagonista do homem. É nosso dever fazer compreender que a lei moral que Ele nos deu tem a finalidade não de nos oprimir, mas de nos libertar do mal e de nos fazer felizes. Trata-se de mostrar que sem Deus o homem está perdido, e que a exclusão da religião da vida social debilita os próprios fundamentos da convivência humana.


in Discurso à União dos Juristas Católicos Italianos, 9 de Dezembro de 2006

Jovens católicos acham 'demodé' bispos e políticos "modernos"

Uma nova geração de jovens católicos comprometidos na defesa da instituição familiar e da moral na sociedade vem causando consternação na Conferência Episcopal Francesa, segundo a revista “Figaro Magazine”

O episcopado francês está com a consciência pesada – escreveu o vaticanista Jean-Marie Guénois, do grupo “Figaro” – pois comprometeu-se há décadas com o socialismo e o comunismo sob o pretexto de conquistar a classe operária. 

Porém, após se modernizar a ponto de quase não se identificar com o seu passado, no fim do século XX percebeu que tinha perdido a sua influência sobre a classe operária, que tende para a extrema direita.

O novo problema é que o episcopado, que tentou criar uma “Igreja jovem”, dessacralizada e igualitária, perdeu agora a adesão da juventude!

Porém, segundo Guénois, muitos dos mais importantes bispos do país, que sempre procuraram ler os “sinais dos tempos”, nem sequer deram a impressão de ter percebido a imensa transformação que aconteceu. 

As famílias católicas jovens mobilizaram centenas de milhares de pessoas contra a lei socialista de “casamento” homossexual. E até alguns bispos apoiaram esse movimento a favor da moral familiar. Porém, a maioria deles resistiu em participar, e alguns até continuam cooperando com o poder socialista.

O problema, diz o vaticanista, é que o desacordo sobre atitudes pastorais acabou dividindo os bispos. Na reunião plenária anual da Primavera, em Lourdes, eles desabafaram como nunca o fizeram antes.

A gota que fez transbordar o copo foi o convite da Conferência Episcopal a Fabienne Brugère – discípula de Judith Butler, uma espécie de “guru americana da ideologia de género” – para falar numa jornada nacional de responsáveis diocesanos da pastoral familiar.

A reacção dos jovens católicos foi de tal forma que o evento teve de ser cancelado em clima de catástrofe.

Esta nova geração não é um fenómeno surgido do nada, ou nas manifestações contra o “casamento” homossexual. Ela vem de bem mais longe.

Esta geração foi formada num ambiente familiar, e quer interioridade, oração e cultura. Por isso não entende a desordem que invadiu o clero e o culto de muitas paróquias católicas. 

Ela não nasceu de movimentos eclesiais e não deseja saber das querelas do período pós-conciliar, mas mostra-se orgulhosa da sua catolicidade.

Segundo duas sondagens mencionadas pelo “Figaro Magazine”, 90% deste movimento de jovens entre 16 e 30 anos são católicos praticantes. 

Seis por cento deles vão à Missa todos os dias. Para 77%, a devoção eucarística ocupa um papel “essencial” ou “muito importante” na vida. E eles querem a Sagrada Eucaristia entendia no seu sentido genuinamente católico e não nas distorções modernistas. 

Dessa geração, 72% preferem o nome “católico” em vez de “cristão”, o inverso do que acontecia nos anos 70, e 58% sentem-se à vontade com o ensinamento moral da Igreja, sobretudo no tocante à moral conjugal.

A nova geração que sem nenhum complexo se afirma católica perturba uma parte dos bispos, diz Guénois, pois age livremente em relação a um clero que abandonou a dimensão histórica da Cristandade e da cultura católica.

Pelas mesmas causas, ela desinteressa-se dos partidos políticos, que, no entanto, a procuram sem sucesso. Ela apresenta-se em França como o sinal do possível despertar de um catolicismo insubmisso ao clichês gastos da modernidade.

Ela não tem líderes, mas revelando-se um viveiro de talentos que ainda não disseram a sua última palavra, conclui o “Figaro Magazine”.

adaptado de Luzes de Esperança

domingo, 22 de junho de 2014

Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo

“Porque Cristo nosso Redentor disse que era verdadeiramente o seu corpo que estava a oferecer sob as espécies do pão, foi sempre a convicção da Igreja de Deus, e este santo Concílio declara agora outra vez, que pela consagração do pão e do vinho, ocorre uma mudança da substância inteira do pão para a substância do corpo de Cristo nosso Senhor, e da substância inteira do vinho para a substância do seu sangue. A esta mudança a Igreja Católica tem, digna e apropriadamente, chamado de transubstanciação.”

Estas palavras do Concílio de Trento (DS 1642), que são também tiradas do Catecismo da Igreja Católica (CIC 1376), deixam claro o dogma da transubstanciação.

Por este mistério, a substância do pão é convertida na substância do Corpo de Cristo. Depois, a substância do sangue é convertida na substância do Sangue de Cristo. E, porque (agora, no céu) o corpo e o sangue de Cristo estão unidos um com o outro e ambos estão também unidos à sua alma e divindade, o corpo e o sangue, alma e divindade de Cristo estão presentes em cada espécie Eucarística e em todas as suas partes.

O dogma da transubstanciação deixa de fora duas outras teorias: a aniquilação e a consubstanciação. A partir deste ensinamento, podemos tirar uma boa analogia para a vida de família.

A heresia da teoria de aniquilição

Aqueles que defendem a teoria da aniquilação defenderiam que a substância do pão não se transforma na substância do Corpo de Cristo, mas antes é totalmente aniquilada e o Corpo de Cristo é então criado ex nihilo e ocupa o lugar da antiga substância do pão.

Nesta teoria (que é uma heresia), o pão não muda, nem é convertido. Pelo contrário, simplesmente deixa de existir. É aniquilado. O pão não se transforma no Corpo, mas deixa antes de existir e o Corpo ocupa o seu lugar.

No entanto, isto não é o dogma da Igreja Católica - porque nós dizemos que a substância muda, por isso é que lhe chamamos transubstanciação. Existe uma mudança real provocada pelas palavras da consagração. Ocorre uma conversão real do pão em Corpo.

Isto pode ser claramente demonstrado até pelas palavras do Salvador: Isto é o meu corpo. Este "isto" é a substância. Primeiro, "isto" é a substância do pão mas, pelo poder das suas palavras, "isto" transforma-se no Corpo de Cristo.

A heresia da consubstanciação

Por outro lado há a heresia da consubstanciação. Esta heresia era defendida por Martinho Lutero, entre outros. É uma heresia um bocado tonta, por lhe faltar alguma genialidade: é o tipo de heresia que só uma mente lenta era capaz de inventar.

A heresia da consubstanciação diz que, ao mesmo tempo da substância do pão, a substância do Corpo de Cristo está realmente presente na Hóstia. Esta teoria ter-nos-ia a dizer (contra todas as possibilidades) que existem duas substâncias presentes na Sagrada Hóstia. O pão continuaria pão, mas, ao mesmo tempo que o pão, estaria o Corpo do nosso Savaldor.

Aqui, mais uma vez, o pão não se altera ou é convertido pelas palavras da consagração, mas antes a substância do Corpo de Cristo é criada do nada e feita presente ao mesmo tempo que a substância do pão.

Mas Jesus não disse, "Isto é o pão e o meu corpo", mas simplesmente "Isto é o meu corpo."

Transubstanciação e a vida quotidiana

Pelo dogma da transubstanciação, Católicos de boas ideias dizem que a substância do pão muda para a substância do Corpo de Cristo. Há uma conversão real do pão ordinário [normal] para a extraordinária Presença de Cristo.

Considerem o que cada uma destas teorias nos pode dizer sobre a vida de família - se, afinal de contas, a Eucaristia é "a fonte e o cumo da vida cristã" (CIC 1324, Sacrosanctum Concilium 47), então devemos supor que o dogma da transubstanciação devia dar algumas luzes sobre a vida quotidiana dos Cristãos.

Teoria da aniquilação: Se a substância do pão foi aniquilado e substância do Corpo de Cristo tomou o seu lugar, seriamos levados a pensar que as coisas normais da vida quotidiana não santificadas pela graça. Pelo contrário, iriamos supor que os elementos normais da vida comum deviam ser aniquilados pela graça e suplantados por um conjunto de actividades espirituais e totalmente extraordinárias. Assim, a vida diária e o trabalho quotidiano não seriam consagrados, mas antes aniquilados. Isto é uma heresia.

Consubstanciação: Se a substância do pão permanecesse e a substância do Corpo de Cristo viesse e descanssasse ao lado do pão, iríamos pensar que as coisas ordinárias da vida diária não são santificadas pela graça. Pelo contrário, iríamos supor que estas actividades comuns, alegrias normais, sofrimentos normais ficavam mas que os actos sobrenaturais viriam ao seu lado e que estes novos actos são santos mas as coisas comuns permaneceriam simplesmente comuns. Assim, não seríamos santificados pelas nossas vidas diárias normais, mas apenas explicitamente por actividades espirituais que façamos. Isto também é uma heresia.

Transubstanciação: No entanto, se a substância inteira do pão muda e é convertida no Santíssimo e Sacratíssimo Corpo de Cristo, então devemos concluir que os elementos ordinários da vida diária não são aniquilados ou simplesmente postos de lado, mas são verdadeiramente santificados pela graça. Devemos afirmar que a nossa santidade consiste em cumprir os deveres quotidianos da nossa vocação e em santificar os nossos trabalhos diários, consagrando-os ao Senhor.

Por fora, a vida do Cristão pode parecer muito normal (na maior parte), tal como a Eucaristia continua a parecer pão e vinho. No entanto, por dentro, a própria substância dos trabalhos converteu-se, porque a graça é um novo tipo de vida e não uma mera diferença de grau.

Existe uma mudança substancial efectuada pela graça na alma Cristã. A vida ordinária de Cristo é "transubstanciada". Os elementos comuns não são aniquilados nem meramente postos ao lado das coisas santas, os elementos comuns são eles próprios santificados pela graça e tornam-se novos trabalhos em Cristo Jesus nosso Salvador.

Que bonito é este dogma! Um mistério para ser vivido!

Fr. Ryan Erlenbush

sábado, 21 de junho de 2014

Perseguição aos defensores da família na França "democrática"

Nota prévia: Este é o testemunho duma pessoa que vive em França e testemunha as perseguições que estão a acontecer aos defensores da vida e da família.

Como sabem, têm havido imensas manifestações e protestos nos últimos dois anos contra as leis que legalizam o "casamento" homossexual e que acabam com o género nas escolas (já não há a opção de escrever o nome do pai e da mãe nas fichas de inscrição das escolas, mas sim de escrever "pessoa 1" e "pessoa 2").

Pelos vistos, o François Hollande (primeiro-ministro francês) fartou-se, e, neste momento, já é muito difícil haver autorização para manifestações. Só isto já seria um péssimo sinal, mas há mais.

Os episódios relatados foram os seguintes:

Qualquer pessoa que esteja vestida com uma t-shirt que tenha o logótipo do movimento pró-familia (vive la famille/manif pour tous), se for visto pela polícia, é levado para a esquadra e pode passar lá a noite. Mais, qualquer pessoa que esteja a usar uma peça de roupa cor-de-rosa (porque o rosa é simbólico do sexo feminino e vai contra a ideologia do género, que faze parte as políticas do governo) pode ser interrogada e passar a noite na esquadra. E se for um turista que tem o "azar" de estar a usar uma t-shirt cor-de-rosa? É indiferente, já houve pelo menos um caso de um turista que foi levado para a esquadra por esta razão. 

O que este movimento (maioritariamente composto por jovens) faz para se manifestar é combinar nas redes sociais um local e uma hora - por exemplo, frente do parlamento - e sentam-se todos, cada um com um livro, e ficam a ler no mesmo sítio horas a fio. A ideia que se quer passar é que a questão do casamento requer algum pensamento e tem raízes filosóficas e culturais que estão a ser descartadas sem mais nem menos por parte da classe política. Pelos vistos este tipo de demonstrações faz-se onde quer que os ministros estiverem. Ou seja, alguém descobre onde um ministro vai, e combinam ir todos para esse sítio.

Outra forma que eles têm de protestar é escolherem um dos membros para declamar poesia ou fazer teatro, com algumas (não muitas) pessoas a assistir, e no fim, como não podem aplaudir, abanam todos as mãos (como as palmas para surdos).

Também aconteceu que, um dia, no fim de uma destas manifestações, um senhor estava a trazer um placard que tinha levado para se manifestar, virado para baixo, como quem transporta um saco qualquer. Foi abordado por dois polícias que pediram para ver o placard, e como não gostaram do que viram, partiram-no à sua frente e confiscaram-no.

O mais assustador de tudo é que é impossível encontrar notícias sobre isto, mesmo na internet. As únicas notícias que se encontram são as típicas "os católicos são racistas, xenófobos, homofóbicos, e de extrema-direita", e nada mais. Não se encontram notícias que relatem o que de facto se está a passar. 

Parece que estou a falar da Tailândia ou do Myanmar, mas não. É um país supostamente democrático, e que faz parte da liderança Europeia, na União Europeia. É um péssimo sinal não só para este país, mas para o resto da Europa.

Por favor rezem por França e pelos Franceses, e que estas ideias não se espalhem pelo resto da Europa.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Exercícios Espirituais SJ em Julho 2014

A uma semana da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus... para todos os interessados!
Um bom retiro recomendado pelo blog Senza para começar bem as férias e reflectir sobre o ano que passou:

Retratação e punição de um Padre brasileiro

Este é o testemunho do Pe. António Maria, que desobedeceu às normas da Igreja, fazendo uma "simulação de Sacramento", um delito muito grave.

É tocante o pedido de desculpa de alguém que errou, percebeu o erro e se arrependeu. Um exemplo a ser seguido por todos nós, sempre que somos infiéis a Deus e à Igreja.

Também é exemplar o comportamento dos bispos da Arquidiocese de Aracajú (Estado de Sergipe, Brasil), que, preocupados com a alma do sacerdote em questão e do povo que lhes foi confiado, determinam a punição justa, e não assobiam para o lado como se nada se tivesse passado.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Devoções Populares e o Papa Francisco

por 

Caso não tenham notado, o Papa Francisco está mesmo virado para aquilo a que chama "devoções populares". De facto, a ideia das devoções populares ecoa por toda a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (“Alegria do Evangelho”).
As devoções populares são aqueles actos de piedade para-litúrgicos realizados por aqueles a que alguns chamam "pobres" ou "com menor formação." O Santo Padre escreve:
Pope Francis and Popular Devotions
Penso na fé inabalável daquelas mães que, apesar de talvez estarem pouco familiarizadas com os artigos do credo, se agarram ao terço; ou em toda a esperança depositada numa vela acesa numa humildade casa com uma oração de pedido de ajuda a Maria, ou num olhar de amor ternurento dirigido a Cristo crucificado.
Temo que nós Americanos vamos ler esta citação do Papa Fransico e cair em uma de duas hipóteses:

As 2 hipóteses da Devoção Popular:

1) Teólogo Católico sofisticado: Encolhe os ombros e pensa para dentro, "Que sentimental. Este Papa da América Latina tem um amor curioso pelos pobres e indigentes. Enfim, tenho que voltar para a leitura de Santo Ireneu antes de ouvir as Catholic Answers às 17h."
2) Não-Católico sofisticado: Abana a cabeça e pensa para dentro, "Este Papa não entende. Isto não é o Evangelho de Jesus Cristo! Isto é sincretismo de uma aldeia de favela no seu melhor, ou magia ignorante no seu pior."
Aqueles de nós habituados a ler os volumes teológicos do Papa Bento XVI podemos não apreciar totalmente os ensinamentos do Papa Francisco aqui. O que é que o Papa Francisco está então a querer dizer?

O que são as Devoções Populares?

O Papa Francisco escreve que as devoções populares são uma forma de teologia centrada mais em "ideias" e menos numa "linha de pensamento." As devoções populares, então, são diferentes de ler um livro sobre apologética. Pelo contrário, as devoções têm mais a ver com uma celebração pública centrada numa ideia. O meu amigo Pe. Juan Diego Sutherland, em Nicarágua, fala com os olhos a brilhar desta alegria do povo durante as procissões e celebrações públicas.
Porque é que nós "Católicos sofisticados" já não participamos nas "devoções do povo"?
O Papa Francisco enumerou as seguintes devoções populares e eu acrescento algumas extra:
  1. Terço em grupo
  2. Terço da Divina Misericórdia
  3. Procissões Eucarísticas
  4. Procissões Marianas
  5. Estações da Via Sacra na rua
  6. Peregrinações de grupo
Podiamos dizer, "Sim, se uma pessoa não tem muita formação intelectual, o Terço e a Via Sacra são perfeitos porque ensinam os pobres sobre a história do Evangelho, mas uma pessoa se é formada, devia simplesmente ler a Bíblia." Esta é uma resposta tipicamente protestante.
Mas eis o problema dessa visão. A Fé em Cristo é mais do que um caminho discursivo para a verdade (A para B, depois B para C e então C para D). Pelo contrário, é uma experiência de Cristo uma experiência comunitária.
O que eu penso é que o Católico da América Latina tem muito mais alegria e esperança porque tem esta ideia experimental do seu Cristianismo. Deus está lá. Este é o tipo de fé de que o Papa Francisco fala constantemente e é por causa disto que Sua Santidade está a lembrar os Católicos de escritório destas devoções.
Pergunta: Como fazer para promover outra vez estas devoções populares? Como trazer de volta as procissões públicos e os actos de fé na praça pública? Como é que a vossa paróquia faz? 

A Crise da Adolescência

A adolescência é uma fase da vida humana tremenda. Nela existe uma indefinição e uma crise de identidade fortíssima: já não se é criança, mas ainda não se é adulto; despertam-se sentimentos e emoções que já se assemelham, em algumas coisas às dos adultos, mas ainda não se deixaram por completo certos comportamentos infantis.

Na adolescência fazem-se grandes descobertas: descobre-se uma afectividade diferente perante o outro; o mundo ganha uma nova e maior dimensão; as relações mudam; desperta uma capacidade própria de pensar; encontra-se um mundo novo.

Nesta idade põe-se em causa a autoridade dos mais velhos, pensa-se que estes já estão ultrapassados, que o mundo que agora se descobre é diferente do que o dos que nos precederam.

Nesses anos de crescimento, tudo é posto em causa, tudo tem de fazer sentido segundo uma nova mentalidade e que se encaixe na perfeição com as novas emoções e sentimentos.

Sabemos todos (uns melhor, outros menos bem) o sentimento de desajustamento que este processo de crescimento causa.

É um tempo crítico que molda a nossa personalidade. Ou se encontra o equilíbrio e, com a novidade, se continua o que foi transmitido pelas gerações mais velhas, ou se rompe completamente com a história e se fica sempre numa constante busca de se ser diferente.

No primeiro caso, vê-se que a crise acabou e que se formou um adulto equilibrado. No segundo, a adolescência continua e ainda não se chegou a uma verdadeira adultês, mantendo, normalmente uma rebeldia e uma soberba relativamente às gerações passadas.

Graças a Deus, conheço imensos adultos que ultrapassaram a crise da adolescência e são pessoas equilibradas (não sem algumas mazelas!), mas cada vez mais conheço “adultos” que ainda estão a viver a crise da adolescência.

Pior ainda, vejo que estes últimos começam a dominar no meio do mundo e, por isso, também no seio da Igreja.

Vivemos tempos conturbados, em que a novidade, só porque é novidade, é que interessa e é boa. Vivemos tempos em que, no mundo e na Igreja, o que é “velho” é caduco, desajustado e inútil. O Santo Padre tem falado muitas vezes do risco de se considerar os mais velhos como descartáveis.

O problema não é pensar-se isso apenas em relação às pessoas mais velhas, é pensar-se isso de dois mil anos de história, de santos e de vidas de santos, de coisas grandes que se fizeram e se escreveram e enviar tudo isso para a “reciclagem”, não para que ganhem uma nova actualidade, mas para que desapareçam e surjam coisas totalmente novas e distintas.

Quer-se uma nova Igreja, uma nova Teologia, uma nova Liturgia. Será que é preciso romper em definitivo com o que nos chegou como fruto de tantos séculos de santidade? Que se segue? Uma nova Escritura e um novo Cristo?

Dominus nos benedicat, et ab omni malo defendat, et ad vitam perducat aeternam. Amen.

Um Padre