terça-feira, 26 de agosto de 2014

Carlo Acutis, um santo dos nossos dias

A comovente história do menino que, no leito de morte, ofereceu a sua vida pela Igreja e pelo Santo Padre

Algumas pessoas saem da vida para entrar na história; outras, para entrar no Céu. A 12 de Outubro de 2006, falecia o jovem Carlo Acutis, vítima de uma grave leucemia. No leito de morte, desejou ardentemente que os seus sofrimentos fossem oferecidos a Deus pela Santa Igreja e pelo Papa. O testemunho do rapaz, de apenas 15 anos, comoveu toda a Itália, tornando-o modelo de santidade, sobretudo para a juventude. Neste momento, a Diocese de Milão, à qual Acutis pertencia, trabalha na sua causa de beatificação.

Carlo Acutis nasceu em Londres, na Inglaterra, a 3 de Maio de 1991. Os primeiros dias de vida foram também os primeiros da sua jornada para Deus. Com uma fé católica profundamente arraigada, os pais, André e Antónia, não tardaram a providenciar o baptismo, preparando para a ocasião um pequeno bolo em formato de cordeiro, como forma de agradecimento ao Senhor pela entrada do filho na comunidade cristã. Um simbolismo profético. A exemplo do Cordeiro de Deus, o pequeno Acutis também se faria tudo para todos, a fim de completar na própria carne - como diz o Apóstolo São Paulo, ao explicar o valor salvífico do dor - o que falta aos sofrimentos de Cristo pelo seu Corpo, que é a Igreja.

Crescendo em Milão, o pequeno Carlo demonstrou as virtudes cristãs desde a infância. Era uma criança alegre, de comportamento suave, que cativava a todos - principalmente as amas - com o seu entusiasmo contagiante. E se algum amigo lhe aprontava uma maldade, sabia colocar a caridade acima do instinto: "o Senhor não ficaria feliz se eu reagisse violentamente". Aos 12 anos de idade, a Santa Missa já lhe era o bem mais precioso. Comungava diariamente, haurindo da Eucaristia a graça para uma vida santa.

Tamanha espiritualidade chamava a atenção dos mais próximos. Certa vez, preferiu participar de uma peregrinação a Assis, Itália, a visitar outros lugares para diversão. O comportamento do rapaz levava os parentes a considerarem-no uma "vítima dos pais". Mas não era nada disso. Como confidenciaria a seu director espiritual, poucos dias antes de sua derradeira páscoa, Assis era o lugar onde mais se sentia feliz. Juntamente com Nossa Senhora de Fátima, S. Francisco era-lhe o grande santo de devoção, principalmente pela sua pequenez e humildade.

Vibrante, apaixonado pela vida, tinha no apostolado o fim último de toda a sua acção. Entendera muito cedo a "chamada universal à santidade". Daí a disponibilidade para com todos, fazendo-se amigo de qualquer um, mesmo dos mais tímidos. "Ele acreditava no diálogo íntimo com o Senhor - conta um dos colegas - e rezava o rosário todos os dias. Após a morte de Carlo voltei para a Igreja e acho que isso pode ser mérito de sua intercessão".

No Instituto Liceo Classico Leão XIII, onde iniciou o ensino médio, desenvolveu a sua paixão por computadores. Carlo criou um site dedicado aos milagres eucarísticos e à vida dos santos. "Decidi ajudá-los - dizia o jovem na página da internet - compartilhando alguns dos meus segredos mais especiais para aqueles que desejam rapidamente alcançar o objetivo da santidade". Carlo Acutis insistia na Missa diária, na récita do rosário, na lectio divina, na confissão e no apego aos santos. "Peça ao seu Anjo da Guarda para ajudá-lo continuamente, de modo que ele se torne o seu melhor amigo", recomendava.

Em 2006, com apenas 15 anos, Carlo Acutis descobriria uma grave doença: a leucemia. Confundida inicialmente com uma inofensiva "caxumba", o mal acabou por se alastrar rapidamente, mesmo com os vários tratamentos, causando-lhe a morte em apenas um mês. Às 6:45h de 12 de outubro de 2006, o Senhor levava-o para a vida eterna. Antes de morrer, confidenciou aos pais: "Ofereço todos os sofrimentos desta minha partida ao Senhor, ao Papa e à Igreja, para não ir para o Purgatório e ir directo para o Paraíso."

A postuladora para a causa dos Santos da Arquidiocese de Milão, Francesca Consolini, afirma que a fé de Carlo Acutis era "singular": "levava-o a ser sempre sincero consigo mesmo e com os outros (...) era sensível aos problemas e as situações dos seus amigos, os companheiros, as pessoas que viviam perto a ele e quem o encontrava dia a dia". O testemunho do rapaz pode ser encontrado na sua biografia, "Eucaristia, minha rodovia para o céu", escrita por Nicola Gori, que escreve no L'Osservatore Romano.

O corpo de Carlo Acutis foi sepultado em Assis, cidade de São Francisco, por sua especial devoção ao santo.

in padrepauloricardo.org

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