Estes 70 milhões de Cristãos têm uma Eucaristia válida mas uma controvérsia sobre Cristo…
Existem cerca de 70 milhões de Cristãos Ortodoxos que não estão em plena comunhão com a Igreja Católica (com base em Roma) ou com os Ortodoxos (com base em Constantinopla). São os Cristãos Ortodoxos Orientais. Eles têm os sete sacramentos, prestam reverência à Mãe de Deus e aos santos, têm uma Eucaristia válida, rezam pelos fiéis defuntos e preservaram uma linha válida de sucessão apostólica.
Estes Cristãos Ortodoxos Orientais não aceitam o Concílio de Calcedónia em 451 d.C., que definiu dogmaticamente que Cristo é uma Pessoa Divina em duas naturezas (divina e humana).
Conheçam os Miafisitas
Os Cristãos Ortodoxos Orientais Pré-Calcedonianos rejeitaram este Concílio porque S. Cirilo de Alexandria falou de uma natureza (Grego: mia physis) em Cristo encarnado. De facto, o grande santo e doutor da Igreja, S. Cirilo, defendeu que Cristo tinha "uma natureza" ou "mia physis". Sendo assim, como é que então o Concílio ensinava "duas naturezas"?
As Seis Igrejas Ortodoxas
As Igrejas Cristãos "Miafisitas" pré-calcedonianas são:
- A Igreja Apostólica Arménia
- A Igreja Ortodoxa Siríaca
- A Igreja Síria Ortodoxa Malankara da Índia
- A Igreja Ortodoxa Copta do Egipto
- A Igreja Ortodoxa Etíope
- A Igreja Ortodoxa Eritreia
A Comunhão Ortodoxa Oriental de Igrejas
Esta comunhão das Igrejas Ortodoxas Orientiais é conhecida pelos seguintes termos:
- Ortodoxos Orientias (para se distinguirem dos Ortodoxos Católicos Orientais)
- Pré-calcedonianos (visto não aceitarem o Concílio de Calcedónia como os Católicos Romanos e Orientais aceitam)
- Jacobitas (devido a Jacob Baradeus, o Bispo Miafisita de Edessa que morreu em AD 578)
- Miafisitas (em honra ao termo usado por São Cirilo: mia physis ou "uma natureza")
- Monofisitas (um termo pejorativo rejeitado pela Igreja Ortodoxa Oriental – eles preferem o termo Miafisita)
O Grande Debate entre 'Ek' ou 'En' "Duas Naturezas"
O grande debate entre os miafisitas Pré-Calcedonianos por um lado e os Católicos Calcedonianos e os Católicos Ortodoxos Orientais por outros, está centrado no uso dos termos em grego:
- Os Pré-Calcedonianos insistem na frase de S. Cirilo "mia physis" (uma natureza) e a formulação de que Cristo encarnado está “ek duo physeon” (a vir de duas naturezas).
- Os Calcedonianos (Roma e Constantinopla) permitem a frase de S. Cirilo "mia physis" (temos que a aceitar porque vem de um grande santo campeão da ortodoxia!) mas preferem a formulação de que Cristo está “en duo physesin” (em duas naturezas).
É importante notar que os pré-calcedonianos rejeitam o herege Eutiques e também acreditam correctamente que Cristo é consubstancial ao Pai e consubstancial com a humanidade. Parece que o herege Eutiques, condenado pelo Concílio de Calcedónia, não professava Cristo como consubstancial com o resto da humanidade. Esta é má teologia porque se Cristo não partilhasse a nossa natureza, Ele não nos podia salvar ou elevar.
São João Paulo II forja um Caminho em Direcção à União
O Papa São João Paulo II assinou um acordo com os Ortodoxos Coptas e os Ortodoxos Siríacos (ambos miafisitas) que reconhecia que a sua Cristologia está de acordo com a razão e a ortodoxia - perfeitamente de acordo com a Cristologia Católica Romana. A Igreja Católica reconhece que o debate foi essencialmente linguístico e político e vale a pena notar que TODA as igrejas miafisitas pertencem às Províncias Orientais de Bizâncio e eram de nações que não falavam grego. Assim, é muito pouco o que separa os Ortodoxos Orientais de se juntarem à comunhão plena com o Sucessor de São Pedro em Roma.
Com o recente martírio dos 21 Mártires Coptas e a perseguição dos Cristãos Siríacos, rezemos pela reunião de todos os seguidores de Nosso Senhor Jesus Cristo na Sagrada Eucaristia.
Escrevi uma pequena página sobre os Cristãos Coptas, que podem descarregar aqui.
Nota: S. Cirilo de Alexandria escreveu contra os nestorianos dizendo: "uma (mia) natureza da Palavra de Deus encarnada" (μία φύσις τοῦ θεοῦ λόγου σεσαρκωμένη - mía phýsis toû theoû lógou sesarkōménē). Apesar de Calcedónia ter ensinado "duas naturezas", tem que haver sempre uma forma de preservar a formulação de "uma natureza" de S. Cirilo. Para aprofundar podem ler John McGuckin (2004), Saint Cyril of Alexandria and the Christological Controversy, ISBN 0-88141-259-7 p. 140.
Taylor Marshall
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