Passámos toda a semana a ouvir declarações
inflamadas contra a Dra. Maria José Vilaça. Desta vez, foi contra ela, mas efervescências
parecidas ocorrem regularmente contra várias pessoas. De repente, explode a ira
colectiva com uma agressividade inesperada e, principalmente, uma desproporção aparente
entre o efeito e o motivo inicial. Mas a explosão é violentíssima. Dá a
impressão de que há um mal-estar na nossa sociedade, um sofrimento latente, que
se liberta como uma bomba devastadora.
Há tempos, foi a Isabel Jonet, noutra altura
foi a Madre Teresa de Calcutá, agora tocou a vez à Maria José Vilaça. Será que
as vítimas femininas atraem especialmente os excessos? O que é certo é que as
tempestades não foram pequenas!
A Isabel Jonet, a quem o país deve tantas
mobilizações extraordinárias de solidariedade, como o Banco Alimentar, opinou
que todos devíamos cultivar a sobriedade e contribuir para vencer as
dificuldades... Foi o que se viu, de indignação! Durante semanas!
Sobre a Madre Teresa de Calcutá, heróica até
ao extremo para ajudar os pobres, canonizada recentemente pelo Papa Francisco,
o «Sexualpedagogik», principal jornal dos abortistas norte-americanos,
escreveu: «Esta pessoa bem-sucedida na vida e murcha, que não parece uma mulher,
especialmente quando ergue os seus punhos cerrados a rezar por nós, (...)
tornou-se um símbolo de tudo o que a maternidade e a feminidade têm de mau, uma
imagem que rejeitamos absolutamente. És o pesadelo das mulheres! Roubas a
liberdade – escravizas! – as mulheres, as mães, as freiras e as tias; porque é
que te metes connosco, que decidimos assumir o controlo dos nossos corpos, das
nossas crianças e do nosso destino?».
Os exemplos poderiam multiplicar-se. Qual a
razão de algumas mulheres serem rejeitadas de forma tão violenta por certos
grupos ideológicos, em particular feministas?
A Dra. Maria José Vilaça gasta os seus dias a
ajudar pessoas que sofrem, com enorme generosidade e – vale a pena acrescentar –
com grande eficácia profissional. Merecia talvez uma homenagem, mas a história
recente é-nos recordada todos os dias pelos meios de comunicação social: cometeu
o crime de dizer que os pais deviam acolher e estimar os filhos com tendência
homossexual como acolhem todos os outros, independentemente de viverem numa situação
que não é boa.
Que alguma militância sonhe com o triunfo do
seu despotismo iluminado, compreende-se. Que os ecos deste fervor ideológico
ecoem semanas a fio em tantas notícias e tantos artigos de opinião, deixa-me
perplexo.
Alguns pais vivem triturados pelo remorso de
terem abortado um filho? Não queremos ouvir! Algumas pessoas com tendência homossexual pedem
ajuda? Proíbe-se! A revolução ideológica decretou que o
aborto é um alívio, a homossexualidade uma glória, o divórcio uma libertação...
como é que ainda há românticos a suspirar por um amor verdadeiro, fiel até ao
sacrifício? Pior ainda, como é que há gente arrependida de algum passo em falso
que deu na vida?
Faz pena que a revolução politicamente
correcta não compreenda que o arrependimento nos salva. A humildade de
reconhecer o erro e aceitar ajuda purifica.
O Papa Francisco passou o Ano da Misericórdia,
que termina hoje, a recordar que Deus perdoa sempre, é fiel sempre. A sua
misericórdia não tem fim. Alegra-se mais por um pecador que se arrepende do que
por 99 justos que não precisam de se arrepender. Deus não pergunta se somos
super-homens, espera-nos de braços abertos, como o pai do filho pródigo.
A mensagem da misericórdia é também uma
mensagem de humildade. Servir os outros não é considerar-se puro e estender uma
mão simpática aos desgraçados que nos rodeiam. A mensagem do Ano da
Misericórdia é reconhecermo-nos cheios de fragilidade e abrirmos o coração para
que os outros nos enriqueçam e nós os possamos ajudar naquilo que precisarem. O
Papa insiste em que um grande objectivo deste Ano da Misericórdia era cada um
fazer uma boa confissão. Agora, o Jubileu acabou, mas estamos a tempo. Deus é
fiel e perdoa sempre.
Mesmo que não estejamos contentes com alguma
coisa que aconteceu na nossa vida, Deus quer transformar o nosso remorso na
alegria de ter sido perdoados.
José
Maria C.S. André in Correio dos Açores, 20-XI-2016
O aborto está completamente demodé, pelo menos no mundo ocidental, mas essa frase do jornal não sei das quantas país parece aquelas passagens da Bíblia que relatam Jesus a expulsar demônios. Essa Dra maria José Vilaça está no seu direito, ainda por cima até há bem pouco tempo era mesmo obrigatório considerar essas questões como doenças. Olhe, há quem escreva Tomás e há que escreva Tomaz. Estão no seu direito e por isso há que fazer a marcha pelo orgulho em estar no seu direito. Hoje em dia há médicos para tudo, só não tem cura a queda do cabelo... Por isso Dra. Maria José Vilaça, vá em frente, a sua liberdade foi conquistada com muito trabalho em Woodstock e em Maio de 68.
ResponderEliminarEm que estatísticas é que verificou que o aborto está demodé? “Tomás e Tomaz”?? !! Bahf É natural que uns escrevam com s e outros com z, porque existem nomes com s com z e até nomes com h!! Estão no seu direito de escrever o nome correto. Acha que há médicos para tudo? Não parece… n é o que temos vindo a ouvir nas noticias pelo bastonário… Eu gosto é dessa: “Por isso Dra. Maria José Vilaça, vá em frente, a sua liberdade foi conquistada com muito trabalho em Woodstock e em Maio de 68.” !!!!!Liberdade ética ou sexual? Acho que nenhuma das duas… mas aqui não se pode ter muitas liberdades, porque é a censura mais acérrima que já conheci. Eu gostava de saber porque não publicaram o meu comentário?
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