quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

São Tomé, o Apóstolo que duvidou

Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Só este discípulo estava ausente; e, ao voltar e ouvir contar o que acontecera, negou-se a acreditar no que ouvia. Veio outra vez o Senhor e apresentou ao discípulo incrédulo o seu lado para que lhe pudesse tocar, mostrou-lhe as mãos e, mostrando-lhe também a cicatriz das suas chagas, curou a ferida daquela incredulidade. Que pensais, irmãos caríssimos, de tudo isto? Julgais porventura ter acontecido por acaso que aquele discípulo estivesse ausente naquela ocasião, que ao voltar ouvisse contar, que ao ouvir duvidasse, que ao duvidar tocasse e que ao tocar acreditasse?

Tudo isto não aconteceu por acaso, mas por disposição da providência divina. A bondade de Deus actuou de modo admirável, a fim de que aquele discípulo que duvidara, ao tocar as feridas do corpo do seu Mestre curasse as feridas da nossa incredulidade. Mais proveitosa foi para a nossa fé a incredulidade de Tomé do que a fé dos discípulos que não duvidaram; porque, enquanto ele é reconduzido à fé porque pôde tocar, a nossa alma põe de parte toda a dúvida e confirma-se na fé. Deste modo, o discípulo que duvidou e tocou, tornou-se testemunha da realidade da ressurreição. Tocou e exclamou: Meu Senhor e meu Deus. Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, acreditaste. 

Ora, como o apóstolo Paulo diz: A fé é o fundamento dos bens que se esperam, a prova das realidades que não se vêem, torna-se claro que a fé é a prova da verdade daquelas coisas que não podemos ver. Pois aquilo que se vê já não é objecto de fé, mas de conhecimento directo. Então, se Tomé viu e tocou, porque é que lhe diz o Senhor: Porque me viste, acreditaste? É que ele viu uma coisa e acreditou noutra. A divindade não podia ser vista por um mortal. Ele viu a humanidade de Jesus e fez profissão de fé na sua divindade exclamando: Meu Senhor e meu Deus. Portanto, tendo visto acreditou, porque tendo à sua vista um homem verdadeiro, exclamou que era Deus, a quem não podia ver.

Muita alegria nos dá o que se segue: Felizes os que não viram e acreditaram. Por esta frase, não há dúvida que somos nós especialmente visados, pois não O vimos em sua carne, mas possuímo-l’O no nosso espírito. Somos nós visados, desde que as obras acompanhem a nossa fé. Na verdade só acredita verdadeiramente aquele que procede segundo a fé que professa. Pelo contrário, daqueles que têm fé apenas de palavras, diz São Paulo: Professam conhecer a Deus, mas negam-n’O por obras. A este respeito diz São Tiago: A fé sem obras é morta.

São Gregório Magno (Papa) in Hom. 26, 7-9: PL 76, 1201-1202 (Séc. VI)

1 comentário:

  1. Maria José Martins22 dezembro, 2020 09:58

    Peço desculpa, pela minha insistência em referir, constantemente, a Obra "O Evangelho, como me foi revelado" de Maria Valtorta, mas quanto mais a releio, mais acredito que, a Igreja ao não a divulgar, como foi a vontade de Jesus, foi uma ENORME PERDA para a nossa ATUAL situação; aliás, o Próprio Jesus refere isso, desabafando com a Mística a quem A ditou, comparando o seu sofrimento e cansaço, ao d/ELE, no Horto das Oliveiras, quando sentiu a tentação desistir, pois, sabia que, para muitos, TUDO iria ser INÚTIL!
    E, então, a propósito da incredulidade de S. Tomé, e de todas as FALHAS cometidas por aqueles que, mesmo estando numa luta pela Santidade, falham a toda a hora, é Jesus que nos consola dizendo: "...Eu vos recordo que, às vezes, Deus permite, até, as falhas dos Seus Eleitos; não porque Lhe agrade, mas porque depois duma queda, pode vir um Bem futuro muito maior."
    "...Sede Paternos--falando com os Apóstolos--pensai bem, que todos vós fostes uns filhos pródigos, dominados pela concupiscência. NÃO SEJAIS RIGOROSOS COM OS QUE SE ARREPENDEM DE VERDADE. Lembrai-vos que muito de vós fugistes, e a vossa fuga não era uma negação do vosso Amor por Mim, porque VOS ARREPENDESTES e VOLTASTES e Eu vos PERDOEI. Por isso, FAZEI COMO EU e se, no futuro, vos aparecer algum caso difícil, LEMBRAI-VOS COMO EU FIZ! ASSIM, NÃO ERRAREIS NUNCA! Um Sacerdote deve, por todos os meios, SALVAR sempre, pelo AMOR.
    Lembrai-vos da minha repugnância pelo comportamento de Judas, mas SEMPRE tratei aquele mesquinho, como TRATEI JOÃO, o discípulo Amado! E, mais, a vós, muitas vezes vos será vedado saber, se a vossa luta vai ser inútil--e aqui refere-se a Judas--e que todo o esforço e todo o cansaço de nada valerá...mas é preciso trabalhar para que TUDO se cumpra!...
    E perante o sofrimento que estas palavras produzem em Jesus, ao recordar Judas, S. João Lhe pergunta: Mas Tu ainda sofres, Senhor? Ainda sofres por Judas?! Esquece-Te dele, Senhor!
    E Jesus, abrindo os braços exclama: Judas foi a MAIOR das Minhas dores.. Todas as outras terminaram menos esta! Eu o Amei; Eu Me consumi a Mim Mesmo, ao fazer todos os esforços para Salvá-lo..."
    "...mas nem imaginais a dor que ainda sofrerá o Meu Coração, nos séculos vindouros, por CADA PECADOR IMPENITENTE, por TODAS AS HERESIAS que ME NEGAM, por TODOS OS SACERDOTES CULPADOS, que serão ESCÂNDALO e causa de muita RUÍNA! Ó TORTURA DAS TORTURAS!--diz--
    Ao comtemplar JUDAS, Eu contemplo nele, todos OS ESCOLHIDOS, para os quais a REDENÇÃO se transformou EM RUÍNA, por causa da PERVERSA VONTADE DELES!
    "...Ó vós que sois Fiéis, LEMBRAI-VOS da Minha dor e tornai-vos cada vez mais Santos! VIGIAI, ORAI, ENSINAI, COMBATEI, como mães incansáveis, como viris guerreiros! Que a culpa do 12º Apóstolo-- fazei, ó fazei-- com que ela não tenha mais repetição no FUTURO!..."

    E Jesus continua sempre pronto a PERDOAR, mas também INTRANSIGENTE, com aqueles que NUNCA Se ARREPENDEM...porque, segundo ELE, Jesus, ARREPENDIMENTO, prossupõe MUDANÇA E FIDELIDADE!!

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