O Patriarcado de
Lisboa retirou da sua página do Facebook um post sobre a posição de alguns
partidos políticos portugueses em relação a diversas matérias consideradas
relevantes para a “Defesa da Vida”, particularmente a proibição ou liberalização
do aborto. Esse estudo foi realizado pela Federação Portuguesa pela Vida, que
contactou todos os partidos sobre a posição de cada um em relação a essas
matérias, e publicou os resultados dos partidos que responderam, omitindo os que não responderam ou cuja resposta não foi clara.
O Diário de
Notícias, um jornal que, à semelhança da esmagadora maioria dos jornais, se
dedica a promover a agenda ideológica contrária à doutrina da Igreja ficou deveras
“preocupado” com aquela publicação, porque constituía um apelo ao voto em
partidos que vão contra a doutrina social da Igreja. É sempre comovente ver um
meio de comunicação social em agonia por um ataque à doutrina da Igreja. Alguém
mais distraído poderia dizer que o Diário de Notícias estaria apenas preocupado com a
apresentação da “Defesa da Vida” como critério a ter em conta pelos católicos em
relação à sua posição de voto. Mas o jornal garante que estava apenas a zelar
para que fosse respeitada a Doutrina Social da Igreja, daí ter abordado o
Patriarcado para contestar aquela publicação.
O Patriarcado de Lisboa, num comunicado que se seguiu à remoção do post, disse o seguinte: "Admitimos que foi uma imprudência. Para o Patriarcado, é essencial que toda a gente tenha a possibilidade de discernir o seu voto."
Tenho para mim que aquela publicação não foi uma imprudência por ter retirado alguma
capacidade de discernimento aos eleitores. Quando muito, o Patriarcado poderia
dizer que foi uma imprudência publicar aquela informação sem a confirmação
absoluta que os partidos que ali aparecem como defensores da vida defendem
realmente cada um daqueles pontos, sem qualquer reserva. Ou poderia ter questionado
a ausência do Partido Nacional Renovador (PNR), que, como é público, defende todos aqueles pontos. A Federação
Portuguesa pela Vida afirma que não obteve qualquer resposta desse partido, mas
isso poderia ter sido confirmado pelo Patriarcado antes da publicação.
De resto, não há
qualquer imprudência ou imoralidade naquela publicação, nem é defensável que tenha representado uma recomendação de voto nalgum partido em especial. É dever do
Patriarcado de Lisboa, e da hierarquia da Igreja Católica em geral, esclarecer que um católico que vote
num partido que seja a favor do aborto está em pecado mortal. Por isso, nenhum
católico pode votar no Partido Socialista (PS), Bloco de Esquerda (BE), Partido
das Pessoas dos Animais e da Natureza (PAN), Coligação Democrática Unitária (CDU); nem sequer no Partido Social Democrata (PSD) nem no Aliança, enquanto não
esclarecerem qual é a posição que têm em relação à dignidade da vida humana dos
bebés que ainda não nasceram por se encontrarem no ventre das suas mães.
Essa publicação entretanto apagada serviria, mais que não fosse, para uma exclusão de partes. A partir daí cada
pessoa poderia investigar os partidos que restam como passíveis de merecer o
seu voto, excluindo, posteriormente, desses os que não respeitassem algum ponto fundamental da doutrina da
Igreja.
É importante
sublinhar que aborto e imigração são dois pontos totalmente distintos entre si. O aborto é um homicídio voluntário de um bebé inocente na
fase mais frágil da sua vida. Quem faz um aborto não só comete um pecado
gravíssimo como fica excomungado da Igreja. O aborto é sempre proibido,
não há qualquer fim bom nem boa circunstância que o possa justificar. Ao passo
que o acolhimento indiscriminado de imigrantes não é doutrina da Igreja. É
verdade que os católicos são chamados à caridade, especialmente em relação aos
que mais precisam, mas a entrada de imigrantes deve estar sempre sujeita ao
risco que poderá representar para o bem-comum.
Dando um exemplo simples: Uma pessoa nunca pode matar outra em sua casa, a não ser que seja
em legítima defesa. Mas pode recusar a entrada a alguém; ninguém é obrigado a
receber toda a gente em sua casa. Claro que se a pessoa em questão precisar e o
dono da casa a puder ajudar, sem riscos sérios para a sua família tem o dever
moral de a acolher, e comete um pecado grave se não o fizer. Mas isso implica
que se veja o caso concreto, não se pode dizer à partida que alguém que impediu outrem de
entrar em sua casa tenha cometido uma injustiça.
É típico da má
filosofia confundir em vez de distinguir. Infelizmente o pensamento dominante está
baseado em filosofia do piorio.
João Silveira
Excelente estudo para nos situarmos, para todos que somos cristãos catolicos e FIEIS Há Igreja de Cristo, porque infelizmente grande percentagem dos catolicos portugueses pensam que o são mas não.
ResponderEliminarTrump, Bannon, Bolsonaro, Orban, Salvini, André Ventura, João Silveira: a mesma luta. A luta da extrema direita.
ResponderEliminarEu prefiro o Papa Francisco gloriosamente reinante (gosta da expressão agora, ou aplicava-se apenas a Bento XVI?), que muito sabiamente afirmou nunca ter sido de direita.
É, a propósito desta golpada dos Fanáticos pela Vida:
https://rd.videos.sapo.pt/gLGtT8Bc6sGpZy49ALu8?jwsource=cl
"Fanáticos pela vida" tão bom. Melhor certamente que moderados pela morte
ResponderEliminarA Bíblia fala em quem votar? Misturar religião e política nunca foi bom
ResponderEliminarTenho pena que a Igreja, ou melhor, os membros da Igreja a quem cabe a orientação dos fieis católicos não procure alertar para as diversas correntes políticas que contrariam diretamente o evangelho e o pensamento da Igreja desde há séculos.
ResponderEliminarInfelizmente, esta é a realidade portuguesa, aqui ao lado, a Igreja Espanhola é mais activa perante o Poder Político.
Porque não são todos iguais...
Porque existem doutrinas heréticas mascaradas de igualdade, solidariedade e bem comum....
Porque a igreja tem uma doutrina...
Rezemos irmãos.