Sumário - Contempla como, depois de três horas de agonia, pela veemência das dores, as forças faltam a Jesus; entrega o Corpo ao próprio peso, deixa cair a cabeça sobre o peito, abre a boca e expira... Alma cristã, diz-me: não merece porventura todo o nosso amor um Deus que, para nos salvar da morte eterna, quis morrer no meio dos mais atrozes tormentos? Todavia, como são poucos os que O amam e muitos os que, em vez de O amarem, Lhe pagam com injúrias e ultrajes.
I. Considera que o Nosso amável Redentor é chegado ao fim da Sua vida. Amortecem-se-Lhe os olhos, o Seu belo rosto empalidece, o Coração palpita debilmente, e todo o Sagrado Corpo é lentamente invadido pela morte. Vinde, Anjos do Céu, vinde assistir à morte do Vosso Deus. E Vós, ó Mãe dolorosa, Maria, chegai-Vos mais próxima à Cruz, levantai os olhos para Vosso Filho, e contemplai-O atentamente, porque está prestes a expirar.
“Pater, in manus tuas commendo spiritum meum - Pai, em vossas mãos encomendo o meu espírito”. É esta a última palavra que Jesus profere com confiança filial e perfeita resignação com a Vontade divina. Foi como se dissesse: “Meu Pai, não tenho vontade própria; não quero nem viver nem morrer. Se é Vossa Vontade que Eu continue a padecer sobre a Cruz, eis-Me aqui, estou pronto para obedecer sobre esta Cruz; em Vossas mãos entrego o Meu Espírito; fazei de Mim segundo a Vossa vontade”. - Tomara que nós disséssemos o mesmo quando temos alguma Cruz, deixando-nos guiar pelo Senhor, conforme o Seu agrado. Tomara que o repetíssemos especialmente no momento da morte! Mas para bem o fazermos, então, devemos praticá-lo muitas vezes em nossa vida.
Entretanto, Jesus chama a Morte que, por deferência, não ousava aproximar-se do Autor da vida, e Lhe dá licença para Lhe tirar a vida. E eis que, finalmente, enquanto treme a Terra, se abrem os túmulos e se rasga o véu do Templo, eis que, pela veemência da dor natural, falha a respiração, Jesus abandona o Corpo ao próprio peso, deixa cair a cabeça sobre o peito, abre a boca e expira: “Et inclinato capite, tradidit spiritum” - Parti, ó bela Alma do Meu Salvador, parti e ide nos abrir o Paraíso, fechado até agora, ide apresentar-Vos à Majestade divina, e alcançai-nos o perdão e a salvação.
As pessoas presentes, voltadas para Jesus Cristo, por causa da força com que proferiu as Suas últimas palavras, contemplamo-No com atenção silenciosa, vêem-No expirar e, notando que não se move mais, dizem: “Morreu, morreu”. Maria ouve que todos o dizem, e Ela também exclama: “Ah, Filho meu, já morrestes; estais morto”.
II. Morreu! Ó Deus! Quem é que morreu? O Autor da vida, o Unigénito de Deus, o Senhor do mundo. Ó morte, que fizeste pasmar o Céu e a natureza! Um Deus morrer pelas Suas criaturas! - Vem, minh’alma, levanta os olhos e contempla esse Homem crucificado. Contempla o Cordeiro divino já imolado sobre o altar da dor; lembra-te de que Ele é o Filho dileto do Pai Eterno, e que morreu pelo amor que te tem dedicado. Vê esses braços abertos para te acolher; a cabeça inclinada para te dar o ósculo de paz; o lado aberto para te receber. Que dizes? Não merece ser amado um Deus tão bom e tão amoroso? Ouve o que do alto de Sua Cruz te diz o Senhor: “Meu filho, vê se há alguém no mundo que te tenha amado mais do que Eu, teu Deus!”
Ah, meu Jesus, já que para minha salvação não poupaste a Vossa própria Pessoa, lançai sobre mim esse olhar afetuoso com que me olhastes um dia, quando estáveis em agonia sobre a Cruz; olhai-me, iluminai-me, e perdoai-me. Perdoai-me em particular a ingratidão que tive para com’Vosco no passado, pensando tão pouco na Vossa Paixão e no amor que Nela me haveis mostrado. Dou-Vos graças pela luz que me concedeis, de compreender através de Vossas Chagas e de Vossos membros dilacerados, como, por entre umas grades, o afecto tão grande e tão terno que ainda guardais para comigo.
Ai de mim, se depois de receber estas luzes deixasse de Vos amar, ou amasse outra coisa que não a Vós!
Morra eu, assim Vos direi com São Francisco de Assis, morra eu por amor de Vosso Amor, ó meu Jesus, que Vos dignastes morrer por amor de meu amor. Ó Coração aberto de meu Redentor, ó morada feliz das almas amantes de meu Redentor, não vos dedigneis receber agora a minha mísera alma.
Ó Maria, ó Mãe de dores, recomendai-me a Vosso Filho, a quem vedes morto sobre a Cruz. Vede as Suas carnes dilaceradas, vede o Seu Sangue divino derramado por mim, e concluí disto quanto Lhe agrada que Lhe recomendeis a minha salvação. A minha salvação consiste em que eu ame, e este amor Vós mo deveis impetrar, mas um amor grande, um amor eterno.
Santo Afonso Maria de Ligório
Palavras de Jesus sobre Sua Mãe, Nossa Senhora, depois da Sua morte na cruz: " Eu tive, na Paixão, somente uma tentação. Mas, Minha Mãe, a Mulher, expiou pela Mulher, culpada de todos os males, muitas e muitas vezes! E Satanás, contra a Vencedora, enfureceu-se com uma ferocidade cem vezes maior.
ResponderEliminarMARIA TINHA-O VENCIDO! Por isso, contra Maria foi a mais forte de todas as tentações: tentação para a carne da Mãe; tentação para o espírito da Mãe.
O mundo crê que a Redenção acabou com o Meu último suspiro: mas NÃO! Ela foi COMPLETADA EM MINHA MÃE, que acrescentou a sua tríplice tortura para pagar a tríplice concupiscência, lutando, durante três dias, contra Satanás, que queria levá-La a negar a Minha Palavra, e a não crer na Minha Ressurreição: MARIA FOI A ÚNICA QUE CONTINUOU A CRER! Grande e Bem Aventurada é Ela e a Sua Fé!
O mundo não compreende isto, mas, "os que estão no mundo, sem serem do mundo", compreendem-no, e terão para com a Minha Mãe, MÃE DAS DORES, um MAIOR AMOR.
Da Obra, "O Evangelho, como me foi revelado", de Maria Valtorta.