Onde encontrar palavras para exprimir toda a excelência e felicidade do matrimónio cristão? A Igreja redige o contracto, a oferta eucarística confirma-o, a bênção coloca-lhe o selo, os anjos que são dele testemunha registam-no, e o Pai dos céus ratifica-o. Que aliança doce
e santa a de dois fiéis que carregam o mesmo jugo (cf Mt 11,29), reunidos
na mesma esperança, no mesmo desejo, na mesma disciplina, no mesmo
serviço!
Ambos são filhos do mesmo Pai, servos do mesmo Senhor, formando
uma só carne (cf Mt 19,5), um só espírito. Oram juntos, adoram juntos, jejuam juntos, ensinam-se um ao outro, encorajam-se um ao outro,
apoiam-se um ao outro.
Encontramo-los juntos na igreja, juntos no banquete divino. Partilham
por igual a pobreza e a abundância, as perseguições e as consolações.
Não há segredos entre eles, nenhuma falsidade: confiança inviolável, solicitude recíproca, nenhum motivo de tristeza. Não têm de se
esconder um do outro para visitar os doentes, para dar assistência aos
indigentes; a sua esmola não é motivo de disputa, os seus sacrifícios não
conhecem escrúpulos, a observância dos seus deveres quotidianos é sem
entraves.
Entre eles não há sinais da cruz furtivos, nem saudações inquietas,
nem
acções de graças mudas. Da sua boca, livre como o seu coração, elevam-se hinos e cânticos; a sua única rivalidade é a de ver quem celebra melhor os louvores do Senhor. Cristo alegra-Se com tal união; a tais esposos Ele envia a sua paz. «Onde dois estiverem reunidos», Ele também está presente (cf Mt 18,20); e onde Ele está presente, o
inimigo da nossa salvação não tem lugar.