sábado, 7 de janeiro de 2017

Que a glória de Deus cresça em nós e que a nossa diminua

Que a glória de Deus cresça em nós e que a nossa diminua a fim de que, em Deus, a nossa cresça também. Efectivamente, é o que diz o Apóstolo: «Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor» (1 Cor 1,30). Queres gloriar-te a ti mesmo? Isso significa que queres crescer mas, para tua desgraça, cresces mal. E aquele que cresce mal na realidade fica diminuído.

Portanto, cresça Deus, que é sempre perfeito: que Ele cresça em ti. Porque quanto mais conheces a Deus e O compreendes, tanto mais Ele parece crescer em ti, se bem que Ele não cresça, pois é sempre perfeito. Ontem conhecia-Lo um pouco, hoje conhece-Lo melhor, amanhã conhece-Lo-ás melhor ainda: é a própria luz de Deus que cresce em ti, e Deus parece assim crescer, Ele que é sempre perfeito.

Um homem que era cego e fica curado começa por ver um pouco de luz, no dia seguinte vê mais, e no outro dia mais ainda. A luz parece-lhe aumentar, e no entanto a luz é perfeita, quer ele a veja ou não. O mesmo acontece com o homem interior: progride em Deus e Deus parece crescer nele, enquanto ele mesmo diminui para cair da sua glória e se erguer na glória de Deus.

Santo Agostinho in Tratado sobre S. João 14, 5; CL 36, 143-144

2 comentários:

  1. Senão o próprio Rei09 janeiro, 2017 13:30

    Porque se fere a tua natureza,
    quando se pede para se abaixar,
    Ah, nela não há a subtil pureza,

    Que logo se inflama a reclamar
    Moral pertença do que lhe é devido
    O subtraído: para Te encontrar

    Nem por instantes quer ficar dorido
    Sem consolo na temporária noite
    Onde se encontra Deus, e o ferido…

    Assim minha alma agita num acoite
    Do vazio e do nada que apavora
    Por Ti, grita, na demorada noite…

    Vem, ao lugar do sofrimento agora!
    Que as trevas, daqui a pouco já são luz
    Arrependida digo: Vem sem demora!

    Fugir? Que engano, oh dulcíssima Cruz
    Mas, querendo-Te eternamente meu
    E no entanto onde se faz, A luz?

    Que me impede, escravo, ser filho Teu?
    Como se houvesse sol sem haver céu!
    _A Teus pés abaixo tudo o que e meu!

    De breves estimas, logo me esqueço,
    Como se desprender, não fosse magoar
    A Tua herança é minha, não tem preço,

    E dos inúteis apreços a dar,
    Oh Terra prometida que quererei?
    Me possam agora interessar,

    Se as minhas riquezas já todas doei?
    Que tesouros do mundo ainda aspiro,
    Ou aspirei, senão o próprio Rei?

    ResponderEliminar
  2. Ao próprio Rei09 janeiro, 2017 13:33

    Porque se fere a tua natureza,
    quando se pede para se abaixar,
    Ah, nela não há a subtil pureza,

    Que logo se inflama a reclamar
    Moral pertença do que lhe é devido
    O subtraído: para Te encontrar

    Nem por instantes quer ficar dorido
    Sem consolo na temporária noite
    Onde se encontra Deus, e o ferido…

    Assim minha alma agita num acoite
    Do vazio e do nada que apavora
    Por Ti, grita, na demorada noite…

    Vem, ao lugar do sofrimento agora!
    Que as trevas, daqui a pouco já são luz
    Arrependida digo: Vem sem demora!

    Fugir? Que engano, oh dulcíssima Cruz
    Mas, querendo-Te eternamente meu
    E no entanto onde se faz, A luz?

    Que me impede, escravo, ser filho Teu?
    Como se houvesse sol sem haver céu!
    _A Teus pés abaixo tudo o que e meu!

    De breves estimas, logo me esqueço,
    Como se desprender, não fosse magoar
    A Tua herança é minha, não tem preço,

    E dos inúteis apreços a dar,
    Oh Terra prometida que quererei?
    Me possam agora interessar,

    Se as minhas riquezas já todas doei?
    Que tesouros do mundo ainda aspiro,
    Ou aspirei, senão ao próprio Rei?

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