Que a glória de Deus cresça em nós e que a nossa diminua a fim de que, em Deus, a nossa cresça também. Efectivamente, é o que diz o Apóstolo: «Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor» (1 Cor 1,30). Queres gloriar-te a ti mesmo? Isso significa que queres crescer mas, para tua desgraça, cresces mal. E aquele que cresce mal na realidade fica diminuído.
Portanto, cresça Deus, que é sempre perfeito: que Ele cresça em ti. Porque quanto mais conheces a Deus e O compreendes, tanto mais Ele parece crescer em ti, se bem que Ele não cresça, pois é sempre perfeito. Ontem conhecia-Lo um pouco, hoje conhece-Lo melhor, amanhã conhece-Lo-ás melhor ainda: é a própria luz de Deus que cresce em ti, e Deus parece assim crescer, Ele que é sempre perfeito.
Um homem que era cego e fica curado começa por ver um pouco de luz, no dia seguinte vê mais, e no outro dia mais ainda. A luz parece-lhe aumentar, e no entanto a luz é perfeita, quer ele a veja ou não. O mesmo acontece com o homem interior: progride em Deus e Deus parece crescer nele, enquanto ele mesmo diminui para cair da sua glória e se erguer na glória de Deus.
Santo Agostinho in Tratado sobre S. João 14, 5; CL 36, 143-144
2 comentários:
Porque se fere a tua natureza,
quando se pede para se abaixar,
Ah, nela não há a subtil pureza,
Que logo se inflama a reclamar
Moral pertença do que lhe é devido
O subtraído: para Te encontrar
Nem por instantes quer ficar dorido
Sem consolo na temporária noite
Onde se encontra Deus, e o ferido…
Assim minha alma agita num acoite
Do vazio e do nada que apavora
Por Ti, grita, na demorada noite…
Vem, ao lugar do sofrimento agora!
Que as trevas, daqui a pouco já são luz
Arrependida digo: Vem sem demora!
Fugir? Que engano, oh dulcíssima Cruz
Mas, querendo-Te eternamente meu
E no entanto onde se faz, A luz?
Que me impede, escravo, ser filho Teu?
Como se houvesse sol sem haver céu!
_A Teus pés abaixo tudo o que e meu!
De breves estimas, logo me esqueço,
Como se desprender, não fosse magoar
A Tua herança é minha, não tem preço,
E dos inúteis apreços a dar,
Oh Terra prometida que quererei?
Me possam agora interessar,
Se as minhas riquezas já todas doei?
Que tesouros do mundo ainda aspiro,
Ou aspirei, senão o próprio Rei?
Porque se fere a tua natureza,
quando se pede para se abaixar,
Ah, nela não há a subtil pureza,
Que logo se inflama a reclamar
Moral pertença do que lhe é devido
O subtraído: para Te encontrar
Nem por instantes quer ficar dorido
Sem consolo na temporária noite
Onde se encontra Deus, e o ferido…
Assim minha alma agita num acoite
Do vazio e do nada que apavora
Por Ti, grita, na demorada noite…
Vem, ao lugar do sofrimento agora!
Que as trevas, daqui a pouco já são luz
Arrependida digo: Vem sem demora!
Fugir? Que engano, oh dulcíssima Cruz
Mas, querendo-Te eternamente meu
E no entanto onde se faz, A luz?
Que me impede, escravo, ser filho Teu?
Como se houvesse sol sem haver céu!
_A Teus pés abaixo tudo o que e meu!
De breves estimas, logo me esqueço,
Como se desprender, não fosse magoar
A Tua herança é minha, não tem preço,
E dos inúteis apreços a dar,
Oh Terra prometida que quererei?
Me possam agora interessar,
Se as minhas riquezas já todas doei?
Que tesouros do mundo ainda aspiro,
Ou aspirei, senão ao próprio Rei?
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