quarta-feira, 30 de setembro de 2015
terça-feira, 29 de setembro de 2015
Festa dos Arcanjos S. Miguel, S. Gabriel e S. Rafael
Miguel que significa: "Quem como Deus?" é o defensor do Povo de Deus no tempo de angústia. É o padroeiro da Igreja universal e aquele que acompanha as almas dos mortos até o Céu.
Gabriel que significa "Deus é forte" ou "aquele que está na presença de Deus", aparece no chamado 'evangelho da infância' como mensageiro da Boa Nova do Reino de Deus, que já está presente na pessoa de Jesus de Nazaré, nascido de Maria. É ele quem anuncia o nascimento de João Baptista e de Jesus. Anuncia, portanto, o surgimento de uma nova era, um tempo de esperança e de salvação para todos os homens. É ele quem, pela primeira vez, profere aquelas palavras que todas as gerações hão-de repetir para saudar e louvar a Virgem de Nazaré: "Avé, cheia de graça. O Senhor é convosco".
Rafael que significa "medicina dos deuses" ou "Deus cura", foi o companheiro de viagem de Tobias. É o anjo benfazejo que acompanha o jovem Tobias desde Nínive até à Média; quem o defende dos perigos e patrocina o seu casamento com Sara. É ele quem tira da cegueira o velho Tobias. É aquele que cura, que expulsa os demónios. São Rafael é o companheiro de viagem do homem, o seu guia e seu protector nas adversidades.
Papa fecha definitivamente a porta ao "divórcio católico"
Excertos da conferência de imprensa do Santo Padre aos jornalistas, durante o voo de Filadélfia para Roma.
(Jean-Marie Guénois, do Figaro, francês):
O Santo Padre não pode obviamente antecipar os debates dos Padres Sinodais. Sabemos isso perfeitamente. Mas é precisamente deste tempo antes do Sínodo que queremos saber se, no seu coração de pastor, quer verdadeiramente uma solução para os divorciados novamente casados. Também queremos saber se o seu Motu Proprio sobre a facilitação da nulidade fechou – na sua opinião – este debate. E, finalmente, que responde àqueles que temem, com esta reforma, a efectiva criação do chamado «divórcio católico». Obrigado.
(Papa Francisco):
Começo pela última. Na reforma dos processos, da modalidade, fechei a porta à via administrativa que era aquela por onde podia entrar o divórcio. Pode-se dizer que estão errados quantos pensam no «divórcio católico», porque este último documento fechou a porta ao divórcio que podia entrar – teria sido mais fácil – por via administrativa. A estrada existente será sempre a via judicial. Depois passamos à terceira questão – não me lembro se era a terceira, mas corrija-me...
(Jean-Marie Guénois):
Sim, a pergunta era sobre a noção de «divórcio católico» e se o Motu Proprio encerrou um possível debate no Sínodo sobre este tema.
(Papa Francisco):
Isto foi pedido pela maioria dos Padres Sinodais no Sínodo do ano passado: agilizar os processos, porque havia processos que duravam de 10 a 15 anos. Uma sentença, e outra sentença; depois se houvesse apelação, tínhamos a apelação e depois havia outra apelação... Nunca mais termina. A dupla sentença, quando era válida [a primeira] e não havia apelação, foi introduzida pelo Papa Lambertini, Bento XIV, porque na Europa Central – não digo o país - existiram alguns abusos e, para os impedir, ele introduziu isto. Mas não é uma coisa essencial para o processo. Os processos mudam; a jurisprudência muda para melhor, melhora-se sempre.
Naquele tempo, era urgente fazer aquilo. Depois Pio X quis agilizar e fez qualquer coisa, mas não teve tempo ou possibilidade de o fazer. Os Padres Sinodais pediram isto: a agilização dos processos de nulidade matrimonial. E fico por aqui.
Este documento, este Motu Proprio facilita os processos no tempo, mas não é um divórcio, porque o matrimónio é indissolúvel quando é sacramento; e isto, a Igreja não o pode mudar. É doutrina. É um sacramento indissolúvel.
O procedimento legal é para provar que aquilo que parecia sacramento não foi um sacramento: por falta de liberdade, por exemplo, ou por falta de maturidade, ou por doença mental... Muitos são os motivos que levam, depois dum estudo, duma investigação, a dizer: «Não, ali não houve sacramento; porque, por exemplo, aquela pessoa não era livre». Um exemplo (agora não é tão comum, mas em alguns sectores da sociedade é comum – pelo menos era-o em Buenos Aires): os matrimónios, quando a namorada ficava grávida. «Tendes de vos casar».
Em Buenos Aires, eu aconselhava fortemente os sacerdotes, quase os proibia de fazerem o matrimónio nestas condições. Chamamos-lhe «os matrimónios à pressa», para salvar todas as aparências. E o bebé nasce, e alguns matrimónios correm bem, mas não há a liberdade! E depois correm mal, separam-se... «Eu fui forçado a fazer o matrimónio, porque devia encobrir esta situação». Esta é uma causa de nulidade. Existem muitas causas de nulidade; podeis procurá-las na Internet, estão lá todas.
Papa Francisco com a Sagrada Família, no World Meeting of Families |
Depois, temos o problema das segundas núpcias, dos divorciados que fazem uma nova união. Vós lede o que está no Instrumentum laboris, aquilo que se apresenta para discussão. Parece-me um pouco simplista dizer que o Sínodo... que a solução para estas pessoas é que possam fazer a comunhão. Esta não é a única solução. Não. Aquilo que o Instrumentum laboris propõe é muito mais. O problema das novas uniões dos divorciados não é o único problema. No Instrumentum laboris, há tantos. Por exemplo: os jovens não se casam, não querem casar-se. É um problema pastoral para a Igreja. Outro problema: a maturidade afectiva para o matrimónio. Outro problema: a fé. Creio eu que isto é «para sempre»? «Sim, sim, eu creio...». Mas creio verdadeiramente? A preparação para o matrimónio... Muitas vezes ponho-me a pensar: para se tornar sacerdote, há uma preparação de oito anos; e depois, como não é definitivo, a Igreja pode tirar-te o estado clerical. Para te casares, que é para toda a vida, fazem-se quatro cursos, quatro vezes... Aqui há algo errado. O Sínodo deve pensar bem como se há-de fazer a preparação para o matrimónio; é uma das coisas mais difíceis. E há tantos problemas... Mas estão todos enumerados no Instrumentum laboris.
Gostei que o senhor me tivesse feito a pergunta sobre o «divórcio católico»: não, isto não existe. Ou não houve matrimónio – e isto é nulidade, não existiu – ou, se existiu, é indissolúvel. Isto é claro. Obrigado!
(...)
(Sagrario Ruiz, de Apodaca, Mexico):
Obrigado. Boa noite, Santo Padre. Pela primeira vez, visitou os Estados Unidos, nunca lá tinha estado antes; falou ao Congresso, falou às Nações Unidas, recebeu autênticos banhos de multidão... (...) E quereria perguntar-lhe também, depois de o ouvirmos realçar o papel das religiosas e das mulheres na Igreja dos Estados Unidos: algum dia veremos mulheres sacerdotes na Igreja Católica, como pedem alguns grupos nos Estados Unidos e como acontece noutras Igrejas cristãs? Obrigado.
(Papa Francisco):
(...)
A terceira pergunta: as mulheres sacerdotes, isto não se pode fazer. O Papa São João Paulo II, em tempos de debate, depois de uma longa, longa reflexão, disse-o claramente. E não é porque as mulheres não tenham a capacidade. Senão veja: na Igreja são mais importantes as mulheres do que os homens, porque a Igreja é mulher; é a Igreja, não o Igreja; a Igreja é a esposa de Cristo, e Nossa Senhora é mais importante do que Papas, bispos e sacerdotes. Há uma coisa que tenho de reconhecer: estamos um pouco atrasados na elaboração duma teologia da mulher. Temos de avançar mais nesta teologia. Isto sim, é verdade! Obrigado.
Texto completo:
segunda-feira, 28 de setembro de 2015
As votações no próximo fim-de-semana e os media
Ruído mediático
por D. Nuno Brás, Bispo Auxiliar de Lisboa
Não esqueço o dia em que, aluno do secundário, visitei a Assembleia da República. Fomos recebidos pelos membros da comissão que acompanhava a Comunicação Social. Um dos deputados fez referência ao modo como os jornalistas podem contar a mesma história, sem faltar à verdade. Com efeito, dizer que “o senhor deputado estava no restaurante a comer com apetite um belo peixe, acompanhado dum bom vinho” é bem diferente de afirmar que “o senhor deputado estava numa tasca a devorar sofregamente sardinhas com vinho da terra”, embora a situação descrita seja a mesma…
Mais do que nunca, o ruído mediático faz-se sentir nas campanhas eleitorais dos nossos dias. Entre outros, têm consciência disso os políticos (que o utilizam até à exaustão) e têm consciência disso os jornalistas (que não deixam nunca de “puxar a brasa à sua sardinha” e de fazer valer os seus préstimos).
É certo que hoje não somos capazes de imaginar o que poderia ser uma campanha eleitoral (e reconheçamos mesmo: toda a nossa vida de sociedade organizada) sem a comunicação social. Mas é igualmente certo de que nada do que nos chega pelos media é inocente. Raras são as imagens, os sons, as palavras que não queiram dizer mais — ou que não digam mais a quem as vê, escuta, lê.
A escolha de quem nos governa não pode estar assente apenas sobre “ruído mediático”, sentimentos, impulsos passageiros, opiniões de jornalistas ou comentadores. Há-de antes ser decidida com base nos valores do Evangelho; na defesa da vida para todos; no bem do próximo e naquilo que é a nossa identidade nacional.
Uma coisa é certa: se não votarmos, não temos depois a autoridade moral para nos queixar, protestando de que quem nos governa o faz mal. Graças a Deus, ao menos em Portugal o voto de cada um ainda conta. Pouco, mas conta.
in Voz da Verdade
sábado, 26 de setembro de 2015
O Espírito Santo condu-los à Confissão
O pecado é o chicote mais fustigante que pode tocar uma alma eleita. Ele quebra todos, homens e mulheres, rebaixando-os de tal modo aos seus próprios olhos que se convencem de que apenas merecem ir para o inferno até ao momento em que, tocados pelo Espírito Santo, são arrebatados pelo arrependimento e vêem a sua amargura transformar-se em esperança na misericórdia divina. Então as suas feridas começam a sarar e a sua alma a viver, voltando-se para a vida da santa Igreja.
O Espírito Santo condu-los à confissão, onde confessam voluntariamente os seus pecados com toda a nudez e franqueza, com uma grande tristeza e a vergonha de terem maculado a bela imagem de Deus. Recebem a penitência por cada um dos pecados da parte do confessor, tal como foi estabelecido na santa Igreja pelo ensinamento do Espírito Santo. E esta humildade agrada muito a Deus.
Nosso Senhor zela por nós com muito cuidado, mesmo quando cremos estar quase abandonados e rejeitados devido aos nossos pecados, e reconhecendo que o merecemos. A humildade que assim adquirimos eleva-nos bem alto aos olhos de Deus. A graça divina faz nascer um tão grande arrependimento, compaixão e verdadeira sede de Deus, que o pecador, subitamente livre do pecado e da tristeza, é guindado até à beatitude, ao mesmo nível que os grandes santos.
S. Juliana de Norwich in Revelações do amor divino, cap. 39
sexta-feira, 25 de setembro de 2015
Estará a CNN a falar do Papa em plena visita aos USA?
O Santo Padre está em plena visita apostólica aos Estados Unidos da América.
Está mais ou menos a meio. Regressa a Roma no dia 28 de Setembro, próxima Segunda-feira.
Desde que chegou, o Papa em Washington já canonizou um grande Santo americano, foi à Casa Branca e discursou ao Congresso dos Estados Unidos; em Nova Iorque já discursou diante dos líderes mundiais nas Nações Unidas, foi rezar ao Ground Zero e vai daqui a nada celebrar a Santa Missa no Madison Square.
Seria de esperar que fosse razão para encher a página principal da CNN, cnn.com.
No entanto, por volta das 17h00m EDT (fuso-horário de Nova Iorque), eis o que podiam encontrar nessa mesma página:
(printscreens dos vários scrolls para baixo)
Como é possível que a maior cadeia de notícias dos Estados Unidos quase não refira na página principal o Papa Francisco no seu próprio país desta maneira?
Terá a ver com este discurso de há umas horas, nas Nações Unidas?
Papa em Nova Iorque - Apostolado só é possível com Sacrifício
Esta bela Catedral de Saint Patrick, construída há muitos anos através dos sacrifícios de muitos homens e mulheres, pode servir de símbolo do trabalho de gerações de sacerdotes e religiosos americanos e fiéis leigos que ajudaram a construir a Igreja nos Estados Unidos. Só no campo da edução, quantos padres e religiosos neste país tiveram um papel central, ajudando os pais ao dar aos seus filhos a comida que os fortalecerá para a vida! Muitos fizeram-nos com um extraordinário sacrifício e uma caridade heróica. (...)
Esta noite, meus irmão e irmãs, junto-me a vós - sacerdotes e homens e mulheres de vida consagrada - a rezar para que as nossas vocações continuem a construir o grande edifício do Reino de Deus neste país. (...) Esperando ajudar-vos a perseverar no caminho de fidelidade a Jesus Cristo, gostava de oferecer-vos duas breves reflexões.
(...)
Um segundo tema é o espírito de trabalho árduo. Um coração agradecido é espontaneamente impelido a servir o Senhor e a encontrar expressão numa vida dedicada ao nosso trabalho. Assim que nos apercebemos o quanto Deus nos deu, uma vida de sacrifício, de trabalhar para Ele e para os outros, torna-se uma forma priveligiada de responder ao seu amor enorme.
No entanto, se formos honestos, sabemos quão facilmente o generoso espírito de sacrifício se pode esvaziar. Há muitas maneiras de isto poder acontecer; ambas são exemplos daquela "mundanidade espiritual" que enfraquece o nosso compromisso de homens e mulheres de vida consagrada para servir e diminui o espanto, a maravilha, do nosso primeiro encontro com Cristo.
Podemos dar por nós a medir o valor dos nosso trabalhos apostólicos com os padrões de eficiência, boa gestão e sucesso exterior que controlam o mundo dos negócios. Não que essas coisas não sejam importantes! Foi-nos confiada uma grande responsabildiade e o povo Deus espera de nós com razão uma responsabilização. Mas o verdadeiro valor do nosso apostolado é a medida do valor que tem aos olhos de Deus. Para ver e avaliar as coisas pela perspectiva de Deus é nos exigida uma conversão constante nos primeiros dias e anos da nossa vocação e, escuso de dizer, é nos pedida uma grande humildade. A cruz mostra-nos uma forma diferente de medir o sucesso. O nosso trabalho é semar: Deus encarrega-se dos frutos dos nossos esforços. E se às vezes os nossos esforços e trabalhos parecem falhar e não produzir fruto, temos que nos lembrar que seguimos Jesus... e a sua vida, humanamente falando, fracassou, no fracasso da cruz.
O outro perigo surge quando nos tornamos invejosos do tempo livre, quando pensamos que rodear-nos dos confortos do mundo nos vai ajudar a servir melhor. O problema disto é que bloqueia o poder da chamada diária de Deus à conversão, ao encontro com ele. Lentamente, mas sem dúvida, diminui o nosso espírito de sacrifício, o nosso espírito de renúncia e de trabalho árduo. Também escandaliza as pessoas que sofrem de pobreza material e são obrigadas a fazer maiores sacrifícios que nós, sem serem consagradas. Precisamos do descanso, como os momentos de lazer e de enriquecimento próprio, mas temos que aprender a descansar de uma forma que aprofunde o nosso desejo de servir com generosidade. A proximidade ao pobre, ao refugiado, ao imigrante, ao doente, ao explorado, ao idoso que vive sozinhos, aos prisioneiros e a todos os outros pobres de Deus ensinar-nos-à uma maneira diferente de descansar, que é mais Cristã e generosa.
(...)
Queridos irmãos e irmãs, daqui a nada, em uns minutos, vamos cantar o Magnificat. Peçamos a Nossa Senhora pelo trabalho que nos foi confiado; juntemo-nos a ela a agradecer a Deus pelas maravilhas que operou e pelas grandes coisas que continuará a fazer em nós e naqueles que temos o privilégio de servir. Amen.
Papa Francisco, Vésperas com os sacerdotes e religiosos, 24.Set.2015
quinta-feira, 24 de setembro de 2015
Jesus e a conversão - Homilia do Papa em Havana, Cuba
Jesus faz aos seus discípulos uma pergunta aparentemente indiscreta: «Que discutíeis pelo caminho?» (Mc 9, 33). Uma pergunta que Ele nos pode fazer também hoje: De que é que falais diariamente? Quais são as vossas aspirações? Eles «ficaram em silêncio – diz o Evangelho – porque, no caminho, tinham discutido uns com os outros sobre qual deles era o maior», quem era o mais importante. Sentiam vergonha de dizer a Jesus aquilo de que estavam a falar. Como nos discípulos de ontem, também em nós hoje, pode-se encontrar a mesma discussão: Quem é o mais importante?
Jesus não insiste com a pergunta, não os obriga a dizer-Lhe o assunto de que falavam pelo caminho; e todavia a pergunta permanece, não só na mente, mas também no coração dos discípulos.
Quem é o mais importante? Uma pergunta que nos acompanhará toda a vida e à qual somos chamados a responder nas diferentes fases da existência. Não podemos fugir a esta pergunta; está gravada no coração. Mais do que uma vez ouvi, em reuniões de família, perguntar aos filhos: De quem gostas mais, do pai ou da mãe? É como se vos perguntassem: Quem é mais importante para vós? Será que esta pergunta é simplesmente um jogo de crianças? A história da humanidade está marcada pelo modo como se respondeu a esta pergunta.
Jesus não teme as perguntas dos homens; não tem medo da humanidade, nem das várias questões que a mesma coloca. Pelo contrário, Ele conhece os «recônditos» do coração humano e, como bom pedagogo, está sempre disposto a acompanhar-nos. Fiel ao seu estilo, assume os nossos interrogativos, as nossas aspirações, conferindo-lhes um novo horizonte. Fiel ao seu estilo, consegue dar uma resposta capaz de propor novos desafios, descartando «as respostas esperadas» ou aquilo que aparentemente já estava estabelecido. Fiel ao seu estilo, Jesus sempre propõe a lógica do amor; uma lógica capaz de ser vivida por todos, porque é para todos.
Longe de qualquer tipo de elitismo, Jesus não propõe um horizonte para poucos privilegiados, capazes de chegar ao «conhecimento desejado» ou a altos níveis de espiritualidade. O horizonte de Jesus é sempre uma proposta para a vida diária, mesmo aqui na «nossa ilha»; uma proposta que faz com que o dia-a-dia tenha sempre um certo sabor a eternidade.
Quem é o mais importante? Jesus é simples na sua resposta: «Se alguém quiser ser o primeiro – ou seja, o mais importante –, há-de ser o último de todos e o servo de todos» (Mc 9, 35). Quem quiser ser grande, sirva os outros e não se sirva dos outros.
E este é o grande paradoxo de Jesus. Os discípulos discutiam sobre quem deveria ocupar o lugar mais importante, quem seria seleccionado como o privilegiado – os discípulos, que eram os mais próximos de Jesus, discutiam sobre isto! –, quem seria isento da lei comum, da norma geral, para se pôr em evidência com um desejo de superioridade sobre os demais. Quem subiria mais rapidamente, ocupando os cargos que dariam certas vantagens.
E Jesus transtorna a sua lógica, dizendo-lhes simplesmente que a vida autêntica se vive no compromisso concreto com o próximo, isto é, servindo.
O convite ao serviço apresenta uma peculiaridade a que devemos estar atentos. Servir significa, em grande parte, cuidar da fragilidade. Servir significa cuidar dos frágeis das nossas famílias, da nossa sociedade, do nosso povo. São os rostos sofredores, indefesos e angustiados que Jesus nos propõe olhar e convida concretamente a amar. Amor que se concretiza em acções e decisões. Amor que se manifesta nas diferentes tarefas que somos chamados, como cidadãos, a realizar. São pessoas de carne e osso, com a sua vida, a sua história e especialmente com a sua fragilidade, aquelas que Jesus nos convida a defender, assistir, servir. Porque ser cristão comporta servir a dignidade dos irmãos, lutar pela dignidade dos irmãos e viver para a dignificação dos irmãos. Por isso, à vista concreta dos mais frágeis, o cristão é sempre convidado a pôr de lado as suas exigências, expectativas, desejos de omnipotência.
Há um «serviço» que serve aos outros; mas temos que guardar-nos do outro serviço, da tentação do «serviço» que «se» serve dos outros. Há uma forma de exercer o serviço cujo interesse é beneficiar os «meus», em nome do «nosso». Este serviço deixa sempre os «teus» de fora, gerando uma dinâmica de exclusão.
Todos estamos chamados, por vocação cristã, ao serviço que serve e a ajudar-nos mutuamente a não cair nas tentações do «serviço que que se serve». Todos somos convidados, encorajados por Jesus a cuidar uns dos outros por amor. E isto sem olhar para o lado, para ver o que o vizinho faz ou deixou de fazer. Jesus diz: «Se alguém quiser ser o primeiro, há-de ser o último de todos e o servo de todos» (Mc 9, 35). Este será o primeiro. Não diz: Se o teu vizinho quiser ser o primeiro, que sirva. Devemos evitar os juízos temerários e animar-nos a crer no olhar transformador a que Jesus nos convida.
Este cuidar por amor não se reduz a uma atitude de servilismo; simplesmente põe no centro a questão do irmão: o serviço fixa sempre o rosto do irmão, toca a sua carne, sente a sua proximidade e, em alguns casos, até «padece» com ela e procura a promoção do irmão. Por isso, o serviço nunca é ideológico, dado que não servimos a ideias, mas a pessoas.
O santo povo fiel de Deus, que caminha em Cuba, é um povo que ama a festa, a amizade, as coisas belas. É um povo que caminha, que canta e louva. É um povo que, apesar das feridas que tem como qualquer povo, sabe abrir os braços, caminhar com esperança, porque se sente chamado para a grandeza. Assim o sentiram os vossos heróis. Hoje convido-vos a cuidar desta vocação, a cuidar destes dons que Deus vos deu, mas sobretudo quero convidar-vos a cuidar e servir, de modo especial, a fragilidade dos vossos irmãos. Não os transcureis por causa de projectos que podem parecer sedutores, mas desinteressam-se do rosto de quem está ao teu lado. Nós conhecemos, somos testemunhas da «força imparável» da ressurreição, que «produz por toda a parte, gerando rebentos de um mundo novo» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 276.278).
Não nos esqueçamos da Boa Notícia de hoje: a importância dum povo, duma nação, a importância duma pessoa sempre se baseia no modo como serve a fragilidade dos seus irmãos. E nisto, encontramos um dos frutos da verdadeira humanidade.
Porque, queridos irmãos e irmãs, «quem não vive para servir, não serve para viver».
Homilia da Santa Missa em Havana, Cuba (20 de Setembro de 2015)
quarta-feira, 23 de setembro de 2015
terça-feira, 22 de setembro de 2015
Bilionário judeu resgata cristãos perseguidos pelo Estado Islâmico
O britânico Lord George Weidenfeld está
a financiar uma missão de resgate de até 2.000 famílias cristãs no Iraque e na
Síria. Segundo o Catholic Herald, do Reino Unido, ele quer seguir o
exemplo do falecido sir Nicholas Winton, cristão que salvou
669 crianças judias destinadas à morte em campos de concentração nazis durante
o Holocausto.
O bilionário de 95 anos diz que tem "uma dívida
a pagar". Em 1938, os quakers e os Irmãos de Plymouth, cristãos,
organizaram a transferência segura de judeus de Viena para a Inglaterra através
do “Kindertransport”, ajudando-os a escapar dos nazis. Os judeus
receberam comida, roupas, hospedagem e transporte. Weidenfeld estava entre
eles.
"Eu tenho uma dívida a pagar", disse Lord Weidenfeld
em entrevista ao Times. "Ela vale para os muitos jovens que
estavam nos ‘Kinderstransport’. Foi uma operação muito nobre, e nós,
judeus, devemos estar agradecidos e fazer algo pelos cristãos que estão em perigo".
A primeira fase do esforço de resgate organizado pela
Weidenfeld Safe Havens Fund conseguiu levar 150 pessoas da Síria para a Polónia
neste último 10 de Julho, com a permissão do governo polaco e do regime de
Assad na Síria.
O jornal Express, do Reino Unido, informa que o
fundo de Weidenfeld pretende dar ajuda económica de 12 a 18 meses para os
refugiados. Alguns países, como os Estados Unidos, recusaram-se a participar no
projeto porque ele não inclui os muçulmanos, também eles alvo do Estado
Islâmico.
Os cristãos, os yazidis, os drusos e os muçulmanos xiitas
são perseguidos pelos grupos terroristas na Síria e no Iraque. Lord
Weidenfeld, no entanto, defendeu o objectivo específico do seu projeto:
"Eu não posso salvar o mundo todo, mas tenho uma possibilidade muito
específica no caso dos cristãos. Outros podem fazer o que eles querem que seja feito pelos
muçulmanos".
Nascido na Áustria em 1919, Weidenfeld recebeu o título de “Lord”
em 1976. Chegado à Grã-Bretanha sem um tostão, fez fortuna criando a
editora Weidenfeld & Nicholson.
in aleteia.org
segunda-feira, 21 de setembro de 2015
Teologia do Corpo: Novo livro em Portugal
[Post Actualizado]
O livro já está disponível e pode ser comprado (24€) através dos seguintes contactos:
comercial.laisnova@gmail.com; telm: 965027323; tel: 222010449
[Post original]
A Criação de Adão, o Primeiro Homem Teto da Capela Sistina - o "Santuário da Teologia do Corpo", segundo S. João Paulo II |
Vai ser lançado este mês um livro novo escrito em português sobre Teologia do Corpo.
Como se disse há uns dias, esta publicação é inédita, pois será, juntamente com o livro de Mons. Duarte da Cunha, um dos primeiros livros de Teologia do Corpo em Portugal.
Na verdade, este será o primeiro totalmente dedicado a explicar a Teologia do Corpo a qualquer pessoa, com base nas catequeses de S. João Paulo II.
O livro é escrito pelo Pe. João Paulo Pimentel, um dos sacerdotes que falou no IVth International Symposium on Theology of the Body, em Fátima, 2013. Na altura o blog Senza publicou a sua conferência em vídeo, que voltamos a recomendar:
Explica o Pe. Pimentel no prólogo do livro:
"Como tive ocasião de explicar na breve intervenção do 4º Congresso Internacional da Teologia do Corpo, realizado em Fátima no ano 2013, as minhas palavras não são tanto as de um académico, mas mais as de um sacerdote que deseja ter em mente os problemas das pessoas. Procurei, em cada capítulo, levantar uma ou várias questões que pudessem estar presentes no coração das pessoas correntes e que tivessem que ver com o conteúdo das audiências. Penso que esta metodologia pode facilitar que mais gente queira ler e entender as catequeses, se souber que elas vão dar respostas a perguntas concretas que estão no seu coração.
Precisamente por isso, não me senti na obrigação de resolver todas as questões – interessantíssimas – relacionadas com as catequeses. Desejei, por um lado, dar pistas e esquemas que facilitem a sua leitura integral, e, por outro, levantar um pouco o véu deste magnífico corpo doutrinal."
Pode-se dizer que este livro é "sobre o homem e sobre a transformação de todo o seu ser pela graça do Redentor". E continua o autor:
"A planetária difusão da mentalidade divorcista e contracetiva é, a meu ver, um gemido da humanidade que espera pela redenção do corpo (cfr. Rom 8, 23). A grande maioria preferiria, certamente, não ter de recorrer ao divórcio ou aos contracetivos, mas vêem neles recursos inevitáveis. Até mesmo muitos católicos. Espero que estas páginas, que procuram apoiar-se nas catequeses de João Paulo II sobre a teologia do corpo, contribuam, pelo menos, para fazer desejar que a Redenção de Cristo possa chegar à última orla da vida de cada um, com as inevitáveis consequências na vida conjugal e familiar."
O livro só vai estar disponível nas livrarias no final do mês e, a seu tempo, informaremos sobre as sessões de apresentação. No entanto, divulgamos já hoje, no dia da Exaltação da Santa Cruz, o prólogo e o índice do novo livro.
Prólogo e Índice de
João Paulo Pimentel, Glorificai a Deus no vosso corpo: Conceitos e perspectivas da teologia do corpo. Editorial Aster (2015):
domingo, 20 de setembro de 2015
O Islão está longe do que Deus disse de Si mesmo - S. João Paulo II
Quem, conhecendo bem o Antigo e o Novo Testamento, ler o Corão, vê claramente o processo de redução da Divina Revelação que nele se efectuou. É impossível não perceber como está longe daquilo que Deus disse de Si mesmo, primeiro no Antigo Testamento pela boca dos profetas, e depois de modo definitivo no Novo Testamento por meio do Seu Filho. Toda esta riqueza da auto-revelação de Deus, que constituiu o património do Antigo e do Novo Testamentos, foi de facto posta de lado no Islamismo.
Ao Deus do Corão dão-se alguns dos nomes mais belos que se conhecem na língua humana, mas em última instância trata-se de um Deus fora do mundo, um Deus que é apenas Majestade, nunca Emanuel, Deus-connosco. O Islamismo não é uma religião de redenção. Nele não há espaço para a Cruz e para a Ressurreição.
Papa João Paulo II in Cruzando o Limiar da Esperança
sábado, 19 de setembro de 2015
Papa Francisco louva o trabalho do Observatório Vaticano
O Observatório do Vaticano está a ter um simpósio internacional para celebrar o 80º aniversário da sua transferência para Castel Gandolfo por vontade do Papa Pio XI, que decidiu isto dado as luzes da cidade de Roma tornarem impossível os astrónomos estudarem as estrelas menos brilhantes. O observatório é um dos mais antigo no mundo, estabelecido na segunda metade do século XVI, quando Gregório XIII erigiu no Vaticano a Torre dos Ventos e convidou os Jesuítas, astrónomos e matemáticos do Colégio Romano para preparar a reforma do calendário, promulgada em 1582.
Hoje o Papa recebeu em audiência os participantes neste encontro, afirmando que "o universo é mais do que um problema científico para ser resolvido: é um mistério gozoso que contemplamos com espanto e admiração". Ele acrescentou que "Sto. Inácio de Loiola percebeu bem esta linguagem. Ele próprio disse que a sua grande consolação era olhar par a o céu e para as estrelas, porque quando o fazia sentia um grande desejo de servir o Senhor".
Francisco lembrou que durante os anos os astrónomos do Observatório têm seguido caminhos de investigação, caminhos creativos que seguiram os astrónomos e os Jesuítas do Colégio Romano, do Pe. Christoph Clavius (conhecido pela sua contribuição para a criação do calendário Gregoriano) ao Pe. Angelo Secchi (pioneiro na espectroscopia astronómica), e pelo Pe. Matteo Ricci e muitos outros.
"Neste aniversário gostava de relembrar o discurso de Bento XVI aos Padres da última Congregação Geral da Companhia de Jesus, onde ele enfatizou que a Igreja precisa urgentemente de pessoas consagradas que dediquem as suas vidas à fronteira entre a fé o conhecimento humano, entre a fé e a ciência moderna. (...) No contexto do diálogo interreligioso, hoje mais urgente do que nunca, a investigação científica sobre o universo pode oferecer uma perspectiva única, partilhada tanto por crentes e por não crentes, para ajudar a atingir uma melhor compreensão religiosa da criação. A este respeito, a Escola de Astrofísica que o Observatório tem organizado nos últimos trinta anos representa uma oportunidade valiosa para jovens astrónomos de todo o mundo entrarem em diálogo e colaborarem na procura da verdade."
Francisco também mencionou que durante o simpósio os membros do Observatório discutiram a importância de comunicar que a Igreja e os seus pastores abraçam, encorajam e promovem ciência genuíca. "É muito importante que partilhem o dom do vosso conhecimento científico do universo com as pessoas, dando de graça o que receberam de graça," disse ele.
"No espírito de gratuidade para o Senhor pelo testemunho de ciência e fé que os membros do Observatório têm dado nestas décadas, eu encorajo-vos a continuar o vosso caminho... com aqueles que partilham o entusiasmo e o esforço da exploração do universo", concluiu o Papa.
in Vatican Information Service, 18 de Setembro de 2015
sexta-feira, 18 de setembro de 2015
Cristo pede que condenemos os nossos pecados e perdoemos os dos outros
Cristo pede-nos duas coisas: que condenemos os nossos pecados e perdoemos os dos outros; e que façamos a primeira por causa da segunda, que nos será então mais fácil, pois aquele que pensa sobre os seus pecados será menos severo para com os seus companheiros de miséria. E que não perdoemos apenas com a boca, mas do fundo do coração, para não voltarmos contra nós próprios o ferro com que pensamos trespassar os outros. Que mal pode fazer-te o teu inimigo, em comparação com o que podes fazer a ti próprio com o teu azedume?
Considera pois quantas vantagens retiras duma ofensa acolhida com humildade e mansidão. Desse modo, em primeiro lugar — e é o mais importante —, mereces o perdão dos teus pecados. Seguidamente, exercitas a paciência e a coragem. Em terceiro lugar adquires a mansidão e a caridade, pois aquele que é incapaz de se zangar com os que lhe fizeram mal será ainda mais caridoso com os que o amam. Em quarto lugar, arrancas totalmente a cólera do teu coração, o que é um bem incomparável; evidentemente, aquele que liberta a sua alma da cólera também se desembaraça da tristeza: não desperdiçará a sua vida em tristezas e vãs inquietações.
É que nós punimo-nos a nós próprios quando odiamos os outros; só fazemos bem a nós próprios quando os amamos. Além disso, todos te respeitarão, mesmo os teus inimigos, ainda que sejam os demónios. Melhor ainda, se assim te comportares, até deixarás de ter inimigos.
Considera pois quantas vantagens retiras duma ofensa acolhida com humildade e mansidão. Desse modo, em primeiro lugar — e é o mais importante —, mereces o perdão dos teus pecados. Seguidamente, exercitas a paciência e a coragem. Em terceiro lugar adquires a mansidão e a caridade, pois aquele que é incapaz de se zangar com os que lhe fizeram mal será ainda mais caridoso com os que o amam. Em quarto lugar, arrancas totalmente a cólera do teu coração, o que é um bem incomparável; evidentemente, aquele que liberta a sua alma da cólera também se desembaraça da tristeza: não desperdiçará a sua vida em tristezas e vãs inquietações.
É que nós punimo-nos a nós próprios quando odiamos os outros; só fazemos bem a nós próprios quando os amamos. Além disso, todos te respeitarão, mesmo os teus inimigos, ainda que sejam os demónios. Melhor ainda, se assim te comportares, até deixarás de ter inimigos.
S. João Crisóstomo in Homilias sobre o Evangelho de S. Mateus, nº 61
O que dizia S. Paulo sobre as idas ao ginásio?
Exercita-te na piedade.
Porque o exercício corporal para pouco serve, mas a piedade é útil para tudo, porque tem a promessa da vida presente da futura.
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Exerce teipsum ad pietatem.
Nam corporalis exercitatio ad modicum utilis est, pietas autem ad omnia utilis est promissionem habens vitae, quae nunc est, et futurae.
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Quer isto dizer que S. Paulo acha mal fazer exercício físico? Claro que não. Mas claramente que estabelece uma prioridade.
Basta lembrar a famosa luta de David e Golias que.... todos sabemos quem ganhou.
quarta-feira, 16 de setembro de 2015
O Papa Bento e o título mariano "Medianeira de Todas as Graças"
Fala-se da hipótese do Papa Bento XVI ter recebido uma locução
especial ou aparição de Nossa Senhora sobre a Igreja Católica e que lhe
deu permissão explícita para renunciar à Santa Sé.
No
dia em que Sua Santidade anunciou a sua renúncia, o Papa referiu-se
publicamente a Maria como a "Medianeira de Todas as Graças." O
Papa Bento confiou a missão do Pontifício Conselho para a Pastoral no
Campo da Saúde "à intercessão da Santíssima Virgem Maria Imaculada,
Medianeira de todas as graças" (Mediatricis omnium gratiarum).
Muitas outras fontes e blogs sublinharam este facto pois assinala algo novo no pensamento do Papa Bento. O
Papa João Paulo II usava com frequência o título "Medianeira de Todas as
Graças". No entanto, o Papa Bento tinha estado renitente até agora.
Não é segredo nenhum que o jovem Padre Joseph Ratzinger no Concílio Vaticano II se opunha abertamente ao termo "Medianeira de Todas as Graças", preferindo em vez disso apenas "Medianeira". Parece
agora que o Santo Padre inverteu o sentido e fez de "Medianeira de Todas
as Graças" parte do seu vocabulário Papal.
Este é um acontecimento importante na vida da Igreja Católica. São Luís de Montfort disse que todos os santos das épocas posteriores seriam profundamente marianos. Maria é o canal de toda a graça e santidade.
Este é um acontecimento importante na vida da Igreja Católica. São Luís de Montfort disse que todos os santos das épocas posteriores seriam profundamente marianos. Maria é o canal de toda a graça e santidade.
Perguntas: O Papa Bento XVI traçou o caminho para a futura proclamação do Quinto Dogma Mariano ("Medianeira de Todas as Graças")? Será que o uso do título mariano por Sua Santidade indica uma devoção ainda mais profunda a Nossa Senhora? O que aconteceria à nossa era se um Papa declarasse um Quinto Dogma Mariano?
Taylor Marshall
domingo, 13 de setembro de 2015
A festa de anos e o sonho de Deus
O Papa escolheu o dia de anos de Nossa Senhora (o dia 8 de Setembro) para vários momentos importantes e para dedicar mais atenção ao nosso país. Na Eucaristia que celebrou essa manhã, adivinhava-se que Francisco se preparava para um dia em cheio. Na homilia, comentou que «o nosso Pai Deus tem sonhos, e sonha coisas belas para o seu povo, para cada um de nós, porque é Pai e sendo Pai pensa e sonha o melhor para os seus filhos».
Não é a primeira vez que o Papa fala assim de Deus. Francisco está mesmo convencido de que Deus nos quer completamente felizes e, quando precisa de nos ralhar um pouco, Francisco explica que estamos a estragar os planos de Deus. Deixamo-nos enganar pelo medo, julgamos que a generosidade vai ser difícil e acabamos por deitar a perder o plano fantástico de Deus.
Papa Francisco com paramentos especiais (azuis) porque se celebrava a festa de anos de Nossa Senhora |
Esta semana, Portugal marcou presença no Vaticano, porque os bispos portugueses estiveram lá. Com a viagem já marcada para vir a Portugal, o Papa disse-lhes qual era o seu propósito principal: «Tenho profundo desejo de ir a Fátima!».
No dia 8, de manhã, o tal aniversário de Nossa Senhora, o Papa deu uma entrevista à jornalista Aura Miguel, que será transmitida pela Renascença na segunda-feira, 14 de Setembro, às 9 horas e, novamente, no mesmo dia às 19 horas. A história imprevista da entrevista (porque ultrapassou completamente os procedimentos habituais) foi contada pela própria Aura Miguel. O Papa já tinha falado do assunto noutras ocasiões, mas agora tirou do bolso um envelope e disse-lhe: «Veja lá se está de acordo com a data e a hora... porque, se não for conveniente para a sua agenda, não hesite em avisar-me, que eu arranjo outra solução». Aura Miguel diz que, atordoada, com o papel na mão, olhou para aquela folha. A letra miudinha do Papa lá estava, com a data e a hora escolhidas por Francisco: 8 de Setembro, 11h30.
Pouco depois desta entrevista, perante uma praça de S. Pedro que transbordava de peregrinos pelas ruas circundantes, o Papa falou de generosidade. De abrir a porta e o coração aos outros. A multidão aplaudiu com entusiasmo (os bispos portugueses também, colocados no estrado, perto do Papa), mas Francisco foi muito concreto. É difícil não ficar a pensar, cada um para si, como podemos abrir o coração. E tudo o resto. Francisco acha que, quando abrimos o coração, o primeiro a entrar é Deus, a Alegria com maiúscula, o Deus cheio de sonhos, a inventar coisas boas para nós...
No mesmo dia 8 de Setembro, o Papa publicou duas cartas, «motu proprio» (de sua própria iniciativa), para reformar o processo canónico relativo à declaração de nulidade do casamento. O Papa relembra nesses textos que o casamento católico é indissolúvel e que não pode haver hesitações nesse ponto. O que tem de mudar é a rapidez a apreciar se o casamento foi válido. Como se sabe, há casos em que não chegou a haver casamento, por não se terem verificado as condições mínimas para a validade da cerimónia. Se isso aconteceu, os interessados não estão casados, mas devem dirigir-se à autoridade eclesiástica, para se confirmar que não houve realmente casamento. Tradicionalmente, essa averiguação demorava muito, frequentemente muitos anos, e acabava por ser dispendiosa para as pessoas pobres. Com a nova reforma, Francisco exige que o processo canónico se decida num prazo curto e seja praticamente gratuito.
Francisco explica que não se trata de torcer os factos. Se o casamento é válido, é para sempre e a declaração da autoridade deve ser expedita e clara: há casamento! Se não se cumpriram as condições para que a celebração tenha sido válida, a autoridade deve ser igualmente rápida e clara: as pessoas estão solteiras!
Dentro de 15 dias, Francisco parte para Cuba e depois para os Estados Unidos, onde presidirá ao Encontro Mundial das Famílias, em Filadélfia. Poucos dias depois de regressar a Roma, começa o sínodo sobre a Família. O Papa pede insistentemente orações. Na nossa sociedade, a felicidade da família vivida segundo o projecto de Deus está em competição com um pesadelo. Mas Deus sonha. Parece que o Papa também. Mas – diz ele – precisamos insistentemente de mais oração.
José Maria André in Correio dos Açores (13-IX-2015)
sábado, 12 de setembro de 2015
Dedicai tempo à Confissão: Papa fala aos padres de Schoenstatt
No passado dia 3 de Setembro o Papa Francisco falou aos sacerdotes do Movimento Apostólico Schoenstatt. Traduzimos o texto quase completo do discurso. O texto completo está aqui.
"O V Capítulo Geral que celebraram agora teve lugar no 50º aniversário da fundação do Instituto obra do Padre Josef Kentenich. E depois destes anos de caminho preocupa-vos manter vivo o carisma fundacional e a capacidade de saber transmiti-lo aos mais jovens. Também me preocupa que o mantenham e o transmitam, de modo que continue a inspirar e a suster a sua vida e a sua missão. (...)
O Padre Kentenich exprimia-o muito bem quando dizia que queria estar "com a orelha no coração de Deus e com a mão no pulso do tempo". São estes os dois pilares de uma vida espiritual autêntica. Por um lado, o contacto com Deus. Ele tem a prioridade, amou-nos primeiro; antes que nos venha qualquer coisa à cabeça, Ele já nos precedeu no seu amor imenso. (...)
O Senhor espera-nos na oração - por favor não a deixai -, na contemplação da sua Palavra, na recitação da Liturgia das Horas. Não é bom caminho menosprezar a oração ou, pior ainda, abandoná-la com a desculpa de um ministério absorvente, porque "se o Senhor não construísse a casa, em vão se cansavam os construtores" (Sal 127, 1). Seria um grave erro pensar que o carisma se mantém vivo concentrando-se nas estruturas externas, sobre os esquemas, sobre o método ou a forma. Deus liberta-nos do espírito do funcionalismo. A vitalidade do carisma radica-se no "primeiro amor" (cf. Ap 2, 4). (...)
O segundo pilar constitui-se pela expressão "sentir o pulso do tempo", da realidade, das pessoas. Não é preciso ter medo da realidade. (...) Ali nos espera o Senhor, ali se comunica e se revela a nós. O diálogo com Deus na oração leva-nos também a ouvir a sua voz nas pessoas e nas situações que nos rodeiam. Não são duas orelhas diferentes, uma para Deus e outra para a realidadde. Quando nos encontramos com os nossos irmãos, especialmente aqueles que aos nossos olhos ou aos olhos do mundo são menos agradáveis, que coisa vemos? Damo-nos conta de que Deus os ama, que têm a mesma carne que Cristo assumiu ou fico indiferente aos seus problemas? O que é que me pede o Senhor com aquela situação? Sentir o pulso à realidade requer a contemplação, o trato familiar com Deus, a oração constante e tantas vezes aborrecida, mas que conduz ao serviço. (...) Na oração aprendemos a servir.
O serviço, marca dominante da vida de um sacerdote! (...) Vós sois, praticamente, a última realidade do Movimento fundado pelo Padre Kentenich; e isto contém uma grande lição, é qualquer coisa de belo. Este ser "últimos" reflecte de modo claro a posição que ocupam os sacerdotes na relação com os seus irmãos. O sacerdote não está mais no alto, nem mais à frente dos outros, mas caminho eles, amando-os com o mesmo amor de Cristo, que não veio para ser servido mas para servir e dar a sua vida para redenção de muitos (cf. Mt 20, 28). Penso que seja essencialmente isto o que o vosso fundador quis para os sacerdotes: servir desinteressadamente a Igreja, toda a comunidade, o Movimento, para conservar a unidade e a missão. (...)
Sem dúvida que é uma tarefa exigente, que se torna tolerável e mesmo bonita com a fraternidade sacerdotal. Por favor, nunca sozinhos. O ministério presbiterial não se pode conceber de modo individual ou , pior ainda, individualista. A fraternidade é uma grande escola de discipulado. Pressupõe um grande dom de si a Deus e aos irmãos, ajuda-nos a crescer na caridade e na unidade, e faz com que o nosso testemunho de vida seja mais fecundo. (...) Não somos nós a escolher os nossos irmãos, mas si, somos nós a poder fazer a opção consciente e fecunda de amá-los como são, com defeitos e virtudes, com limites e potencialidades.
Contemplação, serviço, fraternidade. Queria partilhar convosco estas três atitudes que podem servir de ajuda à vida sacerdotal.
Ao terminar o nosso encontro, permitam-me confiar-vos humildemente três coisas. Primeiro lugar, acompanhai as famílias e cuidem delas, porque têm necessidade de ser acompanhadas até que vivam santamente a sua aliança de amor e de vida, sobretudo aquelas que atravessam momentos de crise ou dificuldades. Em segundo lugar, e pensando no próximo jubileu da misericórdia, dedicai muito tempo ao sacramento da reconciliação. Sede grandes perdoadores, por favor. A mim faz-me bem recordar uma irmão de Buenos Aires, que é um grande perdoador. Quase na minha idade e vem-lhe a dúvida de ter perdoado demais. Um dia perguntei-lhe: "E que coisa faz quando lhe vem a dúvida?", "Vou à capela, olho para o Sacrário e digo-lhe: 'Senhor, perdoai-me, hoje perdoei demasiado, mas que fique claro que o mau exemplo me foi dado por ti!'" Que as vossas comunidades sejam testemunhas da vossa misericórdia e ternura de Deus. E em terceiro lugar, peço-vos que rezem por mim, porque preciso. Confio-vos com afecto aos cuidados da nossa Mãe três Vezes Admirável. E que Deus vos abençoe. Obrigado."
A aprender muito antes de nascermos - Scientific American
No seu número de Julho de 2015, a revista Scientific American revela estudos recentes que mostram que o bébé na barriga da mãe está há muitas semanas a aprender coisas novas.
O subtítulo da notícia diz que "nós começamos a aprender palavras, preferências de comida e a coordenar a mão e os olhos muito antes de nascermos."
Explica o artigo:
"Os recém-nascidos dificilmente podem ser vistos como tábuas rasas sem conhecimento ou experiência, algo contrário às noções históricas sobre a mente de uma criança. A percepção sensorial e a aprendizagem começam no ventre, como tornou mais claro que nunca o recentemente revigorado estudo da percepção dos fetos. (...)"
"Aparelhos não-invasivos conseguem agora medir a actividade eléctrica do cérebro em desenvolvimento de um feto ou recém-nascido. As ideias recentes adquiridas através dessas ferramentas apresentam uma imagem rica de como um feto usa o seu cérebro e sentidos em nascimento para aprender sobre si mesmo e o mundo exterior muito antes de nascer."
Talvez não seja preciso dizer, mas este é o caso de qualquer bébé na barriga de qualquer mãe, independentemente de como ou onde foi concebido.
Lembra o artigo que "tão cedo como às 7 semanas após a fertilização, os fetos começam a mexer-se. Ao crescerem balançam o cordão umbilical, trepam as paredes do saco amniótico e põem os seus membros na boca."
Lembra o artigo que "tão cedo como às 7 semanas após a fertilização, os fetos começam a mexer-se. Ao crescerem balançam o cordão umbilical, trepam as paredes do saco amniótico e põem os seus membros na boca."