Defender
a devolução da Igreja aos católicos não significa descuidar o grande diálogo
com o mundo e com a cultura contemporânea, nem abandonar o fervor missionário e
evangelizador, nem diminuir eventuais esforços de diálogo ecuménico e
inter-religioso. O problema é que, muitas vezes, a pretexto destes diálogos,
nós católicos perdemos a noção de quem somos.
Vemos
alguns dos nossos pastores, ou os seus delegados, a título de "diálogo com o
mundo contemporâneo", tornarem-se tão mundanos quanto o
mundo. A título de "diálogo com a cultura actual", renegarem o legado
da Tradição católica. Ou a título de diálogo ecuménico, tornarem-se mais
protestantes do que os protestantes.
Para
que o diálogo entre os católicos e estas realidades aconteça realmente, é
preciso que do lado dos católicos haja verdadeiros católicos. Dialogar não significa
renunciar à nossa identidade, nem encher a Igreja de gente sem Fé. Caso contrário, não
se trata de diálogo, mas de renúncia e destruição da própria Igreja.
Assim,
como intenções propostas para quando se reza o terço, em prol da Fé católica,
sugerimos as seguintes:
-
Que os sacerdotes estejam disponíveis aos fiéis leigos para os sacramentos e que aconselhem o povo de Deus a ouvir Missa frequentemente e
educar os seus filhos na Fé católica;
-
Que os sacerdotes voltem a estar disponíveis para confessar o povo e ensinem
aos leigos que a confissão sacramental, aliás a participação efectiva na vida
sacramental como um todo, nunca foi revogada pelo Concílio Vaticano II;
-
Que os sacerdotes voltem a usar trajes eclesiásticos, de acordo com o direito
canónico;
-
Que os religiosos voltem a rezar e a usar os hábitos estabelecidos pelas
respectivas regras de vida;
-
Que as escolas e universidades católicas voltem a ser confessionais e não
apenas vagamente “espiritualizadas”;
-
Que os professores e formadores de seminário ensinem aos seminaristas a recta
fé cristã, e sejam, caridosamente, impedidos de usar autores que desvirtuam e
destroem a Fé católica, já notificados ou não pela Congregação da Doutrina da
Fé. Que todo o marxismo, toda a teologia liberal protestante e todo o enfraquecimento
das normas de castidade e da disciplina sacerdotal sejam banidos dos seminários;
-
Que a liturgia da Igreja tenha a sua referência no Missal romano, corrigindo-se
as traduções aberrantes, como por exemplo “Ele está no meio de nós” quando toda
a Igreja disse desde sempre “Et cum spirito tuo”;
-
Que invenções locais bizarras, como o uso de música popular, as “respostas às
orações eucarísticas” e a substituição de textos canónicos por poemas e outros
textos não-bíblicos sejam proibidos. Que se eliminem as “homilias” paralelas
feitas por “apresentadores” e “comentadores” da Missa que mais parecem os
verdadeiros presidentes das celebrações, e que introduzem ritos descabidos que
descaracterizam o verdadeiro rito litúrgico, a ponto do fiel desavisado duvidar
se está mesmo numa Missa;
-
Que se esvaziem os presbitérios das multidões de leigos uniformizados,
devolvendo o centro da vida litúrgica para os sacerdotes e o centro da vida
social e política para os leigos. Pela reversão da tendência de
"clericização dos leigos", juntamente com a tendência de
"laicização do clero";
-
Que os catequistas ensinem aos catequizandos a verdadeira doutrina católica, e
não uma “sociologia das religiões” ou uma espiritualidade meio difusa
estilo new age. Que os sacerdotes se comprometam com a catequese, e
acompanhem efectivamente os catequistas leigos no seu dia-a-dia;
-
Que a língua utilizada nas celebrações litúrgicas seja uma língua humana,
deixando as línguas angélicas para as celebrações ocorridas nas esferas dos
anjos;
-
Que as homilias passem a ser de novo para a edificação das almas na Fé e na
moral, e não para a “luta social” ou para a promoção de um “ecumenismo” vago ou
uma “religiosidade” abstracta;
- Que as editoras
católicas publiquem a verdadeira doutrina católica, e sejam fortemente
recomendadas a retirar do seu catálogo autores já notificados pela Congregação da
Doutrina da Fé ou pelas respectivas Conferências Episcopais dos
países de origem;
- Que os Bispos de todas as dioceses voltem a
ser os nossos guias seguros na Fé e moral;
-
Que os marxistas, os ateus e os não-católicos em geral que actualmente compõem
as “comissões de Justiça e Paz” sejam convidados a converter-se e sejam
efectivamente evangelizados e encaminhados para viver uma vida sacramental;
- Que as campanhas da
fraternidade e as “vias-sacras”, bem como os documentos da Igreja, deixem de
lado as categorias sociológicas da “opressão” e da “luta de classes”, e a ideia
de que os “pobres”, e não Jesus Cristo, são o centro da fé, para reflectir a
verdadeira Doutrina Social da igreja existente no respectivo Compêndio;
- Que os nossos Bispos e
Padres deixem de ser “intelectuais orgânicos”, líderes políticos ou militantes
sociais e voltem a ser Bispos e Padres católicos.
Paulo Vasconcelos
Jacobina in Zenit
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