quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Halloween: exaltação do horror, do macabro e do demoníaco

Desde há algumas décadas que este mês de Outubro em que nos encontramos se tornou um tempo de frenética preparação da noite de 31 de Outubro para 1 de Novembro, que para muitos já não é mais a noite de Todos-os-Santos, mas tornou-se a noite de Halloween. 

Este acontecimento é hoje em dia uma moda, infelizmente comum na nossa cultura cristã, que serve sobretudo para a instrumentalização da internet, da imprensa escrita e de toda a comunicação social, que tende a divulgá-la. As vitrines das pastelarias, decoradas à moda do Halloween; o negócio dos brinquedos, as revistas para crianças, os sítios da internet chamam constantemente a atenção da sociedade para o Halloween; até as escolas são decoradas com fantasmas, cabeças de abóbora e máscaras monstruosas, que constituem uma real exaltação do macabro.

Tendo em vista essa noite, produzem-se fatos de bruxa, de fantasmas, de demónios, de vampiros, de lobisomens, de esqueletos, de monstros sanguinários e nessa noite organizam-se também manifestações deliberada e gravemente ofensivas em relação à nossa fé cristã, como por exemplo o que aconteceu numa grande discoteca de Roma em que na noite de Halloween se exibiu um fantoche que representava um sacerdote, enforcado pelos pés, com a cabeça para baixo.

O objectivo latente desta festa não é apenas comercial, mas é também e sobretudo o de induzir a opinião pública, em particular as crianças, os adolescentes e os jovens, a familiarizar-se com a mentalidade ocultista e da magia, estranha e hostil à cultura cristã (por vezes com a desculpa de aprofundar o conhecimento da cultura celta). E tudo isto enquanto assistimos à tentativa recorrente de eliminar os crucifixos dos locais públicos e, nas proximidades do Natal, também à proibição de montar o Presépio e de apresentar a mensagem espiritual do Natal nas escolas, nas mesmas escolas onde se promove a festa do Halloween, que é a exaltação da realidade espiritual maléfica, isto é de todas as formas que encarnam o mal, a morte, o medo, o macabro, o demoníaco.

Na noite de Halloween também se regista um aumento impressionante das práticas do ocultismo e de todos os rituais do satanismo, dado que aquela noite corresponde, segundo o calendário das bruxas, à vigília do Ano novo satânico, na qual o ritual de iniciação e consagração a Satanás ocorre em moldes perversos e desumanos.

Assim o Halloween, em vez de promover os valores, as atitudes e os comportamentos morais e espirituais que edificam a personalidade das crianças e dos jovens e consequentemente da sociedade de amanhã, propõe desvalores que não constroem mas destroem, que não elevam mas brutalizam o ser humano, feito à imagem e semelhança de Deus e criado para O conhecer, amar e servir.

Por isso são bem-vindas na noite do 31 de Outubro para o 1º de Novembro, as vigílias de oração que acontecem em tantas igrejas, as celebrações da fé cristã com a presença de grupos, cantores ou compositores de musica cristã contemporânea, as procissões com as imagens dos Santos e também as representações teatrais das suas vidas, noites de saudável convívio para as crianças e palestras para as famílias, com jogos inspirados na boa tradição e com jantar para todos, que se vão difundindo um pouco por todo o lado, substituindo-se à aberrante exaltação e celebração do horror proposto pelo Halloween.

Traduzido e adaptado dum texto do Padre Francesco Bamonte, ICMS, exorcista da Diocese de Roma e Presidente da Associação Internacional de Exorcistas

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Corte Pontifícia acompanha o Papa João XXIII

A Corte Pontifícia assistiu o Sucessor de Pedro durante séculos até ter sido suprimida pelo Papa Paulo VI com o Motu Proprio 'Pontificalis domus' (28/03/1968), e substituída pela "Prefeitura da Casa Pontifícia".

A Corte Pontifícia era constituída pela Capela Pontifícia e a Família Pontifícia. A primeira auxiliava o Sumo Pontífice nas suas funções de chefe espiritual da Igreja Católica, especialmente na celebração dos sacramentos; a segunda assistia o Papa nas suas funções de chefe de Estado e estavam relacionadas com o poder temporal e nas actividades do dia-a-dia.

terça-feira, 29 de outubro de 2024

O celibato está sob ataque cerrado

O celibato está sob ataque cerrado. O mundo quer o fim do celibato porque odeia o celibato. O mundo não entende como é que alguém voluntariamente se pode privar do prazer carnal, visto como o único fim do acto conjugal (que já nem conjugal é).

Dizem que o celibato dos Padres foi inventado apenas há 1000 anos (como se fosse coisa pouca) e que antes disso era tudo à grande. Mas isso não é verdade. Os Apóstolos (os primeiros Bispos) apesar de serem casados, na sua maioria, deixaram as mulheres para seguir Jesus, quando Ele os escolheu. A partir daí viveram em continência perfeita, sem qualquer relação conjugal com as suas mulheres.

O mesmo aconteceu aos sacerdotes logo nos primeiros séculos da Igreja. Por escassez de 'mão-de-obra', digamos assim, eram escolhidos também homens casados para serem ordenados Padres. As mulheres deles tinham de dar o assentimento, porque tinham com eles um vínculo indissolúvel. Depois disso vivam separados e vivam em continência.

O Concílio de Elvira (300-305 d.C.) diz que os sacerdotes se devem abster das esposas e não gerar filhos, e se algum o fizer deve ser declarado decaído do estado clerical. O Can. III do Concílio de Niceia (325 d.C.) diz que os sacerdotes apenas podem viver com a Mãe, uma irmã ou uma tia.

São Jerónimo, Doutor da Igreja e um dos 4 principais Padres da Igreja do Ocidente não deixa margem para dúvidas numa carta 'ad Pammachium':

"Cristo é virgem, virgem é Maria; mostraram a cada um dos sexos a preeminência da virgindade. Os Apóstolos são ou virgens, ou após o casamento, continentes. Escolhem-se para bispos, sacerdotes e diáconos, quer virgens, quer viúvos, ou pessoas que em todo caso, depois do sacerdócio, observam para sempre a continência."

Já se percebeu que o celibato está associado ao sacerdócio desde o seu início, por isso deixem o celibato em paz. Se 2000 anos de Padres não conseguiram acabar com ele também não vão ser vocês a conseguir.

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

São Judas Tadeu, o "bi-primo" de Jesus

S. Judas era “bi-primo” de Jesus. O seu pai, Cleofas (também chamado Alfeu) era irmão de S. José (pai de Jesus) e a sua mãe, Maria Cleofas era irmã de Maria (mãe de Jesus).

Diz a tradição que S. Judas era parecido fisicamente com Nosso Senhor. Santa Brígida da Suécia (religiosa do séc. XIV) teve uma visão em que Jesus lhe disse que gostava tanto do seu “bi-primo” que qualquer coisa que lhe pedissem por sua intercessão seria concedida. S. Judas passou então a ser o santo das causas impossíveis. 

Se alguém tiver algum “pedido impossível” este é o dia certo para pedir a S. Judas. As relíquias deste apóstolo e S. Simão, apóstolo, estão no altar principal da Capela de S. José, que se encontra na Basílica Vaticana. 

S. Simão e S. Judas Tadeu, rogai por nós!

Viva Cristo Rei!

Dos mártires daqueles dias, nenhum chamou tanto a atenção do público no México e no resto do mundo como o Jesuíta Miguel Agustín Pro. Pro foi morto por um pelotão de fuzilamento em frente das câmaras dos jornais que o governo trouxera para gravar o que esperava ser o constrangedor espetáculo de um padre implorando por misericórdia. Foi uma das primeiras tentativas modernas de usar os meios de comunicação social para a manipulação da opinião pública com propósitos anti-religiosos. 

Mas, ao invés de vacilar, Pro demonstrou grande dignidade, pedindo apenas a permissão de rezar antes de morrer. Após alguns minutos de prece, levantou-se, ergueu seus braços em forma de cruz – uma tradicional posição de oração mexicana – e, com voz firme, nem desafiante, nem desesperada, entoou de forma comovente palavras que desde então se tornaram famosas: "Viva Cristo Rey".

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Encontro Pax Liturgica 2024

No Encontro Pax Liturgica - um conjunto de conferências que antecede a Peregrinação Summorum Pontificum em Roma - estão presentes algumas figuras de peso da Igreja: Cardeal Robert Sarah, Cardeal Gerhard Müller e o Bispo Marian Eleganti.

Estão também presentes o Superior-Geral do Instituto do Bom Pastor, Padre Luis Barrero e o Prior-Geral do Instituto de Cristo Rei e Sumo Sacerdote, Mons. Gilles Wach (o único que não está nesta fotografia).

No total estão presentes cerca de 30 clérigos, religiosos e seculares; e cerca de 150 leigos.

Quem é o Arcanjo São Rafael?

Hoje é dia de São Rafael, um dos sete espíritos que estão sempre de pé na presença de Deus e que oferecem o incenso da adoração deles e a dos homens. Conhecemo-lo pelo livro de Tobias:

"Quando oravas com lágrimas e sepultava os mortos eu apresentava ao Senhor as tuas orações." 

Como o anjo que vinha agitar as águas da piscina Probática, veio Rafael curar a cegueira de Tobias. O seu título de médico admirável e de companheiro de viagem do jovem Tobias deu-lhes jus a ser invocado pelos viajantes e nos perigos mais difíceis da vida. 

Louvamos, com sentimentos de veneração, todos os Príncipes da Corte Celeste, mas particularmente São Rafael, médico e companheiro fiel, que sujeitou o demónio ao seu império. 

Ó Cristo, rei de bondade, Vós que nos concedestes tão grande protector, não deixeis que o inimigo nos faça mal. (Hino de Vésperas)

Bento XV estendeu a festa de São Rafael a toda a Igreja.

Dom Gaspar Lefebvre in 'Missal Quotidiano e Vesperal'. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Belíssima carta de Sammy Basso sobre a morte

Morreu Sammy Basso, biólogo italiano de 28 anos, doente de progeria e um dos mais velhos sobreviventes conhecidos da doença.

A progeria, também conhecida como Síndrome de Hutchinson-Gilford, é causada por uma mutação num único gene que faz com que os doentes envelheçam mais depressa do que o normal. As pessoas que nascem com progeria vivem normalmente até aos meados da adolescência ou até aos vinte e poucos anos. Apenas 130 casos de progeria foram identificados em todo o mundo.

Em 2021, Basso concluiu um mestrado em biologia molecular e contribuiu para esforços significativos de investigação para compreender e tratar a doença. A 5 de outubro de 2024, morreu subitamente de complicações cardiovasculares enquanto jantava com a família e amigos num restaurante em Asolo, perto de Treviso.

Na carta que Sammy Basso escreveu para o seu funeral, afirmou “Ele, o nosso Deus, o único Deus verdadeiro, é a causa primeira e o fim de todas as coisas”. Excertos da sua carta:

“Pensemos na morte de uma forma positiva: se ela não existisse, provavelmente não terminaríamos nada na nossa vida, porque há sempre o amanhã. A morte, pelo contrário, faz-nos saber que não há sempre um amanhã, que se queremos fazer alguma coisa, o momento é agora! Mas para um cristão, a morte é também outra coisa! Uma vez que Jesus morreu na cruz como sacrifício por todos os nossos pecados, a morte é a única forma de viver verdadeiramente, é a única forma de regressar finalmente à casa do Pai, é a única forma de ver finalmente o Seu rosto. E, como cristão, enfrentei a morte. Não queria morrer, não estava preparado para morrer, mas estava preparado. A única coisa que me deixa melancólico é não estar presente para ver o mundo mudar e seguir em frente. Quanto ao resto, espero que no meu último momento tenha podido ver a morte como São Francisco, cujas palavras me acompanharam durante toda a minha vida. Espero que também eu tenha sido capaz de acolher a morte como “irmã morte”, da qual nenhum ser vivo pode escapar. Se fui digno em vida, se carreguei a minha cruz como me foi pedido, agora estou com o Criador”.

“Estou agora com o meu Deus, o Deus dos meus pais, na sua casa indestrutível. Ele, o nosso Deus, o único Deus verdadeiro, é a causa primeira e o fim de todas as coisas. Perante a morte, nada tem sentido senão Ele. Por isso, embora não seja necessário dizê-lo, pois Ele sabe tudo, tal como vos agradeci, também eu gostaria de lhe agradecer. Devo toda a minha vida, todas as coisas boas, a Deus. A fé acompanhou-me e, sem a minha fé, não seria o que sou. Ele mudou a minha vida, tomou-a, fez dela algo de extraordinário, e fê-lo na simplicidade da minha vida quotidiana. Nunca se cansem, meus irmãos, de servir a Deus e de agir de acordo com os seus mandamentos, porque sem Ele nada tem sentido e porque todas as nossas acções serão julgadas e decidirão quem viverá para sempre e quem terá de morrer”.

“Não fui certamente o melhor dos cristãos, fui certamente um pecador, mas isso não importa agora: o que importa é que dei o meu melhor e que o faria de novo. Nunca vos canseis, meus irmãos, de carregar a cruz que Deus atribuiu a cada um de nós, e não tenhais medo de ser ajudados a carregá-la, como Jesus foi ajudado por José de Arimateia”.

in gloria.tv

terça-feira, 22 de outubro de 2024

Wigratzbad: Seminarista português recebe batina e tonsura












20 seminaristas da Fraternidade Sacerdotal de São Pedro, que vivem em Wigratzbad (Alemanha), receberam a batina e foram tonsurados na igreja de Nossa Senhora de Lindau, pelo Bispo Wolfgang Haas.

Rezemos por eles.

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Madre Angélica em defesa da Missa em Latim

O Latim é o idioma perfeito para a Missa. É a língua da Igreja, que nos permite melhor fazer oração verbal sem distracções. 

Como sabem, o propósito da Missa é rezar e estar associados à crucifixão e ao glorioso banquete de que participamos na Sagrada Comunhão. Ele está ali. No entanto, muito disto se deteriora com o vernáculo.

Durante a Missa em Latim, tens um missal para se quiseres segui-La na tua língua. É quase mística. Isto dá-te uma consciência dos Céus. Da incrível humildade de Deus que se manifesta em forma de pão e vinho. 

O amor que Ele teve por nós e o Seu desejo de permanecer connosco até ao fim dos tempos é simplesmente impressionante. Podes concentrar-te nesse amor, porque não te distrais com a tua própria língua. Podes ir a qualquer parte do mundo e saber sempre o que está a acontecer. É contemplativo, porque à medida a que a Missa se desenrola, podes fechar os olhos e visualizar o que realmente sucede. [O Calvário.] Podes senti-lo. 

Podes olhar para o Oriente e dar-te conta de que Deus chegou e está realmente presente. Com o sacerdote voltado para o povo, é apenas algo entre o povo e o sacerdote. Muitas (demasiadas) vezes é só uma espécie de get-together (encontro de amigos) e Jesus é quase esquecido.

Madre Angélica in 'Little Book of Life Lessons and Everyday Spirituality'

A vida épica de São Hilarião, Abade

Hilarião nasceu de pagãos em Tabatha, na Palestina, por volta do ano 291 da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo. Foi enviado para estudar em Alexandria, onde adquiriu boa reputação por causa da sua vida e inteligência. Aí abraçou a religião de Jesus Cristo e fez grandes progressos na fé e no amor. 

Ia com frequência à Igreja, era cuidadoso no jejum e na oração, e não dava valor aos prazeres e luxúrias do mundo. Quando o nome de Santo Antão se tornou famoso no Egipto, Hilarião fez uma viagem ao deserto com o propósito de o ver. Ali permaneceu dois meses com ele, a fim de aprender o seu modo de vida, e depois voltou para casa. 

Depois da morte de seu pai e de sua mãe, deu tudo o que tinha aos pobres. Antes de completar o décimo quinto ano de idade, foi para o deserto e construiu ali uma pequena casa, que mal dava para ele, e onde costumava dormir no chão. O pedaço de pano de saco com que se vestia nunca o lavava nem o mudava, dizendo que o pano de cabelo era uma coisa que não valia a pena limpar. Tinha grande interesse em ler e meditar as Sagradas Escrituras. 

A sua alimentação consistia nuns poucos figos e numas papas de legumes, que não comia antes do pôr do sol. O seu domínio de si e a sua humildade eram inacreditáveis. Com estas e outras armas, venceu diversos e temíveis ataques do demónio e expulsou inúmeros espíritos malignos dos corpos dos homens em muitas partes do Mundo. 

Construiu muitos mosteiros e ficou famoso pelos milagres. Aos 80 anos adoeceu. Perto do último suspiro, disse: “Sai, porque receias? Sai, alma minha! Por que te encolhes? Serviste duramente a Cristo durante 70 anos e tens medo da morte?" E, com estas palavras, expirou.

in Breviário Romano

sábado, 19 de outubro de 2024

São Pedro de Alcântara, Padroeiro do Brasil

São Pedro de Alcântara, de nome de baptismo Juan de Garabito y Vilela de Sanabria (Alcântara, 1499 — Arenas de San Pedro, 18 de Outubro de 1562), foi um frade franciscano espanhol que fez grandes reformas na sua ordem religiosa, a Ordem dos Capuchinhos, no Reino de Portugal. 

Nasceu em 1499, em Alcântara, Estremadura, Espanha. Filho de Pedro Garavita, governador, e a sua era mãe membro de uma família nobre de Sanabia. Estudou gramática e filosofia em Alcântara, e leis canónicas e civis na Universidade de Salamanca. Franciscano com 16 anos em Manjarez, fundou o convento em Babajoz com 20 anos e serviu como seu superior. Ordenado em 1524, com 25 anos, ele era notável pregador. Um recluso por natureza, vivia no convento de Santo Onóphrius, um local remoto onde ele poderia estudar e rezar entre as missões. 

Não obstante essa reclusão, foi indicado Provincial Franciscano para o Mosteiro de São Gabriel na Estremadura, em 1538. Trabalhou em Lisboa, em 1541, ajudando à reforma da Ordem. Em 1555, iniciou as reformas "Alcântarinas", hoje conhecidas como a "Estrita Observância". Amigo e confessor de Santa Teresa d'Ávila, ajudou-a em 1559 durante o trabalho de reforma da sua Ordem. Místico e escritor, os seus trabalhos foram usados por São Francisco de Sales.  

Morreu a 18 de Outubro de 1562 na Estremadura de causas naturais. Foi canonizado em 1669 pelo Papa Clemente IX. Indicado pelo Papa Pio IX em 1862, como Padroeiro do Brasil. É também padroeiro de Estremadura, Espanha (indicado em 1962) e dos vigias, também em 1962.  

«Com a proclamação da República no Brasil, São Pedro de Alcântara foi discretamente esquecido, provavelmente porque seu nome lembrava o dos imperadores e, além disso, mostrava o quanto havia de positiva ligação entre o Império e a Religião. Porém, seu nome ainda continua a ser lembrado nos missais da Igreja Católica. E foi num destes missais que se encontra a oração transcrita a seguir, a São Pedro de Alcântara, Padroeiro do Brasil, conforme consta no índice do missal. 

Oração a São Pedro de Alcântara, Padroeiro do Brasil

Ó grande amante da Cruz e servo fiel do divino Crucificado, São Pedro de Alcântara; à vossa poderosa protecção foi confiada a nossa querida Pátria brasileira com todos os seus habitantes. Como Varão de admirável penitência e altíssima contemplação, alcançai aos vossos devotos estes dons tão necessários à salvação. Livrai o Brasil dos flagelos da peste, fome e guerra e de todo mal. Restituí à Terra de Santa Cruz a união da fé e o verdadeiro fervor nas práticas da religião.  

De modo particular, vos recomendamos, excelso Padroeiro do Brasil, aqueles que nos foram dados por guias e mestres: os padres e religiosos. Implorai numerosas e boas vocações para o nosso país. Inspirai aos pais de família uma santa reverência a fim de educarem os filhos no temor de Deus não se negando a dar ao altar o filho que Nosso Senhor escolher para seu sagrado ministério.

Assisti, ó grande reformador da vida religiosa, aos sacerdotes e missionários nos múltiplos perigos de que esta vida está repleta. Conseguí-lhes a graça da perseverança na sublime vocação e na árdua tarefa que por vontade divina assumiram.

Lá dos Céus onde triunfais, abençoai aos milhares de vossos protegidos e fazei-nos um dia cantar convosco a glória de Deus na bem-aventurança eterna. Assim seja!»

“Adoremus – Manual de Orações e Exercícios Piedosos” – Por Dom Frei Eduardo, O.F.M. – XX Edição Bahia – Tipografia de São Francisco – 1942, p. 284

sexta-feira, 18 de outubro de 2024

São Lucas Evangelista visto de perto

São Lucas, o evangelista (do grego antigo Λουκᾶς, Lukás) é, segundo, a tradição, o autor do Evangelho de São Lucas e dos Actos dos Apóstolos - o terceiro e quinto livros do Novo Testamento. A sua festa é celebrada no dia 18 de Outubro. É o santo padroeiro de médicos e pintores. 

Chamado por Paulo de "O Médico Amado"(Colossenses 4, 14), pode ter sido um dos cristãos do primeiro século que conviveu pessoalmente com os doze apóstolos. A primeira referência a Lucas encontra-se na Epístola a Filemon de Paulo de Tarso, no versículo 24. É mencionado também na epístola aos Colossenses (4, 14), bem como na segunda epístola a Timóteo (4, 11).

Lucas foi o primeiro iconógrafo, pintou a Virgem Maria, Pedro e Paulo. E por isso é que as guildas medievais de São Lucas, na Flandres, ou a Accademia di San Luca ("Academia de São Lucas") em Roma - associações imitadas noutras cidades europeias durante o século XVI - reuniam e protegiam os pintores.

O que diz a Bíblia sobre Lucas

Lucas foi o companheiro de Paulo, e segundo a quase unânime crença da antiga igreja, escreveu o evangelho que é designado pelo seu nome, e também os Actos dos Apóstolos. É mencionado apenas três vezes pelo seu nome no N.T. (Cl 4, 14 - 2 Tm 4, 11 - Fm 24). 

Pouco se sabe a respeito da sua vida. Têm alguns julgado que ele foi do número dos setenta discípulos, mandados por Jesus a evangelizar (Lc 10, 1) - outros pensam que foi um daqueles gregos que desejavam vê-lo (Jo 12, 20) - e também considerando que Lucas é uma abreviação de Lucanos, já têm querido identificá-lo com Lúcio de Cirene (At 13, 1).

Dois dos Padre da igreja dizem que era sírio, natural de Antioquia. Na verdade não parece ter sido de nascimento judaico (Cl 4, 11). Era médico (Cl 4,14). Não foi testemunha ocular dos acontecimentos que narra no Evangelho (Lc 1, 2), embora isso não exclua a possibilidade de ter estado com os que seguiam a Jesus Cristo. 

Parece que Lucas se juntou a Paulo em Trôade (At 16, 10), e foi com ele até à Macedónia - depois viajou com o mesmo Apóstolo até Filipos, onde tinha amigos, ficando provavelmente ali durante algum tempo (At 17, 1).

Cerca de 7 anos mais tarde, quando Paulo, dirigindo-se a Jerusalém, visitou Filipos, Lucas juntou-se novamente a ele (At 20, 5). 

Se Lucas era aquele ‘irmão’, de que se fala em 2Co 8, 18, o intervalo devia ter sido preenchido com o activo ministério.

Lucas acompanhou Paulo a Jerusalém (At 21.18) e com ele fez viagem para Roma (At 21, 1). Nesta cidade esteve com o Apóstolo durante a sua primeira prisão (Cl 4, 14 - Fm 24) - e achava-se aí também durante o segundo encarceramento, precisamente pouco antes da morte de Paulo (2Tm 4, 11). São Paulo diz nas suas cartas quando preso: "Lucas é a minha única companhia". Durante o martírio de Paulo, Lucas nunca saiu do seu lado.

Lucas, o pintor 

Lucas conversou muito com a mãe de Jesus e com São João. De acordo com a Igreja Católica Grega, São Lucas andava sempre com uma pintura de Nossa Senhora com ele, e essa foi o instrumento de varias conversões. 

São Lucas foi um grande artista e grande escritor, e as suas narrativas inspiraram grandes escritores e grandes mestres da arte. A pintura de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, que se encontra na Basílica de Santa Maria Maior em Roma, terá sido pintada por ele.

Pinturas excepcionais de São Lucas são as de Roger van Weyden na Pinacoteca de Munique, na Alemanha, a de Jean Grossaert em Praga e a de Rafael na Academia de São Lucas em Roma.

Embora alguns afirmem que ele sofreu o martírio, a opinião mais aceite é a de que faleceu de morte natural aos 84 anos de idade, na Bitínia. Mas, como enfrentou muitos perigos pela fé de Cristo, é considerado por muitos como mártir.

As suas relíquias, que no século IV se achavam em Tebas da Beócia (Grécia), foram trasladadas para Constantinopla em 357, a pedido do Imperador Constâncio, filho de Constantino, tendo sido depositadas na igreja dos Santos Apóstolos com as de Santo André e São Timóteo.

O Cardeal Barónio diz que São Gregório Magno levou para Roma a cabeça de São Lucas, quando voltou da Nunciatura em Constantinopla, e a depositou na igreja do mosteiro de Santo André, que ele tinha fundado no Monte Célio. Hoje em dia, o corpo deste Evangelista é venerado na cidade de Pavia, em Itália.

Se se aplicam aos quatro evangelistas as representações simbólicas mencionadas pelo profeta Ezequiel, São Lucas é representado pelo boi, como emblema dos sacrifícios, pois ele é o evangelista que mais insiste no sacerdócio de Jesus Cristo.

adaptado de santossanctorum.blogspot.com

Santa Margarida foi mensageira entre Jesus e São Cláudio La Colombière

Desde as visões de Jesus a Santa Maria Margarida Alacoque a devoção ao Sagrado Coração de Jesus começou a crescer na Igreja. Mas houve outra personagem na História, um santo sacerdote jesuíta, que também teve o seu papel a cumprir. Disse Jesus a Santa Margarida:

"O carisma do Padre La Colombière [SJ] consiste em conduzir as almas a Deus. Por isso os demónios o hão-de obstaculizar de todas as maneiras. Mesmo pessoas consagradas a Deus o vão fazer sofrer, e não hão de aprovar aquilo que ele dirá nas suas pregações para as conduzir ao Senhor. Mas que a bondade de Deus seja o seu apoio nas suas cruzes na medida da confiança que ele puser n’Ele…" 

"Dirige-te ao meu servo (Cláudio La Colombiere) e diz-lhe da minha parte para fazer o possível para implantar esta devoção e assim dar esta alegria ao meu Coração. Acrescenta também que não se desencoraje por causa das dificuldades que encontrará nesta empresa, porque não faltarão certamente. Deve saber, porém, que é omnipotente aquele que desconfia completamente de si mesmo e se fia unicamente em Mim…"

São Claude La Colombière foi confessor de Santa Maria Margarida Alacoque até à sua morte, no dia 15 de Fevereiro de 1682.

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Se eu não fosse católico…

Se eu não fosse católico e estivesse à procura da verdadeira Igreja no mundo de hoje, iria em busca da única Igreja que não se dá bem com o mundo. Por outras palavras, procuraria uma Igreja que o mundo odiasse. Faria isto porque se Cristo ainda está presente em qualquer uma das igrejas do mundo de hoje, Ele deve ainda ser odiado como o era quando estava na Terra, vivendo na carne.

Se quiser encontrar Cristo hoje procure uma Igreja que não se dá bem com o mundo. Procure uma Igreja que é odiada pelo mundo, como Cristo foi odiado pelo mundo. Procure pela Igreja que é acusada de estar desactualizada com os tempos modernos, como Nosso Senhor foi acusado de ser ignorante e nunca ter aprendido. Procure pela Igreja que os homens de hoje zombam e acusam de ser socialmente inferior, assim como zombaram de Nosso Senhor porque Ele veio de Nazaré. Procure pela Igreja que é acusada de estar com o diabo, assim como Nosso Senhor foi acusado de estar possuído por Belzebu, príncipe dos demónios .

Procure a Igreja que em tempos de intolerância (contra a sã doutrina) os homens dizem que deve ser destruída em nome de Deus, do mesmo modo que os que crucificaram Cristo julgavam estar prestando serviço a Deus.

Procure a Igreja que o mundo rejeita porque ela se proclama infalível, pois foi pela mesma razão que Pilatos rejeitou Cristo: por Ele se ter proclamado como A VERDADE. Procure a Igreja que é rejeitada pelo mundo, assim como Nosso Senhor foi rejeitado pelos homens. Procure a Igreja que, no meio das confusões de opiniões, os seus membros a amem do mesmo modo que amam a Cristo e respeitem a sua voz como a voz do seu Fundador.

E aí começará a suspeitar que se essa Igreja é impopular com o espírito do mundo é porque ela não pertence a este mundo. E, uma vez que pertence a outro mundo, será infinitamente amada e infinitamente odiada como foi o próprio Cristo. Pois só aquilo que é de origem divina pode ser infinitamente odiado e infinitamente amado. Portanto, essa Igreja é divina .

Arcebispo Fulton J. Sheen in Radio Replies, Vol. 1

terça-feira, 15 de outubro de 2024

Seminaristas cada vez mais tradicionais

Christian Marquant escreve em Veilleurs-Paris.fr que os poucos seminaristas que entram nos seminários diocesanos, em França, estão cada vez mais 'tradicionais'. De facto, as ideias desses seminaristas estão cada vez mais parecidas com as dos que entram em seminários de Rito Tradicional.

O texto cita os números apresentados pelo Abbé de Tanoüarn sobre as entradas deste ano em seminários tradicionais: 

- 25 para o seminário da Fraternidade Sacerdotal de São Pedro, em Wigratzbad;
- 31 para o seminário da Sociedade Sacerdotal de São Pio X, em Flavigny;
- 12 para o seminário do Instituto do Bom Pastor, em Courtalain;
- 21 para o seminário do Instituto de Cristo Sumo Sacerdote, em Gricigliano.

Marquant acrescenta ainda que 36% das vocações provenientes da diocese de Versalhes (ao Oeste de Paris) entram em seminários tradicionais e apenas 11% no seminário da diocese de Paris.

E segundo uma sondagem do jornal La Croix, publicada no dia 22 de Dezembro, 14% dos seminaristas dioceses dizem querer celebrar a Missa Tradicional e 7% esperam celebrá-la regularmente.

Santa Teresa de Ávila nas palavras de Dom Prosper Guéranger

Teresa sofreu toda a espécie de privações. Mas sofreu uma privação pior do que as privações humanas. Um dia, Deus mesmo pareceu faltar-lhe. Como antes dela São Felipe Benício, como depois dela São José Calazans e Santo Afonso Ligório, ela conheceu a provação de se ver condenada, rejeitada, ela e suas filhas e seus filhos, em nome e pela autoridade do Vigário do Esposo. 

Era um desses dias preditos desde há muito onde – agora da citação Apocalipse – foi dado à "besta" de fazer guerra aos santos e de os vencer. O espaço falta-nos para contar esses incidentes dolorosos. Para quê contá-los? A "besta" não tem nesses casos senão um modo de proceder, que repete no décimo sexto século, no décimo sétimo, no décimo oitavo século e sempre.

Como também a "besta" tem sempre o mesmo objectivo, Deus permitindo-o, não tem senão um objectivo: o de conduzir os seus a este alto grau de união crucificante onde aquele que quis ser o primeiro a saborear a amargura desta borra de vinho pôde dizer dolorosamente, mais do que ninguém: "Meu Deus, meu Deus porque me abandonastes?"

Dom Prosper Guéranger in Méditation: Le XV October, Sainte Thérese, Vierge 

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

O Cardeal Müller está de volta: Não é um Sínodo, mas um Simpósio

O Cardeal Gerhard Ludwig Müller participou pela primeira vez no ex-Sínodo dos Bispos no dia 14 de Outubro. Não pôde estar presente nas duas primeiras semanas da reunião devido a uma hérnia.

Müller tomou imediatamente a palavra para dizer que o simpósio “não era um verdadeiro sínodo”. Criticou o facto de os padres, diáconos, religiosos e leigos também poderem votar ao lado dos bispos.

Numa declaração anterior, o Cardeal Müller tinha dito que não se tratava de um sínodo, “mas de um simpósio”.

Müller estava vestido de cardeal, enquanto a maioria dos bispos e cardeais limita o seu traje episcopal a uma cruz peitoral.

in gloria.tv

São Calixto: de escravo e ladrão a Papa mártir

Natural de Roma e sucessor de Papa São Zeferino, São Calisto (ou Calixto) pertence também ele ao grémio dos Papas que deram a vida em defesa da Fé.

Foi escravo de Aurelius Carpoforus, pai da família imperial. Conta-se que Aurelius era cristão e acabou por conceder a liberdade a Calixto, a quem, inclusive, doou uma soma para que pudesse abrir o próprio negócio. Acontece que Calixto não aproveitou a oportunidade e chegou a apropriar-se de certa quantia de Aurelius, tendo depois fugido para Roma, onde acabou por ser capturado e teve de trabalhar para devolver o dinheiro furtado. O pai do imperador, porém, deu-lhe uma segunda oportunidade, determinando que fosse libertado. 

Mesmo assim, Calixto envolveu-se em algumas aventuras desonestas, fazendo com que fosse enviado para a Sardenha, onde passou um bom período submetido a a trabalhos formados nas minas. Nesta época reinava o Imperador Cómodo com a sua esposa Márcia, sendo um período, favorável aos cristãos exilados, durante o qual muitos receberam a liberdade, como Calixto.

O Papa Zeferino acabou por contratar os serviços de Calixto. Desempenhou-os tão bem, que acabou por ser nomeado secretário e, posteriormente, homem de confiança do Papa. Ficou muito famoso pelo empreendimento de grandes feitos administrativos, entre os quais a organização das catacumbas de Roma, onde estavam depositadas as relíquias dos santos da Igreja primitiva. Grande parte destas catacumbas ficaram muito conhecidas e levam o seu nome (famosas catacumbas de São Calixto). Ali, 46 Papas e milhares de mártires encontram-se enterrados. Possuem quatro pisos sobrepostos e mais de 20 quilómetros de corredores. Construiu também a Basílica de Santa Maria em Trastevere.

Após o martírio de São Zeferino, o clero e o povo de Roma elegeram São Calixto como a pessoa mais preparada para assumir o governo da Igreja. Era notável a sua fama de devoção e piedade. Havia, muito antes, declarado publicamente os seus pecados, afirmando que, se um pecador sinceramente contrito, se entregasse à penitência e deixasse para trás as suas maldades, poderia voltar a ser admitido entre os fiéis cristãos católicos, e que nenhum bispo o poderia destituir mesmo que por grave pecado, caso se arrependesse e viesse a levar vida de conversão e penitência. 

Ocorreu que um tal Hipólito, baseado no passado e associando nelas as declarações feitas, opôs-se terrivelmente, de forma que investiu de todas as formas para que Calixto fosse deposto do trono pontifício, mas os seus argumentos não encontraram eco nem no seio da Igreja, nem junto aos cristãos católicos.

Durante o seu pontificado, converteu muitos romanos ao Cristianismo e curou a vários doentes que padeciam de graves enfermidades. Também defendeu e consolou muito os cristãos vítimas de perseguições movidas pelos pagãos. Costumava fazer penitência com frequência, inclusive, chegou a submeter-se a 40 dias consecutivos de jejum. Combateu com constância as heresias adopcionistas e modalistas.

Foi ele também vítima de uma grande insurreição popular. Havia entre os pagãos, ódio generalizado por causa do tratamento favorável que o Imperador Eligobalo concedia aos cristãos. No mesmo ano (222), porém, pouco antes do martírio de São Calixto, Eligobalo e a sua mãe foram assassinados.

Assumindo, o Imperador Alexandre Severo não conseguiu deter o ódio popular e mandou prender Calixto, o qual foi enviado ao cárcere, onde o deixaram durante muitos dias sem comida e sem bebida. Foi encontrado pelos guardas em silêncio e com semblante muito tranquilo. Perguntaram-no se tinha fome ou sede após tanto tempo sem água ou comida, ao que respondeu: “Acostumei o meu corpo a passar dias e semanas sem comer e nem beber, por amor ao meu amigo Jesus Cristo”.

Foi no cárcere que, com as suas orações, curou a esposa do carcereiro quando ela já agonizava. Por causa deste milagre, o carcereiro deixou-se baptizar com toda sua família, ingressando na santa religião cristã.

Finalmente, por ordem imperial, São Calixto foi lançado num poço profundo, que foi coberto até a boca com terra e diversos escombros. O poço de Calixto é um local turístico de Roma , e está situado no Tribunal do convento de São Calixto, próximo à Basílica de Santa Maria, em Trastevere, venerado até hoje pelos cristãos. As suas relíquias encontram-se no cemitério de Calepódio, em Via Aurélia

in Página do Oriente

sábado, 12 de outubro de 2024

5 coisas surpreendentes sobre a Beata que viveu 13 anos só da Comunhão

A Beata Alexandrina de Balasar foi uma grande mística do séc. XX:

1) Luta pela castidade

Ficou tetraplégica por preservar a sua castidade ao saltar de uma varanda, quando três homens invadiram o lugar onde ela e as amigas estavam para tentar abusar sexualmente delas.

2) Experiências místicas

Mesmo tetraplégica o Senhor concedeu-lhe, de 1938 a 1942, levantar-se da cama nas Sextas-Feiras para sofrer passo a passo a Paixão de Cristo.

3) Jesus era o seu único sustento

De 1942 a 1955 (até à sua morte) não colocou mais nenhum alimento em sua boca excepto a Sagrada Comunhão.

4) Testemunho de superação

Foi grande devota da Eucaristia e um grande testemunho de Santidade no meio as limitações da vida.

5) Beatificação

Conhecida como a “Santinha de Balasar”, Alexandrina foi beatificada pelo Papa João Paulo II, no dia 25 de Abril de 2004.

in pt.churchpop

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Maternidade da Santíssima Virgem Maria

Celebra-se hoje a Festa da Maternidade da Santíssima Virgem Maria. Apesar da estranheza de se celebrar a festa tão longe do Natal, há motivações históricas para isso. Foi no dia 11 de Outubro de 431, durante o I Concílio de Éfeso, que foi definido o primeiro dos quatro Dogmas Marianos: o Dogma da Divina Maternidade de Maria. O Papa Pio XI, em 1931, por causa do 15º Centenário do Concílio, instituiu a Festa litúrgica. 

O título de Mãe de Deus, entre todos os que são atribuídos à Virgem, é o mais glorioso. Ser a Mãe de Deus é, para Maria, a sua razão de ser, o motivo de todos os seus privilégios e das suas graças. 

Para nós, esse título encerra todo o Mistério da Encarnação, e nada mais vemos que seja, mais do que este, uma fonte de louvores para Maria e de alegria para nós.  

Santo Efrém pensava justamente que crer e afirmar que a Santíssima Virgem Maria é Mãe de Deus, é dar uma prova segura de nossa Fé. A Igreja, por isso, não celebra nenhuma festa de Maria sem louvá-la por esse privilégio. E, assim, saúda a Beata Mãe de Deus na Imaculada Concepção, na Natividade, na Assunção; e nós, na reza frequentíssima da Avé Maria, fazemos o mesmo.  

A heresia nestoriana 

Theotókos, Mãe de Deus, é o nome com o qual, nos séculos, tem sido designada Maria Santíssima. Fazer a história do Dogma da Maternidade Divina é fazer a história de todo o Cristianismo, porque o Nome havia entrado tão profundamente no coração dos fiéis que, quando Nestório, Patriarca de Constantinopla, ousou afirmar que Maria era apenas a mãe de um homem porque era impossível que Deus nascesse de uma mulher, o povo protestou escandalizado. 

Nestório defendia que Cristo não seria uma pessoa única, mas que Nele haveria uma natureza humana e outra divina, distintas uma da outra, e, por consequência, negava o ensinamento tradicional de que a Virgem Maria pudesse ser a "Mãe de Deus" (em grego, Theotokos), portanto Ela seria somente a "Mãe de Cristo" (em grego Cristokos), para restringir o Seu papel como mãe apenas da natureza humana de Cristo e não da sua natureza divina. 

Era Patriarca de Alexandria, à época, São Cirilo, o homem suscitado por Deus para defender a honra da Mãe do Seu Filho. Cirilo dizia estupefacto: "Espanta-me saber que há pessoas que pensam que a Santa Virgem não deva ser chamada Mãe de Deus. Se Nosso Senhor é Deus, Maria, que o pôs no mundo, não é a Mãe de Deus? Mas esta é a Fé que nos transmitiram os Apóstolos, mesmo que não tenham usado estes termos; e é a Doutrina que aprendemos dos Santos Padres".  

O Concílio de Éfeso 

Nestório, contudo, não mudou o seu pensamento, e o Imperador Teodósio II convocou a pedido dele um Concílio, que foi aberto em Éfeso no dia 24 de Junho de 431, sob a direção de São Cirilo, legado do Papa Celestino I, que já o havia autorizado a depor e excomungar Nestório. Estavam presentes cerca de 200 Bispos. 

O Concílio denunciou logo no começo os ensinamentos Nestório como errados, e decretou que Jesus é uma só Pessoa, e não duas pessoas distintas, Deus completo e homem completo, e declarou como Dogma que a Virgem Maria devia ser chamada de Theotokos, porque Ela concebeu e deu à luz Deus como um homem. Os Bispos proclamaram que "a Pessoa de Cristo é Una e Divina, e que a Santíssima Virgem deve ser reconhecida e venerada por todos na qualidade de Verdadeira Mãe de Deus", condenando o nestorianismo como heresia. E a condenação de suas heresias foi reafirmada novamente no Concílio de Calcedónia em 451 d.C. 

O Cânon 1-5 condenou Nestório e os seus seguidores como hereges: "Quem não confessar que o Emanuel é Deus e que a Santa Virgem é Mãe de Deus por essa razão seja anátema!"

Diante da decisão do Concílio, os cristãos em Éfeso entoaram cantos de triunfo, iluminaram a cidade e reconduziram a suas casas, com tochas acesas, os Bispos "vindos" - gritavam eles - "para nos devolver a Mãe de Deus e ratificar com a sua santa autoridade o que estava escrito em todos os corações".  

Os esforços de Satanás tinham conseguido, como sempre, o único resultado de preparar o Triunfo à Virgem, e os Padres do Concílio, para perpetuar a lembrança do acontecido, acrescentaram ao Ave Maria, segundo nos diz a Tradição, as palavras: "Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte". Milhões de pessoas recitam todos os dias esta oração, e reconhecem a Maria a glória de Mãe de Deus, que um herético pretendera negar.   

Maria, Verdadeira Mãe de Deus

Reconhecer que Maria é Verdadeira Mãe de Deus é coisa fácil. "Se o Filho da Santa Virgem é Deus", escreve Papa Pio XI na Encíclica Lux Veritatis, "Aquela que O gerou merece ser chamada Mãe de Deus; se a Pessoa de Jesus Cristo é Una e Divina, todos, sem dúvida, devem chamar Maria de Mãe de Deus, e não somente de Cristo Homem. Como as outras mulheres são chamadas, e são realmente mães, porque formaram nos seus ventres a nossa substância mortal, e não porque criaram a Alma humana, assim Maria adquiriu a Maternidade Divina por ter gerado a Única Pessoa do Seu Filho".   

Maria e Jesus

A Maternidade Divina une Maria ao Filho com um legame mais forte do que aquele que há entre as outras mães e os seus filhos. Estas não obram por si só a geração, e a Santa Virgem ao contrário, gerou o Filho, o Homem-Deus, com a Sua substância; e Jesus é prémio da Sua virgindade e pertence a Maria pela geração e pelo nascimento no tempo, pela amamentação com a qual O nutriu, pela educação que Lhe deu, pela autoridade materna exercitada sobre Ele. 

Maria e o Pai

A Maternidade Divina une de modo inefável Maria ao Pai. Maria tem por Filho o próprio Filho de Deus. Imita e reproduz no tempo a geração misteriosa com a qual o Pai gerou o Filho na Eternidade, restando assim associada ao Pai na Sua paternidade. "Se o Pai nos manifestou uma afeição tão sincera, dando-nos o Seu FIlho como Mestre e Redentor", dizia Bossuet, "o Amor que tinha por Vós, ó Maria, fez-Lhe conceber bem outros desígnios a Vosso respeito, e estabeleceu que Jesus fosse Vosso como é d'Ele, e para realizar conVosco uma Sociedade Eterna, quis que Vós fósseis a Mãe do Seu único Filho, e quis ser o Pai do Vosso Filho" (Discurso acerca da Devoção à Santa Virgem). 

Maria e o Espírito Santo
  
A Maternidade Divina une Maria ao Espírito Santo, porque, por obra do Espírito Santo, concebeu no Seu ventre o Verbo. Nesse sentido, Papa Leão XIII chama a Maria de Esposa do Espírito Santo (Enc. Divinum Munus, in fine; 9 de Maio de 1897), e Maria é do Espírito  Santo o Santuário Privilegiado, pelas inauditas maravilhas que operou n'Ela:

"Se Deus está com todos os santos", afirma São Bernardo, "está com Maria de um modo todo especial porque entre Deus e Maria o acordo é assim total que Deus não só se  uniu a Sua vontade, mas a Sua Carne, e com a Sua substância e aquela da Virgem fez um só Cristo; e Cristo, se não deriva todo inteiro de Deus e todo inteiro de Maria, todavia é todo inteiro Deus e todo inteiro de Maria, porque não há dois Filhos, mas um só Filho, que é Filho de Deus e da Virgem. O Anjo diz: 'Saúdo-te, o cheia de graça, o Senhor é contigo. É contigo não apenas o Senhor Filho, que revestiste da tua carne, mas o Senhor Espírito Santo do qual concebeste, e o Senhor Pai, que gera Aquele que tu concebeste. Está contigo o Pai que faz com que o Filho seja teu Filho; está contigo o Filho que, para realizar o Adorável Mistério, abre o teu seio miraculosamente e respeita o Sigilo da tua Virgindade; está contigo o Espírito Santo, que, com o Pai e o com o Filho, santifica o teu seio. Sim, o Senhor está contigo"  (3ª Homilia Super Missus Est).  

Maria Nossa Mãe

Saudando-Vos, hoje, com o belo título de Mãe de Deus, não esquecemos que "tendo dado a vida ao Redentor do Género Humano, por isso mesmo Vos tornastes Mãe Nossa Dulcíssima, e que Cristo nos quis por irmãos. Escolhendo-Vos por Mãe do Seu Filho, Deus Vos inculcou sentimentos completamente maternos, que respiram apenas Amor e Perdão" (Pio XI, Enc. Lux Veritatis).  

Desde a Glória do Céu, onde estais, lembrai-Vos de nós que Vos rogamos com tanta alegria e confiança. "O Omnipotente está em Vós, e Vós sois omnipotente com Ele, Omnipotente por causa d'Ele, Omnipotente depois d'Ele", como diz São Boaventura. Vós podeis Vos apresentar diante de Deus, não tanto para rogar, quanto para comandar, Vós sabeis que Deus atende infalivelmente a Vossos desejos. Nós somos, sem dúvida, pecadores, mas Vós Vos tornais Mãe de Deus por nossa causa, e "nunca se ouviu dizer que algum daqueles que têm recorrido à Vossa protecção, implorado a Vossa assistência e reclamado o Vosso socorro fosse por Vós desamparado. Assim, animados com igual confiança, a Vós ó Virgem entre todas singular, como a Mãe recorremos, de Vós nos valemos, gemendo sob o peso de nossos pecados nos prostramos a Vossos pés. Não desprezeis as nossas súplicas, ó Mãe do Verbo de Deus humanado, mas dignai-vos de ouvi-las propícia e de nos alcançar o que Vos rogamos" (São Bernardo). 

A festa do dia 11 de Outubro
  
Em 1931 celebrava-se o 15° Centenário do Concílio de Éfeso, e Papa Pio XI pensou que seria "coisa útil e agradável aos fiéis meditar e reflectir sobre um Dogma tão importante" como o da Maternidade Divina, e, para deixar um testemunho perpétuo de sua devoção à Virgem, escreveu a Encíclica "Lux Veritatis", restaurou a Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, e instituiu uma Festa Litúrgica que "iria contribuir para desenvolver no Clero e nos fiéis a devoção para com a Grande Mãe de Deus, apresentando às famílias, como modelos, Maria e a Sagrada Família de Nazaré", para que sejam sempre mais respeitadas a santidade do matrimónio e a educação da juventude.  

Giulia d'Amore in Pale Ideas