quinta-feira, 2 de maio de 2024

Campanha internacional pela liberdade completa da liturgia tradicional

Ser católico em 2024 não é fácil. No Ocidente, continua a descristianização maciça, a tal ponto que o Catolicismo parece desaparecer do espaço público. Enquanto noutros lugares, continua a crescer o número de cristãos perseguidos pela sua fé. Além disso, a Igreja parece estar a ser atingida por uma crise interna que se traduz num declínio da prática religiosa, numa diminuição das vocações sacerdotais e religiosas, numa menor prática sacramental e até em dissensões entre sacerdotes, bispos ou cardeais antes impensáveis. Ora, entre os elementos que podem contribuir para o renascimento interno da Igreja e para a retomada do seu desenvolvimento missionário, temos antes de tudo a celebração digna e santa da sua liturgia, e a isso ajudará de modo poderosíssimo o exemplo e a presença da liturgia romana tradicional.

Apesar de todas as tentativas para fazê-la desaparecer, especialmente durante o presente pontificado, ela continua viva. Mais: continua a difundir-se cada vez mais, e a santificar o povo cristão que dela se abeira; produz hoje frutos evidentes de piedade, de crescimento vocacional, de conversões; atrai sempre mais jovens; está na origem do florescimento de muitas obras e iniciativas, em particular, escolas; e aparece sempre acompanhada por um sólido ensino catequético. Ninguém pode, pois, contestar que ela é um meio de conservação e transmissão da fé e da prática religiosa neste tempo de enfraquecimento crescente da fé e de abandono em massa dos fiéis. Entre outras forças vivas que ainda se vão afirmando e manifestando no seio da Igreja, a que é representada por este modo de vida cultual chama a atenção porque recebe a sua estruturação de uma lex orandi continuada.

Não se nega que lhe são dados, ou melhor, tolerados, alguns espaços onde possa existir e viver, mas sucede amiúde que se lhe tira com uma mão o que lhe foi dado com a outra. Ainda assim, não se conseguiu fazê-la desaparecer.

Desde a grande depressão que se seguiu imediatamente ao Concílio, em muitas ocasiões, a fim de reavivar a prática religiosa, aumentar o número das vocações sacerdotais e religiosas, tentar preservar a fé do povo cristão, tentou-se de tudo. Tudo, menos deixar “fazer a experiência da tradição”; tudo, menos dar uma oportunidade à chamada liturgia tridentina. Hoje, porém, pede urgentemente o bom senso que se deixe viver e prosperar todas as forças vivas da Igreja, e em particular, esta, que tem por si um direito que remonta a mais de mil anos.

Que ninguém se engane, porém: este apelo não é um pedido com vista à obtenção de uma nova tolerância, como em 1984 e em 1988; nem mesmo pretende a mera restauração do estatuto concedido em 2007 pelo motu proprio Summorum Pontificum, que, em princípio, reconhecendo um direito a essa liturgia, na verdade, acabou depois por ser reduzido a um regime de permissões, e para mais, concedidas a custo e muito comedidas.

Como simples leigos, não nos cabe emitir um juízo sobre o Concílio Vaticano II, a sua continuidade ou descontinuidade com o ensinamento anterior da Igreja, o mérito ou demérito das reformas que dele resultaram, etc. No entanto, cabe defender e transmitir os meios que a Providência utilizou para permitir que um número crescente de católicos preserve a fé, cresça nela ou a descubra. Ora, é inegável que, neste processo, cabe à liturgia tradicional um lugar essencial, em virtude da sua transcendência, da sua beleza, do seu carácter intemporal, da sua segurança doutrinal.

É por isso que, em nome da verdadeira liberdade dos filhos de Deus na Igreja, pedimos simplesmente que seja reconhecida a plena e completa liberdade da liturgia tradicional, com o livre uso de todos os seus livros, para que, no rito latino, todos os fiéis possam dela beneficiar e todos os clérigos a possam celebrar, sem qualquer entrave.

Jean-Pierre Maugendre, Presidente de “Renaissance Catholique”, Paris

Este apelo não é uma petição a ser assinada, mas uma mensagem a ser difundida, podendo ser usada sob qualquer forma que venha a parecer oportuna, e destinando-se, enfim, a ser apresentada e explicada aos Senhores Cardeais, Bispos e Prelados da Igreja universal.


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1 comentário:

Anónimo disse...

Parece?
A Igreja, atualmente, está a viver tudo o que há já muito tempo foi profetizado; tanto em La Salette, como em Fátima.