terça-feira, 30 de janeiro de 2007

legalização, descriminalização, despenalização: o referendo é sobre quê?

Nos últimos dias discuti esta questão com algumas pessoas de forma séria, na expectativa de chegar a uma resposta comum. Nestas coisas, quando não se estuda a fundo o aspecto jurídico da causa (sugiro o argumentário do blog espectadores, para começar), nada como recorrer a comparações para entendermos bem a amplitude da pergunta.

o que o referendo quer saber é se desejamos que se torne mais fácil fazer um aborto do que tirar a carta de condução.

para conduzir = maior de idade + licença de condução obtida em estabelecimento legalmente autorizado - pagas tu;

para abortar = menor de dez semanas + intervenção efectuada em estabelecimento legalmente autorizado + Estado paga.

O preço até é capaz de ser o mesmo (não sei o preço da carta hoje em dia); a diferença é que na primeira hipótese paga o próprio, na segunda paga o Estado.

De facto, a condução não está liberalizada; Mas vai ser mais fácil abortar do que tirar a carta.

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domingo, 28 de janeiro de 2007

CBS News Poll: Majority of Americans Want Abortion Illegal, Restrictions

Washington, DC (LifeNews.com) -- A new CBS News poll finds that a majority of Americans want to prohibit abortions in all or most cases or want greater restrictions on abortions. The poll results are consistent with the results from 2006 when more than half of those polled wanted to make abortion illegal all or most of the time.

The poll was conducted from January 18-21 and it surveyed 1,168 adults nationwide.
The survey asked respondents to give their "personal feeling" about abortion and asked them whether they wanted abortion to be always permitted, subject to greater restrictions, allowed only in cases of rape, incest or saving the life of the mother, or only allowed to save the life of the mother.

CBS News did not ask respondents whether they thought abortion should never be allowed, although it tabulated the results of those who volunteered that answer.
According to the CBS News poll, 47 percent of Americans want to prohibit all or most abortions and 16 percent want them to be greatly restricted.

About 30 percent of those polled want to limit abortions to the very rare cases of rape, incest or life of the mother and another 12 percent want abortions allowed only in when the pregnancy threatens the mother's life. Another 5 percent said abortions should always be illegal.

Just 31 percent of the public wants to permit abortion in all cases.
The results are similar to a CBS News poll last January that found 51 percent want all or most abortions illegal and just 29 percent wanting them allowed in all cases.
Commenting on the survey results, Ramesh Ponnuru of National Reviews says "The good news for pro-lifers is that in the latest poll 47 percent of the public says that abortion should be generally banned."

"The bad news is that there seems to be a bit of a leftward trend," Ponnuru said. He pointed out that the pro-abortion totals have risen slightly in the last year while the pro-life totals have declined slightly.

However, other recent polls have shown that Americans are moving in a pro-life direction.
A November Newsweek poll found the number of pro-life Americans rose 5 percent while the number of Americans who support abortion fell four percent compared to a previous poll it conducted in 2005.

A March Zogby poll also found that Americans support limits on abortion by wide margins.
It showed 69 percent of voters agree with prohibiting federal taxpayer funds from being used to pay for abortions, 69 percent support parental notification for girls 16 or younger and by a 55 percent for girls 18 and younger.

Zogby found 56 percent of Americans back a 24-hour waiting period on abortion, 64 percent would charge criminals with a second crime for killing or injuring an unborn child in the course of an attack on a pregnant woman, and 69 percent don't want their tax money to pay for abortions or promoting abortion in other nations.


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quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

Ando distraído...

isto aconteceu aqui tão perto, e quase nunca me lembro...

http://www.youtube.com/watch?v=x8NDvCChCFY&mode=related&search=

(versão inglesa)

TT

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terça-feira, 23 de janeiro de 2007

música dedicada à nocas

todos os patinhos sabem bem nadar
sabem bem nadar
cabeça para baixo
rabinho para o ar
cabeça para baixo rabinho para o ar

:)


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Franco Zeffirelli

O conhecido realizador italiano Franco Zeffirelli nunca escondeu a verdade sobre o seu nascimento. O seu pai biológico, Ottorino Corsi, que era comerciante de seda, era casado, mas não com a sua mãe, Alaide Garosi.

«Eu sei bem - explicava - o que significa nascer contra o desejo dos outros, porque sou filho ilegítimo. O meu nascimento foi um escândalo. A minha mãe, que era modista, perdeu toda a clientela que tinha na alta sociedade florentina. E desde o princípio teve que ultrapassar milhares de obstáculos para que eu pudesse nascer. Até a sua mãe, minha avó, queria que abortasse. Diziam que eu estaria condenado ao ostracismo. No entanto, ela negou-se rotundamente a abortar.

Passei a infância em situações difíceis, mas sempre fui amado, e isto, sim, influenciou-me. A minha mãe perdeu os seus clientes, mas dizia que não se importava nada.

Eu sou uma espécie de aborto frustrado. Estou no mundo um pouco por acaso. Talvez seja por isso que aprecie mais o milagre da vida».

(Alfonso Aguilló)


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segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Hoje o Senzhugo celebra o dom da vida!

PARABÉNS!!!!!!!

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domingo, 21 de janeiro de 2007

O mundo às avessas

Não deixa de ser estranho que um blog do Sim ao aborto, http://pelo-sim.blogspot.com, tenha um inquérito com a pergunta do referendo, onde o NÃO tem 85% dos votos...

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quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Sentença Proferida em 23/02/1990 pelo Tribunal de Coruche

Por ter praticado o seguinte crime:

Destruição de três pinheiros mansos que suportavam cerca de 27 ninhos de cegonha branca, dos quais 23 com ovos por eles distribuídos, Maria da Graça Cunha foi condenada pela autoria de um

crime:

previsto no artº 18º nº 1 al. a) da Lei nº 30/86, de 27.8 e punível pelo artº 31º nº 8 do mesmo diploma legal, infringindo dessa forma, igualmente, a Directiva 79/409/CEE, de 2.4.79 (actualizada pela Directiva 85/411/CEE, de 25/6/85) e a Convenção de Berna relativa à conservação da vida selvagem e dos "habitats" naturais da Europa (aprovada para ratificação pelo DL 95/81, de 23.7),

na pena de:

oitenta dias de prisão, substituídos por igual tempo de multa à taxa diária de mil escudos, e de cinquenta dias de multa à mesma taxa diária, ou seja, na multa única de cento e trinta mil escudos, em alternativa de 87 (oitenta e sete) dias de prisão.

e ainda

condena-se a arguida a reconstituir a situação que existia anteriormente mediante a construção de dois suportes artificiais para colocação de estruturas adequadas a substituir ninhos de cegonhas brancas (...).

Conclusão: a pergunta do referendo deveria ser "concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez de uma cegonha, se realizada até às 10 semanas a pedido da mulher ou da própria cegonha, com o auxílio de um técnico legalmente autorizado?"



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sábado, 13 de janeiro de 2007

Aborto: a lei vigente

O aborto encontra-se despenalizado em Portugal desde 1984. A lei actual permite o aborto nos casos de perigo de vida da mãe, razões de saúde física e psíquica da mãe, malformação e inviabilidade do feto e violação, estando estabelecidos os seguintes prazos:
Remover perigo de morte ou de grave e irreversível lesão materna - sem prazo

Evitar perigo de morte ou grave e duradoura lesão materna - até às 12 semanas

Nascituro incurável ou com doença grave ou malformação congénita - até às 24 semanas
Fetos inviáveis - a todo o tempo

Violação - até 16 semanas


Neste referendo, o que está em causa não é a despenalização do aborto, mas a sua liberalização até às 10 semanas.

Alterar a lei para quê?


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sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Balbúrdia no Oeste

ou a realidade à luz da sondagem do Público.

Se o Referendo fosse hoje, como votava?
Sim - 60,1
Não - 28,7
Não votava - 10,1

É bom relembrar que a pergunta que vai ser feita a todos os eleitores mereceu discórdia de praticamente metade dos juízes do Tribunal Constitucional, onde apenas foi aprovada por um voto de diferença. Esta posição não esteve ligada à posição ante o aborto, mas sim à incorrecção da pergunta, que pode induzir em erro.

O mesmo estudo que dá os resultados que acima coloquei, formulou outra pergunta aos inquiridos:
Na situação de uma Mãe que não deseja ter um filho, o aborto devia ou não ser autorizado?
Não - 45
Sim - 43
NS/NR - 12

Este trabalho demonstra ainda que a larga maioria dos portugueses, acima dos 80%, concorda com o aborto em caso de risco vida da mãe, feto com deficiências, violação. O problema é que parece que ninguém se dá conta que nestas situações a actual lei já permite o aborto muito para lá das dez semanas.

Conclusão: falta MESMO esclarecer o Oeste da Europa.
A nossa missão: Ir à procura de quem precisa ser esclarecido.

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Curiosidades de quem está longe...

Já começaram as campanhas por causa do referendo? Como estamos nós?

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quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Sim ao aborto

1. o que fizeram os defensores do não nos últimos anos para evitar situações de potencial aborto?

2. se vivemos num Estado de Direito é suposto as leis serem cumpridas; logo é uma hipocrisia querer que a lei exista e depois não querer a sua aplicação.

3. Além disso, a Igreja primeiro deixou entender que não ia intervir na campanha mas afinal tem marcado a sua posição sem equívocos.

4. Depois dizem que o aborto já é permitido em caso de violação, de risco de vida da mãe e blá blá, e que por isso não deve ser possível abortar apenas a pedido da mulher. E porque não?

Estes são alguns argumentos a favor do sim que eu hoje ouvi na rádio-telefonia e que claramente têm pés de barro. Estou convencido que alguém que é de forma assumida a favor do sim muito dificilmente irá mudar de opinião apenas com base na demonstração argumentativa. Ao fim ao cabo, a principal convicção de muitos defensores da IVG resume-se mesmo ao "E porque não? Desde que não me chateiem, deixem lá fazer o aborto".
Por este motivo, a maneira de se explicar que o aborto não é positivo será através da demonstração do que até agora foi feito (ex: ajuda berço, pav, mdv, etc). Seria bom ter um elenco completo das instituições que surgiram como resposta a este flagelo.

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Pensamento do dia

Ó Jesus, aceito que, exteriormente, ninguém esteja comigo; mas que seja para que, no interior, esteja ainda mais contigo. Infeliz do homem só, se Tu não estás só com ele! E quantos homens se encontram entre a multidão, mas na realidade estão sós, porque não estão contigo. Gostaria de, contigo, nunca estar só. Porque, nesses momentos em que ninguém está comigo, nem por isso estou só; sou, eu próprio, uma multidão.
Guigues, o Cartuxo (1083-1136), prior da Grande Cartuxa


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sábado, 6 de janeiro de 2007

Wszystkiego najlepszego

A mais de 3000km de distância venho felicitar os senzas pela vitória no mais recente derby beato! Tenho pena de não ter ido assistir nem participado na vigília. Mas agora só regresso a Portugal no fim de semana do referendo.
Aqui em Varsóvia a situação dos católicos não é fácil no momento. A Igreja está a atravessar um período complicado que está a dividir os fiéis. Eu, por outro lado, alegro-me por saber que em Portugal pelo menos neste momento a Igreja une-se, nem que seja só em oração, por uma mesma causa: a defesa da vida!
Como o meu irmão uma vez já referiu, o aborto na Polónia já foi legal. No entanto, devido ao baixo número de abortos realizados nesse período, acabou por se alterar a lei. Por enquanto ainda não sei grandes pormenores, mas vou tentar saber para se divulgar este caso exemplificativo e tentar acabar com certas ideias absurdas que ainda existem na nossa sociedade sobre esta questão.
Beijinhos a todos e continuação de bons resultados, quer no futebol, quer no referendo!!

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sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

VIVA!

será que os nossos vizinhos vão querer continuar a tentar?!?

mais uma vez vocês (nós!) brilhamos!!!
PARABÉNS SENZAS :)

agora tudo de banho tomado... PELA VIDA.

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ah pois é


Cá estemos.

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quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

Jantar amanhã!

Senzas e tigrinhos,
amanhã antes da vigília vai haver jantar.
Quem vem? Sei que vão estar a jogar à bola, mas nem todos...

Confirmados:
Pe. Duarte, Pe. Nuno S P e Pe. Duarte S L ... and many more!
Ponto de encontro às 20h00 na igreja do lumiar.

Avisem-me, sff, para ter uma ideia de quantos somos e resevar o restaurante.

Cheers MacRiana

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Entrevista de Fernando Santo (treinador do Benfica) ao jornal A Bola

O LIVRO QUE LHE MUDOU A VIDA E A FORMA COMO FERNANDO SANTOS SE RELACIONA COM DEUS

EM 1994, o padre Luís deu a Fernando Santos um exemplar do livro A Fé Explicada, da autoria do clérigo norte-americano. Leo J. Trese. E a vida do técnico encarnado começou a mudar, aproximando-se de Deus. Mais tarde, a presença num curso de cristandade, por altura do seu despedimento do Estoril, em 1994, acabou por consumar o clique anteriormente sentido.
Foi nesse curso que lhe deram o crucifixo que o acompanha em todas os momentos. Até durante os jogos de futebol. Foi também nessa altura que lhe disseram «Cristo conta contigo» e Fernando Santos respondeu «pode contar.»

— Que significa paira si a espiritualidade?

— É algo que só se sente. No meu caso sinto a presença do Espírito Santo. Quando dizemos que alguém tem muita espiritualidade, tem a ver com a presença desse espírito, que nos conduz a algo em que acreditamos, que pauta a vida segundo certos e determinados princípios.

— Esse sentimento altera a vida de uma pessoa?

— Claro. E tem a ver com fé, que é algo em que se acredita sem se ver, ao contrário de São Tomé. Para se ter fé é preciso acreditar numa coisa que não se conhece, porque a partir do momento em que é conhecido deixa de ter sentido falar em fé. Mas quando se encontra esse caminho da fé, isso passa a pautar a nossa vida.

— Ter fé é um processo evolutivo, ou pode ser um clique, um instante que tudo muda?

— Ser chamado à fé pode revestir muitas formas. Há uma passagem no Evangelho, que diz que logo pela manhã estavam os trabalhadores sentados numa praça à espera que os chamassem para a labuta e afinal uns eram imediatamente convocados, outros só ao meio-dia, outros à tarde e outros à noite e no fim todos recebiam por igual. Eu interpreto essa passagem como as diferentes vias de chegar à fé. Há quem tenha sido baptizado e nunca tenha andado afastado da igreja, outros só mais tarde é que regressaram aos caminhos da fé e outros ainda só já na idade adulta receberam o baptismo.

— Como foi o seu caso?

— Foi um caso de clique. Como quase todos os miúdos do meu tempo fui baptizado, andei na catequese, fiz a primeira comunhão, fui crismado e depois... desliguei.
Dediquei-me aos estudos, ao futebol e a fé ficou, de algum modo, de lado, embora nunca tenha deixado de agradecer, rezando à noite. Isso fiz sempre. Posso, nesses tempos, ter-me afastado da igreja, mas nunca me afastei de Deus. E a fé precisa de ser alimentada, é, nesse aspecto, como a vida, porque se não comermos nem bebermos acabamos por morrer.

— Mas voltando ao seu caso...

— Ainda antes do clique que senti, costumo dizer que tive um período mais do que ligado à fé, ligado à fezada. Toda a gente sabe do que estou a falar! Quando estamos aflitos ou vamos a igreja, ou vamos a Fátima, ou colocamos uma vela para que o exame corra bem.
É uma facilidade terrível... é dar um chouriço e ficar à espera, em troca, de um porco. Quando entramos no futebol, esta fezada confunde-se amiúde com religião mas é, acima de tudo, superstição: entrar com o pé direito, com o benzer e por aí fora. Mas, neste processo de algum afastamento, nunca abandonei os princípios da igreja apostólica, católica e romana: casei pela igreja, baptizei os meus filhos e coloquei-os em colégios de matriz cristã. Ia sobretudo à igreja quando tinha casamentos e baptizados mas, como tenho cerca de 60 afilhados, posso dizer que fui lá muitas vezes.

— E o clique?

— Aconteceu durante a inauguração da clínica de um amigo meu, o Manuel Pinto Coelho. Estava lá o sacerdote - o padre Luís - que foi realizar a bênção do espaço e no fim pediu-me boleia.
No caminho falámos bastante e quando o ia deixar em casa disse-lhe que um dia gostava de conversar com maior profundidade com ele. Passados uns tempos liguei-lhe e fomos almoçar. Ofereceu-me um livro, A Fé Explicada, de 1959, autoria do padre norte-americano Leo J. Trese, porque já sabia das minhas dúvidas, especialmente aquela ideia que nos colocavam na cabeça na escola de um Deus castigador.

— O livro ajudou-o ?

— A verdade é que li o livro e ajudou-me bastante. Descobri que Deus não só não é castigador como perdoa sempre; e a gravidade daquilo que fazemos depende muito das circunstâncias e da consciência do pecado que está a ser cometido. Outra questão que me metia confusão era a da criação do Universo. Cientificamente está provado que foi através do Big Bang. Mas quem carregou no botão? E aí, para mim, a resposta só pode ser uma: Deus.

— Tudo mudou, a partir dessa conversa e desse livro?

— Comecei a ir à igreja, à eucaristia, dando expressão a uma necessidade de aproximação e entendimento. Aliás, eu sempre fora demasiado racional e queria perceber tudo. Ora, a fé não se percebe, sente-se.

— Esse clique inicial foi aprofundado?

— Sim. No dia em que fui despedido do Estoril, em 1994, um casal amigo, à noite, em minha casa, falou-me de um curso de cristandade, argumentando que se tratava de um retiro durante três dias que poderia ser bom para mim. Primeiro disse que não, mas depois, pensando melhor, porque me sentia em baixo, acabei por aceder.

— Estava mesmo a viver um grande problema?

— Reconheço hoje que aquilo que me parecia um drama pessoal, ter saído, após 20 anos, do Estoril, não tinha esse valor: eu mantinha o meu emprego de engenheiro no Hotel Palácio, a minha mulher era professora, os meus filhos estudavam e o ambiente em minha casa era bom, mas a verdade é que na altura acreditava estar perante um grande problema e três dias de retiro podiam ser interessantes. E lá fui, na expectativa de que me ajudasse a pensar, a organizar ideias, a ter uma nova perspectiva sobre o que queria da vida.

— E o que aconteceu?

— Não deixando de continuar a ser eu, com os meus defeitos e virtudes, a minha vida mudou.
Sem magias ou pozinhos de prilimpimpim, apenas encetando um relacionamento diferente com os outros. E recordando algumas coisas, por exemplo que Deus é Pai, é Filho e é Espírito Santo, que é omnipresente, que Deus está vivo em cada um de nós. Disseram-me «tu és Cristo». «Eu, Cristo?», pensei, mas em todos os baptizados Cristo é continuado.
Houve muitas coisas importantes, muitas revelações naqueles três dias.

— Quer partilhá-las connosco?

— Reflecti sobre o que Cristo disse quando Lhe perguntaram qual era o maior dos Mandamentos inscritos nas Tábuas da Lei: «O primeiro é 'Amai a Deus acima de tudo' e o segundo (q[ue não constava das leis de Moisés) é 'amai os irmãos como a vós mesmos'». Isto para mim foi marcante, esta questão de que todos somos irmãos. Mas o mais importante foi ter passado a acreditar na Ressurreição. Não tenho dúvidas nenhumas de que tudo isto é apenas uma passagem. E nada teria sentido se não fosse.
O que fazemos aqui, porque somos diferentes, porque cumprimos algumas regras morais que ninguém nos ensinou. Eu acredito que a vida, através de Cristo, venceu a morte e que há outra vida para lá da morte.

— Como é?

— Não sei. Mas sei que há. E sei que é aqui, na vida terrena, que escolhemos o caminho que depois vamos trilhar. Aliás, numa das cartas, São Paulo refere-se a este tema de forma lapidar: «Se Cristo não ressuscitou, não há fé». Ser cristão e ser católico é acreditar na Ressurreição de Cristo. Se não acreditar, então deve ser outra coisa qualquer. E há outras religiões monoteístas, que eu respeito, que acreditam que há vida depois da morte, mas obedecem a parâmetros diferentes.
Mas nesta matéria, eu até respeito aqueles que não acreditam em nada. Porém, eu já coloquei esta. questão a um amigo meu que é ateu: «Se Deus, de facto, não existe, para quê negá-lo?»

— O Deus castigador desapareceu?

— Eu não mato só porque, se o fizer, posso ir preso. Não mato porque moralmente é um acto que não devo cometer.

— Como transporta a fé para o futebol?

— Tenho comigo sempre o crucifixo que me acompanha desde 1994. Deram-mo no último dia do curso de cristandade e disseram-me, nesse momento: «Cristo conta contigo.» E eu respondi, «pode contar.» A partir desse dia o crucifixo nunca mais me abandonou para me lembrar que tenho um compromisso com Cristo, que passa, sobretudo, por tentar ser melhor na minha relação com os outros: mais fraterno, mais preocupado, mais solidário.
Porém, este processo tem de começar por mim e não pelos outros. Não quero, de uma só vez, mudar o mundo.

— Só tem de fazer a sua parte...

— Exactamente. O grande problema é que há muita gente a querer mudar o mundo e esquece-se de se mudar a si próprio.

— Mas a Igreja, por vezes, não dá os melhores exemplos...

— Pois não. Mas há uma grande diferença entre o que é a doutrina da Igreja de Cristo e os homens que a servem. E isto é válido para outras religiões, porque não conheço nenhuma que não pregue o bem. Posso dizer até que conheço pessoas boas, que vão ter na outra vida um lugar melhor do que o meu e que nunca foram à igreja.

— Assim sendo, vale a pena ir à igreja?

— Claro que sim. Ali há um caminho e se o percorrermos também lá chegaremos.

— Os problemas inter-religiosos são coisas dos homens?

— Obviamente. As várias religiões têm doutrinas e pensamentos diferentes, caminhos também diferentes: para os judeus Cristo foi apenas um profeta e aguardam ainda a vinda do Salvador, para os muçulmanos o Messias foi Maomé... mas a doutrina de todas é uma doutrina de bem.

— Pede ajuda divina para os jogos?

— Antes de fazer o curso de cristandade era capaz de pedir para ganhar um jogo e depois, ganhasse ou perdesse, já não me lembrava mais. Depois tudo mudou. Passei a fazer as minhas orações de manhã, onde entrego o meu dia a Deus, peço-lhe que me ajude no caminho, na minha relação com os outros e à noite volto a rezar, agradeço a Deus e faço uma retrospectiva do que fiz de bem e de mal.

— Então hoje em dia, antes dos jogos, qual é o seu comportamento?

Peço o mesmo que nos restantes dias. Entrego o meu trabalho a Deus e quer ganhe, quer perca, agradeço sempre a Deus.

— E como encara os erros de arbitragem que penalizam a sua equipa?

— Os árbitros são homens sujeitos ao erro. Porém, não deixam de ser erros e, como tal, passíveis de crítica, tal como os treinadores, os jogadores ou os jornalistas também podem errar. Agora não tenho o direito de atacar um árbitro, enquanto pessoa, por um erro dentro das quatro linhas.

NA PRIMEIRA LINHA DO «NÃO» NO REFERENDO À INTERRUPÇÃO VOLUNTÁRIA DA GRAVIDEZ

Sou sempre pela vida
Contra o aborto, contra a eutanásia, contra a pena de morte, sempre e sempre pela vida, eis o pensamento que Fernando Santos assume e está pronto a defender publicamente nos agitados dias que se avizinham. Um discurso que só se afasta das posições mais ortodoxas da igreja Católica na questão da contracepção, que defende.
«A vida nasce a partir da concepção e deve ser defendida», diz sem qualquer pretensão persecutória contra as mulheres que abortam.

— É em nome dos princípios que tem estado a enunciar que está a dar a cara pelo «não» no referendo à interrupção voluntária da gravidez?

— Exactamente, da mesma forma que participei no referendo anterior.

— Esta intervenção pública causa-lhe alguns engulhos em termos profissionais?

— Tenho convicções na vida e sempre pautei por elas o meu comportamento. E não tenho a mais pequena intenção de alterar este padrão comportamental. As pessoas têm de me aceitar como sou. E se sou pela vida, não faria sentido outro comportamento.

— Mas continua a haver uma realidade, incontornável, que mostra milhares de mulheres a abortar anualmente, muitas vezes sem quaisquer condições de salubridade. E há anda a questão da penalização...

— No campo do «não», ninguém quer penalizar as mulheres. O que defendemos é a vida e esta começa no momento da concepção. Da mesma forma que, em nome da defesa da vida, ou contra a pena de morte. Mas voltando à questão do aborto, atentem neste exemplo: há um indivíduo que entra num supermercado e rouba. É crime? Claro que sim. Porém, depois vem a saber-se que tem 10 filhos, tinha sido despedido no dia anterior e não tinha comida para lhes dar.
Contínua a ser crime, porém, com muitas atenuantes. E se calhar a pena não passará de um trabalho cívico. Mas o fundamental é resolver a questão social subjacente ao crime.

— A ignorância ainda é um obstáculo?

— Acredito que haja mulheres que tomam essa decisão por não terem estado, antes, suficientemente informadas. Agora dizer-lhe que está tudo bem, que podem interromper a gravidez à vontade, é que não me parece o caminho correcto, é não pensarmos na defesa da vida.

— Não há excepções?

— Haverá, quando for necessário, por razões médicas, optar entre vida do filho e a vida da mãe.

— Mas a Igreja proíbe os contraceptivos e advoga métodos ditos naturais. Concorda?

— Não sou contra o uso dos contraceptivos. Mas na própria Igreja vai existindo alguma abertura em relação a essa questão. Admito que um casal, numa determinada fase da vida, não queira avançar para uma criança. E há tantas formas de resolver, em segurança, essa opção...

— Se alguma vez se vir numa situação desesperada, aceita pedir ajuda para morrer?

— Não, nunca. Eu não pedi ajuda para nascer, também não vou pedir para morrer. O que digo é que no dia em que a morte tiver de chegar que chegue de forma rápida.
Mas se assim não for... quem tem fé acredita que o sofrimento é uma maneira de alcançar outro patamar. Nem aborto, nem eutanásia, nem pena de morte. Não há o direito de tirar a vida a alguém.

— Nem a Saddam Hussein?

— Saddam era aquilo que todos sabemos e creio que não devia fazer parte da nossa sociedade. Mas seria sempre possível encontra-lhe um destino, no cárcere, que evitasse a pena de morte. O mesmo é válido, grosso modo, para os violadores, que me metem um particular asco.

— E se um dos seus filhos fosse vítima de um acto desses, não repensaria essas convicções?

— Acredito no direito à vida. Porém, sou suficientemente humilde para, numa situação dessas, lembrar o provérbio «não digas dessa água nunca beberei.» Mas aí deixa de ser a razão e passa a ser a emoção a falar.


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terça-feira, 2 de janeiro de 2007

VIGÍLIA DE ORAÇÃO PELA VIDA

Queridos Senzas e todos os que por aqui passam,

vai haver uma vigília de oração pela vida esta 6ªfeira na igreja de Nossa Senhora do Carmo, no alto do lumiar.

Começa às 23h00 com Missa e acaba às 6hoo de sábado com laudes.
Uma noite inteira de oração!

Senzas, como é? Vamos rezar a noite toda?
Digam-me qualquer coisa, sff.
E já agora divulguem!

Bom ano para todos! Vamos começar o ano a rezar!

MacRiana

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Os SENZAS rezam?



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