"Tivemos um salino (tipo de aborto) que nasceu vivo. Eu corri para a enfermaria e pus aquilo numa encubadora. Chamei o pediatra para ajudar, mas ele negou-se. 'Isso não é um bebé. É um aborto!', ele disse." [1]
Embora o destino da criança não tenha sido revelado, é praticamente impossível que ela tenha sobrevivido sem assistência médica às lesões fatais de um aborto salino.
Num procedimento desse género, uma solução salina cáustica é injectada no útero materno, envenenando o líquido amniótico e matando o bebé no curso de algumas horas. A mulher entra em trabalho de parto para dar à luz um bebê morto. Esse método foi abandonado na década de 1990 pelo grande número de abortos mal-sucedidos e porque era perigoso para a mulher.
Foi substituído pela "dilatação e evacuação", um procedimento brutal através do qual o bebé é dilacerado com forceps e extraído pedaço por pedaço. Uma técnica similar à do envenenamento salino, que ainda é realizada hoje, consiste na injecção de digoxina directamente no coração do feto. A substância "amolece" o cadáver, tornando mais fácil rasgá-lo e retirá-lo do útero. Abortos por digoxina são geralmente feitos nos últimos dois trimestres e, às vezes, também produzem nascidos vivos.
"A única vez em que pensei sobre aborto em termos de religião foi quando vi alguns fetos e um tinha nascido vivo. Eu realmente vi um deles, e até senti o batimento do seu coração. Eu toquei-o. Era igual a um bebé, mas era muito pequeno. Era realmente lindo. Muito calmo. Na verdade, estava começando a morrer. As batidas do coração estavam a diminuir. Ele estava a ir para o Hospital Bellevue e um rapaz dizia: 'Eu não sei por que temos que levar isto para lá, já que vai morrer de qualquer maneira. Por que passar por todo esse aborrecimento?" [2]
"De acordo com cinco empregados de uma clínica de aborto, o abortista texano John Roe 109 (pseudónimo) realizava um aborto quando uma menina do tamanho de um pé (cerca de 30 cm) e com cabelo castanho claro nasceu. Eles confirmaram que o bebé se enrolava na mão de Roe e tentava respirar, enquanto ele segurava a placenta sobre o seu rosto.
Então, ele atirou o bebé em um balde de água e vários empregados confirmaram que bolhas subiram até a superfície. Eles testemunham que Roe, então, 'colocou o feto dentro de um saco plástico... que foi amarrado e colocado no fundo da sala de operações. As paredes do saco pulsavam, como se alguém estivesse a respirar dentro dele. Então, o saco parou de se mover.' Uma testemunha diz que pegou no saco no qual Roe colocou a criança e, depois, pôs o saco no congelador onde os fetos abortados eram armazenados." [3]
Abortistas descrevem as suas experiências
No artigo 'Pro-Choice 1990: Skeletons in the Closet' [Pró-Escolha 1990: Esqueletos no Armário], o ex-abortista Dr. David Brewer descreve a sua primeira participação num procedimento de aborto tardio. A operação foi feita por histerotomia, um tipo de aborto no qual o bebé é tirado da barriga da mulher, de modo similar a uma secção cesariana.
"Eu me lembro de ver o bebé a mexer-se, debaixo das membranas da bolsa, assim que a incisão cesariana foi feita, antes que o médico a rompesse. Veio-me à mente: 'Meu Deus, aquilo é uma pessoa'. Então, ele rompeu a bolsa. E quando o fez, é como se viesse uma dor ao meu coração, assim como quando eu vi o primeiro aborto por sucção. Então, ele tirou o bebé, e eu não podia tocá-lo... Não podia mais ser um assistente. Apenas fiquei ali e a realidade do que estava acontecendo finalmente começou a entrar em meu cérebro e coração endurecidos.
Eles levaram aquele bebezinho que fazia pequenos sons e se movia e chutava, e colocaram-no numa mesa, numa fria tigela de aço inoxidável. Enquanto fechávamos a incisão no útero e finalizávamos a cesariana, eu olhava e via aquele pequeno ser movendo-se naquela tigela. E ele, é claro, chutava e movia-se cada vez menos com o passar do tempo. Lembro-me de pensar e olhar para o bebé quando terminámos a cirurgia e ele ainda estava vivo. Era possível ver o seu peito movendo-se, o seu coração batendo e o bebé a tentar dar um pequeno suspiro. Aquilo realmente atingiu-me e começou a ensinar-me sobre o que o aborto realmente era." [4]
Brewer ainda realizaria mais abortos antes de eventualmente sair da indústria e se tornar um interlocutor pró-vida. Mais tarde, na sua carreira profissional, o mesmo David Brewer
presenciou o drama de outro bebé nascido vivo depois de um aborto salino:
"Uma noite, uma mulher deu à luz e eu fui chamado a comparecer e examiná-la porque estava fora de controle. Entrei na sala e ela estava a cair aos bocados, com um colapso nervoso, gritava e debatia-se. As enfermeiras estavam incomodadas porque não conseguiam trabalhar e do mesmo modo todos os outros pacientes, porque essa mulher gritava. Quando entrei, vi o seu pequeno bebé vítima de um aborto salino. Ele tinha nascido e ficou chutando e movendo-se durante um curto espaço de tempo, até finalmente morrer com aquelas terríveis queimaduras – porque a solução salina entra nos pulmões e queima-os também."
"Como a solução salina hipertónica era muito tóxica se, ao invés do saco amniótico, fosse injetada na parede do útero, havia uma constante procura pela droga perfeita. A prostaglandina tornou-se agora a droga do momento, mas um dos primeiros experimentos foicom ureia hipertónica. A maior desvantagem do seu uso era o problema dos nascidos vivos. Lembro-me de usar a solução numa paciente que os residentes da psiquiatria nos trouxeram de sua clínica (...). Nunca esquecerei quando tirei o seu bebé de cerca de 900 gramas e ouvi os seus gritos: 'O meu bebé está vivo, meu bebé está vivo!'. Ele sobreviveu durante vários dias."
Outros médicos testemunham o horror
Um médico que cuida de bebés prematuros descreve experiências que teve enquanto ainda fazia residência. Ele ajudou um médico a realizar um aborto terapêutico por histerotomia – técnica na qual o útero é removido como forma de tornar a pessoa estéril e, ao mesmo tempo, realizar um aborto.
"Eu já havia ajudado em duas outras histerotomias, uma por cancro no endométrio e outra por causa de um tumor benigno. Tinha sido ensinado durante os dois primeiros casos a 'sempre abrir o útero e examinar o seu conteúdo' antes de mandar a amostra para a patologia. Então, depois do professor ter retirado o útero, eu – ansioso por mostrar-lhe que já tinha aprendido o procedimento padrão – perguntei-lhe se queria que eu o abrisse, ao que ele respondeu: 'Não, porque o feto pode estar vivo e então estaríamos diante de um dilema ético.'" [5]
Pouco tempo depois, o mesmo médico presenciou com os seus próprios olhos um bebé nascido vivo depois de um aborto:
"Algumas semanas depois, agora no departamento de obstetrícia, eu recuperei uma bolsa de fluído intravenoso que o médico residente havia pedido. O material era para ministrar prostaglandina, uma droga que induz o útero a contrair e expelir o que tem. A paciente fez o mínimo contacto visual connosco. Algumas horas depois, eu vi o feto abortado ofegante e movendo as suas pernas numa arrastadeira, que depois foi coberta com um pano." [5]
Ele descreve um aborto por nascimento parcial realizado sem sucesso num bebé com hidrocefalia. Primeiro, ele conta o modo como o aborto seria realizado:
"O residente descreveu como ia tirar o corpo do bebé e, então, quando a cabeça estivesse presa, inserir o trocarte – um longo instrumento de metal com uma ponta afiada – através da base do crânio. Durante a fase final desse procedimento, indicou que moveria o tubo de sucção várias vezes de um lado ao outro do tronco cerebral, para garantir que o bebé nasceria morto. Vários dos pediatras residentes, incrédulos, disseram: 'Você está a brincar' ou 'Você está a inventar isso'..." [5]
Depois, descreve o resultado da operação:
"Depois, naquela tarde, o obstetra residente realizou o procedimento, mas, infelizmente, a criança nasceu com o coração a bater e alguns suspiros fracos e ofegantes. Então, o bebé foi trazido à UTI neonatal: era uma criança um pouco prematura, que pesava cerca de 2 quilos. A sua cabeça, em si, estava dilacerada. A cama estava suja de sangue e drenagem. Fiz o meu exame (nenhuma outra anomalia detectada), e anunciei a morte do bebé cerca de uma hora depois." [5]
"Aconteceu, uma vez, de eu entrar em uma sala de operações onde estavam a fazer um aborto numa gravidez avançada. Eles retiraram um pequeno bebé que era capaz de chorar e respirar, colocaram-no num balde, puseram-no no canto da sala e fingiram que ele não estava lá. Desci pelo pátio de entrada e um bebé tinha nascido prematuro – um pouco maior que o bebê que tinham colocado no balde – e eles queriam salvar esse bebé. Estavam ali cerca de 10 médicos a fazer todos os possíveis para salvar a vida daquela criança.
Quem somos nós para decidir, para escolher e descartar uns e lutar para salvar a vida de outros? A menos que solucionemos isso e entendamos que a vida é preciosa e que devemos protegê-la, não seremos capazes de proteger a liberdade."
Esses incidentes são apenas a ponta do iceberg. Não se sabe exactamente, ao longo de todos estes anos, quantas crianças nasceram vivas e morreram silenciosamente – ou foram deixadas para morrer – sem que ninguém revelasse o que lhes aconteceu.
Referências:
[1] Linda Bird Francke. The Ambivalence of Abortion. New York: Laurel, 1982. p. 53.
[2]Magda Denes. In Necessity and Sorrow: Life and Death in an Abortion Hospital. New York: Basic Books, 1976. p. 39.
[3]In Mark Crutcher. Lime 5: Exploited by Choice. Denton, Texas: Life Dynamics Incorporated, 1996.
[4]David Kuperlain; Mark Masters. Pro-Choice 1990: Skeletons in the Closet. New Dimensions, October 1990.
[5]Hanes Swingle. A Doctor's Grisly Experience With Abortion. The Washington Times, July 23, 2003. p. A-18.
adaptado de Christo Nihil Praeponere