quinta-feira, 31 de março de 2022

Exame de consciência Beneditino

 
Em geral

- Deixei de amar o Senhor Deus com todo o meu coração, toda a minha alma e todas as minhas forças, e ao meu próximo como a mim mesmo? Em caso afirmativo, de que maneiras específicas?
- Matei, cometi adultério, roubei, cobicei ou dei falso testemunho por acções ou pensamentos?
- Pequei contra a honra de alguém?
- Fiz a outro o que não teria feito a mim?
- Preferi alguma coisa, grande ou pequena, ao amor de Cristo?

Abnegação

- Tenho sido auto-indulgente em vez de negar a mim mesmo para seguir a Cristo?
- Mimei o meu corpo ou busquei uma vida delicada, em vez de castigá-lo?
- Negligenciei o jejum ou a abstinência?
- Exagerei no vinho ou outras bebidas alcóolicas, ou cheguei à gula?
- Tenho estado sonolento ou preguiçoso?
- Mergulhei nos assuntos mundanos em vez de me manter distante deles?
- Realizei os desejos da carne em vez de odiar a minha própria vontade?
- Pequei contra a castidade, modéstia ou pureza?
Caridade para com o próximo
- Deixei, quando era possível, de socorrer os pobres, vestir os nus, visitar os doentes, enterrar os mortos, ajudar nas aflições ou consolar os aflitos?
- Satisfiz a raiva ou nutri por alguém um desejo de vingança?
- Cultivei a astúcia no meu coração ou fiz alguma paz fingida?
- Deixei de dizer a verdade no coração e na boca?
- Retribuí o mal com o mal ou fiz mal a alguém?
- Senti ou demonstrei impaciência quando injustiçado?
- Odiei os meus inimigos ou qualquer homem?
- Deixei de rezar pelos meus inimigos no amor de Cristo?
- Evitei fazer as pazes com alguém?
- Fugi da perseguição por causa da justiça?
- Amaldiçoei em vez de benzer?
- Tenho sido culpado de murmuração ou depreciação?
- Tenho evitado falar muito, palavras vãs e risos desnecessários ou excessivos?
- Disse palavras más e perversas?
- Fui ciumento ou dei lugar à inveja?
- Procurei o conflito?
- Cedi à vaidade?
- Tenho sido orgulhoso?
- Deixei de reverenciar os mais velhos em Cristo?
- Não amei aqueles que são meus irmãos, dependentes ou alunos?
- De alguma ou outra forma abandonei a caridade?

Procurar primeiro o Reino de Deus

- Negligenciei a minha oração e confissão de pecados passados?
- Vacilei ao colocar minha esperança em Deus?
- Atribuí, subtil ou abertamente, o bem que vejo em mim a mim mesmo e não a Deus?
- Fugi de reconhecer o mal que fiz ou tentei culpar outra pessoa?
- Demorei a tomar as medidas necessárias para corrigir os meus pecados, negligências e falhas?
- Fui negligente ao acabar com maus pensamentos no instante em que entraram no meu coração?
- Tenho sido negligente em aplicar-me à oração frequente ou à lectio divina?
- Deixei de ter a morte diariamente diante de meus olhos, com medo do Dia do Juízo e pavor do Inferno?
- Não tenho desejado a vida eterna com todo o desejo espiritual?
- Deixei de vigiar as acções da minha vida, tendo em mente que Deus me vê em todos os lugares?
- Não procurei o conselho do meu director espiritual quando deveria?
- Escondi dele os meus maus pensamentos?
- Tenho mostrado pouca obediência aos mandamentos daqueles que são colocados em autoridade sobre mim?
- Procurei uma reputação de santidade em vez da própria santidade?
- Tenho sido negligente em cumprir todos os dias os mandamentos de Deus?
- Já desesperei da misericórdia de Deus?

Peter Kwasniewski in Life Site News


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quarta-feira, 30 de março de 2022

Ajudar os outros em vez de os julgar

Ouvi alguns falarem mal do seu próximo e repreendi-os. Para se defenderem, esses operários do mal replicaram: «É por caridade e por solicitude que falamos assim!» Mas eu respondi-lhes: Deixai de praticar tal caridade, pois estaríeis a chamar mentiroso ao que diz: «Afasto de Mim quem denigre em segredo o seu próximo» (Sl 100,5). 

Se amas essa pessoa como afirmas, reza em segredo por ela e não te rias do que faz. É essa maneira de amar que agrada ao Senhor; não percas isto de vista e esforça-te cuidadosamente por não julgar os pecadores. Judas pertencia ao número dos apóstolos e o ladrão fazia parte dos malfeitores, mas que espantosa mudança se deu nele num só instante! 

Responde, pois, ao que diz mal do seu próximo: «Pára, irmão! Eu próprio caio todos os dias em faltas mais graves; como poderei condenar essa pessoa?» Obterás assim um duplo proveito: curar-te-ás a ti mesmo e curarás o teu próximo. Não julgar é um atalho que conduz ao perdão dos pecados, pois está dito: «Não julgueis e não sereis julgados.» 

Alguns cometeram grandes faltas à vista de todos mas realizaram em segredo os maiores actos de virtude, de tal maneira que os seus acusadores se enganaram, dando atenção ao fumo sem verem o sol. Os críticos diligentes e severos caem nessa ilusão porque não guardam a memória nem a preocupação dos seus próprios pecados. 

Julgar os outros é usurpar sem vergonha uma prerrogativa divina; condená-los é arruinar a nossa própria alma. Tal como um bom vindimador come as uvas maduras e não colhe as verdes, assim também um espírito benevolente e sensato anota cuidadosamente todas as virtudes que vê nos outros; mas o insensato perscruta as faltas e as deficiências.

São João Clímaco (c. 575-c. 650), monge do Monte Sinai in 'A Escada Santa' (10.º degrau) 


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terça-feira, 29 de março de 2022

segunda-feira, 28 de março de 2022

Santa Sé fecha Mosteiro porque as monjas não eram vacinadas

A Abadessa do Mosteiro Beneditino de Santa Catarina não obrigou as suas freiras a serem vacinadas contra a Covid. Portanto, o mosteiro será fechado. Madre Catarina explica o que se passou na inusitada visita apostólica que receberam em Fevereiro:

«O visitador, Cardeal Bassetti, encontrou tudo em ordem, excepto que não estávamos vacinadas. Eu sabia da visita do Bispo mas não sabia os motivos. O decreto denuncia o meu "comportamento inadequado": deveria ter forçado as minhas irmãs a fazer algo que elas não queriam fazer, correndo o risco de uma denúncia?»

O mosteiro de Santa Catarina d'Alexandria, em Perugia, será, portanto, fechado muito em breve. Tudo estava em perfeita ordem. A única falha foi a teimosia das freiras em não serem vacinadas e a recusa da Abadessa em forçá-las a fazê-lo. Isso foi confirmado pela própria superiora:

«A visita apostólica aconteceu em meados de Fevereiro, enviámos logo em seguida o que tínhamos a dizer agora aguardamos a resposta da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada”.

-Mas quem pediu a visita?
- Eles não me disseram. Soube pelo Cardeal Bassetti, Arcebispo de Perugia.

- Quando é que descobriu?

- Fui vê-lo para assinar um documento, mas ele disse-me que não podia assinar porque havia uma visita apostólica em andamento. Fiquei atordoada. "O que é que nós fizemos?", perguntei. 

- Todas as irmãs são idosas?
- Não, não somos todas idosas.

- Tiveram Covid nesses dois anos?
- Não, sempre tivemos uma saúde excelente .

in infoCatolica


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domingo, 27 de março de 2022

Estudo inédito mostra diferenças enormes entre Católicos que vão à Missa Tradicional e à Missa Nova

O autor deste estudo celebrou durante 20 anos tanto a Missa Nova, ou Novus Ordo (NOM), como a Missa Tradicional em Latim (TLM), e observou diferenças entre as pessoas que frequentam as duas Missas. Os católicos norte-americanos que frequentam a Missa Nova foram inquiridos ​​repetidamente em termos de crenças e práticas (Pew Research e Centro de Pesquisa Aplicada no Apostolado da Universidade de Georgetown [CARA]).

No entanto, o corpo de pesquisa não parece incluir uma descrição dos católicos que frequentam a Missa Tradicional. Esses católicos participam de, pelo menos, 489 Missas dominicais, em todo o país (latinmassdir.org, 2019). Todos os Domingos, estima-se que 100 mil católicos (pouco mais de 200 fiéis por Missa) nos Estados Unidos assistem à Missa Tradicional que, antes da reforma litúrgica dos anos 70, foi celebrada na Igreja Latina durante mais de 1500 anos.

O número crescente de paróquias destinadas apenas à Missa Tradicional permite pesquisas que vão além das observações de um indivíduo. O objectivo deste estudo piloto foi medir o fruto das duas Missas, comparando directamente as respostas dos participantes da TLM e da NOM às mesmas perguntas.

Método

A pesquisa consistiu em 7 perguntas sobre as crenças e atitudes dos entrevistados. Os dados foram recolhidos entre Março de 2018 e Novembro de 2018. As pesquisas foram anónimas e só se podia responder uma vez. Em pesquisas nas igrejas foram inquiridas 1322 pessoas. O número de respostas variou (entre 1.251 e 1.322) conforme a questão em causa. A mesma pesquisa, feita online, recebeu 451 respostas.

Os inquiridos nas igrejas eram dos seguintes Estados: Arizona, Califórnia, Colorado, New Hampshire, Texas.

Os inquiridos online eram dos seguintes Estados: Connecticut, Flórida, Idaho, Kansas, Minnesota, Missouri, Pensilvânia, Nova York, Virgínia, Washington, Virgínia Ocidental.

O inquérito a pessoas que vão à Missa Tradicional foi preparado de tal modo que as perguntas feitas correspondesses a pesquisas já feitas para os católicos que vão à Missa Nova. Estes foram os tópicos:

1. Aprovação de contracepção
2. Aprovação do aborto
3. Frequência semanal da Missa
4. Aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo
5. Percentagem do rendimento doado à Igreja
6. Confissão anual entre os que vão à Missa semanal
7. Taxa de fertilidade
Análise

A sociedade moderna, segundo muitos, é a causa da diminuição da participação sacramental na Igreja Católica. No entanto, a presente pesquisa, comparada com outros dados, revela uma impressionante variação entre os católicos que frequentam a Missa Tradicional e aqueles que frequentam o Missa Nova. Estas diferenças são dramáticas ao comparar crenças, frequência à igreja, generosidade monetária e taxas de fertilidade.

É importante ressaltar que as famílias que vão à Missa Tradicional têm um tamanho de família quase 60% maior. Isto traduzir-se-á numa mudança demográfica dentro da Igreja. Os participantes da Missa Tradicional doam 5 vezes mais à Igreja, indicando que estão mais comprometidos do que os participantes da Missa Nova. A frequência da Missa dominical 4,5 vezes maior quando comparada com a percentagem dos que vão à Missa Nova, 99% daqueles e 22% destes. Isto implica um profundo compromisso com a Fé. A adesão quase universal à Missa dominical retrata os católicos que estão profundamente apaixonados pela sua Fé e não lhes passa pela cabeça faltar à Missa ao Domingo.

Pesquisa futura

Será que os jovens adultos que frequentam a Missa Tradicional têm uma maior probabilidade de se comprometerem com uma vida na Igreja? Esta questão nunca foi estudada desde o início da Missa Nova, em 1970. A pesquisa é necessária para perceber os números das vocações dos participantes da Missa Tradicional. Estudos preliminares deste autor indicam que a Missa Tradicional produz 7 a 8 vezes o número de vocações Sacerdotais e Religiosas comparando com o que vão à Missa Nova. O sacramento do Santo Matrimónio também parece ser mais popular entre os participantes da Missa Tradicional. Por fim, até que ponto a Missa Tradicional entusiasma os jovens adultos depois de terem saído de casa dos pais? Um estudo rigoroso sobre esses tópicos está planeado para 2019.

Bibliografia

1. CARA Annual Conf/Weekly Mass Feb 16, 2014 
2. CARA 2017 Mass attendance April 11, 2018 Huffington Post quoting Dr. Mark Gray
3. Catholic Philly.com Donation % May 17, 2013
4. Pew Research Catholic Fertility Rate May 12, 2015
5. Pew Research Contraception Sept 28, 2016
6. Pew Research Abortion Oct 15, 2018 
7. Relevant Magazine Donation % March 8, 2016
8. Daily Wire Same sex marriage July 2, 2017

Autor do Estudo

Fr. Donald Kloster - St. Mary’s Catholic Church, Norwalk, Connecticut, USA.
revfrkloster@yahoo.com

in liturgyguy
Tradução: Senza Pagare


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sábado, 26 de março de 2022

Apostolado Courage: Fé Católica e "homossexualidade"



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Como se Matam Anjos

 
1. Quando cursava Teologia na Universidade Católica Portuguesa (UCP) assisti a um ciclo de conferências sobre a oração. Uma das palestras foi proferida pelo padre Bragança, um ilustre Professor de Liturgia e de Patrologia. A determinada altura como estivesse citando uma oração de Orígenes que continha uma referência aos Anjos, interrompeu a leitura da mesma, abrindo um parêntesis, para dizer: “bem, os Anjos já não existem; ou melhor mataram-nos…”. Como estalasse uma gargalhada geral provocada pela ironia evidente, dirigida a alguns exegetas e teólogos modernos, o padre Bragança continuou: “os senhores riem-se, mas eu tenho pena. Escusávamos de mentir na Missa quando rezamos ‘os Anjos e os santos proclamam a Vossa glória, etc.’”. E prosseguiu imperturbável a sua exposição. A circunstância de aquela admonição ter sido feita em forma de zombaria não obstou, porém, a que a seriedade da advertência fosse compreendida.

2. A primeira vez a que assisti à matança dos Anjos foi numa aula de Sagrada Escritura sobre o Antigo Testamento. Dos cumes da sua ciência e erudição o professor, um sacerdote, explicava, a nós ignaros, que os Anjos não existiam porque havia referências aos mesmos em textos religiosos do médio oriente anteriores à Bíblia. Foi nessa altura que eu compreendi, com a evidência de uma revelação, que as árvores, as montanhas e o mar também não existiam, pois todas essas realidades eram descritas nos mesmos ou semelhantes textos sagrados.

Mais tarde, um outro sacerdote (daqueles que já leram várias toneladas de livros) que nos ensinava Sinópticos (os Evangelhos segundo Mateus, Marcos e Lucas) decretou que os Anjos eram géneros literários ou recursos da retórica. De modo que, a partir daquele dia alguns seminaristas, cépticos, chalaceavam entre si modificando as palavras do Anjo, no Evangelho de Lucas, “não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus” em “não temas, Maria, pois sou uma figura de estilo”. Os Anjos não seriam pois mais do que uma Fada Boa ou Bruxa Má dos contos dos tempos antigos, sendo que a primeira figura os Anjos bons e a segunda os demónios, anjos caídos.

Já ordenado padre assisti também a prelecções de outros presbíteros que afirmavam peremptoriamente que os Anjos não eram mais do que estados da nossa consciência, projecções fantasmáticas da nossa subjectividade, subtilezas do nosso mundo interior e outras abstrusões semelhantes. Teríamos, portanto, o Anjo reduzido ao superego de Freud.

3. De onde virá esta sanha persecutória aos Anjos é para mim não só um enigma, mas mesmo um mistério, um mistério incluído no Mistério da Iniquidade.

4. S. Francisco de Assis teve sempre uma grande devoção aos Anjos e fundou a sua Ordem precisamente na Igreja da Santa Maria dos Anjos. Esta veneração ardente dos franciscanos pelos mesmos perdurou através dos séculos até há bem pouco tempo. Eu, ainda, tive a graça de ter feito os meus votos solenes no dia dos Arcanjos S. Miguel, S. Gabriel e S. Rafael (29 de Setembro) e desde a minha meninice me foi ensinada a devoção ao Anjo da Guarda.

Ora a existência dos Anjos e dos demónios, como pessoas puramente espirituais, foi declarada solenemente como uma Verdade de Fé (um Dogma) no Concílio Latrão IV, em 1215. A Igreja Mestra da Verdade (Concílio Vaticano II, Dignitatis humanae, 14) raramente recorre a estas declarações solenes. Percebe-se porquê, a relação da Igreja com os seus fiéis é como a de uma mãe com os seus filhos. E seria absurdo um filho sempre que a mãe lhe ensina alguma coisa perguntar insistentemente se jura que é verdade (a comparação é do, então, Cardeal Ratzinger). O normal é acreditar na mãe e aceitar o que ela diz. No entanto, por vezes há circunstâncias em que pela sua importância ou pelos perigos para a Fé que podem advir se torna conveniente ou necessário sublinhar solenemente uma verdade para que termine toda e qualquer querela ou logomaquia. A não-aceitação ou rejeição, a sabendas, por parte de um católico de um Dogma de Fé é um crime de heresia, o qual implica a excomunhão do mesmo.

4. O Catecismo da Igreja Católica ensina: «A existência dos seres espirituais, não corporais, a que a Sagrada Escritura habitualmente chama anjos, é uma verdade de fé. O testemunho da Escritura é tão claro como a unanimidade da Tradição. Santo Agostinho diz a respeito deles: “… Desejas saber o nome da natureza? Espírito. Desejas saber o do ofício? Anjo. Pelo que é, é espírito; pelo que faz, é anjo (anjo = mensageiro)”. Com todo o seu ser, os anjos são servos e mensageiros de Deus. … Enquanto criaturas puramente espirituais, são dotados de inteligência e vontade: são criaturas pessoais e imortais. Excedem em perfeição todas as criaturas visíveis. O esplendor da sua glória assim o atesta.». (Catecismo da Igreja Católica, 328-330).

Padre Nuno Serras Pereira


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sexta-feira, 25 de março de 2022

Explicação do Angelus

A oração do Angelus é uma meditação a respeito do Natal, feita através de três pontos essenciais, com muita brevidade. Ela é eminentemente lógica e bem construída. Porém, em todas as coisas da Igreja, por cima de uma estrutura lógica e coerente, resplandece um universo de imponderáveis de unção e sacralidade que é uma verdadeira beleza, e que formam um todo com essa estrutura lógica e racional.

Vejamos como é a História do Natal no Angelus:

1º ponto: O Anjo do Senhor anunciou a Maria, e Ela concebeu do Espírito Santo;
2º ponto: Eis aqui a Escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a Vossa vontade;
3º ponto: O Verbo Divino encarnou e habitou entre nós.

São três aspectos do Natal. O primeiro glorifica a mensagem angélica. O segundo, a atitude de Nossa Senhora de inteira obediência a essa mensagem. O terceiro glorifica o facto do Verbo não só ter encarnado, mas ter habitado entre nós.

Nestes três pontos está condensada toda a História do Natal de uma forma tão sintética, breve, lógica e densa, que não se devia acrescentar nada. Cada ponto é seguido da recitação de uma Ave-Maria, que é uma glorificação de Nossa Senhora, por esse aspecto daquela verdade que o Anjo anunciara.

Este é o mais importante acontecimento da História da Humanidade. E a maior honra para o género humano é o Verbo ter encarnado e habitado entre nós. Por isso, tornou-se hábito na piedade católica recitar o Angelus pela aurora, ao meio-dia e depois, pelo crepúsculo.

Nas três etapas principais do dia, repetir essas verdades e louvar Nossa Senhora a respeito delas, pedindo-lhe graças a propósito dessas verdades. Como é bonito o Angelus rezado pela manhã, ao meio-dia e no fim do trabalho, às 6 horas da tarde! 

Tem-se a impressão de um vitral que vai mudando de colorido, o Angelus também vai mudando de matizes: como é diferente o Angelus rezado ao meio-dia, quando o ritmo de trabalho é intenso, e o Angelus rezado no crepúsculo, quando tudo se reveste de uma suavidade, de uma espécie de começo de recolhimento. A Igreja criou esta jóia que é o Angelus promove-a nas várias horas do dia, para tirar dela toda a beleza.

As coisas católicas são todas construídas na Fé com uma espécie de instincto do Espírito Santo para serem bem feitas. Nelas encontra-se um mundo de harmonias.

No Angelus há a harmonia admirável entre a maior clemência, simplicidade, profundeza de conceitos, e uma beleza indefinível que tem enfeites poéticos, literários, que não entram em choque com a Fé, mas, pelo contrário, são um complemento dela.

Imaginem se o Angelus tivesse sido encomendado por um ministro ou presidente da República: decreto nº X mil e tanto: compunha-se uma oração para ser recitada de manhã, ao meio-dia e à tarde de todos os dias, todos os anos, todos os séculos. Viria uma oraçãozinha relâmpago, com um disparate qualquer, vazio, seco. Poderia aparecer tudo, mas não apareceria o Angelus.

Falta ao Homem de hoje essa plenitude de espírito por onde as coisas se ordenam na linha da lógica, da coerência, da beleza com tanta naturalidade que a gente nem percebe o que está por detrás disso, por ser tão bem pensado, bem sentido, bem realizado, bem rezado e, sobretudo, bem acreditado. 

Procuremos, então, o espírito da Igreja Católica em todas as coisas da vida. Dos bons tempos da Igreja, da Tradição da Igreja. E sujeitando tais coisas a uma análise racional, saem sóis de dentro, saem belezas umas após as outras, que é, exatamente, a riqueza inexaurível do espírito católico. Desse modo, qualquer coisa simples se mostra uma verdadeira maravilha.

O Angelus rezado pelo camponês, pelo padre, pelo cruzado, pelo guerreiro da Reconquista da Espanha, pelo trapista: cada um dá um dos mil coloridos de um vitral. É tão simples, tão fácil, tão normal que, por isso mesmo, é uma verdadeira jóia.

Isto deve levar-nos a ser cada vez mais devotos do Angelus - não o omitindo em nenhuma ocasião - lembrá-lo na nossa oração matinal, lembrando de tudo quanto existe no Angelus.

Plinio Corrêa de Oliveira


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quinta-feira, 24 de março de 2022

Visita do Seminário de Wigratzbad (FSSP) à Abadia de N.S. da Assunção em Fürstenfeldbruck
















Fotografias: fsspwigratzbad.blogspot.com


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Festa de São Gabriel Arcanjo

O grande Mensageiro da Encarnação do Verbo Divino foi quem designou ao Profeta Daniel o tempo, a Zacarias o nascimento, e a Maria Santíssima a sua escolha para Mãe do Redentor do mundo. Eis por que na véspera da Anunciação celebramos a festa deste Arcanjo.

Nos primeiros séculos do Cristianismo, o Arcanjo Gabriel não era honrado com um culto especial. No século IX aparece o seu nome na lista dos santos, unido à festa da Anunciação, mais precisamente, na véspera desta, 24 de Março. A sua festa, por particular concessão da Santa Sé, era celebrada nos Reinos da Espanha antes que esta celebração fosse estendida a toda a Igreja, por Bento XV, em princípios do séc. XX. 

São Gabriel pode ser considerado como o Anjo da Redenção, pois aparece a cada instante para preparar o caminho da vinda do Redentor. Assim, foi ele que anunciou a Daniel o tempo que faltava para a vinda do Messias e a Sua morte na Cruz (Dan 9, 24-26). Depois, anunciou a São Zacarias o nascimento daquele que seria o Precursor do Salvador, como foi dito. Recebeu a insigne missão de participar a Maria Santíssima ter sido Ela escolhida para Mãe do Verbo de Deus encarnado, anunciando-Lhe o mistério da Encarnação. 

Segundo muitos, foi ele que apareceu aos pastores comunicando-lhes o nascimento do Salvador, e em sonhos a São José recomendando-lhe que fugisse para proteger o Menino do ódio de Herodes. Segundo outros, foi ele também que confortou a humanidade santíssima de Cristo na Sua agonia. 

Anjo da Encarnação e da Consolação, na tradição cristã, Gabriel é sempre o Anjo da clemência enquanto Miguel é antes o Anjo do julgamento. Ao mesmo tempo, na Bíblia, Gabriel é, de acordo com o seu nome, o Anjo do Poder de Deus, e é de se notar a frequência com que palavras como grande, poderoso, e forte, aparecem nas passagens a ele referidas...

Plinio Maria Solimeo in 'O Livro dos Três Arcanjos'

Oração a São Gabriel Arcanjo

Vós, Anjo da encarnação, mensageiro fiel de Deus, abri os nossos ouvidos para que possam captar até as mais suaves sugestões e apelos de graça emanados do coração amabilíssimo de Nosso Senhor. Nós vos pedimos que fiqueis sempre junto de nós para que, compreendendo bem a Palavra de Deus e as Suas inspirações, saibamos obedecer-lhe, cumprindo docilmente aquilo que Deus quer de nós. Fazei que estejamos sempre disponíveis e vigilantes. Que o Senhor, quando vier, não nos encontre a dormir! Amém.


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terça-feira, 22 de março de 2022

A mística portuguesa a quem Jesus pediu a Consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria

ALEXANDRINA MARIA DA COSTA nasceu em Balasar, Póvoa de Varzim, Arquidiocese de Braga, no dia 30 de Março de 1904, e foi baptizada no dia 2 de Abril, Sábado Santo. Foi educada cristãmente pela mãe, junto com a irmã Deolinda. Alexandrina viveu em casa até aos 7 anos. Depois foi para uma pensão dum marceneiro na Póvoa de Varzim a fim de frequentar a escola primária que não existia em Balasar. Fez a primeira comunhão na sua terra natal em 1911 e no ano seguinte recebeu o sacramento da Crisma pelo Bispo do Porto.

Passados 18 meses, voltou a Balasar e foi morar com a mãe e a irmã na localidade do “Calvário”, onde irá permanecer até à morte.

Robusta de constituição física, começou a trabalhar nos campos, equiparando-se aos homens e a ganhar o mesmo que eles. A sua infância foi muito viva: dotada de temperamento feliz e comunicativo, era muito querida pelas colegas. Aos 12 anos, porém, adoeceu: uma grave infecção (uma febre tifóide, talvez) colocou-a quase à morte. Superou a doença, mas a sua saúde ficou abalada para sempre.

Aos 14 anos aconteceu um facto que seria decisivo para a sua vida.

Era Sábado Santo de 1918. Nesse dia, ela, a irmã Deolinda e mais uma mocinha aprendiz, estavam a trabalhar de costura, quando perceberam que três homens tentavam a entrar na sala onde se encontravam. Embora estivessem fechadas, os três homens forçaram as portas e conseguiram entrar. Alexandrina, para salvar a sua pureza ameaçada, não hesitou em atirar-se pela janela, de uma altura de quatro metros. As consequências foram terríveis, embora não imediatas. De facto, as várias visitas médicas a que foi sucessivamente submetida diagnosticaram, cada vez com maior clareza, um facto irreversível.

Até aos 19 anos pôde ainda arrastar-se até a igreja, onde gostava de ficar recolhida, com grande admiração das pessoas. A paralisia foi avançando cada vez mais, até que as dores se tornaram insuportáveis; as articulações perderam qualquer movimento; e ela ficou completamente paralisada. Era o dia 14 de abril de 1925 quando Alexandrina ficou definitivamente de cama. Ali haveria de passar os restantes 30 anos de sua vida.

Até 1928 não deixou de pedir a Deus, por intercessão de Nossa Senhora, a graça da cura, prometendo que se sarasse partiria para as missões. Depois compreendeu que a sua vocação era o sofrimento. Abraçou-a prontamente. Dizia: “Nossa Senhora concedeu-me uma graça ainda maior. Depois da resignação deu-me a conformidade completa à vontade de Deus e, por fim, o desejo de sofrer”.

São desse período os primeiros fenómenos místicos: Alexandrina iniciou uma vida de grande união com Cristo nos Tabernáculos, por meio de Nossa Senhora. 

Um dia em que estava só, veio-lhe improvisamente este pensamento: “Jesus, tu és prisioneiro no Tabernáculo. E eu por tua vontade prisioneira na minha cama. Far-nos-emos companhia”. Desde então começou a primeira missão: ser como a lâmpada do Tabernáculo. Passava as noites como em peregrinação de Tabernáculo em Tabernáculo. Em cada Missa oferecia-se ao Eterno Pai como vítima pelos pecadores, junto com Jesus e segundo as suas intenções.

Quanto mais clara se tornava a sua vocação de vítima tanto mais crescia nela o amor ao sofrimento. Comprometeu-se com voto a fazer sempre o que fosse mais perfeito.

De sexta-feira, 3 de Outubro de 1938 a 24 de Março de 1942, ou seja por 182 vezes, viveu, em todas as sextas-feiras, os sofrimentos da Paixão: Alexandrina, superando o estado habitual de paralisia, descia da cama e com movimentos e gestos, acompanhados de angustiantes dores, repetia, por três horas e meia, os diversos momentos da Via Crucis.

“Amar, sofrer, reparar” foi o programa que o Senhor lhe indicou. Desde 1934, a convite do padre jesuíta Mariano Pinho, que a dirigiu espiritualmente até 1941, Alexandrina punha por escrito tudo quanto, vez por vez, lhe dizia Jesus.

Em 1936, por ordem de Jesus, pediu ao Santo Padre, através do P. Pinho, a consagração do mundo ao Coração Imaculado de Maria. Este pedido foi renovado várias vezes até 1941, pelo que a Santa Sé interrogou três vezes o Arcebispo de Braga a respeito de Alexandrina. No dia 31 de Outubro de 1942, Pio XII consagrou o mundo ao Coração Imaculado de Maria com uma mensagem transmitida de Fátima em língua portuguesa. Este acto foi repetido em Roma na Basílica de São Pedro no dia 8 de Dezembro do mesmo ano de 1942.

Depois de 27 de Março de 1942, Alexandrina deixou de se alimentar, vivendo exclusivamente da Eucaristia. Em 1943, por quarenta dias e quarenta noites, foram rigorosamente controlados por médicos o jejum absoluto e a anúria, no hospital da Foz do Douro, no Porto.

Em 1944, o novo director espiritual, P. Umberto Pasquale, salesiano, após constatar a profundidade espiritual a que tinha chegado, animou Alexandrina a continuar a ditar o seu diário; fê-lo com espírito de obediência até à morte. No mesmo ano de 1944 Alexandrina inscreveu-se na União dos Cooperadores Salesianos. E quis pôr o seu diploma de Cooperadora «em lugar bem visível a fim de o ter sempre debaixo dos olhos» e colaborar com o seu sofrimento e as suas orações para a salvação das almas, sobretudo juvenis. Rezou e sofreu pela santificação dos Cooperadores Salesianos de todo o mundo.

Apesar dos sofrimentos, continuava a dedicar-se aos problemas dos pobres, do bem espiritual dos paroquianos e de muitas outras pessoas que a ela recorriam. Promoveu em sua paróquia tríduos e horas de adoração.

Especialmente nos últimos anos de vida, muitas pessoas, vindas de longe, atraídas pela fama de santidade, visitavam-na; muitas atribuíam a própria conversão aos seus conselhos.

Em 1950, Alexandrina festejou o 25º ano de sua imobilidade. E em 7 de Janeiro de 1955 foi-lhe preanunciado que aquele seria o ano da sua morte. De facto, dia 12 de Outubro quis receber a unção dos enfermos. E dia 13, aniversário da última aparição de N. Sra. de Fátima, ouviram-na exclamar: “Sou feliz porque vou para o céu”. Às 19h30 expirou.

Sobre a sua campa podem ler-se estas palavras por ela tão desejadas:
“Pecadores, se as cinzas do meu corpo puderem ser úteis para a vossa salvação, aproximai-vos: passai todos por cima delas, pisai-as até desaparecerem, mas não pequeis mais! Não ofendais mais o nosso Jesus! Pecadores, queria dizer-vos tantas coisas. Não bastaria este grande cemitério para escrevê-las todas! Convertei-vos! Não queirais perder a Jesus por toda a eternidade! Ele é tão bom!... Amai-O! Amai-O! Basta de pecar!”.

É a síntese da sua vida gasta exclusivamente para salvar as almas. No Porto, na tarde do dia 15 de Outubro, os vendedores de flores viram-se sem nenhuma flor branca: todas tinham sido vendidas para a homenagem floral a Alexandrina, que tinha sido a rosa branca de Jesus. 

in vatican.va


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"Bispo" Anglicano ordenado Sacerdote Católico

Jonathan Goodall, "Bispo" convertido do Anglicanismo ao Catolicismo, foi ordenado sacerdote católico pelo Cardeal Vincent Nichols na Catedral de Westminster (Londres).

As ordens sacerdotais anglicanas são consideradas inválidas pela Igreja Católica, por isso tanto os seus "sacerdotes" como os seus "Bispos" são leigos.










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segunda-feira, 21 de março de 2022

Vida Beneditina no Mosteiro de Silverstream (Irlanda)



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Dia de São Bento, Padroeiro da Europa

Do prólogo da regra de São Bento: 

É preciso preparar os nossos corações e os nossos corpos para militar na santa obediência dos preceitos. E em tudo aquilo que a nossa natureza tiver menores possibilidades, roguemos ao Senhor que ordene à Sua graça que nos preste auxílio. E se, fugindo das penas do inferno, queremos chegar à vida eterna, enquanto é tempo e ainda estamos neste corpo e é possível realizar todas estas coisas no decorrer desta vida, cumpre correr e agir, agora, de forma que nos aproveite para sempre.

Devemos, pois, constituir uma escola de serviço do Senhor. Nesta instituição esperamos nada estabelecer de áspero ou de pesado. Mas se aparecer alguma coisa um pouco mais rigorosa, ditada por motivo de equidade, para emenda dos vícios ou conservação da caridade, não fujas logo, tomado de pavor, do caminho da salvação, que nunca se abre senão por estreito início.

Mas, com o progresso da vida monástica e da fé, dilata-se o coração e com inenarrável doçura de amor é percorrido o caminho dos mandamentos de Deus. De modo que não nos separando jamais do Seu magistério e perseverando no mosteiro, sob a sua doutrina, até a morte, participemos, pela paciência, dos sofrimentos do Cristo a fim de também merecermos ser co-herdeiros do seu reino. 


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domingo, 20 de março de 2022

Esta carta circula entre os Cardeais tendo em vista a eleição do próximo Papa

Desde o início da Quaresma, este memorando passou de mão em mão entre os Cardeais que elegerão o futuro Papa. O seu autor, que assina com o nome de Demos, "povo" em grego, é desconhecido, mas com certeza é um especialista no assunto. Não se pode excluir que seja ele próprio um Cardeal:

O VATICANO HOJE

Comentaristas de todas as escolas, embora por razões diferentes, com a possível excepção do padre Spadaro, SJ, concordam que este pontificado é um desastre sob muitos aspectos, uma catástrofe.

1. O sucessor de São Pedro é a rocha sobre a qual está edificada a Igreja, grande fonte e causa da unidade mundial. Historicamente, a partir de Santo Irineu, o Papa e a Igreja de Roma desempenharam um papel único na preservação da tradição apostólica, a regra da fé, em assegurar que as Igrejas continuassem a ensinar o que Cristo e os apóstolos tinham ensinado. Anteriormente o lema era: “Roma locuta. Causa finita est.” [Roma falou, a discussão acabou]. Hoje é: “Roma loquitur. Confusio augetur.” [Roma falou, a confusão aumentou].

(A) O sínodo alemão fala de homossexualidade, de mulheres sacerdotes, de comunhão para os divorciados e recasados. Mas o papado está em silêncio.

(B) O Cardeal Hollerich rejeita o ensino cristão sobre a sexualidade. E o papado está em silêncio. Isso é duplamente significativo, porque o Cardeal é explicitamente herético; não usa palavras em código ou alusões. Se o Cardeal continuar sem uma correção romana, isso representará outra profunda ruptura na disciplina, com pouco (ou nenhum?) precedente na História. A Congregação para a Doutrina da Fé deve agir e falar.

(C) O silêncio é ainda mais evidente, quando colide com a perseguição activa contra os mosteiros tradicionalistas e contemplativos

2. A centralidade de Cristo nos ensinamentos está enfraquecida; Cristo foi deslocado do centro. Às vezes, Roma parece até confusa sobre a importância de um monoteísmo rigoroso, aludindo a um certo conceito mais amplo de divindade; não precisamente panteísmo, mas como uma variante do panteísmo hindu.

(A) Pachamama é idolatria, embora talvez não tenha sido inicialmente entendida como tal.

(B) As freiras contemplativas são perseguidas e são feitas tentativas para mudar os ensinamentos dos carismas (das fundações religiosas).

(C) A herança cristocêntrica de São João Paulo II em matéria de fé e moral é objecto de ataques sistemáticos. Muitos professores do Instituto Romano para a Família foram demitidos; a maioria dos alunos foi embora. A 'Accademia per la Vita' está em séria desordem; por exemplo, alguns dos seus membros apoiaram recentemente o suicídio assistido. As Academias Pontifícias  têm membros e oradores convidados que apoiam o aborto.

3. A falta de respeito pela lei no Vaticano corre o risco de se tornar um escândalo internacional. Esses problemas tornaram-se claros no julgamento a decorrer, no Vaticano, de 10 réus acusados ​​de negligência financeira, mas o problema é mais antigo e mais amplo.

(A) O Papa mudou a lei 4 vezes durante o julgamento, para ajudar a acusação.

(B) O Cardeal Becciu não foi tratado com justiça porque foi destituído do cargo e destituído da sua dignidade de Cardeal sem qualquer prova. Ele não teve um julgamento justo. Todos têm direito a um julgamento justo.

(C) Como chefe do Estado do Vaticano e fonte de toda autoridade legal, o Papa usou esse poder para interferir nos processos judiciais.

(D) Às vezes, se não frequentemente, o Papa governa com decretos pontifícios, motu proprio, que eliminam o direito de recurso por parte dos visados.

(E) Muitos funcionários, muitas vezes sacerdotes, foram demitidos às pressas da cúria vaticana, muitas vezes sem uma boa razão.

(F) As escutas telefónicas acontecem rotineiramente. Não sei quantas vezes isso terá sido autorizado.

(G) No julgamento em Inglaterra contra Torzi, o juiz criticou fortemente os promotores do Vaticano. Que são incompetentes e/ou condicionados, impedindo-os de fornecer o quadro completo.

(H) A invasão da gendarmaria do Vaticano sob o comando do Dr. Giani em 2017, no escritório do auditor Libero Milone em território italiano, foi provavelmente ilegal e, em qualquer caso, intimidadora e violenta. As provas contra Milone podem ter sido fabricadas.

4. (A) A situação financeira do Vaticano é terrível. Pelo menos nos últimos dez anos quase sempre houve déficits financeiros. Antes do COVID, estes défices rondavam os 20 milhões de euros por ano. Nos últimos três anos foram cerca de 30-35 milhões de euros por ano. Os problemas remontam a antes do Papa Francisco e do Papa Bento XVI.

(B) O Vaticano está com um grande déficit no seu fundo de pensões. Por volta de 2014, os especialistas da COSEA estimaram que até 2030 o déficit poderia chegar a 800 milhões de euros. Isso foi antes do COVID.

(C) Calcula-se que o Vaticano tenha perdido 217 milhões de euros no prédio da Sloane Avenue, em Londres. Na década de 1980, o Vaticano foi forçado a desembolsar 230 milhões de dólares após o escândalo do Banco Ambrosiano. Devido à ineficiência e corrupção, o Vaticano perdeu pelo menos mais 100 milhões de euros nos últimos 25-30 anos, e provavelmente vários mais, talvez 150-200 milhões.

(D) Apesar da recente decisão do Santo Padre, os processos de investimento não foram centralizados (como recomendado pelo COSEA em 2014 e tentado pelo Ministério da Economia em 2015-16) e continuam sem aconselhamento especializado. Durante décadas, o Vaticano teve que lidar com financeiros de má reputação, evitados por todos os banqueiros respeitados em Itália.

(E) O desempenho das 5261 propriedades do Vaticano permanece incrivelmente baixo. Em 2019, o retorno médio (antes do COVID) foi de quase 4500 dólares por casa por ano. Em 2020 foram 2900 euros por casa.

(F) A papel instável do Papa Francisco nas reformas financeiras (progressos incompletos mas substanciais na redução da criminalidade mas muito menos bem sucedidos, exceto no IOR, em termos de rentabilidade) é um mistério e um enigma.

Inicialmente, o Santo Padre apoiou fortemente as reformas. Depois impediu a centralização dos investimentos, opôs-se às reformas e à maioria das tentativas de expor a corrupção e apoiou (nessa altura) o arcebispo Becciu, no centro do estabelecimento financeiro do Vaticano. Então, em 2020, o Papa voltou-se contra Becciu e, por fim, 10 pessoas foram julgadas e acusadas. Ao longo dos anos, poucos processos criminais foram instaurados com base em relatórios de violações da FIA.

Os auditores Price Waterhouse and Cooper foram demitidos e o auditor geral Libero Milone foi forçado a renunciar em 2017 segundo acusações inventadas. Eles estavam chegando muito perto da corrupção na Secretaria de Estado.

5. A influência política do Papa Francisco e do Vaticano é insignificante. Intelectualmente, os escritos papais mostram um declínio dos níveis de São João Paulo II e do Papa Bento. As decisões e políticas são muitas vezes “politicamente correctas”, mas houve falhas graves na defesa dos direitos humanos na Venezuela, Hong Kong, China continental e agora na invasão russa.

Não houve apoio público aos fiéis católicos da China, que são perseguidos implacavelmente pela sua lealdade ao papado há mais de 70 anos. Não há apoio público do Vaticano à comunidade católica ucraniana, especialmente os católicos gregos.

Estas questões devem ser revistas pelo próximo Papa. O prestígio político do Vaticano está, neste momento, num nível baixo.

6. A um nível diferente, menor, a situação dos tradicionalistas tridentinos (católicos) deve ser regularizada.

A um nível ainda menor, as Missas “privadas” e com pequenos grupos devem ser novamente permitidas pela manhã na Basílica de São Pedro. Neste momento, esta grande Basílica de manhã parece um deserto.

A crise do COVID encobriu o declínio acentuado no número de peregrinos que frequentam as audiências e as Missas papais.

O Santo Padre tem pouco apoio entre os seminaristas e os jovens sacerdotes e há uma ampla desfiliação na cúria vaticana.

O próximo Conclave

1. O Colégio dos Cardeais foi enfraquecido por nomeações excêntricas e não se reuniu novamente desde a rejeição das posições do Cardeal Kasper no consistório de 2014. Muitos Cardeais são estranhos uns aos outros, acrescentando uma nova dimensão de imprevisibilidade ao próximo conclave.

2. Depois do Vaticano II, as autoridades católicas subestimaram muitas vezes o poder hostil da secularização, do mundo, da carne e do diabo, especialmente no mundo ocidental, e superestimaram a influência e a força da Igreja Católica.

Estamos mais fracos do que há 50 anos e há muitos factores que fogem ao nosso controle, pelo menos a curto prazo, por exemplo, a diminuição do número de fiéis, a frequência da Missa, o desaparecimento ou extinção de muitas Ordens Religiosas.

3. O Papa não precisa ser o melhor evangelizador do mundo, nem uma força política. O sucessor de Pedro, como chefe do colégio dos bispos, que são também os sucessores dos apóstolos, tem um papel fundamental na unidade e na doutrina. O novo Papa deve compreender que o segredo da vitalidade cristã e católica vem da fidelidade aos ensinamentos de Cristo e às práticas católicas. Não vem da adaptação ao mundo ou ao dinheiro.

4. As primeiras tarefas do novo Papa serão o restabelecimento da normalidade, o restabelecimento da clareza doutrinal na fé e na moral, o restabelecimento do devido respeito pela Lei e pela uma garantia de que o primeiro critério para a nomeação de Bispos é a aceitação da tradição apostólica. A competência e a cultura teológica são uma vantagem, não um obstáculo, para todos os Bispos e especialmente para os Arcebispos.

Estes são os fundamentos necessários para viver e pregar o Evangelho.

5. Se as reuniões sinodais continuarem, em todo o Mundo, consumirão muito tempo e dinheiro, provavelmente desviando energias da evangelização e do serviço em vez de se focar nessas actividades essenciais.

Se a autoridade doutrinal for dada a sínodos nacionais ou continentais, teremos um novo perigo para a unidade da Igreja mundial, pois, por exemplo, a Igreja alemã já tem posições doutrinais que não são compartilhadas por outras Igrejas e não são compatíveis com o tradição apostólica.

Se não houver a correcção romana a tais heresias, a Igreja ficará reduzida a uma frouxa federação de Igrejas locais, com visões diferentes, provavelmente mais próximas de um modelo anglicano ou protestante do que ortodoxo.

Uma das primeiras prioridades do próximo Papa deve ser eliminar e prevenir esse desenvolvimento tão perigoso, exigindo unidade no essencial e não permitindo diferenças doutrinais inaceitáveis. A moralidade da actividade homossexual será um desses pontos críticos.

6. Embora os jovens clérigos e seminaristas sejam quase todos ortodoxos, às vezes bastante conservadores, o novo Papa terá que estar ciente das mudanças substanciais que ocorreram na liderança da Igreja desde 2013, talvez especialmente na América do Sul e Centro. Há um novo salto no avanço dos protestantes "liberais" na Igreja Católica.

É improvável que um cisma venha da esquerda, onde muitas vezes não há drama sobre questões doutrinárias. É mais provável que um cisma venha da direita e é sempre possível que isso aconteça quando as tensões litúrgicas aumentam e não são desarmadas.

Unidade nas coisas essenciais. Diversidade nas não essenciais. Em tudo Caridade.

7. Apesar do seu perigoso declínio no Ocidente e da sua inerente fragilidade e instabilidade em muitos lugares, a viabilidade de uma visita apostólica à Ordem dos Jesuítas deve ser seriamente considerada. O seu declínio numérico é catastrófico, tendo passado de 36 mil membros durante o Concílio para menos de 16 mil em 2017 (com provavelmente 20-25% deles com mais de 75 anos). Em alguns lugares, há também um declínio moral catastrófico.

A Ordem é altamente centralizada, passível de ser reformada ou arruinada de cima para baixo. O carisma e a contribuição dos jesuítas foram, e são, tão importantes para a Igreja que não podem simplesmente desaparecer da História ou simplesmente serem reduzidos a uma comunidade afro-asiática.

8. O declínio desastroso do número de católicos e a expansão dos protestantes na América do Sul devem ser abordados. Isto foi muito pouco mencionado no Sínodo da Amazónia.

9. Obviamente, muito trabalho precisa ser feito nas reformas financeiras do Vaticano, mas este não deve ser o critério mais importante na escolha do próximo Papa.

O Vaticano não tem grandes dívidas, mas os déficits anuais contínuos acabarão por levá-lo à falência. É óbvio que serão tomadas medidas para remediar isso, para separar do Vaticano os cúmplices criminosos e equilibrar receitas e despesas. O Vaticano terá que demonstrar competência e integridade para atrair doações consistentes de modo a ajudar a resolver este problema.

Apesar de procedimentos aprimorados e maior transparência, as dificuldades financeiras contínuas são um grande desafio, mas são muito menos importantes do que os perigos espirituais e doutrinários que a Igreja deve enfrentar, especialmente no Primeiro Mundo.

Demos



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