terça-feira, 31 de outubro de 2023

O Céu não é apenas um estado mas também um lugar

Fresco de Andrea Pozzo, c. 1685; Igreja de Santo Inácio de Loyola, Campo Marzio (Roma).

Céu significa o lugar e, especialmente a condição, de suprema bem-aventurança (felicidade). Se Deus não tivesse criado corpos, mas unicamente puros espíritos, o Céu não teria de ser um lugar; seria apenas como o estado dos anjos, que se regozijam em Deus. 

 
Mas, na verdade, o Céu é também um lugar. Lá encontramos a humanidade de Jesus, a bem-aventurada Virgem Maria, os anjos e as almas dos santos. Embora não possamos dizer com certeza onde se encontra esse lugar, ou qual é a sua relação com o Universo, a revelação não nos permite duvidar da sua existência. 
 
(Um puro espírito pode estar num lugar apenas na medida em que exerce uma acção num corpo naquele lugar, mas de si mesmo o espírito vive numa ordem superior à do espaço.)
 
A Igreja ensina como doutrina da Fé, definida pelo Papa Bento XII: "As almas de todos os santos estão no Céu antes da ressurreição dos corpos e do Julgamento Final. Eles vêem a essência divina por uma visão que é intuitiva e facial, sem a intermediação de qualquer criatura. Por causa desta visão na qual desfrutam da essência divina, eles são verdadeiramente bem-aventurados (felizes), têm a vida eterna e o repouso eterno." [1] 
 
O Concílio de Florença [2] diz que as almas em estado de graça, depois de purificadas, entram no Céu, vêem Deus trino como Ele É em Si mesmo, mas com um grau maior ou menor perfeição, de acordo com os seus méritos durante a vida terrena.
 
Pe. Reginald Garrigou-Lagrange, O.P. in 'Life Everlasting'
 
[1]  Denzinger, n. 530.
[2] Ibid., n. 693.


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Halloween ou Dia de Todos os Santos?




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Vésperas Pontificais com D. Athanasius Schneider



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domingo, 29 de outubro de 2023

Viva Cristo Rei!

A festa de Cristo Rei foi estabelecida para que Cristo volte a reinar na vida pública e social dos povos. Porque faz cerca de três séculos os abandeirados do laicismo vêm trabalhando para suprimir Cristo da vida pública e social das nações. E por desgraça vão conseguindo muito, até o ponto de que as legislações, os governos e as instituições dos povos se abstêm de reconhecer a supremacia de Cristo.

De uma maneira especial no nosso país o laicismo tem alcançado fortes e grandes vitórias. Afastaram Cristo das leis, das escolas, dos parlamentos, das cátedras, da imprensa, da via pública, em uma palavra, de todos os pontos dominantes da vida pública e social. E hoje se trata de restabelecer o reinado público de Cristo, sobre os despojos do laicismo totalmente fracassado como sistema de vida, de política, de governo e de orientação para os povos.

O importante da festa de Cristo Rei não consiste somente em que se proclama - como se vai proclamar - Rei soberano da vida pública e social. Não, porque se a proclamação da realeza de Cristo é coisa soberanamente importante, mais importante ainda é que nós católicos entendamos nossas responsabilidades diante do reinado de Cristo.

Porque Cristo não necessita de nós para fundar o seu reinado e para expandi-lo por todo o mundo; mas se não necessita de nós, nem de nossos esforços, sem dúvida, tem querido estabelecer o seu reinado por meio dos nossos esforços, das nossas lutas e das nossas batalhas. E isto temos que reforçá-lo hoje. Porque se nós católicos seguimos desorientados neste ponto corremos o perigo de que jamais se estabeleça o reinado de Cristo na nossa Pátria.

Devemos, pois, ter entendido que Deus, que Cristo, pede, exige, quer que cada um de nós, na medida das suas forças, trabalhe veementemente para estabelecer o reinado de Cristo na vida pública. E isto não se conseguirá acastelado dentro das nossas igrejas e dentro dos nossos lares. O reinado público de Cristo exige que nós católicos façamos sentir a acção do nosso pensamento, da nossa palavra, da nossa caneta, dos nossos trabalhos de organização e propaganda. E isto deve ser feito na vida pública, em pleno sol, em plena via pública, até os quatros ventos e deve ser feito por todos.

Porque todos, absolutamente todos os católicos podemos e devemos fazer algo para restabelecer o reinado de Cristo; uns de uma forma, outros de outra; uns com seu talento, outros com seu esforço; mas todos devemos procurar desde hoje fazer algo sério, constante e coordenado para o restabelecimento público de Cristo.

Hoje proclamamo-lo Rei, reconhecemo-lo como Rei; mas necessitamos jurar que deixaremos as nossas velhas atitudes de múmias de sacristia e de enterrados vivos nos nossos lares; a partir deste dia glorioso faremos com que todas as forças católicas desemboquem na via pública para que Cristo reine na imprensa, no livro, na escola, nas organizações, nas instituições, em uma palavra: na metade do coração do povo e na metade de todas as correntes de nossa vida pública e social.

Beato Anacleto González Flores in 'El plebiscito de los mártires'


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Quem foram São Simão e São Judas Tadeu?

Simão, o Zelota

Simão, dito Simão, o Zelota, ou Simão, o Cananeu, natural da Galileia, foi um dos discípulos de Nosso Senhor Jesus Cristo que fazia parte do grupo dos doze Apóstolos, o mais desconhecido deles. É referido como "o Cananeu" no Livro de Mateus e como "o Zelote", no Livro de Lucas e em Atos dos Apóstolos.

A palavra grega Cananeu e a palavra Zelote, derivada do aramaico e significam a mesma coisa: "zeloso".   

Não se sabe ao certo qual teria sido o ministério de Simão posteriormente. Algumas tradições colocam-no como grande auxiliador no estabelecimento do Cristianismo no Egipto, juntamente com os Santos Marcos e Filipe; entretanto, pode ter evangelizado também pelo norte da África, pela Ásia menor e Espanha. Daí pode ter partido com São Judas Tadeu para a Mesopotâmia e Síria, onde se encontrou com outros Apóstolos que por ali evangelizavam. Em seguida, partira para a Pérsia. A sua pregação era bastante parecida com a dos outros quatro Apóstolos que foram para o Oriente, tida por alguns como ascética e judaica, tal como aquelas preservadas na Epístola de Judas.  

Os bizantinos identificam-no com Natanael, de Caná, e com o “mestre-sala” durante as bem conhecidas bodas, quando Jesus transformou a água em vinho. Simão é ainda identificado com o primo do Senhor, irmão de São Tiago Menor, ao qual sucedeu como bispo de Jerusalém, nos anos da destruição da Cidade Santa pelos romanos.  

Os arménios sustentam que ele difundiu o Evangelho na sua região, onde teria sofrido o martírio. Seja como for, o seu campo missionário é deduzido dos lendários Actos de Simão e Judas, segundo os quais os dois apóstolos percorreram juntos as 12 províncias do Império Persa.

Também no Ocidente os dois apóstolos aparecem sempre juntos. Em Veneza é dedicada a ambos a igreja de São Simão Pequeno 

Martírio

Segundo o cronista cristão Hegésipo, Simão encontrou o martírio nos tempos do imperador Trajano, quando contava com, aproximadamente, 120 anos de idade. As versões sobre a sua execução divergem: na cruz ou, segundo outras tradições menos seguras, pela fogueira, na Arménia. Mas a Tradição católica diz que Simão foi martirizado sendo cortado ao meio por um serrote.

Iconografia

O Apóstolo é representado tendo na sua mão direita o livro aberto, que simboliza a evangelização dinâmica. O livro aberto significa que a Palavra de Deus é sempre actual. Na mão esquerda o serrote, ferramenta utilizada para o seu martírio. Com os olhos fitos no livro, recorda o amor a Deus acima de todas as coisas.

São Judas Tadeu, o Apóstolo 

São Judas Tadeu era natural de Canaã da Galileia, Palestina. A sua família era constituída pelo Pai, Alfeu (ou Cléofas) e a Mãe, Maria Cléofas. Eram parentes de Jesus. O pai, Alfeu, era irmão de São José; a mãe, Maria Cléofas, prima-irmã de Maria Santíssima. Portanto, Judas Tadeu era primo-irmão de Jesus. O irmão de Judas Tadeu, Tiago, chamado o Menor, também foi discípulo de Jesus.

A Bíblia trata pouco de Judas Tadeu. Mas aponta uma questão importante: São Judas Tadeu foi escolhido por Jesus para Apóstolo (Mt 10, 4). É citado explicitamente nas Escrituras pelo evangelista João (Jo 14, 22). Na ceia, Judas Tadeu perguntou a Jesus: "Mestre, por que razão hás de manifestar-te só a nós e não ao mundo?" Jesus respondeu afirmando que teriam manifestação dele todos os que guardassem a Sua palavra e permanecessem fiéis ao Seu amor. 

Após ter recebido o dom do Espírito Santo, São Judas Tadeu iniciou a sua pregação na Galileia. Passou para a Samaria e Iduméria e outras populações judaicas. Pelo ano 50, tomou parte no primeiro Concílio, o de Jerusalém. Em seguida, foi evangelizar a Mesopotâmia, Síria, Arménia e Pérsia. Neste país, recebeu a companhia de outro apóstolo, Simão. A pregação e o testemunho de São Judas Tadeu impressionaram os pagãos que se convertiam. Isto provocou a inveja e fúria contra o Apóstolo, que foi trucidado, a golpes de cacetes, lanças e machados. Isso, pelo ano 70.  

São Judas Tadeu foi mártir, quer dizer: mostrou que a sua adesão a Jesus era tal, que testemunhou a Fé com a doação da própria vida.

A brevíssima Carta de São Judas, que está na Bíblia, é uma severa advertência contra os falsos mestres e um convite a manter a pureza da fé. Nos versículos 22-23 propõe pontos fundamentais de um programa de vida cristã: fé, oração, auxílio mútuo, confiança na misericórdia de Jesus Cristo.

A imagem de São Judas tem o livro, que é a Palavra que ele pregou, e a machadinha, com a qual foi morto. Os restos mortais, após terem sido guardados no Oriente Médio e na França, foram definitivamente transferidos para Roma, na Basílica de São Pedro.

in 'Pale Ideas'


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sábado, 28 de outubro de 2023

Como não gostar do Cardeal Arinze?

Além de ser Católico, o que é sempre uma vantagem num Cardeal, explica as coisas de uma forma muito clara e muito simples. Não é preciso tirar um curso de teologia ou de exegese para perceber o que diz.

Elucidando as verdades de fé e moral a partir do evangelho e da doutrina católica, faz-se valer de exemplos práticos que explicam a lógica por trás do mandamentos de Deus e da Igreja. Evita qualquer tipo de linguagem dúbia, que em vez de esclarecer as pessoas sobre a verdade as deixa confusas ou presas fáceis do relativismo que domina o nosso mundo.


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sexta-feira, 27 de outubro de 2023

Cardeal Ratzinger em defensa da Missa Tradicional

Sou de opinião que o Rito Antigo deveria ser estar à disposição, de forma muito mais generosa, a todos os que o desejassem. É impossível ver o que pode haver de perigoso ou inaceitável nisso.

Uma comunidade está a pôr em causa a sua própria existência quando, de repente, declara que aquilo que até agora era o seu bem mais sagrado e mais elevado é estritamente proibido. E quando faz com que o desejo por ele pareça absolutamente indecente. Será que se pode confiar em mais alguma coisa? Não voltará a prescrever amanhã o que prescreve hoje?

Cardeal Joseph Ratzinger no livro 'Sal da Terra' (1997)


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quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Escola Jesuíta Católica na Florida

A 'Jesuit High School' (JHS), só para rapazes, em Tampa (Florida) é Católica e dirigida por jesuítas:

- A JHS incentiva os alunos a partilharem a sua Fé com os colegas.

- Um total de 104 alunos foram baptizados desde 2010.

- Para o Padre Richard Hermes, SJ, presidente do JHS, "nada" é mais importante do que promover a fé e conduzir os jovens a Deus.

- Os retiros são uma parte importante do ministério da escola.

- Um factor-chave na "cultura dinâmica, ortodoxa e autenticamente católica" do campus é a disponibilidade dos sacramentos.

- Há Missa diária, adoração eucarística regular, confissões.

- A joia da coroa da JHS é a Capela de Santa Cruz, um edifício românico multimilionário dedicado em 2018.

- A JHS valoriza "liturgias belas, nobres e dignas", fazendo com que as Missas e outras liturgias sejam "tão dignas e solenes quanto possível".

- Grupos de oito a dez alunos reúnem-se regularmente à hora do almoço para falar sobre a Fé.

- A escola tem um "departamento de teologia sólido como uma rocha" que oferece a verdade combinada com um amor "sem desculpas e sem transigências".

in gloria tv


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Padre "DJ" participará em evento satânico

O Padre Guilherme Peixoto, conhecido por ter actuado como "DJ" na JMJ Lisboa 2023, é uma das cabeças de cartaz do festival de Halloween: Monsterland. Os vídeos das edições passadas podem chocar os mais sensíveis. Foi com estas palavras que a organização do festival anunciou a presença do sacerdote:

«Monsterland 2023 tem o prazer de receber um artista inesperado, que conseguiu unir techno e religião. Porque o techno é uma religião🎧
Este Verão pôs um milhão e meio de jovens a dançar na Jornada Mundial da Juventude, no Parque Tejo, em Lisboa, que se tornou a maior discoteca ao ar livre do mundo.
O seu set tornou-se icónico e viral nas redes sociais, prova de que a música eletrónica é uma linguagem universal, capaz, como ninguém mais, de unir e não de dividir.»


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terça-feira, 24 de outubro de 2023

Encontro 'Pax Liturgica' em Roma: D. Athanasius, Joseph Shaw e outros falam sobre Liturgia Tradicional

VIII Encontro “Pax Liturgica” acontecerá nesta Sexta-Feira, 27 de Outubro, no Augustinianum - via Paolo VI, 25 – Roma

PROGRAMA

9h00: Acolhimento dos participantes e pequeno-almoço gratuito

9h45: Rubén Peretó Rivas, director do Centro Internacional de Estudos Litúrgicos
Padre Claude Barthe, capelão do Coetus Internationalis Summorum Pontificum

Introdução ao Encontro
Boas-vindas aos participantes

10h00: Dom Athanasius Schneider, bispo auxiliar de Astana, O princípio da tradição na vida litúrgica da Igreja

11h00: Michela Di Mieri, historiadora, A história de um regresso a casa (“Storia di un ritorno a casa”)

11h50: Joseph Shaw, presidente da Federação Internacional Una Voce, Apresentação da sua obra: “A Missa Latina e os Intelectuais”

12h30: Almoço-buffet (uma contribuição livre para os custos pode ser deixada no local – Muito obrigado)

14h00: Jean-Pierre Maugendre, presidente de Renaissance Catholique, apresentador de Terre de Mission na TV Liberté, Os novos meios de comunicação (rádio, televisão e redes sociais) ao serviço da tradição

14h50: Padre João Silveira, sacerdote missionário, África, terra abençoada para a tradição: relatório de missão

15h30: Christian Marquant, presidente da Paix Liturgique, Hoje, 50 anos depois do Concílio: mais do que nunca é essencial que os filhos da Luz sejam tão inteligentes quanto os filhos das trevas

16h00: Fim dos trabalhos no Augustinianum


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segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Cardeal Zen: Sínodo é dirigido por apoiantes de homossexuais que foram 'expulsos da Igreja'

O silêncio foi imposto sobre o que se fala no Sínodo porque "os que operam nas trevas têm medo da luz", disse o Cardeal Zen, 91 anos, ao LaNuovaBq.it.

Segundo o LaNuovaBq.it, os participantes do Sínodo tinham defendido a doutrina da Igreja sobre a homossexualidade, e, em resposta, não lhes foi dada a doutrina mas a descrição emocional de casos homossexuais "dramáticos", que a assembleia sinodal, irracionalmente, recebeu com aplausos.

O Cardeal Zen não conhecia esta história [também publicada pelo La-Croix.com] mas não ficou surpreendido: "Este não é um Sínodo de Bispos, mas de apoiantes, ou pelo menos de apoiantes de apoiantes de homossexuais - 'expulsos' da Igreja."

"Não é um Sínodo de discernimento da verdade", explicou, "mas apenas uma 'partilha' de emoções" e, portanto, não se trata da verdade da Fé, mas apenas de psicologia.

in gloria tv


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Comunhão de joelhos e na boca

É para enaltecer a Deus, num sinal que reflecte a disposição da nossa alma diante d'Aquele que é Nosso Senhor.

"Que ao Nome de Jesus se dobre todo o joelho". São Paulo aos Filipenses 2, 10


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domingo, 22 de outubro de 2023

Leigos Católicos responderam às perguntas feitas ao Papa

5 Cardeais puseram 5 perguntas (dubia) ao Papa Francisco sobre a doutrina Católica que parece ameaçada pelo Sínodo que está a decorrer no Vaticano. A resposta do Papa, escrita pelo Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, 'Tucho' Fernandez, foi tão dúbia que os Cardeais se viram obrigados a reformular as perguntas de modo que a resposta fosse apenas: Sim ou Não. Até agora, o Papa não respondeu.

Entretanto, o site MissaeProMissa.com fez um inquérito com essas mesmas perguntas, para que os leigos pudessem responder. Mais de 1000 leigos Católicos participaram e mais de 90% deles deram as respostas certas, i.e. de acordo com a doutrina perene da Igreja Católica. O sensus fidei não se engana...


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sábado, 21 de outubro de 2023

Dia do Beato Carlos de Áustria, o Imperador Católico que morreu na Madeira

Carlos Francisco José de Habsburgo, Arquiduque e Príncipe Imperial da Áustria, Príncipe Real da Hungria e da Boémia, Príncipe Ducal de Lorena e de Bar, Príncipe de Habsburgo-Lorena, nasceu no pequeno Castelo de Persenberg. Era o filho mais velho do Arquiduque Otão (*1865 †1906) e da Arquiduquesa Maria Josefa (*1867 †1944), nascida Princesa Real de Saxe. 

Desde muito jovem foi evidente a sua propensão para as coisas de Deus, faceta que se perpetuou ao longo de toda a vida, quer durante os anos da sua carreira militar quer posteriormente já como Imperador da Áustria e Rei da Hungria e como pai e chefe de família. Carlos de Habsburgo praticou exemplarmente os seus deveres de cristão, tanto em público como na esfera privada, procurando sempre o bem do próximo e fazendo tudo para aliviar o sofrimento dos mais necessitados. 

Era frequente encontrá-lo a rezar recolhido no seu gabinete de trabalho e também na frente de batalha. Encorajava os seus soldados a rezar e, antes de dar início a uma reunião ou a qualquer outro acto formal ou informal era frequente pedir a quem estivesse consigo que o acompanhasse numa breve oração.

A 21 de Outubro de 1911, casou com a sua prima a Arquiduquesa Zita de Bourbon (*1892 †1989), Princesa de Parma, Princesa de Bourbon-Anjou, quarta filha do Duque de Parma, D. Roberto I (*1848 †1907) e da sua segunda mulher, a Infanta D. Maria Antónia de Bragança (*1862 †1959) -- esta última, filha do Rei D. Miguel de Portugal. A união conjugal de Carlos de Habsburgo com Zita de Bourbon foi abençoada pelo Papa São Pio X que "em audiência privada a Zita preconizou o futuro do seu consorte como imperador e revelou-lhe que as virtudes cristãs de Carlos seriam um exemplo para todos os povos".

Em 1903 o Arquiduque Carlos iniciava a sua carreira militar a qual iria terminar em 1916 já em plena I Guerra Mundial, ano em que subiu ao trono da Áustria com o nome de Carlos I, após a morte do seu tio-avô o Imperador Francisco José. Tornou-se príncipe herdeiro em consequência do assassinato do seu tio e herdeiro do trono, o Arquiduque Francisco Ferdinando, às mãos de nacionalistas sérvios, em Sarajevo, na capital da província da Bósnia-Herzegovina, facto que iria despoletar a Primeira Grande Guerra.

No seu curto reinado, como Imperador da Áustria e Rei da Hungria, Carlos de Habsburgo procurou incessantemente uma solução para a paz entre todos os beligerantes e mostrou uma preocupação contínua pelo bem-estar espiritual e material dos seus povos, revelando, neste aspecto particular, estar bem à frente dos Chefes de Estado seus contemporâneos. 

Durante largos períodos, no decorrer da Primeira Grande Guerra, Carlos de Habsburgo ordenou o racionamento de víveres no palácio Real, à semelhança do que acontecia em toda a cidade de Viena. Ordenou também que se utilizassem os cavalos do palácio para a distribuição de carvão por toda a capital do Império, tendo igualmente lutado contra a usura e a corrupção que grassavam naquela época. 

Todas as suas decisões, como monarca, eram tomadas, invariavelmente, em função de valores éticos e morais, pondo sempre em primeiro lugar o princípio cristão do bem do próximo por amor a Deus

Essa sua forma de sentir e de agir levou-o a proibir bombardeamentos estratégicos de populações e de edifícios civis e a restringir a utilização do gás mostarda. Também fez aprovar leis que impediam a leitura de publicações obscenas nas fileiras do exército e deu início a um movimento destinado a distribuir aos militares que se encontravam na frente de batalha publicações com conteúdos edificantes, tendo estimulado e implementado a formação de uma imprensa de orientação católica. 

Essa sua conduta exemplar tornou-se bem patente também nos momentos mais difíceis da sua vida. Com efeito, após ter sido obrigado a renunciar ao trono imperial e durante a sua reclusão em Eckartsau, foi contactado várias vezes por pessoas e grupos sem escrúpulos que lhe sugeriam que voltasse a ocupar o trono perdido, havendo nas propostas desses grupos motivações e interesses em nada coincidentes com a forma de sentir e de agir de Carlos de Habsburgo. Perante o conteúdo de de tais propostas recusou-as afirmando: "Como monarca católico, nunca farei um acordo com o mal, mesmo para recuperar o meu trono."

Por ocasião da última tentativa de restauração do trono imperial, com o apoio do governo Francês e do Vaticano, o Imperador-Rei foi feito prisioneiro e enviado para o exílio na Ilha da Madeira, onde acabaria por morrer pouco tempo depois vítima de doença súbita. Ao aperceber-se que o seu estado de saúde se ia agravando e que já estava próximo o fim da sua existência terrena, e muito brevemente estaria na presença de Deus, Carlos de Habsburgo mandou chamar o seu filho mais velho, o Príncipe Otão, para que se aproximasse do seu leito de morte. Com essa atitude queria Carlos de Habsburgo que o seu filho testemunhasse a fé com que ele se aproximava da morte, tendo afirmado: "Quero que ele veja como morre um Católico e um Imperador."

Coerência e integridade, palavras que caracterizam de modo perfeito a maneira de pensar, de sentir e de agir do Imperador Carlos de Habsburgo, traços marcantes da sua personalidade como Monarca, como Chefe de Família e como católico. Coerência e integridade do Monarca Carlos de Habsburgo perante os ensinamentos da Igreja Católica, aspectos que estiveram sempre presentes nas suas decisões políticas e nas leis que promulgou e que reflectem realidades diametralmente opostas à atitude tão em voga nos nossos dias, em que muitos políticos e governantes para manterem o seu prestígio pessoal e os seus cargos votam, se necessário, contra os ensinamentos da Igreja e contra a sua própria consciência. 

Coerência e integridade, palavras que, infelizmente, vão fazendo cada vez menos sentido em largos sectores das sociedades ocidentais, onde os princípios morais e éticos são paulatina e quase que imperceptivelmente relegados para segundo plano e substituídos por um espírito de tolerância relativista, em larga medida sustentado pelos grandes média, frequentemente alinhados com sectores ideológicos que pretendem fomentar uma revolução nas mentalidades e nas formas de agir e de sentir dos povos da Europa Cristã, visando em última análise a transformação gradual e radical dos seus hábitos mentais, dos seus costumes e tradições e a cedência a novas formas de pensar, de sentir e de agir em tudo contrárias aos ensinamentos da Igreja e às de uma autêntica Civilização Cristã.

José Sepúlveda da Fonseca


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sexta-feira, 20 de outubro de 2023

São João Câncio, o pai dos pobres

Hoje é dia de São João Câncio (ou Giovanni Canzio, ou de Kęty), (Kęty, 1397 – Cracovia, 24/12/1473), sacerdote e teólogo polaco.  

Professor de teologia em Cracóvia, deixou o ensino durante alguns anos e dedicou-se ao serviço pastoral na paróquia de Olkusz, distinguindo-se pelo espírito de oração e penitência, e pela sua caridade com os pobres.

Em 1440, abandonou o ministério paroquial para retomar a docência (contribuiu para a educação do príncipe Casimiro) na Universidade de Cracóvia, onde recuperou o posto de professor e durante muitos anos deu aulas sobre as Sagradas Escrituras ou explicação da Santa Bíblia. A sua fama chegou a ser enorme. Nas discussões repetia o que dizia Santo Agostinho: "Combatemos o pecado mas amamos o pecador. Atacamos o engano, mas não queremos violência contra ninguém, a violência faz mal, enquanto a paciência e a bondade abrem as portas dos corações".

Quando pregava sobre o pecado chorava ao recordar a ingratidão dos pecadores para com Deus, e as pessoas ao vê-lo chorar comoviam-se e mudavam de conduta.

Repetia estes conselhos aos seus alunos: "Cuidem-se de ofender, porque depois é difícil fazer esquecer a ofensa. Evitem murmurar, porque depois é muito difícil devolver a fama que se tirou". Foram centenas os sacerdotes formados espiritualmente por ele, e as pessoas chegavam a chamá-lo "pai dos pobres" por causa das suas muitas obras de caridade para com os mais necessitados.

Morreu durante a Missa, na Vigília do Natal de 1473. No seu sepulcro obraram-se muitos milagres e por sua intercessão conseguiram-se admiráveis favores.

Culto
 
A 28 de Março de 1676, o Papa Clemente X confirmou o seu culto e no dia 16 de Julho de 1767 foi canonização pelo Papa Clemente XIII, que o declarou Patrono da Polónia e da Lituânia.  

in Pale Ideas

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quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Peregrinação Summorum Pontificum 2023

Entre os dias 27 e 29 de Outubro decorrerá em Roma a 12ª edição da Peregrinação Summorum Pontificum ad Petri Sedem. Deixamos aqui o programa da Peregrinação:

Sexta-Feira, 27 de Outubro:

17h00 - Vésperas Pontificais na Basílica de Santa Maria ad Martyres (Panteão) - D. Athanasius Schneider.
Sábado, 28 de Outubro:

7h15 e 8h30 - Santa Missa na Igreja da Trinità dei Pellegrini;
9h00 - Santa Missa na Basílica dos Santos Celsos e Juliano;
10h00 - Adoração do Santíssimo Sacramento na Basílica dos Santos Celso e Juliano;
11h00 - Saída da procissão em direção à Basílica de São Pedro;
12h00 - Cerimónia de veneração do túmulo de S. Pedro e canto do Ofício de Hora Sexta no altar da Cátedra - Padre Antonius Mamsery
Domingo, 29 de Outubro, Festa de Cristo Rei

10h00 - Missa Prelatícia na Basílica dos Santos Celsos e Juliano - D. Athanasius Schneider;
11h00 - Missa solene na Igreja da Trindade dos Peregrinos - Mons. Marco Agostini.


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Evangelista São Lucas, padroeiro de médicos e pintores

Hoje é dia de São Lucas: Apóstolo, Evangelista e Mártir. Atenção médicos e pintores este é o vosso padroeiro. São Lucas era médico e, segundo consta, um talentoso pintor. Foi o autor de várias pinturas de Nossa Senhora, que conheceu muito bem (veja-se os dois primeiros capítulos do Evangelho que escreveu).

Este quadro retrata uma dessas obras. O quadro foi pintado por um tal Rafael, que até tinha jeito para estas coisas, e encontra-se na 'Accademia di San Luca', em Roma. 


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terça-feira, 17 de outubro de 2023

As estrondosas palavras de Jesus a uma religiosa: 'Eis o Coração que tanto amou os homens'

Hoje é dia de Santa Margarida Maria Alacoque (+1683), uma religiosa francesa a quem Nosso Senhor Jesus Cristo apareceu para pedir a devoção ao Seu Sagrado Coração. Conta a santa:

"O Seu Coração estava rodeado por chamas de amor, coroado de espinhos, com uma ferida aberta da qual brotava sangue e, do Seu interior, saía uma luz."

Disse então Jesus a Santa Margarida Maria:

"Eis o Coração que tanto amou os homens, que nunca se poupou, até se esgotar e se consumir para lhes demonstrar o Seu amor. 

E como reconhecimento eu só recebo da maior parte dos homens ingratidões, pelas suas irreverências e seus sacrilégios, e pelas friezas e os desprezos que têm para comigo neste sacramento de amor (Eucaristia). 

Mas aquilo que ainda é para mim mais doloroso é que são corações que me são consagrados que me tratam assim."

Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque (16 de Junho de 1675)


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segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Bispo da FSSPX faz o sacramento do Crisma numa paróquia dos Estados Unidos







Mons. Tissier de Mallerais, um dos 4 Bispos consagrados por Mons. Lefebvre em 1988, crismou algumas dezenas de fiéis, homens e mulheres, na 'All Souls Church', em Sanford (Florida). O pároco participou na liturgia, que foi autorizada pelo Bispo de Orlando.


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Sacerdote português fala sobre a Máfia de St. Gallen e o Sínodo da Sinodalidade

O Pe. Jacinto Farias é Professor Catedrático da Universidade Católica Portuguesa


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domingo, 15 de outubro de 2023

Santa Teresa de Ávila explica como amar a Deus e ao próximo

Deus só nos pede duas coisas: que O amemos e que amemos o nosso próximo. E esse deve ser objectivo dos nossos esforços. Se realizarmos essas duas coisas de maneira perfeita, fazemos a Sua vontade e estamos unidos a Ele. Mas que longe estamos de cumprir esses dois deveres de modo digno dum tão grande Deus! Que Ele Se digne conceder-nos a sua graça, para que mereçamos lá chegar, pois isso está ao nosso alcance, se assim o quisermos. 

O meio mais seguro, quanto a mim, de saber se cumprimos esses dois preceitos, é ver se amamos verdadeiramente o nosso próximo. Amamos a Deus? Não podemos ter a certeza, mesmo que tenhamos indícios muito fortes. Mas podemos seguramente saber se amamos o próximo. Tende a certeza de que, quanto mais descobrirdes em vós progressos no amor ao próximo, mais vos adiantareis no amor de Deus. 

O amor que Nosso Senhor nos dá é tão grande que, em troca do amor que temos ao próximo, faz crescer de mil maneiras o amor que temos por Ele; quanto a isso não tenho a menor dúvida. Eis por que razão é tão importante considerar como amamos o próximo; se o fizermos de modo perfeito, podemos descansar. Pois, quanto a mim, a nossa natureza é tão má que, se o nosso amor ao próximo não se enraizasse no próprio amor de Deus, não se poderia tornar perfeito em nós.

in 'Castelo interior', quinta morada, cap. 3


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sábado, 14 de outubro de 2023

A Ignorância Crassa da Hierarquia e demais clero, que engana tantos fiéis

Poderá um Papa abolir o celibato para os Padres? Sim, pode. De facto, em casos excepcionais é permitido que, por exemplo, Pastores protestantes casados, convertidos ao Catolicismo, possam ser Ordenados Padres Católicos. No entanto, não poderá abolir a exigência da continência sexual para os Sacerdotes, casados ou não.
 
Enquanto o Celibato, isto é, a decisão de Ordenar Sacramentalmente somente varões célibes que se comprometem a uma castidade perfeita, é do âmbito disciplinar, disciplina esta muito fundamentada teologicamente, a Continência sexual absoluta é do âmbito Doutrinal e assim foi sempre entendida quer pelos apóstolos (Lc. 18, 28-29) quer pela Igreja primitiva e durante toda a história da Igreja, estando ainda em vigor actualmente, pelo menos nos documentos (Vescovo Cesare Bonivento, CELIBATO E CONTINENZA ECCLESIALI - BREVE COMPENDIO STORICO-TEOLOGICO.)
 
Antes da decisão da Igreja de Ordenar somente varões célibes os varões casados podiam ser Ordenados Sacerdotes desde que a esposa desse o seu consentimento para daí em diante viverem somente como irmãos com separação de leito, de quarto ou mesmo de casa.
 
Quando S. Paulo escreve que o Bispo deve ser varão de uma só mulher, refere-se a varões que depois de enviuvarem não se casaram de novo.
 
Nos dias de hoje, infelizmente, há uma superstição-idolátrica arraigada em muitos de que não é possível ser feliz sem actividade sexual, solitária ou com outra pessoa. Ora a superstição, que é uma forma de Idolatria, é um pecado mortal contra o primeiro Mandamento. De facto, uma pessoa não casada pode ser inteiramente feliz, desde que, evidentemente, viva no amor, como dom casto/continente de si próprio a Deus e ao próximo. O único caminho para a felicidade é o amor, o serviço, a entrega sacrificial de si mesmo.
 
Muitos cuidam, tantas vezes peremptoriamente, ser impossível que Sacerdotes e Religiosos vivam em continência sexual. Mas a verdade é que é possível e realmente é praticada. Certamente seria impossível com as forças puramente humanas, mas com a Graça de Deus tudo é possível. Essa fidelidade de entrega total a Jesus Cristo para que Ele viva em nós não está isenta de tentações, por vezes, muito fortes, mas como dizia São Paulo, tudo posso n’ Aquele que me conforta, e não sereis tentados acima das vossas forças.
Não só é realmente possível como é factível, isto é, de facto praticada e vivida.
 
Quanto aos abusos de menores, é uma imbecilidade atribuí-lo ao Celibato ou à Continência, deverá sim, pelo contrário, ser atribuído à falta de Celibato e de Continência.
 
À Honra e Glória de Cristo Ámen.

Padre Nuno Serras Pereira


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