sexta-feira, 31 de março de 2017

Até os ursos já perceberam

Fotografia tirada Quarta-Feira passada em Wesleyville,
província de 'Newfoundland and Labrador' (Canadá)


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terça-feira, 28 de março de 2017

A traição da Irmã Lúcia

É escandaloso, mas é verdade: decorridos cem anos sobre as aparições de Fátima, é possível afirmar que a principal vidente, não obstante a sua tão longa existência, não cumpriu, com eficiência, a sua missão aqui na Terra. É estranho que os jornalistas, tão argutos e corajosos na descoberta e publicitação dos «podres» da Igreja, nunca tenham denunciado este caso. 

Como misterioso é o silêncio que salvaguarda a memória da última vidente de Fátima, quando é por demais óbvio que defraudou as expectativas que sobre ela recaíram, nomeadamente como confidente da «Senhora mais brilhante do que o sol». A matéria de facto é conhecida. Na segunda aparição da Cova da Iria, a Lúcia expressou um desejo comum aos três pastorinhos: «Queria pedir-lhe para nos levar para o Céu». A esta súplica, a resposta de Maria não se fez esperar: «Sim, a Jacinta e o Francisco levo-os em breve. Mas tu ficas cá mais algum tempo. Jesus quer servir-se de ti para me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração». 

Com efeito, a 4-4-1919, menos de dois anos depois das aparições marianas, o Beato Francisco Marto «morreu a sorrir-se», como seu pai confidenciou. Sua irmã, a Beata Jacinta, faleceria menos de um ano depois, a 20-2-1920, em Lisboa, depois de um longo martírio, vivido com exemplar espírito de penitência. Não assim a prima Lúcia, a mais velha dos três e que, efectivamente, como Nossa Senhora tinha dito, ficou «cá mais algum tempo». Como Maria vive na eternidade de Deus, os 97 anos que tinha a Irmã Lúcia quando faleceu são só «algum tempo». Mas, se não acompanhou os seus primos no seu tão apressado trânsito para o Céu foi – recorde-se – para dar a conhecer e amar a Mãe de Deus e para estabelecer, a nível mundial, a devoção ao Imaculado Coração de Maria. 

 No entanto, como cumpriu a Lúcia este encargo que lhe foi expressamente pedido? Que fez, para espalhar mundialmente a devoção mariana? Pois bem, fecha-se, sob rigoroso anonimato, numa instituição religiosa, em que nem sequer às outras religiosas ou às educandas pode confidenciar a revelação de que fora alvo. Pior ainda: alguns anos depois, não satisfeita com aquele regime de voluntária reclusão, pede e alcança a graça de transitar para um convento de mais estrita clausura, onde se encerra para sempre, proibida, pela respectiva regra, de contactar com o mundo exterior, salvo em muito contadas ocasiões. 

Ora bem, a Senhora aparecida em Fátima, incumbiu-a da divulgação mundial da devoção ao seu Imaculado Coração. Era de supor, portanto, que a Lúcia se tivesse dedicado a fazer tournées e roadshows internacionais, percorrendo o mundo inteiro e dando entrevistas sobre os factos de que era a única sobrevivente. Era de esperar que tivesse recorrido aos meios de comunicação social, sem excluir as modernas redes sociais, para promover o culto mariano. Era razoável que tivesse frequentado os talk-shows, para assim poder ser vista e conhecida por milhões de telespectadores de todo o mundo. Era lógico que se tivesse dedicado a escrever best-sellers de palpitante actualidade: «Eu vi o inferno!», ou «A vidente de Nossa Senhora confessa toda a verdade!», ou mesmo «Os segredos de Fátima sem tabus!», ou ainda «Por fim, tudo o que quis saber sobre a conversão da Rússia!». 

É quanto basta para poder concluir que, humanamente, não cumpriu a sua missão. E, contudo, são às centenas de milhares os peregrinos que, ano após ano, rumam para a Cova da Iria, correspondendo ao apelo de Nossa Senhora de Fátima. Sem propaganda nem publicidade, sem marketing nem promoções, eles são, afinal, a expressão objectiva do misterioso triunfo da Irmã Lúcia ou, melhor dizendo, da eficácia sobrenatural da sua ineficiência humana. Quem sabe se não será esta tão escandalosa demonstração do poder da oração e do sacrifício, o quarto e o mais importante segredo da mensagem de Fátima?!

Pe. Gonçalo Portocarrero in Tiologias


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Breve oração de um coração contrito e arrependido

Pobre de mim, a consciência acusa-me sem cessar, e a verdade não pode desculpar-me dizendo: ele não sabia o que fazia. Perdoa, pois, Senhor, pelo preço do teu precioso sangue, todos os pecados em que caí, consciente ou inconscientemente. 

Sim, Senhor, pequei verdadeiramente, pequei por minha vontade, e pequei muito. Depois de ter tido conhecimento da verdade, ofendi o Espírito de graça; e contudo, aquando do meu baptismo, o Espírito tinha-me concedido de forma gratuita a remissão dos pecados. Mas eu, depois de ter tido conhecimento da verdade, voltei aos meus pecados, «como o cão volta ao seu vómito» (2Pe 2,22). 

Sempre acreditei em Ti , sempre Te amei, mesmo quando pequei contra Ti. Lamento profundamente os meus pecados. Do amor, porém, lamento apenas não ter amado tanto como devia.

Guilherme de Saint-Thierry (c. 1085-1148) - monge beneditino, depois cisterciense - in 'Orações meditativas', nº 5


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segunda-feira, 27 de março de 2017

Demónios e a Consagração a Maria segundo S.João Damasceno e S.Luís de Montfort

Conhecem a consagração a Maria? Há três anos fiz a consagração de 33 dias a Jesus através de Maria, tal como ensinou S. Luís Maria Grignon de Montfort. Aconteceu uma coisa estranha. No 33º dia, que eu tinha escolhido para ser 15 de Agosto (a Assunção de Maria e o aniversário da minha mulher), entrei na igreja e tive um estranhíssimo sentimento de terror.

Foi um ataque demoníaco

Assustei-me. Senti uma presença negra. Senti emoções terríves e pensamentos terríveis começaram a inundar a minha cabeça. Estava muito assustado. Sentia que a minha alma estava a ser sufocada com fumo.

Ainda assim, acabei as minhas orações do 33º Dia da Consagração a Maria na igreja e no preciso momento em que acabei, senti que todo o fumo mau tinha sido sugado da sala. Tive uma sensação intensa de paz, amor, graça e misericórdia. Senti que Jesus me amava com imensa intensidade e que Maria me cobriu com o seu manto a toda a volta, para me proteger. Ela estava a levar-me para perto de Jesus. Eu sentia-o. Não consigo explicar.

A minha conclusão é que os demónios não queriam que eu me consagrasse a Jesus por Maria e perceberam que eu iria ganhar uma protecção especial. Fizeram uma última tentativa... e o pé de Maria esmagou as suas cabeças. Fugiram quando a consagração acabou.

Consagração a Maria?

Lamentavelmente, os teólogos desde os anos 50 começaram a questionar o conceito de "consagração a Maria." Todos concordam que as pessoas e as coisas podem ser consagradas à Santíssima Trindade, e isto é verdade de uma forma especial para a Eucaristia, mas também é verdade para o sacerdócio, para as freiras, para os vasos sagrados e para os nossos corpos de baptizados como sacrários do Espírito Santo (que é a razão pela qual devemos manter a santa puresa e a guarda da vista).

Como é que pessoas ou objectos podiam então ser consagrados à Santíssima Virgem Maria que é uma pessoa humana e criatura? Esta questão normalmente surge relacionada com o pedido da consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria. Alguns dizem que isso é impossível, visto que o Imaculado Coração de Maria foi criado e, portanto, não é um objecto próprio para solene consagração.

São Luís de Montfort sobre a Consagração a Maria

S. Luís de Montfort é o santo para responder a esta questão porque ele mostra que todas as consagrações a Maria (ou a qualquer santo, já agora) estão orientadas para nosso Senhor Jesus Cristo através da Sua Santíssima Humanidade. Visto que todos os santos são membros do Seu Corpo e participantes da Sua Natureza Divina, as consagrações a eles são relativas e, portanto, são feitas a Cristo nosso Deus através deles.

O mesmo é válido para as orações aos santos. Nós rezamos aos santos mas percebemos que a oração "a" um santo é relativa e não absoluta. Estritamente falando, as intercessões dos santos têm o seu fim em Jesus Cristo, o único mediador entre Deus e os homens.

"Pois há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, um homem: Jesus Cristo." (1 Tim 2, 5)

São João Damasceno sobre a consagração a Maria

"Estamos presentes diante de vós, Ó Senhora, Senhora eu digo e outra vez Senhora, unindo as nossas almas à nossa esperança em vós, como se fosse a uma firme e segura âncora, consagramos {anathémenoi} as nossas mentes, as nossas almas, os nossos corpos, numa palavra, o nosso próprio ser, honrando-vos com salmos, hinos e cânticos espirituais, tanto quanto estivermos capazes, apesar de ser impossível fazê-lo com toda a dignidade. 

Se é verdade que, como a palavra sagrada nos ensinou, a honra paga aos nossos fiéis servidores testemunha a nossa boa vontade para com o nosso Mestre comum, como é que podíamos deixar de vos honrar, vós que trouxestes o vosso Mestre? Desta forma podemos mostrar melhor a nossa ligação ao nosso Mestre."

S. João Damasceno, “Sermo Prima de Dormitione,” Patroligia Graeca 96, 720C-D, 721A-B

“Anathema” para Maria

S. João Damasceno, um Doutor da Igreja Católica, consagrou-se a si e aos seus ouvintes à Santíssima Virgem Maria usando a palavra 'anathémenoi'. Vão reconhecer isto como a mesma palavra de onde se deriva "anátema" que pode significar "posto acima", "suspendido", "banido" e, pricipalmente "amaldiçoado." É a palavra grega usada para traduzir a palavra hebraica חֵרֶם {charem} para aquelas pessoas ou coisas que pertencem a Deus como santas ou amaldiçoadas. A mesma ideia preserva-se no Latim onde "sacrosanctum" se pode referir a pessoas que são ou "santas" ou "amaldiçoadas". Por exemplo, ser "sacrílego" tem as mesmas conotações.

Tudo isto se relaciona com as coisas "reservadas para Deus" e isto pode ser ou uma benção ou uma maldição. Por exemplo, o Santíssimo Sacramento é a maior benção para aquele que O recebe em estado de graça, mas é também a maior maldição para aquele que o recebe em estado de pecado original ou mortal. A "sacrosantidade" é cortante para ambos os lados.

De volta a S. João Damasceno. Ele consagra-se a Maria desta forma usando o termo “anathémenoi.” Isto significa que ele está totalmente e completamente entregue e guardado para a Santíssima Virgem Maria. (isto devia lembrar-nos o Beato João Paulo II, cujo motto era dirigido a Maria: "Totus tuus" ou "Todo teu.") Ai dele se falhar na sua devoção a ela. E no entanto este "anátema Mariano" também inclui as maravilhosas e brilhantes graças que ele receberá de Cristo através dela.

Mais ainda, esta consagração a Maria sob a forma de um "anátema" é Cristocêntrica (centrada em Cristo) ou, como eu prefiro dizer, Cristotélica (conduzindo a Cristo). Vejam como S. João Damasceno conclui a sua consagração a Maria: "Desta forma podemos mostrar melhor a nossa ligação ao nosso Mestre." O nosso Mestre é Cristo Senhor.

O ponto principal da consagração a Maria não é exaltar Maria ao nível da divindade ou colocá-la numa competição com Cristo. A verdadeira consagração a Maria (também defendida por S. Luís de Montfort e S. Maximiliano Kolbe) leva a um maior amor e serviço a Cristo.

Querem consagrar-se ao Imaculado Coração nesta forma? Se sim, eu recomendo de coração a consagração a S. Luís de Montfort, mas especialmente a de S. Maximiliano Maria Kolbe.

Para usar a consagração de Kolbe de uma forma solene, escolham uma festa Mariana. Façam jejum no dia anterior (uma refeição), rezem o Terço, confessem-se e vão à Santa Missa nesse dia de festa Mariano, e depois recitem a oração de consagração a Maria. Renovem a consagração anualmente.

Nossa Senhora Imaculada, Mãe da Igreja, rogai por nós.

Taylor Marshall


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sábado, 25 de março de 2017

26º Aniversário da morte de Mons. Lefebvre

Nesta solenidade da Anunciação do Anjo à Santíssima Virgem, que com o seu fiat acolheu o Verbo encarnado no seu seio, passam 26 anos da morte de Mons. Marcel Lefebvre, fundador da Fraternidade Sacerdotal São Pio X.
Requiem aeternam dona ei, Domine, et lux perpetua luceat ei. 
Requiescat in pace. Amen.

Rezemos pela alma do Arcebispo Lefebvre e pelo bom desfecho das conversações entre a FSSPX e a Santa Sé.


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sexta-feira, 24 de março de 2017

A Paixão de Jesus aconteceu à hora do pecado de Adão

Havia uma árvore no meio do paraíso e a serpente serviu-se dela para enganar os nossos primeiros pais. Reparai nesta coisa espantosa: para iludir o homem, a serpente vai recorrer a um sentimento inerente à sua natureza. 

Com efeito, ao modelar o homem, o Senhor tinha colocado nele, para além de um conhecimento geral do universo, o desejo de Deus. Logo que o demónio descobriu esse desejo ardente, disse ao homem: «Sereis como deuses (Gn 3,5). Agora sois apenas homens e não podeis estar sempre com Deus; mas, se vos tornardes como deuses, estareis sempre com ele».

Foi precisamente na hora em que Adão acabava de comer que o Senhor sofreu a sua paixão, nessas horas marcadas pelo pecado e pelo julgamento, isto é, entre a sexta e a nona hora. Na hora sexta, Adão comeu, de acordo com a lei da natureza; em seguida, escondeu-se. E ao cair da tarde, Deus veio até ele. 

Adão tinha desejado tornar-se Deus: tinha desejado uma coisa impossível. Mas Cristo realizou esse desejo. «Quiseste tornar-te», disse Ele, «o que não podias ser; mas Eu desejo tornar-Me homem, e posso sê-lo. Deus faz o contrário do que tu fizeste ao deixares-te seduzir: tu desejaste o que estava acima de ti e Eu tomo o que está abaixo de Mim. Tu desejaste ser igual a Deus e Eu quero ser igual ao homem.

Tu desejaste tornar-te Deus e não pudeste, e Eu faço-Me homem para tornar possível o que era impossível.» Sim, foi realmente para isso que Deus veio. Deus desceu ao cair da tarde e disse: «Adão, onde estás?» (Gn 3,9). Aquele que veio para sofrer é o mesmo que desceu ao Paraíso.

Severino de Gabala in 6ª Homilia sobre a criação do mundo, 5-6


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quinta-feira, 23 de março de 2017

O que causou a guerra no Líbano causará também na Europa?



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Papa Francisco autoriza a canonização dos Pastorinhos

O segundo milagre necessário para a canonização dos Pastorinhos, Francisco e Jacinta, foi reconhecido pela Congregação para as Causas dos Santos e o respectivo decreto foi promulgado pelo Papa Francisco. A informação, que ja tinha sido avançada há mais de 1 mês, foi hoje tornada oficial através do boletim da Santa Sé:

"O Santo Padre Francisco recebeu em audiência Sua Eminência o Cardeal Angelo Amato, S.D.B., Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos. Durante a audiência, o Santo Padre autorizou a Congregação para as Causas dos Santos a promulgar o decreto que diz respeito a um milagre atribuído à intercessão do Beato Francesco Marto, que nasceu a 11 de Junho de 1908 e morreu a 4 de Abril de 1919, e da Beata Jacinta Marto, que nasceu a 11 de Março de 1910 e morreu a 20 de Fevereiro de 1920, os pastorinhos de Fátima."

A data e o local da canonização serão decididos no consistório dos Cardeais, marcado para o próximo dia 20 de Abril. 

Esperemos que esta canonização seja mais uma confirmação do triunfo do Imaculado Coração de Maria e que os Pastorinhos de Fátima continuem a interceder por Portugal e pelo Mundo inteiro, junto de Nossa Senhora.


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terça-feira, 21 de março de 2017

Fala 4 idiomas, toca violino, dá conferências...tem Trissomia 21

Tem 20 anos. Fala inglês e espanhol na perfeição e domina o francês e o latim com fluência. Sendo ainda um adolescente, a sua destreza com o violino é memorável, tendo já protagonizado concertos com orquestras sinfónicas. Chegou a dar também conferências nos EUA e outros países.

O seu nome é Emmanuel Joseph Bishop e, atentando na sua história, é possível dizer que está por certo num patamar elevado quando comparado com a maioria dos jovens da sua idade. Este jovem talento tem síndroma de Down. Em vários países, a lei permite abortar casos como este, eliminando-os antes do seu nascimento: abortável por Down.

A sua história causa um impacto tal, que tem dado a volta ao mundo através das redes sociais.

Um talento em perigo de extinção

Na actualidade será bastante complicado encontrar um talento como o de Emmanuel, uma vez que não o iriam deixar nascer por ter síndroma de Down. Simplesmente por não cumprir os requisitos que, alegadamente, são necessários para ser digno desta vida. Tudo isto é suportado pela lei.

No entanto, a história de Emmanuel aparece como um vendaval que destrói todas estas falácias que justificam o aborto de milhares e milhares de bebés que não são considerados aptos. Este adolescente americano veio demonstrar todas as suas potencialidades, provando ao mundo do que era capaz.

Um católico devoto

Emmanuel é ainda um católico muito devoto, segundo o próprio afirma orgulhoso. Para além disso, realiza as suas orações em latim. Dirigiu o Terço em várias ocasiões, assim como orações comunitárias.

Neste sentido, o jovem pretende utilizar o dom com que Deus o brindou para um fim maior. Os seus esforços estão destinados a mostrar àqueles com diferenças nas capacidades que são igualmente dotadas de habilidades para mostrar ao mundo. Definitivamente, convence-los que são igualmente úteis, contrariamente ao que o mundo os tenta convencer.

Um talento precoce

Emmanuel nasceu a 21 de Dezembro de 1996 na cidade norte americana de Grafton. Cedo começou a surpreender todos em seu redor. Aos dois anos já lia e aos três já era capaz de ler cartões em francês num colégio do Ilinóis.

Com seis anos apenas leu o discurso de boas vindas da conferência anual da Sociedade Nacional do Síndroma de Down. Fê-lo em três idiomas perante um auditório de mais de 600 pessoas. Já com essa idade aprendia a tocar violino, uma das suas grandes paixões.

A vida de Emmanuel evoluía a um ritmo vertiginoso. Aos 8 anos andava de bicicleta e já era medalhista nas Olimpíadas Especiais do seu Estado tanto em Golf como em Natação, onde ganhou os 200 e 400m livres. Dois anos mais tarde marcava vários recordes na categoria de juniores em diferentes provas de natação.

O violino: a sua arma e o seu escudo

Aos 12 anos deu um recital em violino no décimo congresso mundial de síndroma de Down celebrado na Irlanda em 2009. Para além disso, no mesmo evento, realizou uma apresentação numa das sessões de trabalho.

Um ano de pois passou a ser auxiliar na sua paróquia e aos 14 anos recebia o sacramento da Confirmação. Em 2010 cumpria um dos seus sonhos quando no dia mundial do síndroma de Down foi convidado a tocar na Turquia com uma orquestra sinfónica.

O seu objectivo de ajudar outras crianças

Emmanuel foi educado em casa com os seus pais, que nunca duvidaram das suas capacidades. Com esforço e perseverança, este rapaz viria a sobrepor-se às limitações da sua condição. Assim, a principal função de Emmanuel era que o seu exemplo de superação movesse mais rapazes e raparigas.

Nas suas apresentações fala, no fundo, da sua vida, um adolescente com síndroma de Down e com interesses, que gosta de desporto, de música, que vai frequentemente  nadar e andar de bicicleta.

Os seus objectivos dividem-se me quatro pontos:

1. Destacar as habilidades, talentos e potencial das crianças na mesma condição
2. Quebrar o mito das baixas expectativas atribuídas aos jovens com síndroma de Down
3. Demonstrar que a alegria de viver não se opõe a estas pessoas
4. Alertar para a incidência de que tudo o que está dito e escrito acerca do síndroma de Down tem origem em pessoas que não possuem esta condição.

Um exemplo para todos

O resultado de toda esta dinâmica foi efectivado na reunião anual sobre Trissomia 21 em Houston (Texas). Ali, Emmanuel iluminou todos com os testemunhos das aventuras das suas viagens pelo mundo, bem como dos seus estudos e do seu violino. Falou inclusivamente em francês, comentando as obras de arte que havia admirado na sua passagem por Paris. De seguida respondeu a perguntas que lhe foram feitas acerca da sua vida e esclareceu outras dúvidas que o público lhe colocou.

A educação que recebeu em casa deixou muitos perplexos, bem como a sua alfabetização precoce. Exemplos concretos ajudam visivelmente a luta contra a corrente. O seu testemunho, mais pela sua capacidade de superação que pelas suas habilidades adquiridas, é um estímulo, uma força tanto para crianças com síndroma de Down como para as suas famílias. Nenhum deles está só. Todos são úteis em sociedade, por vezes mais até do que podem imaginar. 

in religionenlibertad


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5 coisas que um filho precisa ouvir do Pai

Por graça de Deus, eu sou o pai de quatro filhos fantásticos: três meninas e um menino. Assim como é maravilhoso ser o pai de filhas, é maravilhoso ser pai de um filho.

Em minha casa, Daniel Jr (4 anos de idade) e eu estamos a perder 4-2 com as raparigas, e por isso fizemos uma espécie de aliança para garantir que nem tudo fica pintado de cor-de- rosa, que vemos futebol com alguma regularidade, e que se vêem tantos filmes de super-heróis como filmes da Barbie. 

Falando a sério, o trabalho de criar um filho é uma tarefa nobre e importante. Infelizmente, é um trabalho que muitos homens desleixam, abrindo caminho ao que agora se vê como uma crise de grandes proporções no nosso país: a crise da paternidade. 

Quando tiver vagar veja as estatísticas e ficar a saber que uma percentagem muito elevada dos jovens que estão na prisão tiveram pouca ou nenhuma experiência de envolvimento com o pai. Na minha função pastoral, eu vi os efeitos devastadores da ausência do pai ou da sua falta de liderança na vida do filho. 

Homens, ser pai para os filhos é um trabalho sério. Por isso, gostaria de apontar 5 coisas que todo filho precisa ouvir do pai: 

1. Gosto de ti 

Qualquer rapaz precisa de ouvir e saber que o pai o ama. Sem essa afirmação, um homem carrega feridas profundas que afectam os seus relacionamentos mais importantes.

Encontrei homens de todas idades que sonham ouvir essas palavras mágicas que significam bem mais quando vêm do pai: gosto de ti. Nesta altura o meu filho tem só 4 anos, por isso é mais fácil dizer essas coisas. Suspeito que, à medida que crescer, vai ser um pouco mais complicado. Mas continuo a pensar dizer.

Porque por detrás de uma aparência às vezes áspera de um rapaz jovem há um coração que deseja sentir o amor do pai. O que você pode não perceber é que a primeira imagem que o miúdo vai ter do seu Pai celestial é a imagem do pai terreno quando olha para ele. Ou seja, toca a dizer ao seu rapaz que gosta dele.

2. Estou orgulhoso de ti 

Nem sei dizer quantos homens conheço que ainda hoje vivem à espera de ter a aprovação do pai. No fundo do coração perguntam, porto-me minimamente bem? Estou a fazer o que é certo? O meu pai estará contente comigo? 

Ando a aprender que é importante para nós, pais, sermos firmes com os filhos de muitas maneiras (ver abaixo), mas nunca devemos negar a nossa aprovação. Eles precisam de saber, nos momentos certos das suas vidas, que não é preciso que façam mais para conquistar o nosso favor. 

Claro, às vezes eles vão decepcionar e temos de lho fazer saber e sentir. E, no entanto, é importante não sermos como senhores que, ao tentar motivar os nossos filhos para a grandeza, omitimos o maior condimento que pode facilitar o êxito: a confiança. 

Lembro-me da aprovação que Deus faz ao seu Filho quando estava a ser baptizado por João Baptista. "Este é o meu Filho amado, em ponho a minha complacência" (Mateus 3,17 e Marcos 19,35). Sim, há implicações teológicas importantes nesta frase para além da aprovação, mas não posso deixar de ver a aprovação de Deus a Jesus como um modelo para a relação que temos com os nossos filhos. 

Se o seu filho não subir à 1ª divisão, se ele entrar numa universidade que não é Harvard, se ele se tornar camionista e não um gestor de empresas, nunca lhe dê a impressão de que gosta menos dele. 

3. Tu não és um choninhas, és um soldado 

Hoje a cultura apresenta uma imagem confusa da masculinidade.

O que é um homem? A cultura dominante diz que ele é uma espécie de inútil e que o melhor que ele consegue é desperdiçar a adolescência satisfazendo os impulsos sexuais, brincando às guerras na playstation, e sem qualquer tipo de ambição nobre. Mas Deus não fez o seu filho, ou o meu filho, para ser um indolente, mas para ser um soldado.

Por favor, não se ponham nervosos com a palavra "soldado". É bom para encorajar os filhos a serem masculinos. Isto não tem a ver com ser caçador de leões, condutor de camiões TIR. Muitos homens verdadeiros bebem leite, conduzem utilitários pequenos, e detestam camuflados (como eu). 

Há uma visão de masculinidade na Bíblia, de nobreza e força, de coragem e sacrifício. Um homem de verdade luta por aquilo que ama. Um homem de verdade valoriza a mulher que Deus lhe dá. Não se serve dela. 

Um verdadeiro homem procura seguir o chamamento que Deus estampou na sua alma, e que é descoberto através da intimidade com Deus, da identificação com os dons e talentos recebidos, e da satisfação das necessidades profundas do mundo (para parafrasear Buechner).

Ninguém consegue ajudar melhor os nossos filhos a orientar-se para a sua missão que nós, os pais. Não deixemos o futuro dos nossos filhos ao acaso. Vamos estar ao lado deles, modelando para eles um modo de viver que tenha sentido.

4. O trabalho duro é um dom, não uma maldição 

Ócio, preguiça e indecisão são as melhores ferramentas do diabo para arruinar as vidas dos homens jovens. Pessoal, os nossos filhos precisam de nos trabalhar no duro e ser incentivados e preparados para trabalhar no duro.

Eles precisam de perceber que o trabalho é mais duro por causa da queda original, mas em última análise foi dado por Deus para saborear o seu beneplácito. Ficar com as mãos sujas no esforço, na luta, no cansaço – tudo isto é bom, não é mau. 

Infelizmente muitos jovens nunca viram como é importante para um homem poder trabalhar. Vamos mostrar-lhes que o trabalho traz alegria. O trabalho honra a Deus. O trabalho bem feito dá glória ao Criador. 

Seja feito com os dedos num teclado, cortando árvores à machadada, ou manobrando uma empilhadora. Seja feito num escritório com ar-condicionado, em pântanos lamacentos, ou debaixo de um carro. Mas não se enganem: o trabalho importa e o que fizermos com as nossas mãos, se for bem feito, é um sinal do Criador. 

5. Tens talento, mas não és Deus 

Vamos embeber os nossos filhos num sentimento de confiança, de aprovação, de dignidade. Mas vamos lembrar-lhes que, embora agraciados pelo Criador, eles não são Deus. Temos de lhes ensinar que a masculinidade genuína não se envaidece. Inclina-se. Pega numa toalha e lava os pés dos outros. 

Um homem de verdade sente-se confortável tanto quando reza como quando fala. Ele sabe que a sua força não está nas suas façanhas ou naquilo que ele acha que as pessoas pensam dele. A força vem de Deus. 

Esta humildade alimenta a compaixão e vai permitir-lhes perdoar àqueles que os hão-de ferir duramente. Vamos ajudar os nossos filhos a saber que as suas vidas realmente começam, não quando eles tiverem 18 anos ou quando tiverem o primeiro trabalho ou quando se apaixonarem por uma mulher. 

As suas vidas começaram numa colina poeirenta há 2000 anos, aos pés de uma cruz romana, onde a justiça e o perdão se reuniram no sacrifício sangrento do seu salvador. Vamos ensiná-los que viver a vida sem Jesus é como dar um concerto no convés do Titanic. É bom enquanto dura, mas, por fim, acaba na tristeza.

Daniel Darling


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domingo, 19 de março de 2017

Um filho vê o que faz o seu Pai e segue o seu exemplo



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Papa Francisco apela a que se recorra aos exorcistas

Quem se aproxima do confessionário pode encontrar-se em variadas situações: Pode ser que sofra de distúrbios espirituais, cuja natureza deve ser submetido a um cuidadoso discernimento, tendo em conta todas as circunstâncias existenciais, eclesiais, naturais e sobrenaturais. 

Quando o confessor estiver se aperceber da presença de verdadeiros distúrbios espirituais - embora possam ser também psicológicos, o que deve ser verificado por meio de uma colaboração saudável com as ciências humanas - não deverá hesitar em referir-se àqueles que, na diocese, são responsáveis por este ministério tão delicado e tão necessário: os exorcistas. Estes devem ser escolhidos com muito cuidado e muita prudência.

Papa Francisco in Discurso aos participantes no XXVIII curso sobre o foro interno organizado pela Penitenciaria Apostólica (17/III/2017)


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sábado, 18 de março de 2017

Cada fase da vida humana é diferente mas todas têm a mesma dignidade




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Papa Francisco confessou e confessou-se

No decorrer da 'Liturgia Penitencial' o Papa Francisco confessou-se e depois confessou vários fiéis, num dos muitos confessionários que se encontram na Basílica de São Pedro. Esta cerimónia acontece todos os anos durante a Quaresma. Desta feita, a homilia do Papa foi substituída por um longo silêncio que ecoou por toda a Basílica Vaticana.

Foi posto à disposição dos fiéis um exame de consciência que fazia perguntas como: 

- Esqueci-me ou, propositadamente, não confessei pecados graves na confissão anterior ou em confissões passadas? Tenho reparado os erros que fiz?

- O meu coração está verdadeiramente orientado para Deus; posso dizer que realmente O amo acima de todas as coisas e, com amor de filho, na fiel observância dos Seus mandamentos? Deixei-me absorver demasiado por coisas materiais? É sempre recta a minha intenção no agir?

- Aderi totalmente à doutrina da Igreja? Preocupei-me com a minha formação cristã, ouvindo a palavra de Deus, participando em catequeses, evitando qualquer coisa que pudesse minar a minha fé. Professei sempre com coragem e sem medo a minha fé em Deus e na Igreja? Mostrei na vida pública e privada que sou cristão ?

- Rezei de manhã e à noite? E a minha oração é um verdadeiro colóquio coração-a-coração com Deus, ou é apenas uma prática externa vazia? Soube oferecer a Deus as minhas ocupações, alegrias e tristezas? Recoro a Ele com confiança, mesmo nas tentações?

- Santifiquei o Domingo e as festas da Igreja, participando atenta e piedosamente nas celebrações litúrgicas, especialmente a Santa Missa? Observei o preceito da confissão, pelo menos anualmente, e comunhão pascal?

- Existem para mim outros "deuses", isto é expressões ou coisas que me interessam mais do que confiar em Deus, por exemplo: riqueza, superstição, espiritismo e outras formas de magia?

- Para os pais: Preocupei-me com a educação cristã dos meus filhos? Dei-lhes um bom exemplo? 

- Para os cônjuges: Fui fiel tanto nas afeições como nas acções? Fui compreensivo nos momentos de maior ansiedade (entre o casal)? 

- Respeitei a verdade e fidelidade, ou causei danos nos outros com mentiras, calúnias, deduções, juízos temerários, violação de segredos?

- Fiz ou aconselhei o aborto? Na vida matrimonial segui e respeitei o ensinamento da Igreja sobre a abertura à vida? Agi contra a minha integridade física (por exemplo: esterilização)? Fui sempre fiel, mesmo em pensamentos?

- Vivo com a esperança na vida eterna? Tentei vitalizar a minha vida espiritual com a oração, leitura e meditação da palavra de Deus, a participação nos sacramentos? Mortifiquei-me? Mostrei-me pronto e determinado a acabar com os vícios, a subjugar as paixões e inclinações perversas? Reagi por causa da inveja? Dominei a gula? Fui convencido e soberbo? 

- Que uso fiz do tempo, das forças, dos dons recebidos de Deus como o "talento do evangelho"? Uso todos esses meios para crescer cada vez mais na perfeição da vida espiritual e no serviço dos outros? Fui inerte e preguiçoso? Como usei a Internet e outros meios de comunicação?

- Suportei com paciência, num espírito de fé, as dores e provações da vida? Como procurei praticar a mortificação, para cumprir o que falta à Paixão de Cristo? Obedeci ao preceito do jejum e da abstinência?

- Guardei puro e casto o meu corpo, no meu estado de vida, pensando que é o templo do Espírito Santo, destinado à ressurreição e glória? Mantive os meus sentidos protegidos e evitei ficar sujo no espírito e no corpo com maus pensamentos e desejos, palavras e acções indignas? Permiti-me leituras, palestras, performances, entretenimento em contraste com a honestidade humana e cristã?


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terça-feira, 14 de março de 2017

Atingimos os 25 mil seguidores na página 'Senza Pagare'




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Família de D. Athanasius Schneider ficou perplexa quando ouviu falar da comunhão na mão

Quando, em 1973, a minha família deixou a União Soviética e nós dissemos adeus ao Pe. Janis Pawlowski, ele deu-nos esta advertência: "Quando forem para a Alemanha, por favor não vão às igrejas onde a Sagrada Comunhão é dada na mão." Quando ouvimos estas palavras, todos nós tivemos um choque profundo. Não poderiamos imaginar que este Sacramento Divino e Santíssimo poderia ser recebido de uma forma tão banal. 

Hoje em dia, uma parte considerável dos que recebem a Santa Comunhão habitualmente na mão, especialmente a geração mais jovem que não conheceu a maneira de receber a Comunhão ajoelhado e na língua, já não tem a fé católica plena na real Presença, porque tratam a Hóstia consagrada quase da mesma forma exterior como tomam alimentação normal. O gesto exterior minimalista tem uma ligação causal com o enfraquecimento, ou mesmo a perda, da fé na Presença Real de Jesus Cristo na Hóstia consagrada.

D. Athanasius Schneider em entrevista a 'Adelante la Fe', 10/08/2015


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segunda-feira, 13 de março de 2017

domingo, 12 de março de 2017

Cardeal Burke acolheu homossexual de volta à Igreja

O ex-activista homossexual Eric Hess, ao escrever há cinco anos atrás na revista Celebrate Life, acabou com alguns dogmas sobre a homossexualidade militante recontando como voltou, qual Filho Pródigo, e encontrou uma recepção calorosa do homem que tinha antes desprezado.

A primeira heresia de Hess (vista pelo lobby LGBT) foi ter dado uma causa à sua homossexualidade - uma terrível relação com o pai alcoólico que batia frequentemente na mãe “para além de o ameaçar e ao irmão”. Hess escreve sobre como reagiu procurando por um substituto do pai durante a adolescência pensando que o tinha encontrado num professor, até este tirar vantagem da sua vulnerabilidade, seduzindo-o.

Embora este relato se encaixe com o que a psicologia tinha concluído em meados do século XX como uma explicação para a homossexualidade e uma base para o tratamento da mesma, um lobby feroz da parte do lobby homossexual forçou os psicólogos e os psiquiatras a suprimi-lo até aos anos 70.

Hoje em dia os dois grupos passam delicadamente a linha ditada pelo lobby gay que declara, sem evidência, que a homossexualidade é inata e, consequentemente, imutável e de tratamento impossível.

Mas Hess vai mais longe subscrevendo a previsão do Papa Paulo VI de que a pilula, desligando a sexualidade do seu propósito Divino, promoveu a homossexualidade, o adultério, o aborto e o uso de células estaminais embrionárias - todas expressões de pessoas reduzidas a “objetos sexuais”.

Em 1995, depois de quatro anos a tentar combinar a devoção católica esporádica com uma vida de coabitação homossexual, Hess desistiu e melodramaticamente “encaixotei todos os meus crucifixos e Bíblias e deixei-os no gabinete do bispo de La Crosse, no Wisconsin, com uma carta a renunciar à Fé Católica.”

O referido bispo seria o Bispo Raymond Burke. Para surpresa e desgosto de Hess, o Bispo Burke respondeu gentilmente dizendo respeitar a decisão de Hess mas que iria rezar pelo seu regresso. Como um autodenominado “activista gay”, Hess sentiu-se ultrajado pela “arrogância” do bispo e respondeu-lhe acusando-o de perseguição e instruindo-o para nunca mais lhe voltar a escrever. Mas o Bispo Burke escreveu-lhee mais uma vez uma carta gentil prometendo-lhe obediência mas que “se eu quisesse voltar a reconciliar-me com a Igreja ele me acolheria de braços abertos”.

Era claro para Hess que tal não aconteceria mas quando ele disse ao seu amante, três anos mais tarde, depois de um curto mas intenso período de oração e discernimento dirigido por um pároco, que precisava de regressar à Igreja, ele respondeu-lhe, “eu sempre soube que este dia ia chegar. Faz o que precisares para seres feliz.”

Mais tarde Hess descreveu a maravilhosa recepção que recebeu. O seu pároco ouviu a sua confissão e encontrou-lhe uma família católica para ele viver até descobrir um novo apartamento. Tal como o Bispo Burke, quando Hess ligou para o seu escritório para se reconciliar, “ele acolheu-me.” Também relembrou Hess do pacote de objectos católicos que tinha lá deixado na sua raiva, do qual Hess se lembrava. O bispo tinha guardado a caixa acreditando que Hess voltaria, e devolveu-a nessa altura.

Hess conta como durante um tempo considerou - e estudou para - o sacerdócio, concluindo no fim que a sua vocação era “viver com fé a vida de solteiro” em castidade.

Mas alguns padres “apóstatas” (sobretudo nos seus cinquentas e sessentas) tentaram convencê-lo, mesmo no confessionário, que Deus queria que ele reactivasse a sua homossexualidade. Estes homens não o estavam a ajudar, escreveu. “Como alguém que sofreu no seu estado de pecado mortal durante muitos anos, eu asseguro-vos que não há felicidade fora da ordem moral.”

Quem o ajudou foi o seu bispo, que o deixou abandonar a Igreja para ele poder retornar. “Enquanto alguns maldizem o Arcebispo Burke pela sua fidelidade a Deus, à Igreja e a todas as almas, eu digo-vos que ele é um verdadeiro pastor dos fiéis e um Athanasius dos dias de hoje”, escreveu Hess. “Eu digo-vos que ele continua a ser um mentor e uma inspiração para mim. Apesar do meu pai biológico me ter rejeitado, o Arcebispo Burke tornou-se um pai espiritual para mim representando amorosamente o nosso Pai do Céu”.


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sábado, 11 de março de 2017

Quanto mais se reza mais se é humilde

Está dito que só a ajuda de Deus salva. Quando um homem sabe que não há mais nenhum socorro, reza muito. E, quanto mais reza, mais o seu coração se torna humilde, porque não se pode rezar e pedir sem se ser humilde. «Não desprezarás, ó Deus, um coração oprimido e humilhado» (Sl 50,19). Com efeito, enquanto o coração não se torna humilde, é-lhe impossível escapar à dispersão; a humildade faz o coração virar-se sobre si mesmo.

Quando o homem se torna humilde, imediatamente a compaixão o envolve e o seu coração sente então o socorro divino. Descobre que nele sobe uma força, a força da confiança. Quando o homem sente assim o socorro de Deus, quando sente que Ele está ali e vem em sua ajuda, imediatamente o seu coração fica cheio de fé e compreende então que a oração é o refúgio do socorro, a fonte da salvação, o tesouro da confiança, o porto livre da tempestade, a luz dos que estão nas trevas, o amparo dos fracos, o abrigo no tempo da provação, a ajuda no auge da doença, o escudo que defende nos combates, a flecha lançada contra o inimigo. 

Numa palavra, a abundância dos bens entra nele pela oração. Doravante, ele tem as suas delícias na oração de fé. O seu coração irradia confiança.

Isaac o Sírio (século VII) in Discursos Espirituais, 1.ª série 



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quarta-feira, 8 de março de 2017

As palavras de Jaime Nogueira Pinto no funeral da sua mulher

Não vos vou falar mais da Zézinha. Porque todos a conheceram e já muitos falaram dela nestes dias. E bem. Eu, aqui, vou falar-vos da Zézinha e de nós – de mim, dos meus filhos e da nossa família - nestes cinco últimos meses desde que soubemos da doença dela, num Sábado, faz hoje precisamente cinco meses.

Conheço bem as narrativas de aceitação cristã e resignada das provações que Deus manda – deste o Livro de Job às histórias dos mártires e perseguidos de todos os tempos. Mas nunca tinha assistido, e vivido, de perto, e também na pele, essa experiência. Nesse dia no Hospital da Luz a Zézinha foi informada quase ao mesmo tempo que nós do que tinha e quais eram as perspectivas; e percebeu perfeitamente que tinha uma sentença de morte a curto prazo em cima da cabeça.

Jantámos nessa noite com os nossos filhos e começámos, conscientes, uma longa e dolorosa noite das Oliveiras. Às quatro da manhã, vi que ela não estava no quarto e fui procura-la. Estava na casa de jantar, a fumar um cigarro.

Perguntou-me se queria também um chá, que ia fazer para ela. E assim ficámos até às seis, a beberricar um chá e a falar da nossa vida. Da nossa vida que tinha sido uma vida boa, mas que não tivera nada a ver com uma boa vida. Tinha sido uma vida difícil, muito rica de riscos e afectos, de grandes amizades e algumas desilusões. E ela agradeceu – e eu com ela – a Deus que nos tinha dado essa vida, e os nossos filhos, e os nossos netos, e toda a família. E os nossos amigos. Todos vós.

Depois foi o princípio desta caminhada que acabou na semana passada: ela estava resignada mas, por nós – por mim e pelos filhos - aceitou lutar, com fé em Deus e respeito pelas ciências e artes dos homens. E partimos para Nova Iorque, e depois para Madrid. E tivemos essa longa espera das consultas, dos exames, das análises, dos relatórios, das esperanças alimentadas e perdidas, das histórias dos amigos próximos solidários que vêm com uma casuística de receitas e curas. Partilhamos isto tudo com ela, mas ela – sendo a vítima – foi sempre a mais corajosa e a mais desprendida de todos nós.

Ela rezava as suas devoções antes de dormir e eu muitas vezes rezei com ela. Nunca nessas longas semanas pediu a cura; pedia que se fizesse a vontade de Deus. Aceitava pedir pequenas coisas: para ter apetite; para não ter náuseas depois da quimioterapia; para ter ossos e cabeça no dia seguinte, para cumprir as suas obrigações profissionais – e ir ao Parlamento, ir à Renascença, ir ao debate da SIC, aguentar a campanha eleitoral, escrever o artigo para o DN.

E estar presente com a sua extrema atenção como mulher, como mãe, como avó, como dona de casa, nas grandes e pequenas tarefas, nas rotinas todas.

Ela que era a pessoa mais modesta do mundo e gastava metade do que ganhava nas suas “caridades”. Tinha a sua economia pensada e articuladas para a velhice. Com a doença e os tratamentos dizia, solta, a rir e a sorrir - “se duro muito, gasto o que tenho com a doença e depois vais tu ter que me sustentar.”

Vivi isto tudo com os nossos filhos – o Eduardo, a Catarina, a Teresinha - e também com a Helena, o Martim e o Tiago. E com as minhas cunhadas Maria João e Sumsum, e com a minha sogra, Maria José.

Mais que todos com a Teresinha porque estava na linha da frente, estávamos os dois com a Zézinha em casa e, talvez por isso fomos os que alimentámos mais esperanças.

A Teresinha e eu, nesta linha da frente, tínhamos que ser mais esperançosos que os outros. Vigiávamo-nos e ajudávamo-nos, atentos a quando o outro ia a cair. Como dois Cireneus, mas quem levava a Cruz era a Zézinha.

Escolheu – ela escolheu e nós seguimo-la – viver habitualmente esta tragédia. Nós às vezes revoltávamo-nos e pensávamos que Deus estava a escrever por linhas tortas, muito tortas. Sentíamo-nos na sua cela da morte, e pedíamos – nós – graça e clemência. Mas ela continuou a aceitar com simplicidade, com modéstia, com aquele seu sorriso que era a coisa mais luminosa do mundo, quase a pedir desculpa por estar doente, por nos preocupar, por nos mudar a vida.

Uma ou duas vezes houve episódios positivos, animadores, que quase a perturbaram. A resignação é comovente, mas a esperança – sobretudo nos resignados - ainda é mais. Nela, a esperança guardou-a para outras coisas. Em nós houve sempre esperança quase até ao fim. Acreditamos num Deus que faz milagres, que ressuscita mortos, porque não havia de curar enfermos.

Desta vez não curou. Há dez dias, mais ou menos, tudo se precipitou, vieram as más notícias do TAC de avaliação; já nos tínhamos apercebido que tudo estava pior, pois ela perdia mais e mais forças, os olhos perdiam o brilho, a vida ia desaparecendo. E só essa sua coragem e vontade de espírito a mantinham de pé.

Conhecia-a há mais de quarenta anos, no dia 12 de Março de 1970. Íamos fazer quarenta anos de casados no próximo mês de Janeiro e ela faria 60 anos em 23 de Março.

A vida a dois é uma vida difícil, mas conseguimos chegar juntos até que a morte, nos separou. Foi uma longa vida em que estivemos juntos em tudo o que de importante, bom ou mau, nos aconteceu – ou ao nosso país, ou à nossa família.

Mas estes quase cinco meses finais na sua dor e esperança, mais que uma descida para um abismo – que também foram – transformaram-se numa escalada para além da dor, uma subida de um calvário muito particular. Um calvário de alguém que pela fé, pela entrega aos outros, pelo amor aos mais fracos, pela caridade evangélica, acabou por seguir como sempre aspirava, o caminho de Cristo.

Sempre sem medo, nem da doença, nem da dor, nem do fim, porque ela acreditava que esse Cristo, esse Senhor era o seu pastor, e que por isso nada lhe faltaria ao atravessar o vale das trevas. Não faltou. Falta-nos ela a nós.

Jaime Nogueira Pinto, 07/07/2011


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