quarta-feira, 31 de agosto de 2016

A Santidade também foi difícil para os Santos

Um dos momentos mais difíceis na história da Igreja em Espanha foi, sem dúvida, a Guerra Civil Espanhola de 1936 a 1939. Milhares e milhares de pessoas foram mortas sob o jugo do comunismo e do anti-clericalismo só por serem Católicas. Leigos, mas também padres, freiras e religiosos. Desde há anos, sempre que sai um documento da Congregação para as Causas dos Santos, há sempre uma confirmação da Santa Sé de que mais dezenas de pessoas morreram pela Fé.

S. Josemaria viveu em Madrid durante parte da guerra e viu muitos dos seus amigos sacerdotes, e muitos outros que não conhecia, serem mortos. Alguns mesmo à sua frente. Era altamente improvável que ele sobrevivesse. Muitos dos que sobreviveram tinham conseguido fugir antes da Guerra.

Numa aventura incrível, ele e alguns dos primeiros membros do Opus Dei conseguiram fugir clandestinamente das regiões comunistas. No meio de imenso frio e muita fome e sempre a caminhar à noite, atravessaram os Pirinéus para passarem a fronteira. A primeira coisa que fizeram foi ir a Lourdes agradecer a Nossa Senhora. Logo de seguida, S. Josemaria quis voltar para Espanha. Arranjaram um sítio para viver na região espanhola onde a Igreja não era perseguida. Burgos foi a cidade de base, mas a partir daí percorreu muitos quilómetros. Confessava pessoas, dava Direcção Espiritual a muitos dos que o tinham conhecido em Madrid e pregava retiros. 

Nessa altura, Juan Jimenez Vargas era um dos membros mais antigos do Opus Dei e aquele que mais tinha a confiança de S. Josemaria. Também ele tinha atravessado os Pirinéus. Como era médico, foi imediatamente chamado para o exército nacional assim que entrou em Espanha e portanto não conseguiu ficar em Burgos a acompanhar S. Josemaria. Por essa razão, a sua correspondência por carta tornou-se abundante. É nesse contexto que surge esta carta:

"Estive em Valência, Valladolid, Salamanca, Ávila e Bilbao. Vim esgotado de Bilbao, (...). 
No dia 9 saio outra vez para Salamanca. 
Que pouca vontade tenho desta dança! De boa vontade me encerraria num convento, a rezar e a fazer penitência, até que acabasse a guerra... Mas seria a primeira ocasião em que faria a minha vontade e, naturalmente - melhor, sobrenaturalmente -  também não a farei agora" 
S. Josemaria Escrivá a Juan Jimenez Vargas, Carta de 7 de Fevereiro de 1938

S. Josemaria em Burgos, 1938
Nuno CB


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O "casamento gay" prejudica a sociedade



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terça-feira, 30 de agosto de 2016

Horror e salvação no Uganda

A minha primeira visita no Uganda foi a Namugongo, palco de cenas indescritíveis de horror e, ao mesmo tempo, ponto culminante da história do país. A data central foi o dia 3 de Junho de 1886 e por isso o 3 de Junho é a festa nacional.

Poucos anos antes, tinham chegado os exploradores ingleses, depois os missionários protestantes e logo a seguir os missionários católicos. Encontraram uma sociedade organizada e com um certo desenvolvimento económico, aprenderam rapidamente a língua e muita gente se converteu.

A religião tradicional incluía Katonda (o Deus criador e misericordioso) e várias dezenas de Lubaale (espíritos), como o espírito do lago, cujos oráculos chegavam a exigir sacrifícios humanos. Um ditado dizia «Katonda tatta» (Katonda não mata), mas os espíritos fartavam-se de matar e o rei também. Por exemplo, o Kabaka (rei) Mutesa, o mesmo que acolheu os exploradores e os missionários, matou os 60 irmãos logo que subiu ao trono. Existia mesmo um local próprio para as execuções dos membros da corte, com um corpo específico de carrascos.

Cinco anos depois de os missionários católicos chegarem, o Kabaka Mutesa morreu e sucedeu-lhe o Kabaka Mwanga II, com 16 anos. E começaram a morrer cristãos.

Houve muitas razões de conflito com os recém-convertidos da corte. Os feiticeiros insistiam em atribuir aos cristãos os contratempos da pesca, ou da agricultura. Os muçulmanos queriam controlar o país. O primeiro-ministro queria afastar as pessoas que lhe pudessem fazer sombra. Sobretudo, Mwanga era homossexual e estava habituado a abusar de quem encontrava pela frente. Mwanga até apreciava o cristianismo, o que não suportava era que os cristãos não aceitassem promoções que envolviam encargos imorais nem condescendessem como os seus desejos sexuais.

O chefe da casa real, Joseph Mukasa, protegia os pajens dos avanços do Kabaka e pagou por isso. Em geral, os pajens eram os filhos dos principais chefes e jovens escolhidos, de grande valor. Muitos converteram-se e Joseph Mukasa era o catequista do grupo.

Em 1885, com o falso pretexto de impedir uma invasão, Mwanga chacinou um grupo de missionários anglicanos que entraram no Uganda. Os protestos de Joseph Mukasa foram a gota de água: foi mandado decapitar e queimar.

Para substituir Mukasa, foi nomeado o jovem Charles Lwanga, o chefe dos pajens. Nesse mesmo dia, Lwanga recebeu o Baptismo. O rei continuou a queixar-se de que nunca encontrava os pagens quando queria e a vingança foi ainda mais terrível. O Kabaka torturou alguns e convocou toda a corte para mandar os cristãos irem para um lado e os outros ficarem. Todos sabiam perfeitamente o que isso implicava. Lwanga colocou-se imediatamente do lado dos cristãos, seguido por todos os pajens do rei, excepto 5. Os que ainda estavam a receber catequese, foram baptizados à pressa. 

O martírio prolongou-se ao longo de bastantes dias, com uma crueldade difícil de compreender. Foram esquartejados vivos e queimados de forma a prolongar ao máximo o tempo de vida e o sofrimento, tentando desviá-los da fé. Felizmente, ficaram registos e conservam-se muitos testemunhos sobre cada um deles. Até há fotografias deles, dos missionários, do Kabaka e dos outros personagens desta história.

Charles Lwanga foi o primeiro. Os outros, foram arrastados pelos pés durante alguns quilómetros, até perderem a pele e ficarem com as costelas à vista. Por isso o local se chama hoje Namugongo, porque na língua Luganda se diz «abassajja baabatutte namugongo» (homens arrastados de costas).
Jamais alguém tinha morrido assim. O comandante da força de execução deparou-se com uma alegria inexplicável e uma calma que nunca tinha visto. Foi perguntar ao Kabaka se aqueles rapazes eram mesmo para matar. Obedeceu, mas mais tarde converteu-se.

O Kabaka Mwanga tinha 18 anos quando os seus 45 pajens morreram, 22 católicos e 23 anglicanos. Vários tinham menos de 20 anos, os mais novos tinham 14 anos.

Os mártires não deixaram uma mensagem de ódio mas de uma fidelidade extraordinária a Deus e ao Kabaka. Embora os missionários tenham sido expulsos, o número de cristãos multiplicou-se.

O cristianismo do Uganda ficou marcado pelo exemplo dos mártires de Namugongo. Sincero respeito pelas convicções de todos (nomeadamente, ecumenismo entre católicos e protestantes e generosidade com os muçulmanos), fidelidade à fé, fidelidade à moral (nomeadamente em matéria de homossexualidade) e delicadeza e amizade para com todos, sem qualquer exclusão. O chefe dos carrascos e o Kabaka Mwanga acabaram cristãos. 

Hoje, a população do Uganda é quase toda cristã e a maioria católica. Os protestantes que encontrei têm devoção a Nossa Senhora e aos santos, em particular aos mártires de Namugongo, e reconhecem ao Papa um papel singular.

José Maria André

Fotografia de vários mártires católicos com o Bispo, um ano antes de morrerem:
1. Kiriwawanvu 2. Kaggwa 3. Josef Mukasa 4. Kiriggwajjo 5. Tuzinde 6. Ngondwe 7. Buuzabalyawo 8. Ssebuggwawo 9. Bazzekuketta 10. Ludigo 11. Gonza
12. Kibuuka 13 Charles Lwanga 14. Kiwanuka 15. Sserunkuma 16. Mulumba 17. Baanabakintu 18. Kizito 19. Mugagga 20. Gyaviira


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domingo, 28 de agosto de 2016

Governar o Universo é mais difícil do que multiplicar pães

Governar todo o universo é na verdade um milagre maior do que saciar cinco mil homens com cinco pães. E contudo, isso não espanta ninguém, mas as pessoas espantam-se diante de um milagre de menor importância, porque sai do habitual. Com efeito, quem sustenta ainda hoje o universo inteiro, senão Aquele que, apenas com algumas sementes, cria as searas? Cristo fez o mesmo que Deus faz. Usando do seu poder de multiplicar as searas a partir de uns quantos grãos, Ele multiplicou cinco pães; porque tinha poder para tal, e esses cinco pães eram como sementes, que o Criador da terra multiplicou mesmo sem as lançar à terra.

Esta obra foi-nos apresentada aos sentidos para nos elevar o espírito. Tornou-se-nos assim possível admirar «o Deus invisível, através das suas obras visíveis» (Rom 1,20). Depois de termos sido ensinados na fé e purificados por ela, podemos desejar ver sem os olhos do corpo o Ser invisível que conhecemos a partir do visível.

Com efeito, Jesus fez este milagre para que ele fosse visto pelos que ali se encontravam, e eles puseram-no por escrito para que nós tomássemos conhecimento dele. O que os olhos fizeram para eles, fá-lo para nós a fé. De igual modo, reconhecemos na nossa alma o que os nossos olhos não puderam ver e recebemos um belo elogio, pois foi acerca de nós que Ele disse: «Felizes os que acreditam sem terem visto» (Jo 20,29).

Santo Agostinho in Sermões sobre o evangelho de João, nº 24


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sábado, 27 de agosto de 2016

Prior dos beneditinos descreve o terramoto em Núrcia

Dia 24 de Agosto era a festa de São Bartolomeu, o que significava que rezaríamos Matinas às 3:45 da manhã. Cerca das 3:30 - quando já estavam todos em pé, graças a Deus - o terramoto atingiu-nos. Já haviamos experimentado tremores de terra nestes 16 anos que vivemos em Núrcia, mas nada como isto. 

É uma experiência muito assustadora ouvir o ranger da terra e sentir os edifícios balançar para um lado e para o outro. Todos nós tivemos a presença de espírito para sair imediatamente e reunir num lugar aberto - a praça em frente ao mosteiro. Aí juntámo-nos uns aos outros, ao frio, enquanto tremores sucessivos faziam com que o pavimento de pedra ondulasse debaixo dos nossos pés. Os monges e moradores da cidade reuniram-se instintivamente em torno da estátua de São Bento, que está localizada no centro da praça. Os monges rezavam o Terço juntos e muitos dos habitantes da cidade juntaram-se. Agradecemos sinceramente a Deus por as nossas vidas terem sido poupadas.

Do outro lado das montanhas, em Accumoli e Amatrice, o terramoto demoliu as cidades, deixando um rasto de morte e destruição. Lamentamos a trágica morte dessas pessoas, e choramos pelos seus parentes e amigos. Na verdade, como diz a Escritura: "Deus não é o autor da morte

nem se compraz com a destruição dos vivos." (Sabedoria 1, 13). Especialmente grave é a morte súbita, porque não há tempo para se preparar. É por isso que São Bento ordenava aos seus monges para "manter a morte diária diante dos seus olhos". Isto quer dizer que devemos estar sempre preparados, mesmo para uma morte violenta e repentina que vem de forma inesperada no escuro da noite.

A destruição em Núrcia é grave. Não houve apenas um terremoto, mas vários, com tremores de terra contínuos mesmo enquanto escrevo estas linhas (48 horas depois). No mosteiro há uma série de danos superficiais, que são bastante fáceis de reparar, mas tivemos também danos estruturais, o que é muito mais grave. O oficial da Protecção Civil, que veio fazer uma inspecção de emergência na primeira tarde, pediu-nos para sairmos do edifício, porque algumas partes foram consideradas inseguras. Os tremores subsequentes contribuiram ainda mais para os danos. 

A basílica de São Bento foi gravemente atingida. A parede atrás do altar de São Bento cedeu e sairam várias pedras no meio do estuque. Se um monge estivesse a oferecer Missa naquele altar, como acontece muitas vezes no início da manhã, teria morrido. A fachada separou-se do corpo da igreja. Nós ainda não sabemos como ficaram os nossos projectos de restauro, nos quais investimos muito trabalho e tantos recursos! A igreja está fechada, e vai demorar meses, até um ano, para reparar.

Claro, a realidade é que vivemos em uma zona sísmica. Algumas pessoas têm furacões, tornados, tufões - nós temos terramotos. Há duas possíveis atitudes diante deste facto. Um deles é uma espécie de resignação monótona. O outro é confiar tudo à providência de Deus.

Os monges fazem um voto de estabilidade. Um dos frutos desse voto é o que chamamos "amor ao lugar". Nós amamos este lugar. E vamos reconstruí-lo.

Há uma interpretação espiritual que podemos dar ao 'terramoto São Bartolomeu de 2016'. Vem-me à mente uma antífona da Páscoa: "Ecce terraemotus magnus factus est ..." (Eis que houve um grande tremor de terra). A antífona refere-se à reacção da Criação perante a Ressurreição de Cristo. Nós também iremos ressuscitar no final dos tempos, quando o Senhor vier para julgar os vivos e os mortos. Costumava ser comum meditar-se sobre as últimas coisas (novíssimos): morte, juízo, Céu, inferno. seria bom para meditar sobre eles novamente.

Há dois símbolos desta história que nos podem ajudar. Primeiro de tudo, a Basílica de São Bento e o altar do santo foram gravemente danificados. A cultura Católica da civilização ocidental está em colapso. Podemos vê-lo diante dos nossos olhos. O segundo símbolo é a reunião das pessoas ao redor da estátua de São Bento na praça, para rezar. Essa é a única maneira de reconstruir.

O Padre Cassian Folsom é o prior do Mosteiro de S. Bento, em Núrcia, e fundador da comunidade de monges beneditinos que aí vive desde o ano 2000. Usam o rito monástico antigo, com Missa Tradicional. São talvez a comunidade mais jovem do mundo, com uma média de idades de 34 anos, e até à data não param de aparecer vocações.

Para ajudar monetariamente os monges beneditinos de Núrcia: https://en.nursia.org/earthquake-relief/


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Marta, a adolescente que não abortou



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sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Itália: Estátua de Nossa Senhora entre os escombros do terramoto


Foi encontrada uma estátua de Nossa Senhora com o Menino Jesus ao colo, no meio dos escombros do terramoto que atingiu o centro de Itália. A imagem foi encontrada em Pescara del Tronto, uma das zonas mais devastadas pelo sismo, e está a servir como um sinal de esperança no meio de tanta destruição.

Que Nossa Senhora interceda pelas almas dos que morreram, ajude a consolar as famílias que estão de luto e motive os envolvidos nos difíceis trabalhos de reconstrução.


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quinta-feira, 25 de agosto de 2016

O espantoso milagre de Lanciano

Era uma manhã de Domingo comum, na cidade italiana de Lanciano, no mosteiro de São Legoziano, onde viviam os Monges de São Basílio. O mais incrédulo deles proferia as palavras da Oração Eucarística, quando, de repente, ocorreu o inesperado. Os olhos assustados do religioso denunciavam o evento. Deus havia condecorado a sua suspeita quanto à transubstanciação com o mais prodigioso dos milagres eucarísticos de que se ouviu falar.

A hóstia convertera-se em Carne viva e o vinho em Sangue Vivo. O pequeno monge que outrora duvidara da presença real de Cristo na Eucaristia agora era obrigado a reconhecer a sua tolice, pedindo perdão a Deus - e à comunidade presente - pela sua falta de fé: "Ó bem-aventuradas testemunhas diante de quem, para confundir a minha incredulidade, o Santo Deus quis desvendar-se neste Santíssimo Sacramento e tornar-se visível aos vossos olhos. Vinde, irmãos, e admirai o nosso Deus que se aproximou de nós. Eis aqui a Carne e o Sangue do nosso Cristo muito amado!" (1)

Comoção geral. A pequena assembleia reunida lançou-se sobre o altar, chorando e clamando a misericórdia de Deus. Havia nascido um novo São Tomé. O monge ganhara a fama do céptico apóstolo de Jesus pelas multidões que se dirigiram à cidade de Lanciano, ano após ano, em longas peregrinações.

A princípio, os fiéis guardaram as relíquias num tabernáculo de marfim, mas, em 1713, foram transferidas para uma custódia de prata e um cálice de cristal, onde se encontram até hoje, na igreja de São Francisco. Enquanto o Sangue se dividia em cinco fragmentos, coagulados em diferentes dimensões, a Hóstia-Carne aparentava um tecido fibroso, de coloração escura, e rósea quando iluminado pelo lado oposto.

A Igreja reconheceu o milagre de Lanciano em 1574. Mas foi somente em Novembro de 1970 que os Frades Menores Conventuais, responsáveis pela guarda das relíquias, tiveram a autorização para submetê-las ao exame de dois médicos. Concluída a pesquisa, em Arezzo, os renomados doutores Linoli e Bertelli publicaram um relatório, dizendo:

"A Carne é verdadeira carne, o Sangue é verdadeiro sangue. A Carne é do tecido muscular do coração (miocárdio, endocárdio e nervo vago). A Carne e o Sangue são do mesmo tipo sanguíneo (AB) e pertencem à espécie humana. No sangue foram encontrados, além das proteínas normais, os seguintes materiais: cloretos, fósforos, magnésio, potássio, sódio e cálcio. A conservação da Carne e do Sangue, deixados em estado natural por 12 séculos e expostos à acção de agentes atmosféricos e biológicos, permanece um fenómeno extraordinário."

Os resultados foram tão incríveis que antes mesmo do fim da análise, os médicos enviaram um telegrama aos Frades, confessando-lhes o espanto: "E o Verbo se fez Carne!" É assim que o Milagre de Lanciano, desafiando a acção do tempo e toda a lógica da ciência humana, se apresenta aos nossos olhos como a prova mais viva e palpável de que "Comei e bebei todos vós, isto é o meu Corpo que é dado por vós."

Curiosamente, o tipo sanguíneo das relíquias é o mesmo encontrado no Santo Sudário.

in Christo Nihil Praeponere


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segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Missa Tradicional no Rio de Janeiro

Todos os Domingos, às 9h da manhã, na Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé, na cidade do Rio de Janeiro, celebra-se a Santa Missa Prelatícia na Forma Extraordinária do Rito Romano. 

Mas, o que é a Forma Extraordinária do Rito Romano? Tem aprovação do Papa? É de difícil compreensão e participação? Para responder a essa questão conversámos com o Pe. José Edilson de Lima, sacerdote da Administração Apostólica S. João Maria Vianney e Juiz auditor do Tribunal arquidiocesano do Rio de Janeiro

Qual é a diferença entra a Missa na Forma Extraordinária do Rito Romano e na Forma Ordinária? Desde quando existe?

Pe. José:  A Missa na Forma Extraordinária é fruto de uma antiga tradição recolhida por São Gregório Magno (596-604) para uso em Roma, que fixou o cânon romano. Por ser a Liturgia da Igreja de Roma, generalizou-se em todo o Ocidente entre os anos 700 a 1500. Com Carlos Magno passa a ser usada no Império dos Francos e foi enriquecida no contacto com as diversas liturgias galicanas e orientais. 

Com a crise na Igreja e no papado, o Missal, agora franco-germânico, volta para Roma e vai ser a base para a reforma gregoriana no século X. Os ritos foram simplificados para uso interno da Cúria em suas viagens e o Missal Romano passa a ser usado em toda parte. Os franciscanos adoptaram-no e acabaram por divulgá-lo em todo o Ocidente.

O Concílio de Trento, enfrentando a crise da Igreja na época e as investidas protestantes contra os dogmas eucarísticos, especialmente o valor da Santa Missa, da Eucaristia e do Sacerdócio,  ordenou a reforma do Missal e em 1570, com a Bula Quo primum tempore, o Papa São Pio V publicou o Missal Romano, tomando como base o Missal da Cúria e impondo-o como obrigatório em toda a Igreja Latina. Por isso o Missal na forma antiga é chamado erradamente de São Pio V, ou Tridentino. Na realidade é muito mais antigo.

Os Papas posteriores reeditaram o Missale Romanum realizando melhorias na formulação das rubricas, revisão de alguns textos e reformas no calendário. A última reforma das rubricas foi feita pelo Beato João XXIII através do Motu Próprio Rubricarum instructum, no dia 25 de Julho de 1960. A última edição conforme as novas Rubricas é do ano 1962. É a chamada hoje Forma Extraordinária do Rito Romano. 

O grande diferencial está na sua história, pois é fruto de uma evolução litúrgica homogénea, e na sua precisão teológica, principalmente no que diz respeito aos dogmas eucarísticos. Aparece mais o sentido do sagrado numa liturgia mais vertical. Pela precisão nas rubricas, está menos sujeita a alterações, o que dá uma certa garantia contra as inovações que podem acontecer, fruto de pouco conhecimento do verdadeiro sentido litúrgico.

in Zenit


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terça-feira, 16 de agosto de 2016

E se vos dissesse que os grandes atletas destes Jogos Olímpicos são católicos?

Provavelmente não acreditavam em mim, não era? Então vamos lá.

Comecemos pela nova coqueluche da ginástica... Simone Biles! Para quem não sabe quem é a Simone, bem, devia saber... Vale a pena assistir às suas rotinas, em especial ao seu movimento único, o "Biles". A atleta estado-unidense já leva três medalhas de ouro e uma de bronze. Terá hoje mais uma prova, aquela na qual, para mim, ela é melhor. Lutará hoje pela medalha de ouro no tapete.
Mas vamos ao que interessa... Quem é Simone Biles? A adolescente, antes de começar as Olimpíadas, deu uma entrevista na qual mostrou o que trazia na bagagem. Entre outras coisas, mostrou um terço branco. Diz que antes das provas não o usa, mas que reza para dentro, como é normal e que o usa no dia-a-dia. Filha de mãe drogada e abandonada pelo pai, foi aos cinco anos adoptada pelos avós e desde então nunca falhou uma Missa dominical em família. Reza regularmente a S. Sebastião, patrono dos atletas e nota-se nela uma alegria que não se vê nas concorrentes. Biles, que optou pelo homeschooling, para se proteger das radicais influências laicistas da educação estatal, com o firme alicerce da fé e da família, tem tudo o que precisa para triunfar não apenas na ginástica, mas, principalmente, na vida.


Na natação, Katie Ledecky, também americana foi uma das atletas que deu que falar e que valeu a pena acompanhar. A nadadora, que leva quatro medalhas de ouro e uma de prata nestes Jogos, tem apenas 19 anos. Ledecky não tem qualquer tipo de vantagem óbvia sobre as oponentes, sendo baixa e pequena em geral. Mas o que surpreende nela é a força interior com que nada, sendo claramente mais agressiva a nadar do que as colegas. Há quem a chame a melhor atleta do mundo, inclusive, tais são as margens das suas vitórias. Como para Biles, a sua fé católica é essencial. A desportista frequentou escolas católicas e diz, inclusive: “A minha fé católica é muito importante para mim. Sempre foi e sempre será. É parte de mim e sinto-me confortável ao praticar a fé. Ajuda-me a por as coisas em perspectiva”. "Rezo uma oração ou duas, antes das provas. A Ave Maria é uma oração belíssima e acalma-me." Há quatro anos, após ganhar a sua primeira medalha olímpica visitou o convento de irmãs da sua primeira escola. Tem uma família que a apoia e que ajuda ao seu sucesso.

Que tal falar agora do homem mais rápido do mundo? Sim, Usain Bolt... é católico. Apesar de dispensar introduções, Bolt vai na sua terceira Olimpíada e venceu também pela terceira vez a medalha de ouro nos 100m, sendo que concorrerá hoje pela dos 200m. O jamaicano é conhecido por traçar o sinal da cruz antes de começar a corrida, mas além deste e outros sinais exteriores de fé, é de reparar numa das suas medalhas, mas não de ouro. Falo na medalha milagrosa, promovida por Santa Catarina Labouré, que mostra Nossa Senhora das Graças. A nossa Mãe do Céu será portanto a mulher mais rápida e mais vista na categoria das corridas de sprint. Esta medalha tem uma bela e poderosa oração inscrita: "Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós."

Após o pódio, menções honrosas para Juan Martin del Potro, ortodoxo, que recuperou de graves lesões (pelas quais até pensou terminar a carreira) para alcançar a medalha de prata no ténis; e Michael Phelps, talvez o maior atleta olímpico de sempre, com as suas 23 medalhas de ouro, que passou por momentos difíceis, em que pensou até suicidar-se, mas com a ajuda da sua família e pela graça de Deus (em quem restaurou a sua fé) recuperou para vir (possivelmente) terminar carreira em grande nestes Jogos, vencendo cinco medalhas de ouro e uma de prata.

PF

Notas:

Simone Biles: http://www.catholicnewsagency.com/news/these-two-game-changing-olympians-are-serious-catholics-76883/

Katie Ledecky: http://religionnews.com/2016/08/06/catholic-faith-anchors-swimmer-katie-ledecky/

Usain Bolt: http://aleteia.org/blogs/deacon-greg-kandra/this-amazing-olympic-champion-is-why-mary-is-now-the-most-viewed-woman-in-sprinting/


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domingo, 14 de agosto de 2016

Em directo, da revolução ugandesa


Escrevo do Uganda, paraíso da «East Africa». Em frente, estende-se o lago Victoria, aproximadamente circular, com o diâmetro da distância de Lisboa ao Porto (340 km por 230 km) e um recorte de 5.000 km, equivalente a 4 viagens de Lisboa aos Açores. Ao meio-dia, o sol brilha quase na vertical sobre esta imensa superfície de água, porque estamos precisamente no equador. A luz é deslumbrante. No entanto, a altitude do país é semelhante à das Penhas Douradas, na Serra da Estrela, e a conjunção do equador africano com esta altitude produz um clima de sonho, que lembra os dias mais temperados da Primavera nas latitudes portuguesas.

A história do Uganda é singular e as pessoas com quem me cruzei têm uma simplicidade e uma capacidade de acolhimento invulgares. É fácil meter conversa com desconhecidos. O povo é descontraído, divertido, disposto a ajudar. Respira-se paz e, pelo que me disseram, anda-se à vontade. Quem diria que é um país revolucionário para a mentalidade europeia!
Antes de partir de Lisboa, fui à consulta do viajante, para fazer as vacinas necessárias e ouvir os conselhos médicos pertinentes. Quase tudo bem. Tudo bem, salvo um pormenor, o apelo insistente a usar o preservativo para prevenir a Sida.

Os médicos sabem que um casal fiel ou uma pessoa que não tem relações sexuais jamais contraem doenças sexualmente transmissíveis e não precisam do preservativo. O curioso é não se pôr a hipótese de um casal ser fiel ou de uma pessoa solteira não fazer turismo sexual. Não discuto moral, queixo-me de falta de educação.

Ao desembarcar no Uganda, vê-se o contraste na forma de lidar com a Sida. No princípio dos anos 90, a percentagem da população ugandesa contagiada com Sida era muito alta e a epidemia alastrava galopante. Somando outras doenças muito graves, a situação era aflitiva. Tão crítica, que o Governo tomou uma medida inédita. Lançou o programa ABC, para promover o sentido de responsabilidade. «A» era a Abstinência para as pessoas solteiras; «B» era «Being faithful» (ser fiel) para as pessoas casadas; «C» era «Condom» (preservativo) para os que não queriam o «A» e o «B». Esta mobilização nacional acabou com os namoros irresponsáveis e os casamentos à experiência. A mudança foi notória e, em 10 anos, a percentagem de ugandeses com Sida desceu para níveis inferiores aos de muitos países considerados seguros.

A parte que correu bem foi o «A» e o «B». A população aderiu em massa e apostou numa vida familiar mais madura. Menos divórcios, menos crianças abandonadas, menos gravidezes precoces, famílias mais estáveis, com níveis de satisfação mais elevados e melhores condições de educação da juventude. A parte que continua a ter dificuldade em ver-se livre da Sida é o clube do «C», porque o preservativo, embora seja uma barreira, não evita completamente a passagem do vírus. Se a pessoa escapa de uma, nada garante que não fique infectada na vez seguinte e quem repete as situações de risco expõe-se francamente a ser contagiado. É esse o problema da prostituição e dos homossexuais activos, que não adoptam o «A» e o «B» e para quem o «C» se demonstrou uma jangada de pedra. Continuam a morrer de Sida e de outras doenças, mas os problemas do «C» ficaram circunscritos a uma percentagem pequena da população do Uganda.

A estratégia ABC do Uganda foi um êxito internacional, evidente e único no mundo. Ninguém tem dúvidas. Apesar disso, o programa é muito criticado no mundo ocidental, por ser uma proposta de fidelidade, classificada como oposta à liberdade sexual e reprodutiva. Para muitos no Ocidente, erradicar a Sida com fidelidade seria fácil, o desafio é fazê-lo mantendo certos estilos de vida.

Em Portugal, onde estamos pouco habituados a ter opinião própria, preferimos imitar o que vemos à volta e, por isso, continuamos inscritos no «C». A indústria talvez agradeça. A população do Uganda acha-nos decadentes. Li há três dias num jornal de cá: «...you change, or you fade out» (vocês mudam, ou extinguem-se).
José Maria C.S. André in Correio dos Açores, 8-VIII-2016


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sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Oração do Cardeal Newman para pedir a conversão diária

Meu Senhor Jesus, Tu cujo amor por mim foi suficientemente grande para Te fazer descer do céu para me salvar, querido Senhor, mostra-me o meu pecado, mostra-me a minha indignidade, ensina-me a arrepender-me sinceramente, perdoa-me na Tua misericórdia. Peço-Te, meu querido Salvador, que tomes posse da minha pessoa. Só o Teu perdão o pode fazer; não posso salvar-me sozinho; não sou capaz de recuperar o que perdi. 

Sem Ti, não posso voltar-me para Ti, nem agradar-Te. Se apenas contar com as minhas forças, irei de mal a pior, vou fraquejar completamente, vou endurecer por negligência. Farei de mim o centro de mim próprio, em vez de o fazer de Ti. Adorarei qualquer ídolo moldado por mim, em vez de Te adorar a Ti, o único verdadeiro Deus, o meu Criador, se não mo impedires com a Tua graça. 

Oh meu querido Senhor, escuta-me! Já vivi o suficiente neste estado: a pairar, indeciso e medíocre; quero ser o Teu fiel servidor, não quero pecar mais. Sê misericordioso para comigo, faz com que me seja possível, pela Tua graça, tornar-me naquilo que sei que devia ser.

Beato John Henry Newman in Meditações e Devoções, Part 3, IV: Pecado, § 2


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quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Portugal de férias ou em chamas?

Muitos de nós estamos de férias - com a família e amigos, na praia para "sobreviver" ao calor ou a visitar locais interessantes, a gozar o merecido descanso depois de um ano de trabalho - e enquanto isso muitos portugueses estão tudo menos descansados.

Entre as pessoas que têm as suas vidas e as suas casas em risco, os bombeiros que incansavelmente lutam contra os incêndios e os cidadãos que corajosamente se oferecem para combater as chamas, são muitos os que durante estes dias, que costumam ser de calma e alegria, têm sofrido a angústia e impotência diante de um inimigo que destrói tudo o que lhe aparece à frente.

Do mal pode sempre vir o bem. E de facto este drama tem revelado a coragem e a generosidade de muitas pessoas nos locais afectados pelos incêndios. São muitos os testemunhos de pessoas que com grande magnanimidade deram o que tinham e o que não tinham para ajudar neste momento de emergência.

Quem está de férias pode também ajudar, seja através de ajuda material - por exemplo a Cáritas Portugal criou uma conta para ajudar a população da Madeira: 0035 0697 0059 7240130 28 - ou pela oração por todos os envolvidos neste drama.

Peçamos a intercessão de um grande mártir dos primeiros séculos, que morreu ele próprio numa grelha, por amor a Cristo e aos irmãos.

S. Lourenço, rogai por nós!

João Silveira


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Edith Stein, de professora judia a freira Católica: 5 Razões

Santa Teresa Benedita da Cruz (também conhecida por Edith Stein, 1891-1942) é uma santa, freira e mártir da Igreja Católica. Eu estudei a vida dela (vejam o capítulo relacionado com ela no meu livro The Crucified Rabbi) e dessa altura destilei 5 razões especulativas sobre porque é que a professora Judith Stein foi de professora judia para freira Católica:
  1. Edith nasceu na festa judaica do Dia da Expiação.
    Desde muito cedo ela via-se como uma preferida de Deus e situava a sua própria vida na teologia judaica da expiação. Enquanto que o judaísmo do Antigo Testamento tem uma teologia rica sobre o sangue da expiação, os rabinos judaicos contemporâneos (como eu explico em The Crucified Rabbi) não fazem uma expiação de sangue de acordo com os preceitos de Moisés.
  2. Edith perdeu a fé nos primeiros movimentos feministas.
    Ela descrevia-se a si própria como uma "sufragista radical" que eventualmente "perdeu o interesse em toda a questão". Ela virou-se para a filosofia e depois para o Catolicismo para dar respostas aos problemas que as mulheres enfrentavam no século XX. No final, encontrou essas respostas no convento Carmelita, um lugar de silêncio, obediência religiosa, mortificação, estudo e oração.
  3. Edith estudou fenomenologia sob orientação do filósofo Max Scheler.
    A filosofia tem sido invadida pelo problema de como a mente conhece e interage com o mundo. Se as nossas percepções são diferentes entre elas e diferentes em várias partes da vida, será que existe uma realidade objectiva fora da nossa mente? A fenomenologia procura ligar o mundo real aos fenómenos da nossa mente. Mas no fim, foi preciso um orientador Católico na pessoa de Max Scheler para guiar Edith ao Realismo filosófico que o Catolicismo oferece. Scheler chamava à sua filosofia um "regresso às coisas" ou "uma viragem para a realidade".
  4. A tese de dissertação de Edith tinha o título "O Problema da Empatia".
    Como professor, sei que o título da tese de doutoramento diz muito sobre o seu autor. A filosofia da empatia (literalmente "sofrer no outro") encaixa perfeitamente com o Catolicismo e a sua chamada universal à misericórdia e o seu padrão de sofrimento fiel e martírio. Mesmo antes de ser Católico, ela escreveu o seguinte na tese: "Houve pessoas que acreditaram que uma certa mudança ocorreu dentro delas e que isso era um resultado da graça de Deus." Claramente, ela já estava a procurar o seu caminho para Cristo.
  5. Edith leu a autobiografia de Sta. Teresa de Ávila numa noite.
    Durante as suas lutas filosóficas com a empatia, a psicologia e o sofrimento, ela encontrou um livro sobre a mestre espiritual Carmelita Santa Teresa Ávila. "Quando eu acabei o livro, eu disse a mim mesma: Isto é a verdade." Reparem que ela disse "a verdade" e não apenas "verdade". Ela tinha encontrado o próprio Cristo.
Tenho a certeza que houve outros eventos e inspirações que levaram a Edith Stein para a Igreja Católica. Ela baptizou-se na festa da Circuncisão de Cristo (1 Jan) em 1922. Entrou no convento Carmelita doze anos mais tarde em 1934, tomando o nome de Teresa Benedita da Cruz (em alemão: Teresia Benedicta vom Kreuz). Recebeu a coroa do martírio sob os Nazis a 9 de Agosto de 1942.
São João Paulo II canonizou Edith a 11 de Outubro de 1998 como "uma filha de Israel" e uma mártir da Igreja Católica.
Um facto interessante é que o milagre final para a sua canonização veio da devoção que os Católicos Orientais lhe tinham. Podem ler mais sobre o milagre entre os Católicos Melquitas aqui.
Taylor Marshall


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Três novos sacerdotes ordenados em campo de refugiados

O Arcebispo sírio-católico de Mossul, Kirkuk e Curdistão (Iraque), D. Yohanno Petros Moshe, ordenou três novos sacerdotes num campo de refugiados em Erbil. O sacerdote católico recém-ordenado, Pe. Roni Salim Momika, afirmou que o evento constitui um grande encorajamento de alegria e esperança para a comunidade em que serve.

No passado dia 5 de agosto o Pe. Momika foi ordenado sacerdote, juntamente com os diáconos Emad e Petros, numa igreja pré-fabricada no campo de refugiados Erbil Aishty 2. O novo sacerdote disse: “Sinto-me feliz, muito feliz” pela ordenação no campo de refugiados onde vivem 5500 cristãos, que foram obrigados a fugir de Qaraqosh em Agosto de 2014, quando os terroristas do Estado Islâmico destruíram essa cidade cristã iraquiana.

O sacerdote explicou que foram lembrados os dois anos desse evento, mas que graças à providência divina, agora esta data será recordada também com alegria. “Tivemos que deixar Qaraqosh nesta época, há aproximadamente dois anos, e este tempo foi um desafio e um tempo de tristeza”, relatou.

Este dia, continuou, "antes era um dia de má memória porque o ISIS ocupou Qaraqosh e tornamo-nos refugiados, no entanto agora transformou-se em algo bom, com a nossa ordenação, algo que dá esperança à nossa gente”.

O novo sacerdote afirma que quer dar aos cristãos “força, esperança e coragem para seguirem as suas vidas e estar com os pobres” e com os que sofrem. Na essência, conclui, a sua missão é “levar a Cristo às pessoas”.

adaptado de acidigital


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terça-feira, 9 de agosto de 2016

Canonização de Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein)

"Quanto a mim, que eu não me glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo" (Gl 6, 14)

Um exemplo eloquente desta extraordinária renovação interior é a vicissitude espiritual de Edith Stein. Uma jovem em busca da verdade, graças ao trabalho silencioso da graça divina, tornou-se santa e mártir: é Teresa Benedita da Cruz, que hoje repete do Céu a todos nós as palavras que caracterizaram a sua existência: «Quanto a mim, que eu não me glorie, a não ser na cruz de Jesus Cristo». (...)

O amor de Cristo foi o fogo que ardeu a vida de Teresa Benedita da Cruz. Antes ainda de se dar conta, ela foi completamente arrebatada por ele. No início, o seu ideal foi a liberdade. Durante muito tempo, Edith Stein viveu a experiência da busca. A sua mente não se cansou de investigar e o seu coração de esperar. Percorreu o árduo caminho da filosofia com ardor apaixonado e no fim foi premiada: conquistou a verdade; antes, foi por ela conquistada. De facto, descobriu que a verdade tinha um nome: Jesus Cristo, e a partir daquele momento o Verbo encarnado foi tudo para ela. Olhando como Carmelita para este período da sua vida, escreveu a uma Beneditina: «Quem procura a verdade, consciente ou inconscientemente, procura a Deus».

Embora sua mãe a tenha educado na religião hebraica, aos 14 anos de idade Edith Stein, «consciente e propositadamente desacostumou-se da oração». Só queria contar consigo mesma, preocupada em afirmar a própria liberdade nas opções de vida. No fim do longo caminho, foi-lhe dado chegar a uma surpreendente conclusão: só quem se une ao amor de Cristo se torna verdadeiramente livre. (...)

No nosso tempo, a verdade é com frequência interpretada como a opinião da maioria. Além disso, é difundida a convicção de que se deve usar a verdade também contra o amor, ou vice-versa. Todavia, a verdade e o amor têm necessidade uma do outro. A Irmã Teresa Benedita é testemunha disto. «Mártir por amor», ela deu a vida pelos seus amigos e no amor não se fez superar por ninguém. Ao mesmo tempo, procurou com todo o seu ser a verdade, da qual escrevia: «Nenhuma obra espiritual vem ao mundo sem grandes sofrimentos. Ela desafia sempre o homem inteiro». A Irmã Teresa Benedita da Cruz diz a todos nós: Não aceiteis como verdade nada que seja isento de amor. E não aceiteis como amor nada que seja isento de verdade!

Enfim, a nova Santa ensina-nos que o amor a Cristo passa através da dor. (...)

Como esposa na Cruz, a Irmã Teresa Benedita não escreveu apenas páginas profundas sobre a «ciência da cruz», mas percorreu até ao fim o caminho da escola da Cruz. Muitos dos nossos contemporâneos quereriam fazer com que a Cruz se calasse. Mas nada é mais eloquente que a Cruz que se quer silenciar! A verdadeira mensagem da dor é uma lição de amor. O amor torna o sofrimento fecundo e este aprofunda aquele. Através da experiência da Cruz, Edith Stein pôde abrir um caminho rumo a um novo encontro com o Deus de Abraão, Isaac e Jacob, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. A fé e a cruz revelaram-se-lhe inseparáveis. (...)

Ao longo da sua existência, enquanto amadurecia no conhecimento de Deus adorando-O em espírito e verdade, ela experimentava cada vez mais claramente a sua específica vocação de subir à cruz juntamente com Cristo, de abraçá-la com serenidade e confiança, de amá-la seguindo as pegadas do seu dilecto Esposo: hoje, Santa Teresa Benedita da Cruz é-nos indicada como modelo em que nos devemos inspirar e como protectora à qual havemos de recorrer.

Papa João Paulo II, Homilia da Canonização de Edith Stein, 11 de Outubro de 1998


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segunda-feira, 8 de agosto de 2016

A humildade do Cura d'Ars

Os sacerdotes das paróquias vizinhas à paróquia de São João Maria Vianney, também conhecido por Cura d'Ars, vendo que o padre santo lhes 'roubava' os fiéis, fizeram um abaixo-assinado acusando-o de incompetente, inútil, etc.

Por acaso esse documento chegou às mãos do Cura d'Ars, que imediatamente disse: "Deixem que assine também, embora devesse acrescentar mais algumas coisas"...


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domingo, 7 de agosto de 2016

Bispo chinês enterrado com mitra de flores

Mons. Vincent Huang Shoucheng foi escolhido pelo Papa para bispo de Mindong (China), mas nunca tinha sido reconhecido pelas autoridades chinesas como bispo. Foi expressamente proibido que fosse enterrado usando a sua mitra, que é uma insígnia pontifical própria dos bispos católicos. Posto isto, os fiéis fizeram-lhe uma mitra de flores.

adaptado de infocatolica


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A desilusão da pornografia contada pela sua maior estrela



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