«Tenho ainda muitas coisas para vos dizer,
mas não as compreendereis agora».
Foram muitas as coisas que Jesus disse aos seus discípulos
que eles não compreenderam.
Eles eram continuamente confrontados
com a sua impotência para perceber o que d’Ele ouviam.
O que me surpreende, é que nem Jesus deixou de as dizer,
nem os discípulos deixaram de O ouvir.
Esta contínua provocação,
era superada pela atractividade da Sua presença,
pelo fascínio do Seu olhar,
pelo espanto dos Seus milagres.
O Mistério repugna aos agnósticos,
mas atrai os homens de coração simples
que se deixam tocar pela intuição de verdade que o Mistério provoca.
A presença extraordinária daquele Homem único
que lhes falava mais de perdão que de justiça,
mais de amor que de violência, mais de paz que de revolta,
fazia-os descobrir uma maneira nova de viver, nunca antes proposta,
mas totalmente correspondente com a verdade mais íntima de si mesmos.
Também eu não escapo a esta dificuldade tão humana diante do Mistério
de um Deus que Se faz homem e acaba morto numa Cruz;
de um Jesus ressuscitado, mas que Se torna reconhecível;
de um Cristo que permanece vivo e verdadeiro na Igreja e na Eucaristia.
Mas se O não posso compreender agora,
não resisto a contemplá-Lo,
na beleza que concedeu à natureza,
mas sobretudo na vida e na história dos homens onde,
apesar de todas as suas contradições, o amor é possível e acontece.
E um só pedido me sai do coração: mostra-Te!