Desde a publicação do motu proprio Summorum Pontificum em 2007, a “Paix Liturgique” tem-se esforçado por ilustrar a universalidade do interesse pela liturgia tradicional publicando reportagens, testemunhos e inquéritos recolhidos todos os continentes, e todos demonstram que o apego à liturgia e à Fé tradicional não é e jamais foi, como se ouve dizer vezes sem conta, “affaire franco-français” (ou seja, “coisa dos franceses e dos que falam francês”). Ainda assim, nas nossas viagens, acontece frequentemente perguntarem-nos sobre o catolicismo tradicional em França e sobre o que ele representa. Esta carta pretende, por isso, apresentar um balanço sucinto da Tradição em França neste ano de 2018, isto é, da sua actual situação, mas também da sua história.
13.000 foi o número dos peregrinos que, em 2018, acorreu à peregrinação de "Notre-Dame de Chrétienté" entre Paris e Chartres (peregrinação animada pelas comunidades “Ecclesia Dei”). A esta cifra deve ainda juntar-se os 6.000 peregrinos próximos da Fraternidade São Pio X que rumaram de Chartres em direcção a Paris nesse mesmo fim de semana de Pentecostes. Juntando ambos os grupos obtém-se, de facto, um número muito importante, que aliás está em constante aumento e que atesta a vitalidade extraordinária do catolicismo tradicional francês. O Cardeal Sarah que, no domingo à tarde se encontrou com os peregrinos antes de os acolher na catedral de Chartres na segunda seguinte, declarou ter ficado impressionado pelos muitos jovens e pelas tantas famílias aí presentes, a provarem que as raízes cristãs da França ainda dão fruto.
I – Raízes fundas
É frequente que, tanto em França como no estrangeiro, se tenda a limitar a reacção dos católicos franceses às conturbações conciliares e pós-conciliares à figura de Mons. Marcel Lefebvre, primeiro arcebispo de Dakar e superior geral dos Espiritannos por ocasião do Concílio. Porém, bem antes que Mons. Lefebvre se decidisse a fundar a Fraternidade Sacerdotal São Pio X em 1970, para a preservação e restauração do sacerdócio católico, numerosos franceses, clérigos e leigos, haviam já manifestado os seus receios e a sua recusa em face das reformas modernistas.
A reacção sacerdotal revestiu diferentes facetas. Uma faceta intelectual, em primeiro lugar, com a publicação de numerosos textos que criticaram os erros neomodernistas – pense-se, por exemplo, nos trabalhos do P. Calmel, OP, teólogo dominicano, ou nos do Abbé de Nantes, fundador da "Contra-Reforma Católica", de quem se pode dizer ter sido o primeiro “resistente” tradicionalista francês (1). Depois, uma faceta militante, com sacerdotes como o P. Coache ou o P. Barbara (2), que conduzirão centenas de peregrinos a Roma no início dos anos 70, para aí manifestarem a sua ligação à missa de São Pio V. Por fim, uma faceta local, com numerosos párocos que, em cada diocese, se foram esforçando por conservar ou restaurar nas próprias paróquias tudo aquilo que os ventos conciliares iam fazendo desaparecer.
Infelizmente, a maior parte deles foi perseguida – e por vezes, foram perseguidos de modo muito cruel – pela própria hierarquia e por outros sacerdotes, com a intenção de que deixassem de viver a sua vida católica como a tinham recebido e tal como ela fora antes, desde tempos imemoriais. Somente alguns “párocos-testemunhas”, as mais das vezes de zonas rurais, conseguiram atravessar os anos de chumbo, mas assim que tiveram de abandonar os próprios encargos por motivos de idade ou por terem sido chamados pelo Senhor, a sua obra logo desapareceu a grande velocidade, deixando num isolamento quase completo os fiéis ligados ao que eles tinham preservado...
Também entre as comunidades religiosas aconteceram reacções que precederam a de Mons. Lefebvre. Naturalmente, cumpre mencionar desde logo o papel desempenhado pela abadia beneditina de Fontgombault e pela sua primeira “filha”, Notre-Dame de Randol, que conservaram a missa tradicional até 1974 (3), e por Dom Gérard Calvet, fundador dum priorado beneditino em Bédoin, na região de Vaucluse (e que, mais tarde, viria a fundar a abadia de Sainte-Madeleine du Barroux), sem omitir alguns sacerdotes da congregação de São Vicente de Paulo, e sem esquecer ainda, do lado feminino, as dominicanas do Espírito Santo (Pontcalec) ou os dois ramos de dominicanas dedicadas ao ensino que acompanharam a obra de Mons. Lefebvre (Fanjeaux e Brignoles) e que contribuíram para preservar, através da educação católica de jovens moças, a própria essência da família católica.
Ao lado dos clérigos, a mobilização dos fiéis teve também uma importância imensa, pois os leigos dispunham de maior liberdade para agir e reagir, ainda que, em certas ocasiões, acreditando estar ainda nos felizes tempos da Igreja de antes do concílio, as autoridades eclesiásticas francesas tenham tentado usar de força ou dum direito tornado entretanto completamente anacrónico por causa do próprio concílio, a fim de fazer calar esses espíritos livres e independentes, recorrendo para tanto a ameaças de sanções canónicas...
Volvido mais de meio século desde esse período sombrio, cumpre prestar especial homenagem a Jean Madiran, que, à frente da revista Itinéraires, desempenhou, com coragem, inteligência e obstinação, um papel decisivo na “grande recusa” oposta ao novo Ordo da missa, ao abandono do catecismo e à falsificação das Escrituras. Houve ainda outras personalidades que também tiveram um papel eminente, como foi o caso, entre outros, de Michel de Saint-Pierre, Louis Salleron, Jacques Perret, e personalidades inspiradas e inspiradoras como Henri e André Charlier e Jean Ousset, o qual, conquanto não se implicando directamente nas questões religiosas e litúrgicas, contribuiu ainda assim para criar as condições para essa reacção, ao colaborar na formação de um quadro humano propício no âmbito da “Cité Catholique”.
Essencial veio também a ser a criação da “Una Voce” por Georges Cerbelaud-Salagnac, em 1964, e a do movimento dos “Silenciosos da Igreja” por Pierre Debray (4). No quadro desta faceta militante, recordamos ainda a “Aliança Saint-Michel”, que apareceu na linha da frente a lutar contra os abusos mais gritantes. E cabe enfim citar a fundação dos “Escuteiros da Europa” em 1958 (que, à época, se mostravam claramente comprometidos com a oposição às novidades religiosas), e do MJCF em 1967.
II – O estado de coisas em 2018
A) Locais de culto
A partir do final dos anos 60, a hierarquia francesa, com a autoridade que tinha sobre as paróquias e as obras católicas, trabalhou no sentido de fazer cessar tudo quanto tivesse a feição de uma oposição às novidades conciliares. No seio das estruturas eclesiásticas, foram perseguidos aqueles homens e mulheres que permaneciam ligados ao espírito tradicional, e outro tanto aconteceu com os leigos, que tiveram muito que penar com os obstáculos que se lhes iam levantando sempre que mostravam querer continuar a ter acesso a missas tradicionais e a uma catequese ortodoxa para os seus filhos.
Por entre uma parte deles, levantou-se então um vento de resistência – jovens, velhos, mulheres e homens –, indo em socorro de sacerdotes fiéis a fim de que estes continuassem a celebrar a missa entretanto interditada, e para conseguirem os meios que a eles próprios lhes permitissem continuar a assistir à missa. Foi assim que, comprando aqui uma garagem (ou um antigo talho, como aconteceu na Rua da Cossonnerie, em Paris!), arrendando ali uma sala de espectáculos, transformadas entretanto em lugar de culto ocasional, eles chegaram a criar ao cabo de uma dezena de anos uma extraordinária rede de “missas selvagens”, com o propósito de que a França pudesse continuar a ser irrigada por uma missa verdadeiramente católica.
Não foi senão em 1988 que, com o motu proprio Ecclesia Dei, promulgado pelas autoridades romanas à guisa de corta-fogo diante das ordenações episcopais realizadas por Mons. Lefebvre, veio a ser possível ir abrindo lentamente o dique, sem esquecermos porém as palavras de Dom Gérard quando afirmava que «todos os benefícios alcançados após as consagrações episcopais, só o haviam sido graças a elas»... Mais tarde, foi a vez do motu proprio Summorum Pontificum, de 2007, que veio legitimar esta “resistência” à missa conciliar, decidindo então que a missa tradicional jamais havia sido interdita – o que era, pelo menos, discutível no plano dos factos, especialmente em França – e permitiu enfim, mas nem sempre de maneira muito generosa, alargar o número das igrejas e capelas onde se celebra a liturgia que esse documento qualificou como «extraordinária».
Chegados a 2018, a celebração da missa tradicional só continua ausente em três dos 95 distritos (“departamentos”) da França continental. Trata-se de três departamentos rurais: Ardèche, Creuse e Haute-Saône. Concretamente, isto significa que, em França, onde quer que estejamos, existe sempre uma missa tradicional acessível a menos de uma hora de carro. Assim, existem hoje em França 285 lugares de missa (dominical ou não) reconhecidos pelas dioceses, contra os 132 existentes aquando da promulgação do m.p. Summorum Pontificum em 2007. Se a isso juntarmos os 203 lugares de culto da FSSPX (contra 184 em 2007), obtemos um total de 488 lugares de culto tradicional em 2018, contra os 316 em 2007.
É certo que, se confrontarmos esse número com as 4.300 paróquias existentes em França, pode parecer pouco. E, no entanto, pode hoje dizer-se que, se bem que com diferente periodicidade, a missa tradicional é celebrada em mais de 10% das paróquias francesas, e isto 50 anos depois de esta missa ter sido suprimida, esmagada, perseguida!
B) Os seminários das comunidades tradicionais
Ao longo de cerca de 20 anos, a estratégia de perseguir os sacerdotes fiéis e de proibir a ordenação de seminaristas – e mesmo quando apenas eram tidos por um pouco conservadores – foi vista como o meio para erradicar o motor da resistência católica, isto é, o sacerdócio tradicional.
Acontecera, porém, que Mons. Lefebvre havia criado em 1970 um seminário aberto a jovens que desejassem tornar-se sacerdotes segundo um espírito clássico. O respeito extraordinário e o espantoso entusiasmo de multidões de fiéis pelo prelado-resistente assentava muito simplesmente no facto de que ele “criava padres”: a missa, a catequese, a vida católica das famílias podia assim continuar a ser como era antes. Nisso Mons. Lefebvre foi apreciado por todas as realidades do catolicismo dito “integral”, que, desde os anos 50 até aos anos 70, foram constituindo o terreno do catolicismo tradicional francês (5) e que permitiram que se erguesse ao longo de meio século uma resistência espiritual, litúrgica, catequética, familiar extraordinariamente perseverante e, por vezes, até heróica, feita de fiéis e famílias católicos.
A FSSPX, a Fraternidade São Pedro, o Instituto de Cristo-Rei e o Instituto do Bom Pastor nasceram de uma importante raiz fundadora francesa. As duas primeiras estabeleceram-se ambas na Suíça e têm os seus seminários europeus na Alemanha, conquanto a FSSPX haja instalado desde há muito tempo o seu ano de espiritualidade (propedêutico) em Flavigny, perto de Dijon, na Borgonha. O Instituto de Cristo-Rei Sumo Sacerdote tem o seu seminário na Toscana. Hoje, somente o Instituto do Bom Pastor tem o seu seminário em França. Podemos pois rezar para que todos estes institutos tenham muito em breve um seminário também em solo francês...
C) As comunidades religiosas
Fizemos já menção das comunidades religiosas que resistiram ou tentaram resistir durante aqueles anos de chumbo e lágrimas. A criação por Mons. Lefebvre de um seminário que permitisse realizar ordenações fez com que a ele acorressem numerosas vocações religiosas, o que mais tarde permitiu o florescimento de novos institutos religiosos. Estas novas comunidades são hoje numerosas, tanto de direito pontifício ou diocesano, entre as quais, a obra de Riaumont, os religiosos de São Vicente Ferrer, o cónegos da Mãe de Deus, os Missionários da Misericórdia Divina, como outras que são próximas da FSSPX, entre as quais, a Comunidade da Transfiguração, os capuchinhos de Morgon, os beneditinos de Bellaigue, comunidades carmelitas, os dominicanos d'Avrillé, que entretanto se separaram, etc. Poderíamos ainda falar de algumas comunidades com afinidades, como a de São Tomás Becket, sendo todas elas, dum modo ou outro, frutos da resistência católica francesa no imediato pós-concílio.
D) As vocações
Desde há alguns anos que nos temos vindo a dedicar a contabilizar com precisão e a fazer uma comparação das vocações tradicionais relativamente às vocações diocesanas. Nos últimos anos, em média, em cada 5 novos sacerdotes franceses, um foi ordenado para a forma extraordinária do rito romano. Este fenómeno também toca as vocações religiosas, mais difíceis de contabilizar, mas cujo crescimento tem sido idêntico. Desde a reforma litúrgica, Fontgombault, abadia ela própria filha de Solesmes, deu já origem às abadias de Randol, Triors e Donezan, em França, e à abadia de Clear Creek, nos Estados Unidos, além de ter recuperado a abadia agonizante de Wisques.
Fundada por Dom Gérard Calvet, a abadia do Barroux deu origem por seu turno ao priorado de La Garde e, indirectamente, a várias fundações ligadas à FSSPX (do Brasil ao Novo-México, donde emergiu Bellaigue, em França). Um idêntico e espantoso dinamismo encontramo-lo entre as religiosas, a começar pelas dominicanas que se dedicam ao ensino, de Fanjeaux e Brignoles (FSSPX), e as do Espírito Santo (“Ecclesia Dei”), como junto das beneditinas e das dominicanas contemplativas d'Avrillé e noutros lados mais...
E) As organizações de jovens, de famílias e sociais
O extraordinário fervilhar que acabámos de descrever continua ainda hoje. Um dos seus efeitos foi o desenvolvimento surpreendente de associações e revistas, e a profusão florescente na internet de sites de informação, piedade e reflexão. Mas não é tudo: há ainda o escutismo, a catequese por correspondência, os movimentos de jovens, o acompanhamento espiritual de famílias (“Domus Christiani”), as iniciativas pró-vida e caritativas, sem esquecer, claro está, “Notre-Dame de Chrétienté” com a organização da peregrinação Paris-Chartres, que recordámos no início desta carta, etc. Estas obras resplandecem e estendem a sua acção para lá do universo tradicional, como é o caso da Marcha pela Vida, o “SOS Chrétiens d'Orient”, para falar apenas de duas iniciativas que nos últimos anos têm sido como faróis.
F) As escolas
A malha de escolas católicas por altura do concílio exibia uma extrema riqueza. Todavia, como aconteceu com todas as demais obras católicas, também elas viriam a pôr de parte qualquer tipo de relação com o espírito tradicional, quando não se deu o caso de se tornarem centros militantes de oposição a esse espírito. Por isso se explica que no momento em que as famílias, graças às suas orações e à sua firmeza de decisão, voltaram a ter lugares onde assistir à missa tradicional, a preocupação que de imediato as assaltou tenha sido a de recriar escolas onde reinasse um autêntico espírito católico. O resultado está à vista e é impressionante: o mapa das escolas livres e plenamente católicas conta, no momento presente, com 172 escolas que recusaram qualquer contrato com o Estado e se eximiram a qualquer controlo diocesano.
Este número explodiu sobretudo nos últimos 15 anos, como de resto todo o conjunto do sector escolar “fora de contrato” (“hors-contrat”). Do mesmo modo que os católicos americanos privilegiam o “homeschooling” (“ensino em casa”), assim os católicos tradicionais franceses encaminham de bom grado os seus filhos para escolas que eles próprios criam e financiam, cujos programas perpetuam os valores aos quais estão ligados e onde a educação religiosa é geralmente confiada a sacerdotes ou religiosas pertencentes a institutos ou comunidades “Ecclesia Dei”, à FSSPX ou a sacerdotes diocesanos “Summorum Pontificum” que celebrem a forma extraordinária do rito romano.
G) Perspectivas para o futuro: os católicos franceses e a liturgia tradicional
Em 2001, 2006 e 2008, a “Paix Liturgique” encomendou a organismos profissionais e independentes três sondagens para todo o território da França continental a respeito da relação dos católicos franceses com a liturgia tradicional da Igreja: IPSOS, em Abril de 2001, e CSA, em Novembro de 2006 e Setembro de 2008. A partir do final de 2009, completámos o quadro destes inquéritos nacionais com outras sondagens, desta feita diocesanas e paroquiais. Ao longo de dois anos, até ao Verão de 2011, e novamente em 2018, encomendámos 14 sondagens naquelas dioceses francesas que nos pareceram mais significativas, a fim de completar e afinar os resultados das sondagens nacionais. Os resultados destas sondagens – os únicos estudos estatísticos sérios levados a cabo sobre esta questão até ao presente – mostram uma grande coerência, no tempo e no espaço, do sentir dos católicos franceses acerca do que se convencionou chamar a “forma extraordinária do rito romano”.
Os resultados são muito claros: EM FRANÇA, UM EM CADA TRÊS CATÓLICOS (no mínimo!) DECLARA-SE DISPOSTO A ASSISTIR À MISSA TRADICIONAL SE A MESMA FOR CELEBRADA NA SUA PARÓQUIA. Por conseguinte, há ainda caminho pela frente, incompreensões a superar, homens de boa vontade a convencer, e portanto anos de trabalho e de orações, para se poder enfim chegar à meta, mas quanta alegria e quanta esperança para nós e para as nossas famílias: «Nunc dimittis servum tuum Domine...»
III - Conclusão
Acaso não é tudo isto fruto da Providência e dos homens que a Providência suscita, não é isto pôr em prática a divisa da Santa Joana d'Arc, Padroeira de França: «Os homens de armas combaterão e Deus dar-lhes-á a vitória»? Deus nunca falha nem é superado em generosidade, e é isso mesmo que aqui nos está a mostrar ao permitir uma situação como a actual, que NINGUÉM PODERIA CRER SER POSSÍVEL HÁ 50 ANOS!
Mais: o que se passou em França não é senão um exemplo do que também se veio a dar noutros locais, nos Estados Unidos, no México como noutros países, e é algo que pode ainda acontecer em muitos outros lugares durante os anos vindouros.
E tudo isto não é senão o começo, uma primeira etapa do restabelecimento da Igreja e das suas obras, da sua missão e da sua liturgia. Para citar o lema beneditino, há que continuar a rezar e a trabalhar... Sem cessar!...
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(1) Hoje pouco influente, a “Contra-Reforma Católica” gozou de uma grande aura desde o seu aparecimento em 1967, em virtude da notoriedade que recebera anteriormente a Carta que desde os anos 50 o Abbé de Nantes dirigia aos seus amigos.
(2) Pároco de Montjavoult, na diocese de Beauvais, o P. Louis Coache é destituído pelo seu bispo após ter restaurado a procissão do Corpo de Deus na sua paróquia, que então se veio a transformar no Ônfalo da resistência católica da região parisiense. Depois, abriu a Casa Lacordaire em Flavigny-sur-Ozerain, na Borgonha, onde se dedicou a pregar retiros espirituais. A sua presença nessa aldeia favoreceu que aí se instalasse entretanto uma abadia beneditina olivetana bem como a FSSPX, a quem cedeu a sua própria casa.
Pároco da diocese de Constantine, o P. Noël Barbara, autor de uma catequese sobre o matrimónio católico, agregou-se, a princípio, aos Cooperadores Paroquiais de Cristo-Rei, congregação votada à pregação de retiros espirituais de Santo Inácio segundo o método do seu fundador, o P. Vallet. Depois, radicou-se em Touraine, onde veio a animar a associação e a revista “Forts dans la Foi”.
(3) Sob pressão de Paulo VI, elas viriam a renunciar a celebrá-la... para a retomar mais tarde aproveitando do motu proprio Ecclesia Dei de 1988.
(4) Da mesma maneira que o “Opus Sacerdotal” do cónego Catta (ver a nossa Carta 400), também os “Silenciosos da Igreja” não fizeram da defesa da liturgia tradicional o centro do seu combate, apostando em ser um travão diante das derivas modernistas, mais do que promotores da restauração tradicional. De qualquer modo, vista a sua extensão numérica e o seu carácter inclusivo, estas duas iniciativas desempenharam um papel importante na preservação do sensus fidei entre os católicos franceses.
(5) Fazemos aqui alusão ao artigo do P. Grégoire Célier, “Un terreau fertile : La Tradition en France avant la Fraternité Saint-Pie X (1958-1976)”; “Um terreno fértil: A Tradição em França antes da Fraternidade São Pio X (1958-1976)”.
Paix Liturgique - Carta 93