terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Etiquetagem da Partilha

AMANHÃ, 4ª feira, há "etiquetagem" da Partilha na Igreja de Algés, a partir das 20h.

Para os mais beatos, há missa às 19h.
Os fãs de comida americana têm um Mc Donald's a 50m, onde costumamos ir buscar o jantar.

Não se esqueçam, a melhor maneira de amar Jesus é servindo a Sua Igreja! Portanto...

TUDO LÁ!!!!


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Gosto desta oração

Senhor,
Não fui eu que Te procurei e elegi,
mas foste Tu que vieste ao meu encontro e me escolheste.
Escolheste-me para estar conTigo,
Acolher a Tua amizade,
Imitar-Te na Tua vida,
Caminhar na Tua presença,
Alimentar-me da Tua vontade,
Viver do Teu Espírito.

Senhor,
Tu quiseste chamar-me para ser Tua testemunha junto aos mais novos.
Deste-me a missão de ser, para eles, o Teu rosto, a Tua companhia, o Teu exemplo.
Queres que, ao olharem-me, Te vejam a Ti:
No meu sorriso, a Tua benignidade;
Na minha compreensão, o Teu perdão;
Na minha pureza, a Tua virgindade;
Na minha misericórdia, o Teu coração;
Na minha sobriedade, o Teu jejum;
Na minha seriedade, a Tua solenidade;
Na minha austeridade, a Tua pobreza;
Na minha prontidão, a Tua generosidade;
Na minha submissão, a Tua obediência;
Na minha mortificação, a Tua cruz;
Na minha amizade, a Tua caridade;
Na minha sinceridade, a Tua verdade;
Na minha alegria, o Teu gozo;
Na minha conversão, a Tua ressurreição.

Senhor,
Como me sinto fraco e pecador!
Como estou longe do que queres de mim!
Mas sei, Senhor, que pelo poder que exerces em mim és capaz de fazer mais, imensamente mais, do que eu posso pedir ou sequer imaginar.
E sei! E acredito! Que se me chamas a esta missão, dar-me-ás também a força para a cumprir.
Não falsamente, através do que pareço, à maneira de um actor, mas sim do que sou, pelo poder transformante da Tua graça, do Teu Espírito.

Que ninguém se escandalize por minha causa, Senhor, Deus do Universo.
Que os meus actos e a minha vida correspondam às minhas palavras e aos meus desejos.
Que aqueles que me virem conTigo no Campo de Férias e na Peregrinação me vejam sempre conTigo e em Ti quando me encontrarem.

Senhor, eu creio em Ti!
Senhor, eu confio em Ti!
Senhor, entrego-Te o meu coração e toda a minha vida!
Faz de mim o que quiseres! Leva-me e conduz-me para onde Te apraz!
Porque Tu és a minha felicidade,
A minha salvação,
A consistência do meu ser,
A minha origem e o meu destino.
Por Ti fui feito! Em Ti subsisto! Para Ti me encaminho!
É em Maria e com Maria, a Virgem Santíssima, Esposa do Espírito Santo, Tua e nossa Mãe, que isto Te peço, para que o apresentes ao Pai de misericórdia e de toda a consolação.
Ámen.


Notas: 1 - Esta é a oração dos monitores do Sairef (campos de férias), mas parece-me tão bem feita que pode ser rezada por todos.
2 - Este é o 950º post do blog


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quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Miserere


É duro ler, nos Santos Evangelhos, a pergunta de Pilatos: "Quem quereis que vos solte? Barrabás ou Jesus, que se chama Cristo?".


- E mais penoso ouvir a resposta: "Barrabás!".

É mais terrível ainda, verificar que - muitas vezes! - ao afastar-me do caminho, tenho dito também: "Barrabás!" E tenho acrescentado: "Cristo? 'Crucifige eum!' - Crucifica-O!".

S. Josemaria Escrivá


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terça-feira, 22 de janeiro de 2008

domingo, 20 de janeiro de 2008

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

O papel da sapienza e da honestidade no debate intelectual

Quando se fecham a Bento XVI as portas de uma universidade, impedindo-o de falar, é sinal de que alguns praticam tudo o que no passado criticaram à Igreja. E ainda se orgulham disso...

O tempo dá por vezes razão aos que parecem não a ter mais depressa do que os próprios se atreveriam a esperar. Há uma semana, nas páginas do PÚBLICO, Rui Tavares atacava Vasco Pulido Valente por este ter sugerido, na sua expressão, que "a Igreja é capaz de ter de viver novos tempos de clandestinidade". O que era obviamente ridículo. E impensável.
Nem uma semana passou sobre esse texto e acabamos de assistir não à "passagem à clandestinidade", mas a algo igualmente impensável: em Roma, na sua prestigiosa Universidade, crismada "La Sapienza" (A Sabedoria), um grupo de professores mobilizou um protesto que conseguiu levar o Papa Bento XVI a declinar o convite para falar na sessão inaugural do ano lectivo. Porquê? Porque consideraram que o convite a um dos grandes intelectuais europeus da actualidade - uma qualidade que só por cegueira se pode negar ao antigo cardeal Ratzinger - era "incongruente" com a laicidade da universidade. Ou seja, um cidadão de Roma e do mundo, um bispo que se distinguir como académico, viu serem-lhe barradas as portas do que devia ser um templo da ciência em nome de um princípio sectário e de um preconceito que levou um grupo de cientistas a deturparem o que tinha dito num passado já longínquo. Na sua arrogância consideraram mesmo o homem que manteve uma polémica aberta e elevada com Habermas como sendo "intelectualmente inconsistente".
Ernesto Galli della Loggia, editorialista do Corriere de la Sera, ele mesmo um defensor dos princípios da laicidade, escrevia ontem que o gesto dos professores, poucos mas com responsabilidades, traduzia "uma laicidade oportunista, alimentada por um cientismo patético, arrogante na sua radicalidade cega". Uma laicidade que não hesitou em seguir o mesmo caminho dos islamitas radicais que tresleram o famoso discurso de Ratisbona, deturpando-o e descontextualizando-o, para atacarem Bento XVI. E Giorgio Israel, um professor de História da Matemática que se distanciou dos seus colegas, explicou que estes tinham construído o seu caso a partir de "estilhaços de um discurso" realizado pelo então cardeal Ratzinger em Parma há 18 anos. O processo foi muito semelhante ao de Ratisbona: em vez de notarem que o Papa citava outrem para a seguir marcar as suas distâncias, pegaram nas palavras do autor citado - em Parma o filósofo das ciências Paul K. Feyerabend - para, atribuindo-as a Bento XVI, considerarem que este dava razão à Igreja na sua querela com Galileu. O sentido do discurso de Parma, prosseguia o mesmo Giorgio Israel, era exactamente o contrário da caricatura que esteve na origem do protesto: afirmar que "a fé não cresce a partir do ressentimento e da recusa da modernidade".

Mas que universidade é esta, que cidade é esta, que Europa é esta, que fecha as portas a alguém como Bento XVI, para mais com base numa manipulação? Não é seguramente a que celebra não apenas a tolerância, mas a divergência, a discussão em busca da verdade. E que por isso não aceitou sequer ouvir o que o bispo de Roma lhe tinha para dizer. E que já sabemos o que era, pois o Vaticano já divulgou o discurso.

Como este Papa nos tem habituado, era, é, um grande texto, uma extraordinária aula onde o teólogo e o professor, unidos num só, discorrem sobre o papel da Igreja e o da universidade, que, "na sua liberdade face a qualquer autoridade política e eclesiástica, encontra a sua vocação particular, essencial para a sociedade moderna", a qual necessita de instituições autónomas de interesses ou lealdades particulares, antes dedicadas à "busca da verdade".
Evoluindo entre referências modernas (John Ralls e Habermas) e clássicas (com destaque para o "pouco devoto" Sócrates, que elogia e defende), socorrendo-se de Santo Agostinho e S. Tomas de Aquino, Bento XVI escreveu um texto que, devemos admiti-lo, seria uma afronta para os seus detractores. Por possuir a abertura e a universalidade que são o oposto do seu sectarismo anticlerical. Por defender que "o perigo do mundo ocidental é que o homem, obcecado pela grandeza do seu saber e do seu poder, esqueça o problema da verdade. E isto significa que a razão, no fim do dia, acabará por se vergar às pressões dos interesses e do utilitarismo, perdendo a capacidade de reconhecer a verdade como critério único".
E alcançar a verdade implica questionar - mas não ignorar - as certezas de hoje. E um Papa, na universidade, não vem para "impor a fé de cima, pois esta é antes do mais um dom da liberdade".

No tribunal de "La Sapienza" foi um Papa que quiseram colocar no lugar de Galileu, e foram cientistas que fizaram o papel do acusador de então, o cardeal Roberto Bellarmino, porventura mostrando ainda menos compaixão.
Mas nisso, infelizmente, não andam sozinhos. Já repararam como, entre nós, vai por aí um debate sobre Pacheco Pereira e Vasco Pulido Valente terem chamado "fascista" a Sócrates, o que nenhum deles chamou. Como, de resto, nem o próprio António Barreto chamou, pois o seu raciocínio completo é: "Não sei se Sócrates é fascista. Não me parece, mas, sinceramente, não sei. De qualquer modo, o importante não está aí. O que ele não suporta é a independência dos outros, das pessoas, das organizações, das empresas ou das instituições."
Como é mais sexy discutir o "fascismo", ilude-se o que o próprio autor considera ser "o importante" - o que é mais depressa chicana política do que debate intelectual, perdoe-se esta franqueza, que só pode ser tomada pelo que é: um desafio a recusar o mau exemplo de "La Sapienza".
17.01.2008, José Manuel Fernandes in Publico


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quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

CONHECER S. TOMÁS DE AQUINO



CONFERÊNCIA SOBRE

S. TOMÁS DE AQUINO
Pe. Duarte da Cunha

Hoje, 17 de Janeiro, na Igreja Nossa Senhora do Carmo às 21h30.

São Tomás de Aquino viveu com desejo enorme de conhecer e ensinar a verdade. Não mais uma opinião, mas a Verdade revelada, Jesus Cristo. Com capacidades excepcionais para o estudo, mas sobretudo com um coração verdadeiramente apaixonado por Deus, este grande santo tornou-se para a Igreja a referência fundamental no que se refere à tentativa de aprofundar a doutrina e dar razões da fé. Não se limitou a repetir, ele aceitou verdadeiramente o diálogo e, por vezes o combate, com uma cultura que nem sempre era favorável. Uma maneira de estar na vida que ainda hoje entusiasma, porque não é passiva e não é rebelde.


VENHAM TODOS!

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quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Três vivas para a sinceridade


Reparar na distinção entre as alíneas a)- adminstração pública - e b)-locais de trabalho. Temos de admitir que o legislador foi honesto.


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"Tradicionalistas" voltam à Igreja Católica


Seis meses depois da publicação do "Motu Proprio" sobre a liturgia romana anterior à reforma de 1970, "Summorum Pontificum", em que Bento XVI aprova a utilização universal do Missal promulgado pelo Beato João XXIII em 1962, a Santa Sé fala de reconciliação com os católicos que colocaram objecções às reformas litúrgicas do Concílio Vaticano II.


O Cardeal Darío Castrillón Hoyos, presidente da Comissão Pontifícia "Ecclesia Dei", revelou à agência Zenit que um grupo já pediu para regressar à “plena comunhão” com a Igreja Católica.
A “Ecclesia Dei” é uma Comissão que tem objectivo “facilitar a plena comunhão eclesial” dos fiéis ligados à Fraternidade fundada por Monsenhor Lefebvre, “conservando as suas tradições espirituais e litúrgicas”.

Criada por João Paulo II, em 1988, a Comissão quer ser um sinal de comunhão para todos os fiéis católicos que se sentem vinculados a algumas precedentes formas litúrgicas e disciplinares da tradição latina, procurando adoptar “as medidas necessárias para garantir o respeito das suas justas aspirações”.
O Cardeal Castrillón revela que em Roma há uma comunidade que “pediu para voltar e já estamos a começar uma mediação para o seu pleno retorno”. Outros pedidos chegam de todo o mundo.

O presidente da Comissão Pontifícia "Ecclesia Dei" esclareceu a actual situação dos membros da Fraternidade São Pio X, após as excomunhões do Vaticano dos membros do grupo, em1988.
“As excomunhões pela consagração episcopal, realizada sem autorização do Papa, afectam só os bispos que levaram a cabo a consagração, e os bispos que receberam a ordenação episcopal desta forma ilícita na Igreja, mas não afectam os sacerdotes ou os fiéis. Só alguns bispos foram excomungados”, explica.

Segundo o prelado, agora é necessário “refazer juntos o tecido eclesial, porque os nossos irmãos são todos pessoas de boa vontade, pessoas que desejam ser discípulos de Jesus”.
“Com um pouco de humildade, com um pouco de generosidade, podemos voltar à comunhão plena, e os fiéis desejam isso porque não querem participar nos ritos quando o sacerdote está suspenso, porque a Igreja não lhe permite presidir a Missa nem absolver os pecados”, prosseguiu.

O Bispo Bernard Fellay, superior geral da Fraternidade, foi recebido por Bento XVI no dia 29 de Agosto de 2005, num encontro marcado pelo “desejo de chegar à perfeita comunhão”.
Fellay e outros três Bispos foram excomungados a 2 de Julho de 1988, por terem sido ordenados “ilegitimamente” no seio da Fraternidade, por parte do Arcebispo Lefebvre. A carta apostólica “Ecclesia Dei”, de João Paulo II, constatou que esta ordenação de Bispos (a 30 de Junho de 1988) constituiu “um acto cismático”.
in Agência Ecclesia


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domingo, 13 de janeiro de 2008

Olha que primos amigos!

Cristo e João Baptista

Hoje celebramos o
Baptismo do Senhor e com isto acabamos o tempo litúrgico do Natal. Voltamos ao Tempo Comum!

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sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Ganda urso

Um ateu estava a passear num bosque, a admirar tudo o que aquele "acidente da evolução" havia criado. "Mas que árvores majestosas! Que poderosos rios! Que belos animais!" - lá ia ele dizendo consigo próprio.

À medida que caminhava ao longo do rio, ouviu um ruído nos arbustos atrás de si. Ele virou-se, e foi então que viu um corpulento urso-pardo a andar na sua direção. Ele começou a correr o mais rápido que podia. Olhou por cima do ombro e reparou que o urso estava a aproximar-se. Aumentou a velocidade e era tanto o medo, que as lágrimas vieram-lhe aos olhos. Olhou novamente por cima do ombro e desta vez, o urso estava mais perto ainda. O coração dele batia freneticamente. Tentou correr ainda mais depressa, e foi então que tropeçou e caiu desamparado. Rolou no chão rapidamente e tentou levantar-se, só que o urso já estava em cima dele, e o ateu clamou: "Oh meu Deus!".

O tempo parou, o urso ficou sem reacção, o bosque, mergulhou em silêncio e até o rio parou de correr. À medida que uma luz clara brilhava, uma voz vinda do céu dizia: "Tu negaste a minha existência durante todos estes anos, ensinaste a outros que Eu não existia, e reduziste a Criação a um "acidente cósmico". Esperas que te ajude a sair desta situação? Devo esperar que tenhas fé em mim?"

O ateu olhou directamente para a Luz e disse: "Seria hipócrita da minha parte pedir que, de repente, me passes a tratar como um cristão, mas, talvez, possas tornar o urso um cristão?!"


"Muito bem", disse a voz. A Luz foi embora, o rio voltou a correr e os sons da floresta voltaram. E, então, o urso recolheu as patas, fez uma pausa, abaixou a cabeça e disse:
"ABENÇOA, SENHOR, O ALIMENTO QUE AGORA VOU TOMAR..."



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segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

“O Senhor é meu pastor: nada me falta” (Salmo 23)

明けましておめでとうございます (atenção, isto supostamente é japonês)

É preciso ter fé para acreditar que este rabiscos que ali estão em cima querem dizer qualquer coisa como “Feliz ano novo”. Se fosse algo minimamente relevante para a minha felicidade, iria investigar (não sei bem onde, mas ok), já que a fé nunca se liberta da razão, antes só existe verdadeira fé quando se usa e abusa da razão, mas isso são “contas de outro rosário” (esta expressão sempre me irritou ligeiramente).

Tempos houve em que para mim, a noite de fim de ano era a noite das noites, em que se bebia mais do que nas outras, era suposto ser assim. Passar essa noite sóbrio era ser grande loser, e as histórias do fim de ano eram sempre mais do que muitas. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, e desde há uns anos que passo essa noite em acção de graças pelo ano que passou e a pedir pelo que começa, em Fátima, onde a minha vida mudou (várias vezes). A noite baseia-se em Missa às 22h, depois terço na capelinha, no qual entre o 4º e o 5º mistérios, ou seja há meia-noite, se dá o abraço da paz. Depois disso há uma muito apreciada ceia (senza!) na casa de Nossa Senhora das Dores. Normalmente de seguida vou para a festa mais próxima, porque a malta que reza também gosta do regabofe.

E este ano mais uma vez esse era o plano para o fim-de-ano. Estava em Alpalhão, perto de Anadia, que agora tem andado nas notícias por causa das urgências hospitalares. Estava sem o bartolomeu (a minha viatura), pelo que, seguindo conselhos de pessoas muito experientes no assunto (obrigado pi e pipos), resolvi ir de comboio de Coimbra para Fátima. Sendo assim cheguei a essa tal estação chamada Fátima, às 21.11, mais do que a tempo da Missa, pensava eu, inocentemente. Mas mal saí de comboio algo se passava, ou melhor nada se passava! Nunca vi uma estação tão vazia e tão no meio de nenhures. A humanidade poderia bem ter sido aniquilada enquanto estive comboio, tendo sido poupado eu e os meus companheiros de viagem, que tudo estaria igual naquele sítio. Meio desconfiado, fui bater a uma porta, e falei com um cavalheiro que trabalhava na dita estação. Ele confirmou os meus piores receios, estava a 30km´s do santuário, e àquela hora não havia autocarros nem taxis...estava entregue a mim próprio! Fiz as contas rapidamente (qual guterres), e percebi que peregrinando, com malas às costas, demoraria mais ou menos 6 horas a chegar à capelinha. Chegaria então por volta das 3 da matina, muito depois do terço e sem possibilidade de pedir boleia para Lisboa, mais uma dependência que tinha.

Por exclusão de partes fui para a beira da estrada pedir boleia. Descrevendo a situação: era noite, estava no meio do nada, barbudo e cabeludo e com uma mochila (com o inevitável ernesto) e um saco gigante, diga-se que as probabilidades não estavam do meu lado. Lá foram passando os minutos, deviam estar cerca de zero graus negativos (se fossem positivos estava bem melhor), e o frio ia-se encarregando de expulsar o pouco calor que o meu corpo ainda mantinha. Ninguém se dignava sequer a parar, e carro após carro, a minha desilusão ia aumentando. Ali estava eu, às dez da noite na última noite do ano, sozinho, com um frio descomunal, e no meio da estrada a pedir boleia. Só conseguia pensar nos meus amigos, no Alpalhão, Santarém ou em Sintra, todos a comer imenso, com temperatura amena, e a divertirem-se como se não houvesse amanhã. Comecei a maldizer esta minha mania de me meter sempre nestas aventuras. “Mas porque é que não fiquei numa das casas onde poderia estar? Porque é que tinha de vir a Fátima? Nossa Senhora não se ia importar nada que eu estivesse quentinho”. Já me estava a ver a passar ali a noite, e no dia seguinte ter de arranjar maneira de ir para Lisboa...grandes filmes. Mas mais do que com frio ou fome, sentia-me sozinho. Naquela noite em que “toda a gente” está acompanhada, eu estava desacompanhado. Identifiquei-me logo com todos os “desacompanhados” do mundo, todos os que estão sozinhos porque ninguém os ama, ninguém os acha especiais, ninguém os vê como Cristo os vê. Achei bonito e comovente a proximidade momentâneacom com essas pessoas, e que quantas vezes são desprezadas por mim? Arrisco-me a dizer, quase sempre. Depois comecei a revoltar-me com as pessoas que não paravam: “mas esta gente não percebe que eu preciso mesmo de boleia? Não veêm aqui um ser humano necessitado? Passam por aqui como se eu não existisse. Ainda por cima de certeza que há muitos que passam por aqui e vão para Fátima. Pois é, vão para Fátima e não ajudam uma pessoa que precisa de ajuda. Vão lá para a capelinha rezar, mas ajudar quem precisa, tá quieto ó preto”. Naquele tempo, como se diz para começar a leitura do Evangelho, muita parvoice percorreu a minha cabeça. Dividi o mundo entre os que têm frio e os que nâo têm; entre os que têm fome e os que não têm; entre os que estão sozinhos e os que não estão; entre os que estão a pedir ajudar e entre os que não ajudam; entre os que reconhecem Cristo no outro e os que não O reconhecem; entre os que O amam, e os que O não amam.

Como é possível que as pessoas se tenham tornado tão frias em relação ao seu próximo, que passam por ele sem sequer o verem? Isto tem tudo a ver com a parábola do bom samaritano, quem devia ter ajudado aquele homem, passou-lhe ao lado, fingiu que ele não estava lá, e teve de ser um estrangeiro a compadecer-se dele, a ajudá-lo. Será o medo assim tanto, que as pessoas preferem ignorar Cristo, que ali precisa de ajuda, do que “arriscar” parar e falar com um desconhecido? Uma vez S.Tomás de Aquino estava a escrever na sua cela, e cá fora um seu colega monge dominicano gritou: “olha um burro a voar”. S.Tomás veio ver à janela o que se passava, e foi prontamente gozado pelo outro monge, porque tinha acreditado que estava realmente um burro a voar. O santo, responde: “prefiro acreditar que um burro possa voar, do que um dominicano possa estar a mentir”. Também será que não me é pedido para acreditar mais facilmente que uma pessoa que pede ajuda realmente precisa de ajuda, do que é alguém pronto a fazer-me mal? E será que não é preferível tentar ajudar 99 com más-intenções, do que deixar uma pessoa necessitada sem ajuda? Onde acaba a precaução e começa o medo excessivo, e a preguiça de fazer alguma coisa por um desconhecido, própria dos doutores da lei que passam ao lado do homem ferido?

Bem, mil questões surgiram na minha cabeça nessa noite, e agora vou ter de descobrir respostas. Foi sem dúvida uma noite de fim de ano diferente das outras, que não foi nada fácil de aguentar, mas que não trocaria pela lareira mais quente nem pela mesa mais farta...ali estive bem mais perto de Jesus.

O resto da história não é muito relevante, passado hora e meia parou um carro, um bocado longe e uma rapariga perguntou para onde eu ia. Eu disse Fátima, ela disse que não iam para lá, mas que me deixavam a caminho, e antes disso perguntou se eu era de confiança, ao que respondi que sim, senão não ia para Fátima. Não sei se a minha afirmação não foi inocente demais, mas enfim, é um facto que entrei no carro, e lá fui com 4 miúdas até Ourém, onde iam para uma disco-night curtir a passagem de ano. Estando eu em Ourém, já a cerca de 13kms de Fátima, tentei ligar para o número dos taxis, e o cavalheiro respondeu que não tinha carros disponíveis. Sendo assim, lá voltei para o meio da rua, para pedir boleia novamente. Mais mil carros passaram, e as horas também, já eram onze e meia, e estava a imaginar-me passar a meia noite ali ao lado dos bombeiros voluntários, a ouvir as sirenes. Entretanto, parou um jovem que estava sozinho, perguntou para onde eu queria ir, eu respondi, e ele disse-me para entrar. Era um porreiro, chamava-se carlos, era camionista internacional, e estava cá a passar o Natal. Pelos vistos estava em casa sem nada para fazer, e resolveu dar uma volta. Acabou por dar uma volta maior do que estava esperava, já que me levou ao santuário, e consegui chegar à capelinha ao mesmo tempo do que a cruz, faltavam dez minutos para as doze badaladas. Depois disso rezei, agradeci e pedi, ceei e arranjei boleia para Lisboa.

Além de tudo o que aprendi, quero agradecer ao meu Senhor e meu Deus, que apesar da minha pouca fé, nunca me deixou abandonado. Fez sempre aparecer as pessoas certas no lugar certo, à hora certa (apesar de me parecer sempre que já era tarde demais, que já não havia esperança). Pensando bem, acho que tem sido assim toda a minha vida.


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quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

A luta dos laicos fundamentalistas continua


As escolas Básicas e Secundárias vão deixar de ter santos ou santas na denominação oficial. A indicação partiu do Ministério da Educação, no âmbito da aplicação do Decreto de Lei n.º 299/2007, da Lei de Bases do Sistema Educativo.



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terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Para todos, um 2008 fantástico!

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