Meu Deus, porque sois infinitamente bom e Vos amo de todo o meu coração, pesa-me de Vos ter ofendido, e, com o auxílio da Vossa divina graça, proponho firmemente emendar-me e nunca mais Vos tornar a ofender; peço e espero o perdão das minhas culpas pela Vossa infinita misericórdia. Amen.
terça-feira, 31 de maio de 2011
Até que enfim um bispo que fala do aborto: D. Manuel Clemente
O bispo do Porto considera que o tema do aborto não está encerrado na sociedade portuguesa e apela a um debate profundo sobre o tema, e sobre a vida, antes de qualquer mudança legislativa.
"Há uma questão que temos que debater, que não é meramente confessional, é uma questão básica do que é a vida e da contemplação legal que deve ter", defende D. Manuel Clemente, adiantando que o "importante é consolidar ideias sobre a vida e o que ela é biologicamente".
"Não é uma questão encerrada. A vida humana é um processo", diz D. Manuel Clemente
"Há uma discrepância entre o que cientificamente vamos sabendo do que é a vida humana e o que é a sua contemplação legal", considera.
"Hoje, não temos dúvidas de que a vida humana é um processo, que começa na concepção, tem uma fase uterina e depois se prolonga nos anos que tivermos neste mundo. Se a vida é este processo, é um tanto arbitrário dizermos que esse processo está legalmente protegido a partir de tantos meses", sustenta, em declarações à agência Lusa, nos Açores.
Em seu entender, é "muito mais importante" criar condições para que, quando surgem os problemas que levam ao aborto, a sociedade possa dizer que "vai ajudar a resolver o problema". in RR
segunda-feira, 30 de maio de 2011
Descubra as diferenças entre o video e as notícias
- Jornal de Notícias: "No dia em que teve mais ouvidos para o escutar - a "arruada" em Barcelos, a meio da tarde, foi a mais longa e concorrida até agora, e o comício da noite, em Coimbra, também teve uma enchente"
- Jornal i: "A aparição de Alegre em Coimbra foi bastante aplaudida por um pavilhão cheio de apoiantes."
- Expresso: "Num comício, ontem à noite, em Coimbra, o ex-candidato presidencial fez levantar o pavilhão da Académica por várias vezes."
- Sol: "no 'mini-estádio' montado dentro do Pavilhão da Académica, falando perante mais de mil pessoas." (noutro local lê-se que o "estádio-portátil" tem 700 lugares sentados; 8 autocarros cheios são cerca de 500 pessoas)
- Público: "Dentro do pavilhão, que estava lotado de apoiantes"
- Diário de Notícias: "Num pavilhão cheio (embora diminuído pelo cenário montado pela máquina de campanha)"
- SIC: "Foi até ao momento o maior comício dos socialistas nesta campanha; Coimbra dá ao PS o maior comício dos últimos dias"
- TVI24: "o histórico socialista insuflou de energia o Pavilhão da Académica, que esteve lotado"
Frase do dia
“Ninguém pode, em matérias abertas à discussão livre, pretender falar 'oficialmente' em nome de todos os leigos ou de todos os católicos. Mas também é verdade que cada católico está chamado a agir com consciência purificada e com coração generoso para promover de maneira decidida aqueles valores que definiram sempre como não-negociáveis.”
Papa Bento XVI
Os cinco defeitos de Jesus - Cardeal Van Thuan
PRIMEIRO DEFEITO: JESUS NÃO TEM MEMÓRIA
No calvário, no auge da indescritível agonia, Jesus ouve a voz do ladrão à sua direita: “Jesus, lembra-te de mim quando estiveres no teu reino” (Lc 23,43). Se fosse eu, teria respondido: “Não te vou esquecer, mas os teus crimes devem ser pagos por longos anos no purgatório”. No entanto, Jesus respondeu-lhe: “...hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23,43). Jesus esqueceu todos os crimes desse homem.
Semelhante atitude teve Jesus com a pecadora que banhou os seus pés com perfume... Não faz nenhuma pergunta sobre seu escandaloso passado. Simplesmente diz: “Os seus inúmeros pecados estão perdoados, porque muito amor demonstrou” (Lc 7,47)...A memória de Jesus não é igual à minha...
SEGUNDO DEFEITO: JESUS NÃO “SABE” MATEMÁTICA
Se Jesus tivesse se submetido a um exame de matemática, por certo teria sido reprovado... “Um pastor tinha 100 ovelhas. Uma extravia-se. Ele, imediatamente, deixa as 99 no redil e vai em busca da desgarrada. Reencontra-a, coloca-a aos ombros e volta feliz” (cf. Lc 15,4-7).
Para Jesus, uma pessoa tem o mesmo valor de noventa e nove e, talvez, até mais. Quem aceita tal procedimento? A Sua misericórdia se estende de geração em geração...
TERCEIRO DEFEITO: JESUS DESCONHECE A LÓGICA
Uma mulher possuía 10 dracmas. Perdeu uma. Acende a lâmpada; varre a casa... procura até encontrá-la. Quando a encontra convida suas amigas para partilhar sua alegria pelo reencontro da dracma... (Lc 15,8-10)... de facto, não tem lógica fazer festa por uma dracma... O coração tem motivações que a razão desconhece... Jesus deu uma pista: “Eu vos digo que haverá mais alegria diante dos anjos de Deus por um só pecador que se converte...” (Lc 15,10).
QUARTO DEFEITO: JESUS É AVENTUREIRO
Executivos, pessoas encarregadas do “marketing das empresas”, levam em suas pastas projectos, planos cuidadosamente elaborados... Em todas as instituições, organizações civis ou religiosas não faltam programas prioritários; objectivos, estratégias...Nada semelhante acontece com Jesus. Humanamente analisando, o seu projecto está destinado ao fracasso.
Aos apóstolos, que deixaram tudo para segui-Lo, não garante sustento material, casa para morar, somente partilhar do seu estilo de vida. A um desejoso de unir-se aos seus, responde: “As raposas têm tocas e as aves do céu ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mt 8,20)...
Os doze confiaram neste aventureiro. Milhões e milhões de outros igualmente. Já vão lá mais de dois mil anos e a incalculável multidão de seguidores continua a peregrinar. Galerias enormes de santos e santas, bem-aventurados, heróis e heroínas da aventura. No Universo inteiro esta abençoada romaria continua... Vai que este aventureiro tem razão...? Neste caso, a mais fantástica viagem na “contramão” da História será a verdadeira...! “A quem iremos?”...
QUINTO DEFEITO: JESUS NÃO ENTENDE DE FINANÇAS NEM ECONOMIA
Se Jesus fosse o administrador da empresa, da comunidade, a falência seria uma questão de dias. Como entender um administrador que paga o mesmo salário a quem inicia o trabalho cedo e a outro que só trabalha uma hora? Um descuido? Jesus errou a conta? ...
Por que Jesus tem esses defeitos? Porque é o Deus da Misericórdia e Amor Encarnado. Deus Amor (cf. 1Jo 4,16). Portanto, não um amor racional, calculista, que condiciona, recorda ofensas recebidas. Mas um amor doação, serviço, misericórdia, perdão, compreensão, acolhida... Em que medida? Infinita.
Os defeitos de Jesus são o caminho da felicidade. Por isso, damos graças a Deus. Para alegria e esperança da humanidade, esses defeitos são incorrigíveis.
domingo, 29 de maio de 2011
sábado, 28 de maio de 2011
Frase do dia
O Papa no espaço - Aura Miguel
Novidade absoluta. Bento XVI dialogou, directamente, com um grupo de astronautas em órbita.
Do lado de cá, estava o Papa, sentado na sua biblioteca, com um ecrã à sua frente. Do lado de lá, no espaço, um grupo bem-disposto de onze homens e uma mulher, cujos cabelos mais pareciam uma juba, por causa da falta de gravidade, circunstância, aliás, que fez sorrir o Papa.
Por várias vezes: por exemplo, quando lhe mostraram uma moeda e ela ficou parada à frente deles sem cair e, também, ao despedirem-se, quando um dos astronautas começou a levitar e tiveram de o puxar por um pé.
A conversa durou 20 minutos. Bento XVI fez perguntas sobre a grandeza do Universo, sobre Deus, sobre o Ambiente, sobre o futuro da Humanidade, mas também se interessou pelo estado de saúde da mulher de um dos comandantes e perguntou a outro, a quem morreu a mãe, como viveu esses momentos de dor.
Perguntas tão pessoais que, aparentemente, contrastavam com aquele momento histórico, mas que revelam, afinal, a profunda humanidade do Papa, pois, ainda mais importante do que o protagonismo técnico, é a capacidade de olhar para cada ser humano no seu todo.
sexta-feira, 27 de maio de 2011
quinta-feira, 26 de maio de 2011
A minha conversão ao catolicismo - Paul Claudel
Nasci em 6 de Agosto de 1868. A minha conversão ocorreu a 25 de Dezembro de 1886. Eu tinha, portanto, dezoito anos. Mas o desenvolvimento de meu caráter, nesse momento, já estava muito avançado. Fui educado, ou melhor, instruído, primeiramente, por um professor livre, em colégios (leigos) de província, e por fim no Liceu Louis-le-Grand.
Desde meu ingresso nesse estabelecimento, tinha perdido a fé, que me parecia irreconciliável com a pluralidade dos mundos. A leitura de um livro de Renan, forneceu novos pretextos a esta mudança de convicções que, aliás, tudo que havia em torno de mim facilitava ou encorajava.
Todos os pretensos grandes homens deste século em ocaso se tinham distinguido por sua hostilidade à Igreja. Renan imperava.
Aos dezoito anos, portanto, eu acreditava no que cria a maioria das pessoas cultivaddas desse tempo. Este mundo seria um encadeamento rígido de efeitos e causas, que a ciência depois de amanhã iria desvendar perfeitamente.
Aliás, eu vivia na imoralidade e, pouco a pouco, eu cai num estado de desespero. Este era o infeliz menino que, no dia 25 de dezembro de 1886, foi a Notre-Dame de Paris, para acompanhar os ofícios natalinos. Eu começava, então, a escrever, e me parecia que, nas cerimónias católicas, consideradas com um diletantismo superior, eu encontraria um excitante apropriado e matéria para alguns exercícios decadentes. Foi nessas disposições que, acotovelado e empurrado pela multidão, eu assistia à missa solene.
Depois, não tendo nada de melhor para fazer, voltei à recitação das Vésperas. Os meninos da matriz nos seus trajes brancos, e os alunos do pequeno seminário de Saint-Nocolas-du-Chardonnet que os assistiam, cantavam o que mais tarde soube ser o Magnificat. Eu estava de pé dentro da multidão, perto da segunda coluna, à entrada do coro, à direita do lado da sacristia. E então ocorreu o acontecimento que domina toda a minha vida.
Num instante, o meu coração foi tocado, e eu acreditei. Acreditei, com tal força de adesão, com tal elevação de todo o meu ser, com uma convicção tão possante, com tal certeza que não deixava espaço para nenhuma espécie de dúvida que, depois, nenhum livro, nenhum raciocínio, nenhum acaso de uma vida agitada puderam abalar minha fé, nem, a bem dizer, tocar nela. Tive de repente o sentimento dilacerante da inocência, da eterna infância de Deus. Uma revelação inefável.
Tentando - como o fiz frequentemente – reconstituir os minutos que se seguiram a este instante extraordinário, encontro os elementos seguintes que, entretanto, formavam um só raio, uma única arma de que a Providência divina se servia para atingir, por fim abrir, o coração de uma pobre criança desesperada: «Como são felizes as pessoas que crêem! Mas, e se fosse verdadeiro? É verdadeiro! Deus existe, Ele está lá. É como eu sou, é um ser tão pessoal como eu! Ele me Ama! Ele me chama.» As lágrimas e os soluços tinham vindo e o cântico tão tenro do «Adeste Fideles» aumentava ainda a minha emoção.
quarta-feira, 25 de maio de 2011
Curiosidade do dia
A estátua de um soldado montado num cavalo com as duas patas no ar significa que ele morreu em combate. Se o cavalo tiver somente uma pata no ar significa que ele morreu em decorrência de ferimentos após o combate. Mas, se estiver com as quatro patas apoiadas, significa que ele morreu de causas naturais.
terça-feira, 24 de maio de 2011
segunda-feira, 23 de maio de 2011
domingo, 22 de maio de 2011
O escândalo da cruz - P.Gonçalo Portocarrero de Almada
Colin Atkinson está a passar as passas do Algarve em terras da sua graciosa majestade britânica. Com efeito, foi-lhe instaurado um processo disciplinar pela Wakefield and District Housing, de que é, desde 2006, funcionário. O motivo é insólito, porque este electricista não falta ao trabalho, não é incompetente, não desrespeita os patrões, não implica com os colegas, não é indelicado com os clientes. O crime de Atkinson é ser cristão e ter o atrevimento de usar uma singela cruz no parabrisas do carro de serviço. Se fosse uma figa, uma ferradura ou um peluche, ninguém se incomodaria, mas uma cruz é, pelos vistos, intolerável e, por isso, Colin Atkinson corre sérios riscos de ser posto na rua, mas desta vez sem a viatura.
É da praxe, em certos veículos pesados, a exibição de «posters» de muito mau gosto, mas ninguém fica perturbado pelo facto, nem é razão para uma sanção laboral. Que uma pessoa ande escandalosamente trajada na via pública – seja uma mulher de barriga ao léu, ou um rapaz de cuecas à mostra – não é tido por indecente. Mas se um crente usar um discreto símbolo religioso, é logo acusado de agredir o próximo, nomeadamente quantos não professam a sua religião. Para a responsável Jayne O’Connell, a pequena cruz que Colin Atkinson usa no seu carro poderia ofender as pessoas e é política da Wakefield and District Housing «ser respeitosos com todas as confissões e pontos de vista». Menos o cristão, claro.
Diga-se de passagem que tem o seu quê de absurdo este dogma laicista. Porque carga de água uma cruz há-de ser insultuosa para os não cristãos, se nenhum cristão se sente ultrajado por um crescente, ou por uma estrela de David? E porque não entender que um amuleto é também ofensivo, não apenas para a fé, mas também para a razão? E as orquestras, não serão acintosas para os surdos? E os museus, não são também, vistos por esse prisma, desrespeitosos para com os invisuais? Será que as fotografias dos familiares do anfitrião são indelicadas para os seus convidados, só porque não são os parentes deles? Ou seria desejável que o dono da casa retirasse todos os retratos de família, cada vez que recebe alguém?
No Restelo, há uma escultura de Mohandas K. Gandhi, por onde passo com frequência e confesso que nunca me senti ofendido por aquela estátua. Agrada-me esta merecida homenagem ao insigne apóstolo da paz, embora não siga a sua espiritualidade, não partilhe a sua opção vegetariana, nem concorde com algumas das suas atitudes morais. Não creio que a ninguém lhe cause incómodo a efígie do Mahatma na via pública, a não ser que a singeleza do seu trajar provoque, em pleno inverno, alguns arrepios aos transeuntes mais friorentos. Mas isso não quer dizer que a sua imagem seja agressiva para os amantes de mais tépidas temperaturas, como também o facto de não ser cristão o não faz insolente para quantos o somos, graças a Deus.
A ideia de que qualquer opção cultural, religiosa ou não, que não seja politicamente correcta, deve ser ocultada e suprimida é, na sua essência, totalitária. A proibição de manifestações externas de culto, mais do que um ataque às religiões, é um atentado à liberdade. Não é por acaso que os inimigos da liberdade o são também da presença pública de símbolos religiosos. Por isso, Estaline arrasou inúmeras igrejas e Salazar não permitiu que a sinagoga de Lisboa fosse visível da via pública.
Há menos de um século, um tresloucado líder político europeu propôs-se erradicar da face da terra a raça judaica. Chamava-se Hitler, Adolf Hitler. Temo que os modernos inimigos do divino crucificado, também ele judeu, sejam uma nova modalidade do mesmo ódio. Depois de proibirem todas as manifestações públicas da fé cristã, é provável que se proponham também exterminar o povo que tem, por seu Senhor e Mestre, a Jesus de Nazaré e, por bandeira, a sua santa cruz.
sábado, 21 de maio de 2011
Frase do dia
sexta-feira, 20 de maio de 2011
quinta-feira, 19 de maio de 2011
Carta ao Director do Metro por causa da edição feita pela Lady Gaga
Caro Sr.Diogo Torgal Ferreira, (dtorgal@metroportugal.com)
Espero que este e-mail o encontre de boa saúde. Escrevo para mostrar a minha indignação pela edição do Jornal Metro, do passado dia 17 de Maio. Numa época em que o nosso país atravessa a maior crise dos últimos 100 anos da sua história, os senhores decidiram dedicar apenas meia página a mini-notícias sobre Portugal. Quase a totalidade do jornal está inundado de lugares-comuns e de ideias ocas, com grande destaque para a capa “Que a tua identidade seja a tua religião”. Palavras como: “preconceito” e “discriminação” são usadas e abusadas, e o apelo a uma falsa liberdade é a mensagem subliminar mais presente. Na prática, grande parte do jornal é dedicada à propaganda gay.
Parece-me estranho que uma publicação jornalística independente, dedique quase toda uma edição a um tema tão fracturante. O mais grave é que o faz normalizando um comportamento que não é de forma nenhuma natural, nem sequer saudável para quem o pratique, basta ver os estudos que mostram que os homens com comportamentos sodomitas têm uma esperança de vida 10 a 20 anos menor do que os outros.
O Jornal Metro não fez uma investigação jornalística séria, antes se dedicou a fazer doutrina, e a vender como verdadeira a tese que todos os comportamentos são bons para a pessoa. Nós sabemos que isso não é verdade, e que qualquer pessoa tem o direito a ser avisada em relação aos perigos das escolhas que faz, só assim podendo decidir em verdadeira liberdade. Nesta edição, venderam gato por lebre, e quem ficou a perder foi quem pôs a confiança no que leu, julgando ser a verdade.
Sou contra qualquer forma de discriminação, ou ataque a qualquer tipo de pessoas pelo que são, como acontece por exemplo nos ataques racistas. Mas defendo com todas as forças o direito a criticar, e a censurar, o comportamento de alguém (ou de um grupo), em primeiro lugar por amor ao bem-comum, e depois por amor a essa pessoa, que poderá estar a caminhar para a infelicidade, mesmo que esse caminho seja voluntário. O que é imoral nunca deve ser ensinado como moral, correndo o risco de, se tal acontecer, já não se conseguir distinguir o bem do mal, com todas as consequências que isso tem para a sociedade. Não é nenhuma coincidência que o governo que mais medidas imorais aprovou, como o aborto, o divórcio-expresso ou o casamento entre pessoas do mesmo sexo, seja o mesmo governo que destruiu a economia portuguesa, e continue a agir como se a culpa fosse dos outros.
Agradecendo pelo tempo despendido, despeço-me com os melhores cumprimentos,
João Silveira
quarta-feira, 18 de maio de 2011
terça-feira, 17 de maio de 2011
O sucesso do Governo - João César das Neves
Já tudo se disse sobre o memorando de entendimento entre Portugal e as organizações internacionais. Temos aí um plano, exigente mas equilibrado, para regressar à solidez financeira e crescimento económico. Basta que o próximo governo o assuma como prioridade e vença os grupos de pressão, aqueles que nos trouxeram a esta situação e ainda estão vivos e activos para se protegerem dos cortes.
O mais espantoso neste processo é que, na miríade de comentários, mal se tenha falado do pior problema estrutural do país que, apesar de compreensivelmente alheio ao memorando, está por baixo de boa parte das dificuldades actuais: a decadência demográfica. Portugal tem a taxa de fertilidade mais baixa da Europa ocidental, quase metade do nível de reposição das gerações. Somos um país em via de extinção.
A crise torna essa queda mais patente com o refluxo da imigração, que mascarou a situação, agravado pela retoma da emigração. A ausência de crianças e jovens, que afecta o sistema educativo há anos, sente-se já em múltiplas outras áreas. Falta de produtividade, envelhecimento da população, problemas de segurança social, saúde, assistência, etc., são crescentes. Até a solução da dívida, poupar mais e trabalhar melhor, fica difícil num país com percentagem crescente de idosos. Temos a atenção centrada na solução das futuras condições socioeconómicas, sem haver sequer a certeza de existir um futuro.
Nos últimos anos, o Governo teve uma posição clara e empenhada neste assunto, com decisões fortes e incisivas. Facilitou o divórcio, subsidiou o aborto, promoveu o casamento homossexual, criando assim a mais maciça campanha de ataque e desmantelamento da família da nossa história. Dados os resultados, pode dizer-se que, pelo menos aqui, a política governamental foi um grande sucesso e o Executivo pode orgulhar-se. Deu mesmo cabo do País!
Até no meio da crise financeira, esta campanha ideológica continua imparável. Um exemplo um pouco tonto mostra-o bem. Nas últimas semanas, as ruas foram invadidas por um cartaz, assinado pela Coordenação Nacional para a Infecção VIH/sida e pelo Ministério da Saúde, com uma única mensagem: "Uso preservativo sempre."
segunda-feira, 16 de maio de 2011
Carta ao apóstolo Paulo - Charles Phinney
Encontrei esta carta e gostei dela porque traduz fielmente a mentalidade de muitos católicos que querem ser politicamente correctos, e separar a caridade da verdade.
Caro Paulo,
Recentemente recebemos uma cópia de sua carta aos gálatas. O comitê me orientou a informá-lo de várias coisas que nos preocupam profundamente:
Inicialmente, consideramos sua linguagem um tanto desequilibrada. Na carta, após a breve saudação aos gálatas, você imediatamente ataca seus oponentes afirmando que eles “querem perverter o evangelho de Cristo”. Então diz que esses homens deveriam ser considerados “malditos”; e, em outro lugar, você faz referência a “falsos irmãos”. Não seria mais caridoso lhes dar o benefício da dúvida — pelo menos até a Assembléia Geral ter investigado e julgado o assunto? Para piorar a situação, você ainda diz: “Quanto a esses que os perturbam, quem dera que se castrassem!” (5:12, NVI). Essa declaração é apropriada para um ministro cristão? A observação parece muito áspera e desamorosa.
Paulo, temos realmente sentido a necessidade de preveni-lo sobre o tom de suas epístolas. Você confronta as pessoas de maneira áspera. Em algumas cartas você chegou até a mencionar nomes; essa prática tem, sem dúvida, angustiado os amigos de Himeneu, Alexandre e de outros. Afinal, muitas pessoas foram apresentadas à fé cristã pelo ministério desses homens. Embora alguns dos nossos missionários tenham manifestado lamentáveis deficiências, quando você fala desses homens de forma depreciativa só pode provocar sentimentos ruins.
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Em outras palavras, Paulo, creio que você deveria se esforçar para ter uma postura mais moderada em seu ministério. Você não deveria tentar ganhar os que estão no erro demonstrando um espírito brando? Neste momento é provável que você tenha alienado os judaizantes a ponto deles não mais o ouvirem.
Por causa de sua sinceridade exagerada no falar, você também diminuiu suas oportunidades de influenciar futuramente a igreja como um todo. Se tivesse atuado de forma menos franca, sua presença poderia ser solicitada para integrar um comitê do presbitério para estudar a questão. Você poderia, então, ter contribuído com suas percepções, ajudando a delinear uma boa recomendação do comitê a respeito da posição teológica dos judaizantes, sem ter que resistir a personalidades em disputa .
Além disso, Paulo, precisamos manter a união entre os que professam a fé em Cristo. Os judaizantes, pelo menos, permanecem conosco na confrontação do paganismo e do humanismo à nossa volta e prevalecente na cultura do Império Romano atual. Os judaizantes são nossos aliados na luta contra o aborto, a homossexualidade, a tirania no governo etc. Não podemos permitir que diferenças sobre minúcias doutrinárias obscureçam esse fator importante.
Também devo mencionar que o conteúdo de suas cartas tem sido questionado, bem como seu estilo. O comitê questiona a propriedade da estrutura doutrinária de sua carta. É sábio importunar jovens cristãos, como os gálatas, com questões teológicas tão pesadas? Por exemplo, em vários lugares, você alude à doutrina da eleição. Você também entra numa longa discussão a respeito da lei. Talvez você poderia ter provado seu caso de outra forma, sem mencionar esses pontos complexos e controversos do cristianismo. Sua carta é excessivamente doutrinária, e provavelmente servirá apenas para polarizar as diferentes facções nas igrejas. Novamente, precisamos enfatizar a unidade, em vez de assuntos controvertidos, que acentuarão as divisões entre nós .
Em outro lugar, você escreveu: “Ouçam bem o que eu , Paulo, lhes digo: Caso se deixem circuncidar, Cristo de nada lhes servirá” (5:2, NVI). Paulo, você tem a tendência de descrever as coisas estritamente em termos de preto-e-branco, como se não houvesse áreas acinzentadas. Você precisa usar expressões mais equilibradas, para não se tornar exclusivista. De outra forma, seu ponto de vista afastará muitas pessoas, e fará com que os visitantes não se sintam bem-vindos. O crescimento da igreja não é promovido tomando-se essa linha dura e permanecendo inflexível.
Lembre-se, Paulo, não existe uma igreja perfeita. Precisamos tolerar muitas imperfeições na igreja, porque não podemos esperar ter todas as coisas ao mesmo tempo. Se você simplesmente pensar sobre sua experiência, você se lembrará de quanto fez mal à igreja no tempo da ignorância. Ao refletir sobre seu passado, você pode tomar uma atitude mais simpática para com os judaizantes. Seja paciente, e lhes dê algum tempo para chegar a um entendimento melhor. Enquanto isso, regozije-se pelo fato de todos compartilharmos a profissão de fé em Cristo, pois todos fomos batizados no nome dele.
domingo, 15 de maio de 2011
Hoje faço 6 anos de Crisma - Vinde Espírito Santo
E dai-nos o Dom da Sabedoria
Para que possamos avaliar todas as coisas à luz do Evangelho
E ler nos acontecimentos da vida os projectos de amor do Pai
Dai-nos o Entendimento
Uma compreensão mais profunda da verdade
A fim de anunciar a salvação com maior firmeza e convicção
Dai-nos o Dom do Conselho
Que ilumina a nossa vida
E orientai a nossa acção segundo vossa Divina Providência
Dai-nos o Dom da Fortaleza
Sustentai-nos no meio de tantas dificuldades
Com vossa coragem para que possamos anunciar o Evangelho
Dai-nos o Dom da Ciência
Para distinguir o Único Necessário
Das coisas meramente importantes
Dai-nos Piedade
Para reanimar sempre mais nossa íntima comunhão convosco
E, finalmente, dai-nos vosso santo Temor
Para que, conscientes de nossas fragilidades,
Reconhecermos a força da vossa graça.
Vinde Espírito Santo, e dai-nos um novo coração. Amén
sábado, 14 de maio de 2011
quarta-feira, 11 de maio de 2011
Frase do dia
terça-feira, 10 de maio de 2011
O sentimentalismo - Pe. Rodrigo Lynce de Faria
Na maneira de actuar, o seu exemplo era admirável. Dava-se bem com todos. Fazia-o de tal modo que, à primeira vista, parecia o mais fácil e natural deste mundo. Parecia ser muito feliz — notava-se no optimismo à prova de fogo — e era evidente que não procurava essa felicidade no estreito mundo do egoísmo. Todos — sem excepção — pareciam cair-lhe bem e ele, sem grande esforço, era estimado por quase toda a gente.
Um dia, um amigo perguntou-lhe como era possível que gostasse com tanta facilidade de todas as pessoas que tinha à sua volta. Isso não parecia muito “normal” nem era, nos dias que correm, uma atitude comum. Como era possível que ninguém o irritasse de vez em quando. Como era possível que não cedesse, alguma vez, ao espírito crítico — espírito que nos acompanha sempre: desde o momento em que tomamos consciência de quem somos até ao último dia da nossa vida.
A sua resposta deixou o amigo pensativo. «Como te deixas levar pelo simplório erro de pensar que eu sempre me sinto bem com toda a gente? Claro que não. No entanto, a estima pelos outros não é uma questão de sentimentos. A caridade genuína não se sente: põe-se em prática».
E então, como quem sabe aquilo que diz porque o vive, acrescentou com simplicidade: «Actuar é sempre a melhor forma de querer as pessoas como são. Se ajudamos os outros de verdade — sem interesses ocultos ou segundas intenções — acabamos de facto por gostar deles. Apercebemo-nos da grandeza do seu modo de ser que, em todo o ser humano, é sempre único e irrepetível».
Esta sábia resposta faz-nos chegar a uma natural conclusão: não é possível gostarmos de verdade dos outros se nos deixamos levar somente pelos sentimentos. Porque o vento dos sentimentos é muito instável: ora sopra para um lado, ora sopra para o outro, ora não sopra; ora é impetuoso, ora é ameno; ora é uma brisa, ora é uma tempestade.
É verdade que o amor autêntico possui, muitas vezes, manifestações sentimentais. Nunca gostaremos verdadeiramente de ninguém se cultivamos um modo de ser frio e distante — um modo de ser egoísta. São infelizes aquelas pessoas que parecem não ter coração. Mais tarde, descobrimos que possuem um coração raquítico que ficou assim por estar centrado somente neles próprios. O caminho do egoísmo pode apresentar-se, na aparência, como uma estrada ampla e confortável. Contudo, não nos enganemos nem nos deixemos ludibriar: o egoísmo termina sempre num beco sem saída.
No entanto, também é verdade que seria um erro funesto confundir o amor com o sentimento. A essa confusão, comum hoje em dia, chama-se sentimentalismo. O sentimentalismo é uma deformação do amor bastante perigosa. Leva uma pessoa a pôr o emocional por cima do racional; a pensar com o coração em vez de pensar com a cabeça.
Algumas vezes, os sentimentos posicionam-se contra o verdadeiro amor — e mentem com quantos dentes têm na boca: e têm muitos. O amor genuíno nunca mente; os sentimentos, sim, podem mentir. Nesse caso, amar de verdade significa não nos deixarmos conduzir por esses sentimentos desordenadas do nosso coração.
segunda-feira, 9 de maio de 2011
Papa Bento XVI em Veneza
As fotografias podem ser vistas aqui: Papa a andar de gôndola
O video pode ser visto aqui: Papa a andar de gôndola
A tolerância dos laicistas espanhóis
Apedreada una librería en Madrid por vender libros sobre Juan Pablo II - Dos nuevos ataques violentos contra símbolos cristianos, este fin de semana. Una librería de Madrid apedreada por vender libros sobre el beato Juan Pablo II y varias imágenes destrozadas en la iglesia de Navalcarnero.
domingo, 8 de maio de 2011
sexta-feira, 6 de maio de 2011
Espectacular homilia no encerramento do ano paulino - Bento XVI
O próprio pensamento de uma necessária renovação do nosso ser pessoas humanas, Paulo explicou-o ulteriormente em dois trechos da Carta aos Efésios, sobre os quais portanto agora queremos reflectir brevemente. No capítulo 4 da Carta, o Apóstolo diz-nos que com Cristo temos que atingir a idade adulta, uma fé madura. Não podemos mais permanecer como "meninos inconstantes, levados por qualquer vento de doutrina..." (4, 14). Paulo deseja que os cristãos tenham uma fé "responsável", uma "fé adulta". A expressão "fé adulta", nas últimas décadas, tornou-se um slogan difundido. Ouvimo-lo com frequência no sentido da atitude de quem já não dá ouvidos à Igreja e aos seus Pastores, mas escolhe autonomamente aquilo em que quer acreditar ou não portanto, uma fé ad hoc.
E é apresentada como "coragem" de se expressar contra o Magistério da Igreja. Na realidade, todavia, para isto não é necessária coragem, porque se pode ter sempre a certeza do aplauso público. Pelo contrário, é necessária coragem para aderir à fé da Igreja, não obstante ela contradiga o "esquema" do mundo contemporâneo. Este é o não-conformismo da fé ao qual Paulo chama uma "fé adulta". É a fé que ele quer. Por outro lado, qualifica como infantil o correr atrás dos ventos e das correntes do tempo. Assim faz parte da fé adulta, por exemplo, empenhar-se pela inviolabilidade da vida humana desde o primeiro momento, opondo-se assim de forma radical ao princípio da violência, precisamente também na defesa das criaturas humanas mais inermes. Faz parte da fé adulta reconhecer o matrimónio entre um homem e uma mulher para toda a vida, como ordenamento do Criador, restabelecido novamente por Cristo.
A fé adulta não se deixa transportar aqui e ali por qualquer corrente. Ela opõe-se aos ventos da moda. Sabe que estes ventos não constituem o sopro do Espírito Santo; sabe que o Espírito de Deus se expressa e se manifesta na comunhão com Jesus Cristo. No entanto, também aqui Paulo não se detém na negação, mas leva-nos ao grande "sim". Descreve a fé madura, verdadeiramente adulta, de maneira positiva com a expressão: "agir segundo a verdade na caridade" (cf. Ef 4, 15). O novo modo de pensar, que nos foi dado pela fé, verifica-se antes de tudo em relação à verdade.
O poder do mal é a mentira. O poder da fé, o poder de Deus é a verdade. A verdade sobre o mundo e sobre nós mesmos torna-se visível, quando olhamos para Deus. E Deus torna-se-nos visível no rosto de Jesus Cristo. Olhando para Cristo, reconhecemos mais uma coisa: verdade e caridade são inseparáveis. Em Deus, ambas são inseparavelmente uma só coisa: a essência de Deus é precisamente esta. Por isso, para os cristãos verdade e caridade caminham juntas. A caridade é a prova da verdade. Sempre de novo, deveríamos ser medidos em conformidade com este critério, para que a verdade se torne caridade e a caridade nos torne verídicos.
quinta-feira, 5 de maio de 2011
A árvore de Páscoa - João César das Neves
A raiz é o egoísmo. O fruto é a solidão. O tronco, ramos, folhas e flores são muitos. Vários com nomes maravilhosos: direitos humanos, liberdade individual, realização pessoal. Envenenados pela raiz, os grandes valores apodrecem e infectam. O fruto é sempre a solidão.
Vimos o desejo nobre de a igualdade social acabar nos morticínios da guilhotina jacobina; o desejo sublime da afirmação cultural nacional cair na chacina do holocausto nazi; a ânsia magnífica da justiça económica descambar no horror do gulag soviético. Quanto mais elevados os propósitos, mais monstruosas as aberrações distorcidas pela seiva peçonhenta da raiz soberba.
O pior de todos os ramos coube-nos em sorte. Pior porque toca o mais íntimo do ser humano, a família. Corrompidos os mecanismos sociais no século XVIII, os regimes políticos no século XIX, os sistemas económicos no século XX, hoje as entranhas egoístas da árvore atacam a vida pessoal. Entretanto, a humanidade já expeliu muito do veneno dos outros ramos. Ninguém defende a sociedade sem classes, os regimes perfeitos, a economia colectiva. Apesar dos belos ideais, a desgraça dessas concepções egoístas está à vista. Agora todas as forças se dirigem a esfarrapar os laços familiares, as mais íntimas fibras do nosso ser.
A argumentação é a mesma de jacobinos, nazis e comunistas, aplicada à vida íntima. Pretende-se, como então, defender a liberdade, impor a igualdade, forçar a realização pessoal. Por baixo, como antes, sente-se a cauda viperina do egoísmo.
O amor conjugal é valor que todos defendem. Mas, como os direitos individuais de sucesso pessoal se sobrepõem a tudo, tem de acabar na ruptura e divórcio. Como o indivíduo é soberano, a família não se pode defender dos seus caprichos. A lei, em nome da liberdade, acode promovendo a precariedade. Torna-se mais fácil dissolver um casamento que uma sociedade comercial ou contrato de trabalho.
A fecundidade e felicidade das crianças é propósito universal. Mas, como os projectos de consumo ou carreira têm precedência, o filho transforma-se num inimigo a abater. Em relação tão íntima a única solução é a morte. E o Estado lá está para fornecer abortos subsidiados. Os embriões passam de espécie protegida a vírus de extirpar.
A natureza é valor supremo que todos apoiam ecologicamente. Toda a natureza, menos a humana, porque essa limita a igualdade de género. Que é a natureza face ao império dos sentidos? Como o capricho pessoal afinal tem mais direitos que a realidade congénita, o Estado iguala todas as perversões como aceitáveis e equivalentes.
O efeito comum é sempre a agressão à família. O resultado é sempre a solidão. Como a carreira acaba na reforma, a beleza fenece com a idade, a vitalidade se gasta no tempo, todos acabam sós, autónomos, fechados, contemplando uma colecção de caprichos momentâneos, prazeres fugidios, aventuras ocasionais, rupturas, infidelidades, traições. A conclusão é a velhice solitária, vítima do egoísmo que a isolou. Alguns ainda se espantam dos que morrem anónimos: "Uma das pobrezas mais profundas que o homem pode experimentar é a solidão. Vistas bem as coisas, as outras pobrezas, incluindo a material, também nascem do isolamento, de não ser amado ou da dificuldade de amar" (Bento XVI Caritas in Veritate 53).
Os propósitos anunciados eram grandiosos. O mal estava na raiz egoísta, na origem interesseira, na estrutura auto-suficiente. O mal vinha da base, das entranhas. Que fazer a uma árvore envenenada na estirpe? A única solução é enxertar um galho saudável e esperar que a seiva sadia se espalhe no organismo.
Isso foi o que aconteceu e que nós vos anunciamos. Na Páscoa um ramo de puro amor foi pregado na árvore da morte. Agora, além da seiva do orgulho egoísta, circula no tronco, ramos, flores e folhas um fluxo de divina caridade. O fruto é a união. Isso salvou a sociedade pela subsidiariedade, a política pela democ'racia, a economia pela solidariedade. Isso salvará a família dos horrores com que o nosso tempo a persegue. Só o amor vence a solidão.
quarta-feira, 4 de maio de 2011
A Dívida Soberana – Pe.Tolentino Mendonça
Sete mandamentos para atravessarmos a crise
1º - A primeira de todas as dívidas soberanas, e certamente a mais fundamental, é aquela que cada um de nós mantém para com a Vida. Essa dívida nunca a pagaremos, nem ela pretende ser cobrada. Reconhecer isso em todos os momentos, sobretudo naqueles mais exigentes e confusos, é o primeiro dos mandamentos.
2º - Se a maior de todas as dívidas soberanas é para com um dom sem preço como a vida, cada pessoa nasce (e cresce, e ama, luta, sonha e morre) hipotecada ao infinito e criativo da gratidão. A dívida soberana que a vida é jamais se transforma em ameaça. Ela é, sim, ponto de partida para a descoberta de que viemos do dom e só seremos felizes caminhando para ele. É o segundo mandamento.
3º - O terceiro mandamento lembra-nos aquilo que cada um sabe já, no fundo da sua alma. Isto de que não somos apenas o recetáculo estático da Vida, mas cúmplices, veículos e protagonistas da sua transmissão.
4º - O quarto mandamento compromete-nos na construção. Aquilo que une a diversidade das profissões e as amplas modalidades do viver só pode ser o seguinte: sentimo-nos honrados por poder servir a Vida. Que cada um a sirva, então, investindo aí toda a lealdade, toda a capacidade de entrega, toda a energia da sua criatividade.
5º - A imagem mais poderosa da Vida é uma roda fraterna, e é nela que todos estamos, dadas as nossas mãos. A inclusão representa, por isso, não apenas um valor, mas a condição necessária. O quinto mandamento desafia-nos à consciência e à prática permanente da inclusão.
6º - As mãos parecem quase florescer quando se abrem. Os braços como que se alongam quando partem para um abraço. O pão multiplica-se quando aceita ser repartido. A gramática da Vida é a condivisão. Esse é o mandamento sexto.
7º - O sétimo mandamento resume todos os outros, pois lembra-nos o dever (ou melhor, o poder) da esperança. A esperança reanima e revitaliza. A esperança vence o descrédito que se abate sobre o Homem. A esperança insufla de Espírito o presente da história. Só a esperança, e uma Esperança Maior, faz justiça à Vida.
terça-feira, 3 de maio de 2011
Não tenhais medo - Zita Seabra
O dia de hoje é de João Paulo II. Vai ser recordado de muitas formas, pelas muitas memórias que deixou nos quatro cantos do Mundo e, sobretudo, pelo que simboliza a força impressionante do seu exemplo na vida e na morte. Como padre, bispo e particularmente como Papa foi um homem que viveu e marcou de forma determinante o seu e nosso tempo. Quando, em 1978, foi eleito um Papa polaco, o mundo comunista tremeu. Um Papa vindo do Leste, do coração do comunismo, foi de imediato entendido como um imenso problema pelos soviéticos e pelos comunistas de todo o Mundo, incluindo os portugueses.
Tinham razão. Karol Wojtyla, logo que foi eleito, quis iniciar o seu mandato com uma visita ao seu país natal, a Polónia, mas foi evidentemente proibido de o fazer pelo regime comunista polaco. A indignação na Polónia e no Mundo foi tal que o regime teve de acabar por ceder e ele visitou a Polónia entre 2 e 10 de Junho de 1979. Chegou a Varsóvia e foi saudado por uma multidão nunca vista. Na Praça Vitória, mais de um milhão de polacos reunidos ouviram-no pedir que o continuassem a considerar polaco e a olhá-lo como se lá continuasse a viver. Disse mesmo: "Permiti-me que continue a sentir, a pensar, a ter esperança e a rezar, como se ainda fosse um cidadão deste Estado". O regime polaco entendeu a mensagem e, no fim do dia, a grande Cruz presente na Praça foi destruída e derrubada aos bocados no chão.
No seguimento da sua visita, surge o famoso movimento "Solidariedade", um movimento sindical de trabalhadores dos estaleiros navais "Lenine" em Gdansk, dirigido pelo seu amigo de sempre Lech Walesa. Este movimento lançou na Polónia a maior vaga de greves da história do movimento operário.O regime comunista sentiu-se em perigo e a invasão militar soviética esteve iminente, com as fronteiras polacas cercadas durante o mês de Dezembro de 1980 pelas tropas soviéticas e dos restantes países do Pacto de Varsóvia.A greve geral do Solidariedade paralisou completamente a Polónia e o movimento assumiu proporções nunca vistas em nenhum outro país. Contava na altura com 8 milhões de membros.
Perante a iminência do drama, o Ocidente, particularmente Ronald Reagan, Margaret Thatcher e Helmut Kohl, mobilizou-se para impedir a ocupação militar da Polónia. No centro do coração dos polacos estava o Papa João Paulo II, que nesse momento escreveu uma famosa carta a Brejnev apelando ao recuo das tropas. Na memória de todos estavam anteriores invasões da Polónia e particularmente o drama do massacre de Katyn pelos soviéticos, em Março de 1940. Os soviéticos recuaram e organizaram um golpe de Estado na Polónia para garantir a repressão do movimento Solidariedade, dirigido pelo general polaco Jaruzelski. Em Janeiro, quando o general chegou ao poder, o Papa recebeu uma delegação do Solidariedade no Vaticano e chamou-lhe "movimento de compromisso para o bem moral da sociedade".
Em Março, dez milhões de polacos fazem uma nova greve geral de quatro horas no seguimento da repressão, com espancamento público dos líderes do movimento feitos pela polícia secreta polaca. Foi o maior movimento de protesto jamais havido num país comunista. Percebeu-se que um povo inteiro lutava pela liberdade política, religiosa e cívica, dirigido (imagine-se) pela classe operária polaca.
Nesse mesmo ano, a 13 de Maio, o Papa polaco é vítima de um atentado, alvejado a tiro, na Praça de São Pedro, em Roma.Poucos anos depois, ironia do destino, foi o general Jaruzelski que fez a transição do poder comunista para o Solidariedade, para o amigo de João Paulo II, Lech Walesa.
Nessa inesquecível viagem à sua Polónia, a 7 de Junho, João Paulo II visitou igualmente o campo de extermínio nazi, Auschiwitz II, em Birkenau, o local tristemente emblemático do Holocausto, onde ocorreu o maior ou um dos maiores assassínios em massa, usando métodos industriais: as câmaras de gás. Como ele próprio disse, "era impossível eu não vir aqui como Papa". Ao local chamou "o Golgota do mundo moderno". Nessa visita simbolizou toda a homenagem às vítimas no padre Kolbe, dentro da cela em que ele morreu, no bloco 11 frente ao muro dos fuzilamentos. Aí, falou do horror do local como "edificado no ódio e no desrespeito pelo homem em nome de uma ideologia louca" e "construído devido à negação da fé - fé em Deus e fé no homem".
João Paulo II, que viveu pessoalmente o horror do nazismo e do comunismo, filho de uma Polónia mártir e no centro dos maiores horrores que aconteceram na Europa e no Mundo ao longo do século XX, tinha de ser ouvido, quando na Praça Vitória repetiu as palavras que tinha dito no momento em que foi eleito Papa: "Não tenhais medo".
domingo, 1 de maio de 2011
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