quarta-feira, 30 de junho de 2021

França: por cada sacerdote ordenado morrem 12

As estatísticas que chegam de França não são animadoras: por cada sacerdote que é ordenado morreram 12 sacerdotes. Um ratio que dificilmente melhorará nos próximos anos visto que a idade média dos sacerdotes franceses é de 75 anos.

Isto implica, obviamente, que o número de sacerdotes vai baixar (ainda mais) drasticamente nos próximos anos. Por causa disso, a maioria dos fiéis católicos verá as suas paróquias fechadas e terá de se deslocar bem mais longe para poder ouvir Missa ao Domingo.

Estes tristes números reflectem o tremendo falhanço que foi o abandono da liturgia romana, como sempre tinha sido celebrada, e da doutrina católica. O renascimento da Igreja em França (e na Europa) apenas poderá acontecer quando ambas forem resgatadas.

João Silveira 


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terça-feira, 29 de junho de 2021

Papa Bento XVI comemora 68 anos de sacerdócio

Solenidade de São Pedro e São Paulo. Foi a 29 de Junho de 1951, na Catedral de Freising, que o jovem Joseph Ratzinger viria a ser ordenado sacerdote pelo Cardeal de Munique, Mons. Michael Faulhaber. Na sua autobiografia, o então Cardeal Ratzinger disse que esse foi o momento mais importante da sua vida. Juntamente com Joseph, de 24 anos, foi também ordenado nesse dia o seu irmão Georg, de 27.


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São Pedro e São Paulo, colunas da Igreja




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segunda-feira, 28 de junho de 2021

São Pedro e São Paulo continuam a interceder por nós

Pedro e Paulo não cessam de ouvir as preces dos seus devotos. O tempo não diminuiu os seus poderes, e, mais no Céu do que outrora na Terra, a grandeza dos interesses gerais da Igreja não os absorve a ponto de negligenciarem o menor dos habitantes dessa gloriosa cidade de Deus, da qual foram e permanecem Príncipes. 

Um dos triunfos do inferno nesta nossa época foi o de ter adormecido, nesse ponto, a fé dos justos. É preciso insistir para terminar esse sono funesto, que nos levará ao esquecimento de que o Senhor quis confiar a homens o cuidado de continuar a Sua obra e representá-lo visivelmente na Terra.

Santo Ambrósio exalta a acção apostólica sem cessar eficaz e viva da Igreja, exprime com delicadeza e profundidade o papel de Pedro e Paulo na rectificação dos eleitos. A Igreja, diz ele, é um navio onde Pedro deve pescar, e nessa pesca ele recebe ordens de usar ora a rede, ora o anzol. Grande mistério porque essa pesca é espiritual. A rede protege, o anzol fere, mas a rede é multidão, o anzol o peixe solitário. 

O bom peixe não repele o anzol de Pedro; ele não mata, mas consagra. Preciosa ferida a sua, que no sangue faz encontrar a moeda necessária ao pagamento do tributo do apóstolo e mestre. Então, não te subestimes porque teu corpo é fraco; tens na tua boca o que pagar por Cristo, e pela sua Igreja, e por Pedro.

Porque um tesouro está em nós: o Verbo de Deus. A confissão de Jesus põe-no em nossos lábios. É por isto que Ele diz a Simão: Vai ao mar alto, isto é, ao coração do homem, porque o coração do homem, nos seus recônditos, é como as águas profundas. Vai ao mar alto, isto é, a Cristo, porque Cristo é o reservatório profundo das águas vivas no qual estão os tesouros da sabedoria e da ciência.

Todos os dias Pedro continua a pescar. Todos os dias o Senhor lhe diz: vai ao mar alto. Mas parece-me ouvir Pedro: Mestre, trabalhamos toda a noite, sem nada conseguir. Pedro sofre em nós quando a nossa devoção é custa. Paulo está também em luta. Vós o ouvistes hoje dizendo: Quem está doente sem que eu também esteja doente? Fazei de forma tal que os apóstolos não tenham que sofrer por vossa causa.

Dom Prosper Guéranger in 'Année Liturgique'


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domingo, 27 de junho de 2021

Ordenações Sacerdotais na FSSP

Mons. Wolfgang Haas, Arcebispo de Vaduz (Liechtenstein), ordenou 3 novos sacerdotes da Fraternidade Sacerdotal de São Pedro na portentosa Abadia de Ottobeuren, na Baviera.











in https://fsspwigratzbad.blogspot.com


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Bons hábitos




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sábado, 26 de junho de 2021

A Santa Missa é um verdadeiro sacrifício


O augusto sacrifício do altar não é, pois, uma pura e simples comemoração da paixão e morte de Jesus Cristo, mas é um verdadeiro e próprio sacrifício, no qual, imolando-se incruentamente, o sumo Sacerdote faz aquilo que fez uma vez sobre a cruz, oferecendo-se todo ao Pai, vítima agradabilíssima.

"Uma... e idêntica é a vítima: aquele mesmo, que agora oferece pelo ministério dos sacerdotes, se ofereceu então sobre a cruz; é diferente apenas, o modo de fazer a oferta" (Conc. Trid., Sess. XXII. c, 2).


Papa Pio XII in Carta Encíclia 'Mediator Dei', n.61


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quinta-feira, 24 de junho de 2021

A manhã de São João

Manhaninha de S. João
Pela manhã de alvorada
Jesus Cristo se passeia
Ao redor da fonte clara.

Por Sua boca dizia,
Por Sua boca falava:
Esta água fica benta
E a fonte fica sagrada.

Ouviu a filha d’el-rei
D’altas torres donde estava.
Vestiu suas meias de seda,
Calçou sapatos de prata,
Pegou em cântaro d’oiro,
À fonte foi buscar água.

Lá no meio do caminho
Com a Virgem se encontrava.
Atreveu-se e perguntou-lhe
Se havia de ser casada.

Casadinha haveis de ser
Muito bem afortunada,
Três filhos haveis de ter
Todos de capa e espada.

Um será Bispo em Roma,
E outro Cardeal em Braga,
O mais novo deles todos,
Servo da Virgem Sagrada.

Ditosa da donzelinha
Que à fonte foi buscar água!

Poema popular tradicional


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Dia de S. João Baptista, o santo da penitência

Fazem penitências corporais diárias? Deviam ter cuidado. Ou é uma grande ajuda para a santidade ou então torna-se uma estrada para o orgulho e fariseísmo.
S. João Baptista

Um aviso de São Jerónimo

S. Jerónimo, ao escrever para uma mulher chamada Celantia sobre a questão das penitências corporais, faz um aviso cuidadoso:
Está atenta quando começares a mortificar o teu corpo através da abstinência e do jejum, para que não te comeces a imaginar perfeita e uma santa; porque a perfeição não consiste nesta virtude. É apenas uma ajuda; uma disposição; um meio, ainda que dos bons, para chegar à verdadeira perfeição.
A Igreja Católica, claro, incita-nos à prática da penitência corporal. Manter longe do nosso corpo aquilo que ele quer. Como São Jerónimo nos lembra, é apenas um meio para alcançar um fim. Os jejuns e as penitências não são nunca um fim em si mesmos.

Penitências Corporais Diárias: o bom e o mau

Tudo o que está acima serve como aviso. No entanto, devemos também reconhecer um número de factores para aqueles de nós que vivemos nas culturas ocidentais:
  1. Vivemos na era mais materialista da humanidade (disponibilidade de TV, DVDs, iPads, smartphones, carros, sexo)
  2. Vivemos na maior idade do marketing (anúncios na televisão, placares, centros comerciais, publicidades nos jornais, banners na internet)
  3. Vivemos na cultura mais luxuosa (confortável) da história humana (não transpiramos, não caminhamos, não caçamos a comida, não colhemos os vegetais, não moemos os cereais, não lavamos a roupa à mão)
Penso que todos concordamos que este ambiente cada vez mais materialista tem um efeito negativo sobre nós. Muito do nosso fascínio com a "reality TV", a sensação de não ser livre e as manias de sobrevivencialismo está relacionado com a nossa intuição interior de que algo mudou na sociedade... e de que algo mudou dentro das nossas almas.
Lá dentro, sabemos que os que fazem "trabalhos pesados" e as pessoas como os "agricultores" são quase naturamente virtuosas devido aos seus trabalhos. Eu apercebi-me disto uma vez na confissão.

Uma epifania de penitência um dia na confissão

Enquanto estava ajoelhado na confissão, um sacerdote examinou a minha constelação de pecados confessados e depois disse, “Meu filho, precisas de temperança e fortaleza. Posso recomendar uma penitência diária?
Em primeiro lugar fiquei chocado. Na minha cabeça pensei, “Hmm, não me pode dar só 5 Ave Marias para que eu possa ir almoçar?” mas lá bem dentro da minha alma eu percebi que isto era uma coisa que eu precisava. Ele então explicou e recomendou algumas penitências corporais diárias. Exercícios para pôr a minha alma flácida em forma. É como fazer flexões ou correr pela alma. Nos velhos tempos chamavam-lhe “teologia ascética” que vem da palavra grega askesis, que significa “treino atlético.”

Exemplos de Penitências Diárias

Aqui estão então alguns exemplos de penitências corporais diárias:
  • saltar uma refeição todas as Sextas
  • não comer carne às Sextas
  • não comer snacks
  • não usar sal, pimenta, molho ou manteiga quando querem usar
  • não pedir a vossa escolha #1 no menu mas a #2, quando vão a um restaurante
É claro que as penitências corporais devem ser secretas e devemos fazer um movimento da mente para oferecer este pequeno sacrifício à Glória de Deus em acção de graças. Devemos fomentar uma atitude de alegria. Caso contrário é apenas fariseísmo.
Existem algumas penitências corporais diárias que devem ser esclarecidas com um director espiritual.
  • pequena pedra no sapato
  • pôr a água do choveiro no frio antes de sair de lá
  • dormir no chão
  • acordar a meio da noite para uma oração de vigília
Mais uma vez, não façam isto sozinhos. O diabo vai frustrar-vos. Precisam de um director espiritual. Nunca iriam começar a tomar medicamentos fortes sem a vigilância de um médico experiente. O mesmo se passa para grandes penitências, que podem afectar-vos com profundidade tanto emocionalmente como fisicamente.

Taylor Marshall


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quarta-feira, 23 de junho de 2021

João nasce quando os dias começam a diminuir e Jesus quando começam a aumentar

«É necessário que Ele cresça e eu diminua» ( Jo 3,30)

O nascimento de João e o de Jesus, e depois a Paixão de cada um, marcaram a diferença entre eles. Com efeito, João nasce quando o dia começa a diminuir; Cristo, quando o dia começa a crescer. A diminuição do dia no caso do primeiro é um símbolo da sua morte violenta; o crescimento do dia no caso do segundo é um símbolo da exaltação da cruz.

O Senhor revela também um sentido secreto desta palavra de João acerca de Jesus Cristo: «É necessário que Ele cresça e eu diminua.» Toda a justiça humana se consumara em João, acerca de quem dizia a Verdade: «Entre os filhos das mulheres, não surgiu nenhum maior do que João Baptista» (Mt 11,11). Nenhum homem teria, pois, podido ultrapassá-lo; mas ele era apenas um homem. Ora, na graça cristã, pede-se-nos que não nos glorifiquemos no homem, «mas se alguém se glorifica que se glorifique no Senhor» (2Cor 10,17): o homem no seu Deus; o servo no seu senhor.

É por este motivo que João exclama: «É necessário que Ele cresça e eu diminua.» Claro que Deus não diminuiu nem aumentou em Si mesmo, mas nos homens; pois à medida que progride o verdadeiro fervor, a graça divina cresce e o poder humano diminui, até que chegue à sua conclusão o reino de Deus, que está em todos os membros de Cristo, e no qual toda a tirania, toda a autoridade, todo o poder estão mortos, e Deus é tudo em todos (Col 3,11).

João, o evangelista, diz: «Ele era a verdadeira luz, que ilumina todo o homem vindo a este mundo» (1,9); por seu lado, João Baptista declara: «Nós recebemos tudo da sua plenitude» (Jo 1,16). Quando a luz, que é em si própria sempre total, cresce em quem por ela é iluminado, esse diminui em si mesmo, à medida que se vai abolindo nele o que estava sem Deus. É que o homem sem Deus nada pode, a não ser pecar, e o seu poder humano diminui quando triunfa a graça divina, destruidora do pecado. 

A fraqueza da criatura cede ao poder do Criador e a vaidade dos nossos afectos egoístas dissolve-se diante do amor universal, enquanto João Baptista nos grita, do fundo da nossa angústia, a misericórdia de Jesus Cristo: «É necessário que Ele cresça e eu diminua.»

Santo Agostinho in Sermão para o nascimento de João Baptista


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Mons. Edward Howard, Arcebispo de Portland, com a Cappa Magna




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terça-feira, 22 de junho de 2021

A galáxia Summorum Pontificum prepara-se para a resistência

As disposições do motu proprio 
Summorum Pontificum foram diposições de paz. Totalmente atípico sob o ponto de vista da legislação litúrgica, o Summorum Pontificum veio responder eficazmente a uma situação ela própria atípica: organizou o modus vivendi entre a liturgia antiga e a liturgia nova, reconhecendo um direito ao ritus antiquior a todo o sacerdote de rito latino, ao mesmo tempo que organizou as condições de exercício para que ele pudesse ser posto em prática em público. Deste modo, pretendia vir pacificar liturgicamente uma Igreja que cada vez mais se via precipitar numa crise.

Mas eis que este direito, assim finalmente reconhecido, aparece como algo de insuportável para os homens do poder, desde 2013. Entre eles, está agora prestes a levar a melhor a tese de que este texto deveria ser, senão ab-rogado, pelo menos diluído, para enfim perder o essencial do seu significado e eficácia. Para eles, a missa de antes do Concílio Vaticano II não mais pode gozar do que de uma mera tolerância devidamente enquadrada.

O seu quadro mental, faz com que eles assumam com ligeireza (“d'un coeur léger”, para evocar a expressão de Émile Olivier, lançando a França na guerra de 1870, com as consequências que se conhecem) a responsabilidade do reacender das hostilidades litúrgicas. Por causa deles, corremos o sério risco de regressar a uma situação parecida com a dos anos do pós-Concílio, mas em condições ainda piores para a instituição eclesial.

Celebrar a Missa Tridentina: um direito adquirido

É preciso ter bem presente que foi sob a pressão de uma contestação impossível de ser sufocada, que o legislador romano, através de várias etapas (em 1984 com Quattuor abhinc annos, em 1988 com Ecclesia Dei e em 2007 com Summorum Pontificum), chegou enfim a interpretar a aplicação do Missal de 1969 como não obrigatória.

Aconteceu de facto que em França, mas também um pouco por todo o mundo, os párocos de aldeia haviam continuado imperturbavelmente a celebrar a missa tridentina. Contemporaneamente, organizaram-se em muitos locais capelas “selvagens”, e as sanções que então certos bispos decidiram aplicar não fizeram senão desencadear a propagação destas celebrações. Estas adquiriram ainda maior consitência quando os jovens sacerdotes formados e ordenados por Mons. Lefebvre iniciaram a exercer o seu ministério sacerdotal, ora em casas independentes fundadas para esse fim, ora em locais adaptados para o culto, amiúde de modo até muito sumário, tanto nas cidades como no campo.

A suspensão a divinis de Mons. Lefebvre, em 1976, acabou aliás por dar à sua iniciativa uma enorme notoriedade. A este acontecimento seguiu-se um outro: a tranquila ocupação da igreja de Saint-Nicolas-du-Chardonnet, em Paris, por Mons. Ducaud-Bourget e pelos seus fiéis, que um domingo aí entraram, e aí estão até hoje. De modo semelhante, 10 anos mais tarde, em 1986, perto de Versalhes, os paroquianos da missa tradicional de Saint-Louis du Port-Marly, que haviam sido expulsos da sua igreja, tendo em seguida sido emparedadas as portas da mesma, muito simplesmente trataram de as arrombar para de novo aí se instalarem. Nunca mais de lá saíram...

Uma sondagem histórica, realizada por IFOP em 1976 e publicada pelo Le Progrès, um jornal diário de Lyon, mostrava que 48% dos católicos praticantes regulares consideravam que a Igreja havia ido longe demais nas reformas, e que 35% eram favoráveis à missa em latim. As sondagens que se seguiram, realizadas em França e em todo o mundo por Paix Liturgique até aos dias de hoje, põem em evidência uma fortíssima tendência: a procura da celebração da missa tradicional nas próprias paróquias por uma parte muito significativa, e por vezes maioritária, dos fiéis praticantes.

Em seguida, o clima psicológico favorável criado pelo motu proprio de Bento XVI, por um lado, e o crescimento contínuo dos institutos especializados na liturgia tradicional – Fraternidade São Pio X e os instituos Ecclesia Dei, fundados a partir de 1988 –, por outro, fizeram com que o número de locais onde se celebra a missa tradicional não tenha parado de crescer em todo o mundo: entre 2007 e 2017, esse número duplicou.

Um autêntico paradoxo realçado pelos sociólogos de questões religiosas, como em França, Danièle Hervieu-Léger: o movimento tradicional opôs-se à corrente conciliar com um modo de fazer de aparência “moderna”, insurgindo-se contra a autoridade. A reacção tradicional tem certas marcas do que hoje se qualifica como “populismo”, contestando a legitimidade das “elites”, pelo facto de estas adoptarem posições inovadoras elaboradas pelo seu plano e pretensão “elitista”.

Seja outro paradoxo: o movimento tradicional baseia-se, desde a sua origem, na acção dos leigos (apoiando e mesmo “engendrando” sacerdotes, por meio dos institutos especializados) e recusa as propostas e determinações do Concíclio Vaticano II, que no entanto se suporia serem destinadas precisamente a “promover o laicado”.

Pode até acrescentar-se que tendo a Igreja de Roma deixado de ser tridentina após o Vaticano II, a corrente tridentina – apesar de, por essência, ser hierárquica – acabou por ser assumida e continuada pelo povo de base. Na verdade, teologicamente, e já não sociologicamente, pode dizer-se que se trata de uma espantosa e providencial manifestação do sensus fidelium, do instinto de fé dos fiéis, que com unhas e dentes defende por meio da expressão da lex orandi a doutrina do sacrifício eucarístico, da presença real, do sacerdócio hierárquico e, mais amplamente, da transcendência do mistério «Fazei isto em memória de Mim!».

Uma capacidade de resistência irreprimível

Perante o perigo que agora assoma, partindo da situação francesa, que por certo não é a da Igreja universal, mas que neste domínio é sempre fonte de óptimos indícios, podemos tentar avaliar as forças em presença.

A Igreja “oficial” nada tem hoje a ver com o sólido aparelho que era nas primeiras décadas do pós-Concílio. Está hoje exange do ponto de vista do número de sacerdotes e de religiosos. O número dos seus seminaristas e até o dos seus seminários também não cessa de diminuir. Os fiéis praticantes, sempre mais envelhecidos, estão também cada vez mais espaçados nas naves das igrejas, e nem precisam de “medidas sanitárias” para que isso aconteça. A par de tudo isso, vem logicamente uma situação financeira catastrófica em não poucas dioceses. Ao que se juntam as consequências da assim dita “crise sanitária”, que fez desaparecer cerca de 30% dos paroquianos que ainda restavam. 

Os hábitos antigos, que levam tempo a mudar, fazem com que ainda se considere ser o catolicismo um componente essencial da sociedade. Mas a realidade está prestes a mostrar-se tal como é, nua e crua: ele já praticamente desapareceu da esfera pública.

Em contrapartida, o mundo tradicional representa uma “excepção” na Igrea, em especial do ponto de vista das vocações sacerdotais e religiosas, assemelhando-se ao que se passava antes de 1965. Muitos são os jovens que, nada tendo conhecido das querelas conciliares, hoje se voltam espontaneamente para esse mundo tradicional. As assembleias dominicais têm grande afluência e uma idade média baixa. Na galáxia tradicional, seja no que respeita à sua vida litúrgica como à sua “fecundidade” vocacional, tudo se passa como se o Concílio Vaticano II nunca tivesse existido. Um ensino da catequese como antigamente, bem estruturado, e a existência de uma importante rede escolar, asseguram uma sólida transmissão da fé, da prática e dos hábitos da vida cristã. 

E mais ainda, as fronteiras deste universo são porosas em relação a um mundo “clássico” (Comunidade Saint-Martin, Emmanuel, etc.), cuja vitalidade se pode explicar em parte em virtude duma certa “diferença” em face da tendência oficial que, ficando embora aquém, no fundo se inspira na diferença mostrada pela resistência tradicional.

Claro está que o sucesso tem também o seu reverso: a renovação geracional está certamente assegurada, mas num mundo extremamente secularizado, isso não se consegue sem falhas; assim, em relação à situação forçosamente muito militante do pós-Concílio, o mundo tradicional pode hoje parecer por vezes mais instalado que outrora. E no entanto, é também verdade que acções e pressões apostadas em manter as situações já adquiridas e em obter um crescimento podem organizar-se sem maior dificuldade, e para isso, neste caso como noutros, as redes sociais são de grande auxílio para dar expressão a uma galáxia que “não se conforma”.

Salvas as diferenças, uma explosão de descontentamento do género “gillets jaunes” poderia muito bem acontecer a qualquer momento na Igreja. E com o trunfo de que, em âmbito católico, a doutrina e a prática se centram para o povo cristão na celebração da missa dominical. Ora, para que ela se celebre, basta um sacerdote que a diga, os fiéis assitem, e no final das contas, ninguém o poderá impedir. Foi o que aconteceu a partir de 1965, e sobretudo depois de 1969: as missas tridentinas continuaram a ser celebradas como se nada se tivesse passado. Chegaram ameaças, oposições, até mesmo perseguições, mas de nada valeram: os sacerdotes e os fiéis continuaram a «fazer o que a Igreja sempre tinha feito», como gostava de dizer Mons. Lefebvre.

Um facto recente e muito instrutivo foi este: porque os bispos franceses e doutros países fizeram insensatamente repercutir as “medidas sanitárias” governamentais sobre a Santa Comunhão, proibindo a comunhão na boca, houve um número de fiéis que abandonou as igrejas “ordinárias”, para poderem continuara a receber dignamente a Santa Eucaristia nas celebrações tradicionais. E é assim que agora, desde a “crise sanitária”, o número de assistentes das missas tradicionais aumentou consideravelmente na maior parte dos lugares!

É conhecida a famosa frase de São Jerónimo, quando afirmava que, no século IV, “o mundo inteiro geme estupefacto ao acordar ariano”, numa altura em que a hierarquia se havia passado largamente para o lado da heresia, enquanto numerosos fiéis permaneciam ligados à doutrina cristológica de Niceia. Não vimos já, e não vemos agora, uma situação semelhante que se repete nos dias de hoje? 

Mas esta capacidade de resistência “no terreno”, de si irreprimível, não há-de excluir também certas manifestações e iniciativas poderosas e de grande efeito, que já começam a ser consideradas em vários lugares do mundo.



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Ameaças de Democratas pró-aborto e uma cobardia sinistra de há muitos anos

O presidente Biden e também Senadores Democratas pró-aborto iniciaram uma campanha de desafio, demoníaco, aos Bispos USA que se atrevessem a negar-lhes a Sagrada Comunhão.

As garras poderosas de Baal-Moloch fortalecido pela cobardia medrosa da Hierarquia, ao longe de tantos anos, constituem agora uma grave ameaça à Igreja que ali se encontra.

Ora isto só foi possível porque durante décadas, salvo raras excepções, o Episcopado Norte-Americano foi silencioso e mesmo conivente com a prática sacrílega de dar a Sagrada Comunhão Eucarística a todos aqueles que viviam em estado de pecado mortal público, designadamente aos que promoviam o aborto provocado, mesmo legislativamente.

O escândalo não podia ser maior, e, no entanto, parece que somente agora é que está a provocar uma reacção adequada e católica do Episcopado US. Se este Episcopado tiver a Fortaleza, a Coragem, a exigência de Justiça e a Caridade que lhe compete, será muito provável que venha a sofrer severas retaliações do poder político, retaliações essas que afectarão todas as realidades eclesiais naquele país.

Mas como sabemos as perseguições injustas, que aliás já existem, são fruto da conformidade com Cristo e com o Seu Evangelho.

Padre Nuno Serras Pereira


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segunda-feira, 21 de junho de 2021

Rota de São Nuno: campo de férias para rapazes dos 11 aos 21 anos

A Rota de São Nuno é um campo de férias itinerante para rapazes, organizado pelos seminaristas portugueses, da Fraternidade Sacerdotal de São Pedro (FSSP).
O campo consiste numa caminhada de 7 dias, em Portugal, de mochila às costas e a dormir em tendas. Durante estes dias tentamos assegurar a formação espiritual através da Missa diária segundo a liturgia tradicional, catequeses, testemunhos, oração e etc. Sem esquecer a actividade física e cultural. 
Sempre sob a protecção de Nossa Senhora e de São Nuno de Santa Maria, Cristo há de reinar nos corações da juventude portuguesa!

Inscrições: rotasaonuno@gmail.com



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domingo, 20 de junho de 2021

Oração para pedir o bom humor

Concede-me, Senhor, uma boa digestão, mas também algo para digerir.
Concede-me um corpo saudável, e o bom humor necessário para o manter.
Concede-me uma alma simples que saiba valorizar o que é bom,
que não se amedronte diante do mal,
e que encontre os meios para voltar a colocar as coisas no seu lugar.

Dá-me uma alma que não conheça o aborrecimento, 
nem as murmurações, 
nem os suspiros, 
nem os lamentos, 
nem preocupações excessivas com esse obstáculo chamado "eu".

Concede-me, Senhor, o dom do sentido de humor. 
Permite-me a graça de aproveitar o riso 
para que saboreie nesta vida um pouco de alegria, 
e possa partilhá-la com os outros. 
Ámen.

S. Tomás Moro 


Original em inglês:

Grant me, O Lord, good digestion, and also something to digest. 
Grant me a healthy body, and the necessary good humor to maintain it. 
Grant me a simple soul that knows to treasure all that is good 
and that doesn’t frighten easily at the sight of evil, 
but rather finds the means to put things back in their place.
  
Give me a soul that knows not boredom, 
grumblings, 
sighs, 
and laments, 
nor excess of stress because of that obstructing thing called “I.” 

Grant me, O Lord, a sense of good humor. 
Allow me the grace to be able to take a joke to discover in life a bit of joy, 
and to be able to share it with others.
Amen.

S. Thomas More


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sexta-feira, 18 de junho de 2021

É estranha a quantidade de inimigos que temos de combater quando decidimos ser santos

É estranha a quantidade de inimigos que temos de combater quando decidimos ser santos. Parece que tudo se desata: o demónio com os seus artifícios, o mundo com as suas atrações, a natureza opondo resistência aos nossos bons desejos; os elogios dos bons, as censuras dos maus, as solicitações dos tíbios. 

Quando Deus nos visita, temos de recear a vaidade; quando Ele Se retira, a timidez e o desespero podem suceder ao maior fervor. Os nossos amigos tentam-nos com a complacência que temos por eles; os indiferentes, com o receio de lhes desagradarmos. Em estado de fervor, tememos a indiscrição, na moderação, tememos a sensualidade, e o amor próprio espreita-nos por todos os lados. Que havemos, pois, de fazer? [...]

Uma vez que a santidade não consiste em ser fiel um dia ou um ano, mas em perseverar e crescer até à morte, convém sobretudo que Deus seja o nosso escudo, mas um escudo que nos rodeie, uma vez que somos atacados por todos os lados (cf Sl 90,4). Convém que seja Deus a fazer tudo; assim, não teremos receio de que nos falte seja o que for. 

Por nós, basta-nos reconhecer a nossa impotência e ser fervorosos e constantes em pedir socorro, por intercessão de Maria, a Deus, que nada recusa. E nem disto somos capazes, a não ser com uma grande graça, ou antes, com várias grandes graças de Deus.

São Cláudio de la Colombière in 'Diário Espiritual'


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quinta-feira, 17 de junho de 2021

A Condenação ao Inferno

CONDENAÇÃO DO PECADOR é a sentença dada por Jesus Cristo aos que morrem em pecado mortal, mandando-os para o inferno. 

Da condenação por causa do pecado ninguém se livra senão pelos merecimentos de Jesus Cristo, e só por um de quatro modos: ou pelo Baptismo, ou pelo Sacramento da Confissão, ou pelo martírio, ou pelo amor de caridade, mas nestes dois últimos casos com o desejo ao menos implícito do Sacramento da Confissão. A pena dos condenados no inferno não acaba, e as penas variam, sendo umas mais aflitivas do que outras. 

O bem que fizeram neste mundo aproveita-lhes, mitigando as penas. Assim como pecaram de vários modos, assim sofrerão de vários modos.

Padre José Lourenço in Dicionário da Doutrina Católica


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Fiat Lux




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“Tive a sensação de que aquela Hóstia estava MESMO consagrada”

Alguns vão achar isto provocativo. Eu acho que é verdade.

Tive que fazer hoje uma chamada para o gabinete paroquial e, enquanto falava com a secretária, percebi que ela tinha ido à sua primeira Missa na Forma Extraordinária do Rito Romano. Perguntei-lhe o que é que ela tinha achado e a sua resposta foi:

“Eu tive a sensação de que aquela Hóstia estava MESMO consagrada.”

Depois continuou, explicando que percebe que as duas Missas são a mesma, [Ambas válidas.] mas que ela tinha sentido definitivamente que havia algo mais solene a acontecer na Missa Tradicional cantada.

O comentário dela marcou o meu dia e achei que podia marcar o seu também!

Este comentário abre muitos assuntos.

Primeiro, ela não está a dizer que a Hóstia está mais consagrada porque é a Forma Extraordinária. Para ser claro: Quando eu consagro a Hóstia na Forma Ordinária ela não está mais ou menos consagrada do que quando uso a Forma Extraordinária. Nem ficava mais ou menos consagrada se eu consagrasse segundo o Rito Maronita, o Rito Ambrosiano, o Rito Bizantino ou o Rito de Braga. Nem estaria mais ou menos consagrada do que se eu eventualmente fosse nomeado um monsenhor ou, pelos meus pecados, um bispo, cardeal ou papa.

No entanto, considerar a Missa meramente do ponto de vista do mínimo indispensável da validade é perigoso. Não devemos cair nessa armadilha. A Missa é mais do que a sine qua non, mais importante, consagração válida. A Missa é um conjunto.

Sim, algo mais está a acontecer durante uma Missa Cantata na forma tradicional e mais ainda na Missa Solemnis e ainda mais na Missa Pontificalis. É importante que forma antiga, tradicional, seja revivida, reaprendida, recuperada em todos os sítios. Precisamos da sua influência. Precisamos dela para reabilitar o culto litúrgico na Igreja Latina em todo o lado. Nenhuma iniciativa de "Nova Evangelização" ou de renovamento da Igreja vai ter um efeito concreto a não ser que renovemos o nosso culto litúrgico.

PORTANTO, fico profundamente agradecido e encorajado quando oiço seminaristas dizer que eles e muitos dos seus colegas estão abertos e/ou com vontade para aprender e depois usar a Forma Extraordinária.

Bento XVI deu-nos uma visão e uma missão. A visão e a missão permanecem. Não foram substituídas. Não foram canceladas, anuladas, repudiadas. Tal como disse antes, é tempo de tirar as rodinhas e pôr a andar a bicicleta! Se querem a Missa Tradicional, trabalhem por ela. Se é difícil, continuem a trabalhar. 

Este NÃO é o tempo para descansar. Este é precisamente o tempo para continuar a empurrar para a frente, fazendo petições para mais e mais e mais, e não apenas pelas pequenas migalhas que caiem da mesa dos meninos giros liberais. Os padres jovens apoiam-vos. Apoiem-nos a 100%.

Fr. John Zuhlsdorf in  Fr. Z's Blog


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quarta-feira, 16 de junho de 2021

O Sagrado Coração de Jesus oficialmente profanado

Todos saberemos que o Mês de Maio é especialmente Consagrado a Nossa Senhora, sendo que a principal razão consiste em preparar-nos para o Mês seguinte explicitamente Consagrado ao Sagrado Coração de Jesus.

 

Havia um costume devocional muitíssimo salutar que consistia na recitação diária da Ladainha do Sagrado Coração de Jesus. Esta devoção foi caindo, em muitas partes, em desuso. De modo que à medida que as pessoas abandonam o Deus verdadeiro e a Sua adoração começam a produzir, diabolicamente, deuses próprios fabricados à imagem e semelhança daqueles os fazem, com o propósito firme de destronarem o Deus verdadeiro.

 

Foi o que sucedeu com este mês (antes dedicado ao Amor Salvador e Infinito de Deus humanado cujo Coração foi trespassado para nos redimir do pecado), propositadamente invertido, por Obama, para significar e celebrar exactamente o contrário, ou seja, o Orgulho do pecado (lgbtq+).

 

Pelo que, com o passar do tempo, paulatinamente, ainda seremos induzidos, ou mesmo obrigados, durante este mês a rezar a seguinte ladainha:

 

Senhores “gays”, tende piedade de nós

Senhores gays, ouvi-nos

Senhores gays, atendei-nos

 

Da homofobia, livrai-nos senhores

 

Da discordância dos vossos comportamentos, perdoai-nos senhores 

 

Por todos aqueles que, pela Graça de Deus, convertemos e vivem em castidade, perdoai-nos senhores

 

Por todos os que auxiliámos a redescobrirem a sua condição natural e que hoje vivem casados e felizes, perdoai-nos senhores

 

Por todos aqueles que morreram vítimas da sida e de outras infecções venéreas, originadas pelos vossos comportamentos, perdoai-nos senhores

 

Por todos aqueles que socorremos nos nossos hospitais, hospícios e unidades paliativas, vítimas dessas enfermidades, perdoai-nos senhores

Por todos aqueles que foram vítimas de justas discriminações, perdoai-nos senhores

 

Por todos aqueles que absolvemos nos confessionários, das culpas que não tinham, perdoai-nos senhores 

 

Por todos as vezes que em vez de remetermos abstractamente para o Catecismo, que ninguém lê, dissemos claramente o que lá vem, perdoai-nos senhores

 

Por todos os vossos desfiles do "gay pride” que considerámos obscenos, pornográficos e inconvenientes, perdoai-nos senhores

 

Por todas as vossa infiltrações e influência massiva no ensinamento da vossa ideologia nas escolas, com que discordámos, perdoai-nos senhores

 

Por todas as crianças que se afligiram e escandalizaram, perdoai-nos senhores

 

Pela nossa indignação com os multimilionários e políticos poderosos que financiam e impõem os vossos objectivos, perdoai-nos senhores

 

Por estranharmos a perseguição que fazeis aos cristãos, perdoai-nos senhores

 

Por discordarmos dos incêndios de Igrejas, manifestações e procissões blasfemas que cada vez com maior frequência praticais, perdoai-nos senhores

 

Por nos preocuparmos com a máfia eclesial que ao longo destas décadas formastes, perdoai-nos senhores

 

Por celebrarmos a matança sádica e crudelíssima dos 45 mártires do Uganda pelo rei gay de então, por eles se terem recusados às suas solicitações, perdoai-nos senhores

 

Pela multidão de outros mártires que celebramos, assassinados por esses mesmos motivos, perdoai-nos senhores

 

Por todas as vezes que vos ofendemos, e são todas sempre que nos pronunciamos, perdoai-nos senhores

 

Por nos sentirmos da censura férrea que impondes sobre nós, perdoai-nos senhores

 

Por recearmos a vossa dominância e ditadura mundial, perdoai-nos senhores

 

Como sois vós a decidir subjectivamente em cada momento o que é ofensa e não o é, só nos resta louvar-vos, elogiar-vos, lisonjear-vos, adular-vos sempre e em cada instante porque o silêncio, não poucas vezes, é por vós considerado extremamente ofensivo.

 

Infinitas serão certamente muitas outras ofensas que aqui faltam e das quais deveríamos pedir perdão, mas embora isto seja totalmente incompreensível, talvez a consideração da minha pouquidade mental encontre benevolência aos olhos de Francisco.


À Glória e Honra de Cristo. Ámen.


Padre Nuno Serras Pereira



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