quinta-feira, 16 de maio de 2024

As 4 Virtudes Cardeais

1. Prudência é a inteligência de distinguir o bem do mal, de modo a agir como o faria um homem virtuoso.
2. Fortaleza é a capacidade para preservar nas dificuldades, mesmo contra todas as probabilidades.
3. Justiça é a vontade de dar a cada um o que lhe pertence.
4. Temperança é o uso dos bens deste mundo como meios para um fim e não como fins em si mesmos, especialmente no que diz respeito à alimentação e às paixões.


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Dia de S. Simão Stock: indulgência plenária para quem usa Escapulário

Hoje é dia de São Simão Stock, a quem Nossa Senhora apareceu e entregou o Escapulário. Quem usa Escapulário de Nossa Senhora do Carmo pode hoje lucrar uma indulgência plenária.

"A indulgência é a remissão, perante Deus, da pena temporal devida aos pecados cuja culpa já foi apagada; remissão que o fiel devidamente disposto obtém em certas e determinadas condições pela acção da Igreja que, enquanto dispensadora da redenção, distribui e aplica, por sua autoridade, o tesouro das satisfações de Cristo e dos Santos." (CIC 1471)

Além de usar escapulário é preciso cumprir os requisitos “normais” da indulgência plenária:
1. ter uma disposição interior de afastamento total de todo o pecado, mesmo do pecado venial;
2. estar confessado;
3. receber a Sagrada Comunhão;
4. rezar pelas intenções do Santo Padre (pelo menos um ‘Pai Nosso’ e uma ‘Avé Maria’).


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quarta-feira, 15 de maio de 2024

As Regras de Cortesia e de Civilidade Cristã

Capítulo I. Do Porte e da Atitude de todo o corpo

No porte de uma pessoa é sempre necessário algo de ponderado e majestoso: mas deve evitar cuidadosamente tudo o que indica orgulho e altivez de espírito, pois isto desagrada extremamente a todas as pessoas. O que deve produzir essa ponderação é somente a modéstia e a sabedoria que um cristão deve manifestar em todo o seu comportamento. 

Como ele é de alto nascimento, porque pertence a Jesus Cristo e é Filho de Deus, que é o Ser supremo, não deve ter nem manifestar nada de vil no seu exterior, e tudo nele deve ter certo ar de elevação e de grandeza, que tenha alguma relação com o poder e a majestade do Deus a quem serve e que lhe deu o ser, mas que não venha de estima de si mesmo e de preferência aos outros. 

Qualquer cristãos se deve conduzir de acordo com as regras do Evangelho, por isso deve mostrar honra e respeito a todos os outros, considerando-os como filhos de Deus e irmãos de Jesus Cristo, e ao considerar-se como um homem carregado de pecados, deve humilhar-se continuamente, e colocar-se abaixo de todos. Ao estar em pé, deve-se manter o corpo erecto, sem o inclinar para um nem para outro lado, e não se curvar para frente como um ancião que não se consegue aguentar. 

Também é muito indecente endireitar-se com afectação, apoiar-se contra uma parede ou contra qualquer outra coisa, contorcer o corpo e alongar-se com indecência. Quando se está sentado, não se deve estender-se preguiçosamente, nem apoiar-se firmemente contra o encosto da cadeira. É indecente estar sentado baixo ou alto demais, a menos que não se possa fazer de outra maneira, em geral é melhor estar sentado mais alto do que baixo demais; mas quando se está em companhia, deve-se dar os assentos mais baixos e mais cómodos principalmente às mulheres. 

Nem o frio nem qualquer outro incómodo ou sofrimento devem fazer-nos tomar uma postura indecente, e é contra a cortesia manifestar no exterior que se tem algum incómodo, excepto se não se pode fazer de outra maneira. Também é sinal de demasiada sensibilidade e delicadeza quando não se consegue sofrer nada sem o manifestar no exterior.

São João Baptista de La Salle in 'As Regras de cortesia e Civilidade Cristã'


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terça-feira, 14 de maio de 2024

Cinco novos Diáconos para a FSSP


















A Fraternidade Sacerdotal de São Pedro conta com cinco novos Diáconos, incluindo dois portugueses. Foi ordenado um sexto Diácono que pertence ao Institut de la Sainte Croix de Riaumont. A ordenação decorreu na igreja paroquial de Gestratz e o Bispo ordenante foi Mons. Wolfgang Haas, Arcebispo emérito de Vaduz (Liechtenstein).

Rezemos para que sejam sempre fiéis à vocação que receberam de Deus.

Fotografias: fsspwigratzbad.blogspot.com


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segunda-feira, 13 de maio de 2024

78 anos da Coroação Solene de Nossa Senhora de Fátima

Há 78 anos, no dia 13 de Março de 1946, a imagem de Nossa Senhora de Fátima foi coroada solenemente, e pela primeira vez, pel
o Cardeal Bento Aloisi Masella, legado pontifício. Nesse mesmo dia, para comemorar o acontecimento, o Papa Pio XII fez este anúncio radiofónico:

Veneráveis Irmãos e amados Filhos,

«Bendito seja o Senhor, Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, Pai das misericórdias e Deus de toda a consolação, que nos consola em todas as nossas tribulações » :(1) e com o Senhor seja bendita Aquela que Ele constituiu Mãe de misericórdia, Rainha e Advogada nossa amorosíssima, Medianeira de suas graças, Dispensadora dos seus tesoiros !

Quando, há quatro anos, em pleno rumorejar da mais funesta guerra que viu a história, convosco pela primeira vez subimos em espírito a este monte santo, para convosco agradecermos A. Virgem Senhora de Fátima os benefícios imensos, com que recentemente vos tinha agraciado, ao comum Magnificat juntávamos o grito de filial confiança, para que a Imaculada Rainha e Padroeira de Portugal completasse o que tão maravilhosamente tinha começado.

A vossa presença hoje neste Santuário, em multidão tão imensa que ninguém a pode contar, está atestando que a Virgem Senhora, a Imaculada Rainha, cujo Coração materno e compassivo fez o prodígio da Fátima, ouviu de modo superabundante as nossas súplicas.

O amor ardente e reconhecido vos trouxe : e vós quisestes dar-lhe uma expressão sensível condensando-o e simbolizando-o naquela coroa preciosa, fruto de tantas generosidades e tantos sacrifícios, com que, por mão do Nosso Cardeal Legado, acabamos de coroar a Imagem taumaturga.

Símbolo expressivo, que, se aos olhos da celeste Rainha atesta o vosso filial amor e gratidão, primeiro vos recorda a vós o amor imenso, expresso em benefícios sem conta, que a Virgem Mãe tem desparzido sobre a sua « Terra de S. Maria ». Oito séculos de benefícios ! Os cinco primeiros sob a signa de S. Maria de Alcobaça, de S. Maria da Vitória, de S. Maria de Belém, nas lutas épicas contra o Crescente pela constituição da nacionalidade, em todos os heroísmos aventurosos dos descobrimentos de novas ilhas e novos continentes, por onde vossos maiores andaram plantando com as Quinas a Cruz de Cristo. 

Estes três últimos séculos sob a especial protecção da Imaculada, a quem o Monarca restaurador com toda a Nação reunida em Cortes aclamou Padroeira de seus Reinos e Senhorios, consagrando-lhe a coroa, com especial tributo de vassalagem e com juramento de defender, até dar a vida, o privilégio de sua Conceição Imaculada : a esperando com grande confiança na infinita misericórdia de Nosso Senhor, que por meio desta Senhora, Padroeira e Protectora de nossos Reinos e Senhorios, de quem por honra nossa nos confessamos e reconhecemos vassalos e tributários, nos ampare e defenda de nossos inimigos, com grandes acrescentamentos destes Reinos, para a glória de Cristo nosso Deus e exaltação de nossa Santa Fé Católica Romana, conversão dos Gentios e redução dos Hereges ».(2)

E a Virgem fidelíssima não confundiu a esperança que n'Ela se depositava. Basta reflectir nestes três últimos decénios, pelas crises atravessadas e pelos benefícios recebidos equivalentes a séculos; basta abrir os olhos e ver esta Cova da Iria transformada em fonte manancial de graças soberanas, de prodígios físicos e muito mais de milagres morais. que a torrentes daqui se derramam sobre todo Portugal, e de lá, rompendo pelas fronteiras, se vão espraiando por toda a Igreja e por todo o mundo.

Como não agradecer? ou antes como agradecer condignamente? Há trezentos anos o Monarca da restauração, em sinal do amor e reconhecimento seu e do seu povo, depôs a coroa real aos pés da Imaculada, proclamada Rainha e Padroeira. Hoje vós todos, todo o povo da Terra de Santa Maria, com os Pastores de suas almas, com o seu Governo, às preces ardentes, aos sacrifícios generosos, às solenidades eucarísticas, às mil homenagens que vos ditou o amor filial e reconhecido, juntastes aquela preciosa coroa e com ela cingistes a fronte de Nossa Senhora da Fátima, aqui neste oásis bendito, impregnado de sobrenatural, onde mais sensível se experimenta o seu prodigioso patrocínio, onde todos sentis mais perto o seu Coração Imaculado a pulsar de imensa ternura e solicitude materna por vós e pelo mundo.

Coroa preciosa, símbolo expressivo de amor e gratidão!

Senão que o vosso mesmo concurso imenso, o fervor das vossas preces, o troar das vossas aclamações, todo o santo entusiasmo que em vós vibra incoercível, e, depois, o sagrado rito, que se acaba de realizar nesta hora de incomparável triunfo da Mãe Ssma., evocam ao Nosso espírito outras multidões bem mais inumeráveis, outras aclamações bem mais ardentes, outros triunfos bem mais divinos, outra hora — eternamente solene — no dia sem ocaso da eternidade : quando a Virgem gloriosa, entrando triunfante na pátria celeste, foi através das jerarquias bem-aventuradas e dos coros angélicos sublimada até ao trono da Trindade beatíssima, que, cingindo-lhe a fronte de um tríplice diadema de glória, A apresentou à Corte celestial, assentada à direita do Rei imortal dos séculos e coroada Rainha do universo.

E o Empíreo viu que Ela era realmente digna de receber a honra, a glória, o império, — porque mais cheia de graça, mais santa, mais formosa, mais endeusada, incomparavelmente mais, que os maiores Santos e os Anjos mais sublimes, ou separados ou juntos; —  porque misteriosamente emparentada na ordem da União hipostática com toda a Trindade beatíssima, com Aquele que só é por essência a Majestade infinita, Rei dos reis e Senhor dos senhores, qual Filha primogénita do Padre e Mãe extremosa do Verbo e Esposa predilecta do Espírito Santo; — porque Mãe do Rei divino, d'Aquele a quem desde o seio materno deu o Senhor Deus o trono de David e a realeza eterna na casa de Jacob (3) e que de si mesmo proclamou, ter-lhe sido dado todo o poder nos céus e na terra : (4) Ele o Filho Deus, reflecte sobre a celeste Mãe a glória, a majestade, o império da sua realeza; — porque associada, como Mãe e Ministra, ao Rei dos mártires na obra inefável da humana Redenção, lhe é para sempre associada, com um poder quasi imenso, na distribuição das graças que da Redenção derivam.(5)

Jesus é Rei dos séculos eternos por natureza e por conquista; por Ele, com Ele, subordinadamente a Ele, Maria é Rainha por graça, por parentesco divino, por conquista, por singular eleição. E o seu reino é vasto como o de seu Filho e Deus, pois que de seu domínio nada se exclui.

Por isso a Igreja a saúda Senhora e Rainha dos Anjos e dos Santos, dos Patriarcas e dos Profetas, dos Apóstolos e dos Mártires, dos Confessores e das Virgens ; por isso a aclama Rainha dos céus e da terra, gloriosa, digníssima Rainha do universo : Regina caelorum, (6) gloriosa Regina mundi, (7) Regina mundi digníssima : (8) e nos ensina a invocà-la de dia e de noite entre os gemidos e lágrimas de que é fecundo este exílio : Salve Rainha, Mãe de misericórdia, vida doçura, esperança nossa.

É que a sua realeza é essencialmente materna, exclusivamente benéfica.

E não é precisamente essa realeza que vós tendes experimentado? Não são os infindos benefícios, os carinhos inumeráveis com que vos tem mimoseado o Coração materno da augusta Rainha, que vós hoje aqui proclamais e agradeceis? A mais tremenda guerra que nunca assolou o mundo, por quatro longos anos andou rondando às vossas fronteiras, mas não as ultrapassou, graças sobretudo a Nossa Senhora, que deste seu trono de misericórdia, como de sublime ataláia, colocada aqui no centro do país, velava por vós e por vossos governantes ; nem permitiu que a guerra vos tocasse, senão o bastante para melhor avaliardes as inauditas calamidades de que a sua protecção vos preservava.

Vós coroai-la Rainha da paz e do mundo, para que o ajude a encontrar a paz e a ressurgir das suas ruinas.

E assim aquela coroa, símbolo de amor e gratidão pelo passado, de fé e de vassalagem no presente, torna-se ainda, para o futuro, coroa de lealdade e esperança.

Vós, coroando a imagem de Nossa Senhora, assinastes, com o atestado de fé na sua realeza, o de uma ,submissão sua autoridade, de uma correspondência filial e constante ao seu amor. Fizestes mais ainda : alistastes-vos Cruzados para a conquista ou reconquista do seu Reino, que é o Reino de Deus. Quer dizer : obrigastes-vos a trabalhar para que Ela seja amada, venerada, servida à volta de vós, na família, na sociedade, no mundo.

E que nesta hora decisiva da história, como o reino do mal com infernal estratégia emprega todos os meios e empenha todas as forças para destruir a fé, a moral, o Reino de Deus, assim os filhos da luz e filhos de Deus têem de empenhar tudo e empenhar-se todos para o defender, se não se quer ver uma ruina imensamente maior e mai desastrosa que todas as ruinas materiais acumuladas pela guerra.

Nesta luta não pode haver neutros, nem indecisos. É preciso um catolicismo iluminado, convicto, desassombrado, de fé e de mandamentos, de sentimentos e de obras, em particular e em público. O lema que há quatro anos proclamava em Fátima a briosa juventude católica : « Católicos a cem por cem ! »

Na esperança de que os Nossos votos sejam favoravelmente acolhidos pelo Coração Imaculado de Maria e apressem a hora do seu triunfo e do triunfo do Reino de Deus, — como penhor das graças celestes, a vós, Veneráveis Irmãos e a todo o vosso Clero, ao Exmo. Presidente da República, ao ilustre Chefe e aos Membros do Governo, às mais Autoridades civis e militares, a todos vós, amados Filhos e Filhas, devotos peregrinos de Nossa Senhora da Fátima, e a quantos convosco estão unidos em espírito por todo Portugal continental, insular e ultramarino, damos com todo o amor e carinho paterno a Bênção Apostólica.

Notas
1. 2 Cor. 1, 3, 4.
2. Auto da aclamação de N. Senhora da Conceição como Padroeira de Portugal pelas Cortes de Lisboa, em 1646.
3. Luc. 1, 32-33.
4. Matth. 28, 18.
5. Cfr. Leonis XIII Enc. Adiutricem, 5 septembris 1895: Acta, vol. XV, pag. 303.
6. Brev. Rom. 2ª Ant. final. B. Mariae Virg.
7. Off. parv. B. Mariae Virg., Ant. ad Magnif. per annum.
8. Missal. Rom. Comm. in Commem. B. Mariae Virg. de Monte Carmelo.


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3 acontecimentos marcantes no dia 13 de Maio de 1917

Há 107 anos, em lugares diferentes do Mundo, decorriam eventos que viriam a influenciar de modo decisivo o futuro da Humanidade: 

1 - 13 de Maio de 1917: Lenine, após o assassinato de uma professora de catequese e dos seus alunos, redige o "credo ateu" afirmando: "Já não há Céu, já não há Deus!"

2 - 13 de Maio de 1917: Nossa Senhora aparece pela primeira vez em Fátima aos três pastorinhos. No segundo segredo relevado pela Santíssima Virgem em Fátima está prometida a conversão da Rússia comunista.

3 - 13 de Maio de 1917: O Pe. Eugenio Pacelli é sagrado Arcebispo in partibus de Sardes, pelo Papa Bento XV, na Capela Sistina. 22 anos mais tarde foi eleito Papa e escolheu o nome Pio XII. Foi o primeiro Papa a ter uma ligação forte às aparições de Fátima, sendo conhecido nessa época como "Papa de Fátima". O Papa Pio XII viu o milagre do sol nos jardins do Vaticano no dia 30 de Outubro de 1950 às 16h.


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domingo, 12 de maio de 2024

Procissão das velas

Uma grande multidão encheu o Santuário de Fátima no dia 12 de Maio de 2018, para a Procissão das Velas no 101º aniversário das Aparições de Nossa Senhora aos Pastorinhos

Fotografia: Santuário de Fátima


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Comunhão na Liturgia Bizantina

Eis o que diz o sacerdote, e os fiéis, ao comungar, na Liturgia Bizantina de São João Crisóstomo:

Creio, Senhor, e confesso que em verdade Tu és Cristo, Filho de Deus vivo e que vieste ao mundo para salvar os pecadores, do qual eu sou o primeiro. 

Creio ainda que este é o Teu Puríssimo Corpo e que este é Teu Próprio e Precioso Sangue. 

Suplico-Te, pois, tem misericórdia de mim e perdoa-me as minhas faltas voluntárias e involuntárias, que cometi por palavras ou acções, com conhecimento ou por ignorância e concede-me, sem condenação, receber os Teus puríssimos Mistérios para a remissão dos pecados e para a vida eterna. Amém. 

Da Tua ceia mística, aceita-me hoje como participante, ó Filho de Deus, pois não revelarei o Teu Mistério aos Teus inimigos, nem Te darei o beijo como Judas, mas como o ladrão me confesso: lembra-Te de mim, Senhor, no Teu reino! 

Que não seja para juízo ou condenação a recepção dos Teus Santos Mistérios, Senhor, mas para a cura da alma e do corpo. Amém.


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sábado, 11 de maio de 2024

Qual é a utilidade de ter gente fechada em celas a rezar?

A Ordem dos Cartuxos, fundada por São Bruno, tem como base uma vida de solidão, silêncio e oração. É assim que nos próprios Estatutos a Ordem define a sua missão no Mundo:

Quanta utilidade e gozo divino trazem consigo a solidão e o silêncio do deserto a quem os ama, só o sabe quem o experimentou. Mas esta melhor parte não a elegemos unicamente para nosso próprio proveito. Ao abraçar a vida oculta não abandonamos à família humana, senão que, consagrando-nos exclusivamente a Deus cumprimos uma missão na Igreja onde o visível está ordenado ao invisível, a acção à contemplação.

Se realmente estamos unidos a Deus, não nos encerramos em nós mesmos, pelo contrário, a nossa mente abre-se e o nosso coração dilata-se; de tal forma que possa abarcar o universo inteiro e o mistério salvador de Cristo. Separados de todos unimo-nos a todos para, em nome de todos, permanecer na presença do Deus vivo. Esta forma de vida que, quanto o permite a condição humana, orienta-se a Deus de forma directa e contínua, põe-nos num contacto peculiar com a bem-aventurada Virgem Maria, à que costumamos chamar Mãe singular dos Cartuxos.

Tendendo pela nossa Profissão unicamente para Aquele que é, damos testemunho perante um mundo demasiado implicado nas coisas terrenas, de que fora d'Ele não há Deus. A nossa vida manifesta que os bens celestiais estão presentes já neste mundo, preanuncia a ressurreição e antecipa de algum modo a renovação do mundo.

Por fim, pela penitência tomamos parte na obra redentora de Cristo, que sobretudo com a oração ao Pai e a Sua imolação salvou o género humano cativo e oprimido pelo pecado. Assim, procurando associar-nos a este aspecto mais profundo da Redenção de Cristo, apesar de nos abstermos da actividade exterior, exercemos o apostolado de maneira eminente.

Por isso, entregando-nos à quietude da cela e o trabalhando oferecemos a Deus um culto incessante em Seu louvor, para o qual foi especialmente instituída a Ordem eremítica da Cartuxa, a fim de que, santificados na verdade, sejamos os verdadeiros adoradores que o Pai pretende.

in Estatutos da Ordem dos Cartuxos, 34


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sexta-feira, 10 de maio de 2024

Como for a tua Missa, assim será a tua Fé

“Como for a tua Missa, assim será a tua Fé,  Como for a tua Fé, assim será a tua moral,  Como for a tua moral, assim será a tua vida, E como tiver sido a tua vida, assim será a tua eternidade.”  

Mons. Tihamer Toth


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Testamento de D. Pedro II ao seu filho D. João V, Rei de Portugal e Algarves

Encarrego-te o bem dever que deves governar e em primeiro lugar te encomendo a fé cathólica, o temor a Deus, o culto divino nos templos e lugares sagrados, lembro-te o muito, que deves amar a todos os teus vassalos e que és rei dos portugueses, os mais honrados e fiéis, que pode haver no mundo e que os reis de Portugal sempre tratarão vassalos como filhos, encarrego-te que premeies os bons e castigues os maos e que na administração da justiça te hajas com grande igualdade, sem attenderes a outros respeitos, mais que aos merecimento de cada hum, e principalmente de guerra não os dês, senão a quem os merecer e no que te aconselharem segue sempre o que for justiça e razão. 

O que for justiça e razão, justiça e razão! (repetiu) Deixo-te o reino de Portugal, de que Deos hum dia te háde pedir contas.

Fonte: A.N.T.T. Fundo Arquivistico Casa Real-Aquivo histórico do ministério das Finanças


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quinta-feira, 9 de maio de 2024

Elogio fúnebre de S. Gregório Nazianzeno no enterro do seu grande amigo S. Basílio Magno

Encontrámo-nos em Atenas, como que arrastados pela corrente de um mesmo rio, que desde a fonte pátria nos tinha dispersado por diversas regiões (para onde éramos atraídos pelo afã de aprender), e que, de novo, como se nos tivéssemos posto de acordo, nos voltou a reunir, sem dúvida porque assim Deus o quis.
   
Por aquele tempo, eu não só admirava o meu grande amigo Basílio, pela seriedade dos seus costumes e pela maturidade e prudência das suas palavras, mas tratava de persuadir a outros que ainda não o conheciam, para que tivessem a mesma admiração. Começou a ser tido em grande estima, até por aqueles que lhe levavam vantagem em fama e audiência.

Que sucedeu então? Ele foi o único, entre todos os estudantes que se encontravam em Atenas, a ser dispensado da lei comum e o único a conseguir uma honra maior do que a que normalmente corresponde a um discípulo. Este foi o prelúdio da nossa amizade; este o incentivo da nossa intimidade; assim nos prendemos um ao outro pelo afecto mútuo.

Com o andar do tempo, confessámos mutuamente as nossas intenções e compreendemos que o nosso mais profundo ideal era o amor da sabedoria; e desde então, éramos um para o outro o mais possível companheiros e amigos, sempre de acordo, aspirando aos mesmos bens e cultivando cada dia mais fervorosa e firmemente o nosso ideal comum.

Movia-nos a mesma ânsia de saber; embora isto costume ocasionar profundas invejas, nós não tínhamos inveja; em contrapartida, tínhamos em grande apreço a emulação. Lutávamos entre nós, não para ver quem era o primeiro, mas para ver quem cedia ao outro a primazia; cada um de nós considerava como própria a glória do outro.

Parecia que tínhamos uma só alma em dois corpos. E embora não se deva dar crédito àqueles que dizem que tudo se encontra em todas as coisas, no nosso caso podia afirmar-se que realmente cada um se encontrava no outro e com o outro.

Uma só tarefa e um só objectivo havia para ambos: aspirar à virtude, viver para as esperanças futuras e comportar-nos de tal modo que, mesmo antes de ter partido desta vida, tivéssemos emigrado dela. Esse foi o ideal que nos propusemos, e assim tratávamos de orientar a nossa vida e as nossas acções, em atitude de docilidade aos mandamentos divinos, entusiasmando-nos mutuamente à prática da virtude; e, se não parecer demasiada arrogância, direi que éramos um para o outro a norma e a regra para discernir o bem do mal.
   
E assim como outros têm sobrenomes recebidos de seus pais, ou adquiridos por si próprios, isto é, com a actividade e a orientação da sua vida, para nós o maior título de glória era sermos cristãos e como tal reconhecidos. 

Oratio 43 in 'Laudem Basilii Magni'


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Quinta-Feira da Ascensão ou Dia da Espiga

Em Portugal, nesta Quinta-Feira da Ascensão, as pessoas iam para os campos em busca dos vários constituintes do Ramo da Espiga. Ramo que segundo reza a tradição será colocado atrás da porta principal de casa, local onde fica até ser substituído no ano seguinte. 

As Espigas devem ser sempre em número ímpar, e são a parte mais importante do ramo. Podem ser de trigo, centeio, aveia, ou qualquer outro cereal. Representam o pão, como a base do sustento da família, e a fecundidade. 

A Papoila, com a sua cor vibrante e quente, significa neste ramo o amor, e a vida. Sendo a parte mais garrida do ramo acaba por ser também aquele que mais se decai com o ano a passar, ao escurecer e secar. 

O Malmequer simboliza no ramo a riqueza e os bens terrenos. Isto pelo seu branco simbolizar a Prata, e ao mesmo tempo o amarelo simbolizar o Ouro. 

A Oliveira acaba por ter um duplo significado no Ramo da Espiga. Em parte significa a Paz, sendo que é um dos símbolos da Paz desde a antiguidade. Ao mesmo tempo é o símbolo da Luz, visto do seu óleo, azeite, se encherem as lâmpadas que alumiavam as casas. Sendo que esta Luz pode ser interpretada como o sentido divido da mesma, significando a sabedoria divina. 

O Alecrim, tal como a Oliveira é uma presença constante pelo mediterrâneo. Com o seu cheiro forte e duradouro, e sendo uma planta que resiste a quase tudo, simboliza no ramo a força e a resistência. Ao contrário da Papoila avançando no ano o seu cheiro vai-se aguentando, e a sua presença torna-se cada vez mais notada no ramo. 

A Videira é a representação do vinho, tão importante para a nossa cultura e tradição.

in Jornal de Mafra


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Coro e acólitos de uma paróquia nos anos 40

Esta fotografia foi tirada na paróquia da Imaculada Conceição, em East Germantown (Filadélfia), minutos antes da Missa de Natal, no ano 1941. São os acólitos e o coro da paróquia.


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quarta-feira, 8 de maio de 2024

Aparição de São Miguel no Monte Gargano

Hoje é a festa litúrgica da aparição de São Miguel Arcanjo no Monte Gargano. Nos fins do século V (490), sendo Papa São Gelásio, um pastor que apascentava uma manada de vacas no alto do Monte Gargano, província da Apúlia (Itália), querendo obrigar um novilho a sair de uma caverna onde se refugiara, desferiu lá dentro uma flecha, a qual voltou com a mesma velocidade, ferindo quem a lançara. Isto causou admiração nos que presenciaram o acontecimento, e a notícia correu longe e chegou também aos ouvidos do Bispo de Siponto, cidade que ficava no sopé da montanha.

O Bispo, julgando tratar-se de algum misterioso sinal da parte de Deus, ordenou um jejum de três dias em toda a Diocese, pedindo ao Senhor se dignasse revelar do que se tratava. Deus escutou as orações do Prelado e, passados três dias, apareceu-lhe o Arcanjo São Miguel, Anjo tutelar da Igreja, revelando-lhe o que Senhor queria que se edificasse naquela caverna, onde se manifestou o prodígio, uma igreja em sua honra, para reavivar a fé e a devoção dos fiéis no seu amor e protecção, como Anjo custódio da Igreja Católica. O Arcanjo apareceu-lhe diversas vezes. Estas foram as primeiras aparições do Arcanjo Miguel na Europa Ocidental. 

Tendo o Bispo comunicado ao povo a visão que tivera e o que lhe fora pedido, foi ele próprio, com muita gente, observar o local. Encontraram uma caverna espaçosa em forma de templo, cavada na rocha, com uma fenda natural na abóbada, de onde jorrava a luz que a iluminava. Nada mais era preciso que pôr um altar-mor para celebrar os Divinos Mistérios. Levantado o altar, o Bispo consagrou-o. Todos os povos vizinhos acudiram para a cerimónia cheios de alegria e a festa durou vários dias. 

Nunca mais até hoje se deixou de celebrar ali a Santa Missa, como também os outros ofícios litúrgicos. Deus consagra este lugar através dos séculos, com graças e milagres de toda a espécie, em favor dos que lá acorrem, doentes de corpo e alma, mostrando quanto Lhe é grata a devoção em honra do glorioso Arcanjo São Miguel, o qual defendeu, quando da revolta de Lúcifer, a fidelidade ao Deus Uno e Trino, soltando este grito: "QUEM É COMO DEUS?" De onde vem o seu nome: Miguel. 

O Santuário do glorioso São Miguel Arcanjo na gruta do Monte Gargano é considerado um dos mais antigos, célebres e devotos de todo o mundo. A Igreja, para atestar este acontecimento, marcou no Calendário Litúrgico Universal a festa comemorativa desta Aparição no dia 8 de Maio. 

O Monte Gargano fica perto do convento de Nossa Senhora da Graça, onde viveu e morreu o célebre estigmatizado Padre Pio de Pietrelcina.

in Pale ideas


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terça-feira, 7 de maio de 2024

O declínio das Ordens Religiosas desde 1960

Os jesuítas foram a primeira ordem das doze principais a perder mais de metade dos seus membros desde o seu ponto alto em 1966 (1966: 36038; 2011: 17908 membros). Actualmente, têm 14195 membros, o que representa uma redução de 61% em relação ao seu máximo histórico. Não se registam alterações nesta tendência desde que Francisco, um jesuíta, se tornou Papa.

Relativamente ao número dos seus membros, duas ordens atingiram esse triste marco em 2016: os Franciscanos (agora com menos 55%) e os Oblatos de Maria Imaculada (agora com menos 54%); e duas em 2022: os Redentoristas (menos 51%) e os Vicentinos/Lazaristas (menos 52%).

Em termos de sacerdotes, apenas quatro ordens perderam mais de metade dos seus sacerdotes: os Beneditinos diminuíram 54% (início dos anos 70: 7058; 2019: 3420) e os Oblatos de Maria Imaculada diminuíram 52% (1967: 5441; 2021: 2643).

Tendo em conta os números de 2022, os jesuítas registam um decréscimo de 50% (de 21025 em 1969 para 10432 padres), agora 51%. Este ano, os franciscanos foram adicionados à lista, com uma redução de 51% (1967: 16528; 2022: 8140 padres).

Em termos de membros, apenas os Missionários do Verbo Divino atingiram o seu máximo em termos de membros nos últimos anos (2009: 6131 membros).

Em termos de sacerdotes, duas ordens atingiram o seu máximo em 2016: os Missionários do Verbo Divino com 4231 sacerdotes e os Carmelitas Descalços com 2937 sacerdotes. Os Carmelitas Descalços tiveram o melhor ano entre os 12 primeiros, aumentando em 4 o número de sacerdotes.

Somando todas estas doze comunidades religiosas, o máximo de sempre registou-se em 1966, com 160926 membros no total. Em 2023, esse número desceu 46% para 87 101 membros. Em termos de sacerdotes, o máximo foi em 1971 (95411 sacerdotes). Em 2023, esse número caiu 37%, para 60322 padres.

Se as tendências actuais se mantiverem, os Jesuítas perderão o título de maior ordem religiosa para os Salesianos, de São João Bosco, daqui a cerca de dois anos. Para além disso, os jesuítas deverão ficar abaixo dos 10000 sacerdotes na mesma altura.

in gloria.tv


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Como a devoção a Nossa Senhora no mês de Maio salvou um suicida

Ao Santo Cura d'Ars apresentou-se um dia uma senhora muito desesperada porque o seu marido, incrédulo, se tinha suicidado, atirando-se pela janela abaixo. Apenas o Santo viu aquela senhora, aproximou-se dela e, sem lhe ter perguntado nada, disse-lhe: "Senhora, o seu marido está salvo, está salvo... 

Antes de expirar, Nossa Senhora deu-lhe tempo de fazer um acto de contrição... Lembra-se que durante o mês de Maio ele ornamentava com flores a imagem de Maria e rezava diante dela, mesmo tendo-se afastado da fé?... Aquele gesto de veneração para com Nossa Senhora obteve-lhe a salvação, e agora está no Purgatório, precisando de sufrágios".

Pe. Stefano Manelli, FI in 'A Devoção a Nossa Senhora'


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segunda-feira, 6 de maio de 2024

497 anos do "Saque de Roma"

6 de Maio de 1527: Roma estava sob ataque. O exército invasor chegou ao Vaticano. Mais de 100 guardas suíços foram mortos nos degraus da Basílica de São Pedro. Aqueles que sobreviveram foram capazes de escoltar o Santo Padre em segurança, fazendo-o passar ao longo do 'Passetto di Borgo', a parede que liga o Palácio Apostólico ao Castel Sant'Angelo.

Para recordar os heróis que morreram naquele dia, o juramento dos novos recrutas da Guarda Suíça acontece todos os anos neste dia 6 de Maio.


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Ladainhas Menores nos 3 dias que antecedem a Ascensão

As "rogações", do latim, rogatio (pedido, petição), são as orações de petição que uma comunidade faz em determinados tempos ou por algumas intenções especiais, muitas vezes em forma de procissão e com o canto das Ladainhas dos Santos. As rogações – dando graças a Deus, pedindo a chuva, uma boa colheita, o fim de uma epidemia ou a libertação de algum outro mal que ameaça toda a comunidade – relacionam-se sobretudo com as Quatro Têmporas do ano.

HISTÓRIA

Em consequência das calamidades naturais e um terramoto que, no século V, destruiu casas e colheitas, na Diocese de Vienne (ou Viena), no Delfinado - actual Isère (França) - o Santo Bispo Marmeto, um dos Santos de Gelo, organizou, em 474, três dias antes da Ascensão, uma procissão solene de penitência nos três dias que precedem imediatamente a Ascensão. Mais tarde, em 511, o Primeiro Concílio de Orleans (combate ao arianismo; regulamentação das relações entre o poder real e a Igreja; estabelecido o direito de asilo) estendeu este costume a toda França; e o Papa Leão III, em 816, adoptou-o em Roma, donde passou a toda Igreja.

Ladainha de todos os Santos, os salmos e as orações são uma oração de súplica, recebendo por este motivo o nome de “rogações”. Têm por fim afastar os flagelos da Justiça Divina e atrair as bênçãos e a misericórdia de Deus. As ladainhas são um modelo admirável de oração; pequenas jaculatórias dialogadas, brevíssimas, e a ressumar sentido e piedade.  


Essas são as Rogações Menores. As Rogações Maiores, ao invés disso, não são obras de São Mamerto, e, ainda que tenham tido a bênção de diversos Papas, têm origens pré-cristãs. São celebradas no dia 25 de abril, data em que antigamente se praticavam os 
ritos de Ambarvalia (eram ritos de fertilidade agrícola romanos em honra de Ceres): procissões propiciatórias para obter boas colheitas. 

O Papa Libério (no século IV) cristianizou-as; e, sucessivamente, o Papa Bento XIV (século XVIII), estabeleceu que fossem "orações próprias para defender a vida dos homens da ira de Deus que nos amedronta em todo lugar", com o objetivo de "afastar os flagelos da justiça de Deus e de atrair as bênçãos da sua misericórdia sobre os frutos da Terra". Ambarvalia vem do latim "ambire arva" significando "volta ao redor do campo".

Seja como for, por ocasião das Rogações Menores repetiam-se essas procissões nos campos, com itinerários diferentes, durante os três dias. Desde a manhã até a noite, campo por campo, o Sacerdote repetia, dirigindo-se aos quatro pontos cardeais, as frases do rito: "A fulgore et tempestate, A flagello terremotus, A peste fame et bello". Frases às quais os fiéis respondiam: "Libera nos Domine".  

Nos dias das Rogações Menores faziam-se também previsões para as futuras colheitas: na segunda-feira, fazia-se o prognóstico para a colheita dos hortifruti e da uva; na terça, para o trigo, e na quarta para o feno. Se naqueles dias o tempo fosse inclemente, assim seria a colheita, ao contrário: com o tempo ensolarado, as colheitas abundantes. 

in Pale Ideas


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