Se compreendermos que a religião vem em primeiro lugar e a piedade filial em segundo, esta questão fica esclarecida; com efeito, o humano tem de vir depois do divino. Porque, se temos deveres para com os pais, quanto mais para com o Pai dos pais, a quem devemos estar reconhecidos pelos nossos pais!
Ele não diz, portanto, que é preciso renunciar aos que amamos, mas que há que preferir Deus a todos. Aliás, encontramos noutro livro: «Quem amar pai ou mãe mais do que a Mim não é digno de Mim» (Mt 10,37). Não te é interdito amares os teus pais, mas preferi-los a Deus. Porque as relações naturais são benefícios do Senhor, e ninguém deve amar os benefícios recebidos mais do que a Deus, que preserva os benefícios que dá.
Santo Ambrósio in Comentário ao evangelho de Lucas, 7, 134
3 comentários:
Ele não diz que é preciso renunciar aos que amamos, mas, quantas vezes para fazermos a vontade de Deus temos de renunciar a eles? “Vou seguir-te, Senhor, mas deixa-me primeiro voltar e despedir-me da minha família”. E Jesus respondeu: “Ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus”(Lucas 9:61-62) além da radicalidade, até tb está expressa a renúncia, tal como noutras passagens, mas se olharmos para a vida dos Santos, quantas renúncias Deus pediu a cada um claramente? Até em pequenas coisas, “não quero que vás porque não será bom para ti” (a Santa Faustina), os exemplos são infindos, mesmo a nível afectivo e na relação com os que amavam… Somos muitas vezes chamos a renunciar aos que amamos, a estar com eles quando ou tanto quanto desejaríamos, mas aceitamos o que Deus deseja. Podemos renunciar a profissões, a tarefas, a sítios, a opções, a decisões, até a objectos que amamos. Ele não diz que é preciso, Ele vai dizendo A única certeza que tenho é que nunca nos pedirá para renunciarmos ao Amor, que é Ele, porque até ao amor por outros Ele também muitas vezes pede que renunciemos e até a igreja o pede. Não podemos amar quem queremos, mas temos de estar sempre sob o jugo do que está certo e errado, ora não sei se há certo e errado no amor, estou a tentar descobrir ainda...
O amor a Deus em vez de encher o coração e não deixar espaço para mais nada dilata o coração. Quanto maior é o amor a Deus mais espaço fica para amar o próximo. Por isso também o amor a Deus deve vir primeiro, é fonte de Vida e Amor para tudo o resto.
Gostei muito do conteúdo dos dois comentários e ambos são bastante explícitos. Contudo, penso que, quando se diz que o amor a Deus deve estar acima do amor aos pais, acho eu, é no que diz respeito à escolha entre o Bem e o Mal, mais propriamente, na Fidelidade aos Seus Princípios.
Relativamente, a situações pontuais da nossa vida, se, realmente, estivermos MERGULHADOS, no Amor de Deus, e mesmo cheios de defeitos, o nosso esforço passar por fazer-Lhe SEMPRE a Vontade, podemos Confiar que Ele, na hora certa, nos mostrará o melhor caminho, a melhor decisão a tomar e, se for preciso, acaba por COMPENSAR ou resolver TODAS as nossas dificuldes...e nunca permitirá que os pais sejam prejudicados. Deus SEMPRE aperfeiçoa ou completa as nossas atitudes, se n/Ele Confiarmos totalmente.
Recordo-me da vida de Santa Rita de Cássia, que, depois de ficar viúva, com dois filhos adolescentes, que queriam vingar a morte do pai assassinado, ela implorava a Deus que os livrasse de tão grave pecado. E Deus parece ter escolhido a solução mais dolorosa, para o coração de uma mãe; só que essa mãe, também, era, uma mãe Santa e especialíssima; a sua Confiança em Deus era TOTAL! E Ele escutou-a, acabando por levá-los para junto de Si, e a ela deu-lhe a felicidade de se tornar Religiosa-- seu grande sonho-- o qual nunca poderia ter sido realizado completamente, caso tivesse os dois filhos no mundo.
Isto somente demonstra que, se tivermos Fé, Ele é sempre FIEL, acabando por nos Compensar.
Mas é muito, muito, muito difícil, porque a nossa Humanidade é muito, muito, muito POBRE e EGOÍSTA!
E mais uma vez, de quem é a culpa?
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