sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Bento XVI desautoriza o professor Ratzinger a respeito da comunhão dos divorciados

Há alguns meses, o Card. Kasper começou a fazer alvoroço em público com as suas teses a respeito da admissibilidade dos divorciados recasados à comunhão eucarística. Conhecemos a história: num artigo publicado no início do ano, o prelado apresentava as suas ideias e coligia os fundamentos que julgava possível apresentar em sua defesa.

O passo do prelado, contudo, foi maior do que as pernas. Poderia ter apenas defendido a sua posição particular nesta seara; para angariar maior força de persuasão, contudo, julgou preferível trazer para junto de si a opinião abalizada de um dos maiores teólogos da atualidade. Resolveu defender «la práctica de la tolerancia pastoral, de la clemencia y de la indulgencia» baseando-se em ninguém mais, ninguém menos do que Joseph Ratzinger.

À época, Kasper desenterrou um artigo publicado em 1972 pelo então prof. Ratzinger, e o apresentou aos seus leitores da seguinte maneira:
A Igreja dos primórdios dá-nos uma indicação que pode servir como caminho para escapar a este dilema, ao qual o professor Joseph Ratzinger já fez menção em 1972. […] Nas Igrejas locais havia um direito consuetudinário, de acordo com o qual os cristãos que viviam um segundo vínculo [matrimonial], mesmo que o primeiro cônjuge ainda estivesse vivo, depois de um tempo de penitência tinham à sua disposição […] não um segundo matrimónio, mas – através da participação da comunhão [eucarística] – uma tábua de salvação. […]
[…]
J. Ratzinger sugeriu [em 1972] retomar de maneira nova essa posição de [São] Basílio. Pareceria uma solução apropriada, solução esta que está na base das minhas reflexões.
As conclusões agora apresentadas por Kasper apoiavam-se, de facto, em um nome vultoso. A solução que ele ressuscitava agora tinha o inegável mérito de ter sido já defendida, na década de 70, pelo académico Joseph Ratzinger. O arranjo fora muito bem preparado. Kasper só não contava com um pequeno detalhe: Bento XVI ainda estava vivo, lúcido e não gostou nem um pouco da maneira como o seu artigo (de há mais de quatro décadas) fora citado.

A honestidade intelectual é uma virtude delicada; ela exige que não utilizemos as palavras de terceiros de modo a apresentar um retrato do seu pensamento com o qual eles próprios não concordariam. E, após ter já publicado – enquanto cardeal e enquanto Papa – diversos trabalhos nos quais concluía a respeito da inadmissibilidade da comunhão eucarística aos recasados, Bento XVI não se reconheceu nos textos que escrevera no início dos anos 70, agora requentados para defender uma bandeira com a qual, em absoluto, o antigo Papa não concorda.

E a resposta veio nos últimos dias: o Bispo Emérito de Roma republicou o seu artigo de 1972, com uma retractatio em sua parte final redigida agora em 2014, onde revisa a sua posição anterior. A atitude me surpreendeu por diversos motivos.

Primeiro porque tal não seria a rigor necessário, uma vez que a posição de Bento XVI a respeito do tema era já suficientemente clara a partir dos seus textos posteriores (entre os quais merece menção, para ficar somente em um exemplo, esta carta assinada de próprio punho pelo Card. Ratzinger em 1994). Mas parece que o acadêmico sentiu-se particularmente ofendido com a mera possibilidade de ter o seu nome associado às teses de Kasper e, portanto, julgou oportuno fazer a retratação.

Segundo porque penso que o facto é inédito. Não me recordo de nenhuma outra ocasião em que Bento XVI tenha rechaçado explicitamente as posições que assumira nos anos anteriores ao cardinalato e à presidência da Congregação para a Doutrina da Fé; pelo contrário, já o ouvi até dizer que foi a revista Concilium (de cuja fundação o jovem Ratzinger participou e que se consagrou mais tarde como um famoso veículo de doutrinas pouco católicas) quem mudou de orientação, e não ele próprio. O gesto abre um importante precedente (que era óbvio, mas a respeito do qual não se pode mais, agora, alegar dúvidas): não é possível transpôr acriticamente os antigos escritos do teólogo Ratzinger para os dias atuais, passando por cima dos debates teológicos que se travaram ao longo das últimas décadas e em cujo cerne o autor – primeiro como prefeito do Santo Ofício e, depois, como Papa – ocupou muitas vezes um lugar de indiscutível proeminência.

Terceiro, por fim, porque a decisão de Bento XVI coloca o seu conterrâneo numa verdadeira saia justa. Rompendo o silêncio do seu pontificado emérito, ele desautoriza simultaneamente as teses de Kasper e os expedientes do qual este lançou mão para as fazer valer: tomando importante partido nesta importantíssima discussão contemporânea, não faltou quem dissesse que Bento XVI, agora, provoca uma reviravolta e passa a pautar o Sínodo da Família. Não me parece que tenha sido a atitude mais deferente do mundo; contudo, parece que estamos em uma daquelas situações em que se exige que a defesa categórica da Fé seja colocada acima da polidez política. Que seja bem-vindo o auxílio do Pontífice do passado.

E isso sem falar da humildade necessária para se fazer assim, já no fim da vida, uma retratação pública de repercussão tão ampla: Bento XVI é realmente uma personalidade assombrosa, cuja envergadura intelectual não pode ser posta em dúvida. Nem a sua dedicação à Igreja…! Nem sequer o amor à Verdade que o levou a grafar aquele Cooperatores Veritatis no seu brasão episcopal. Sim, há homens para os quais a Verdade está acima de sua imagem e prestígio pessoais. Que as novas gerações o aprendam deste ancião admirável.

in deuslovult.org


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11 comentários:

Anónimo disse...

"Nel caldeggiare l'ammissione alla comunione eucaristica dei divorziati risposati, Kasper disse:

"La Chiesa dei primordi ci dà un’indicazione che può servire, alla quale il professor Joseph Ratzinger ha già accennato nel 1972. […] Ratzinger ha suggerito di riprendere in modo nuovo la posizione di Basilio. Sembrerebbe essere una soluzione appropriata, che è anche alla base di queste mie riflessioni".

In effetti, in quell'articolo del 1972, l'allora quarantacinquenne professore di teologia a Ratisbona sosteneva che il dare la comunione ai divorziati risposati, a particolari condizioni, appariva "pienamente in linea con la tradizione della Chiesa" e in particolare con "quel tipo di indulgenza che emerge in Basilio, dove, dopo un periodo protratto di penitenza, al 'digamus' – cioè a chi vive in un secondo matrimonio – viene concessa la comunione senza l'annullamento del secondo matrimonio: nella fiducia nella misericordia di Dio, che non lascia senza risposta la penitenza".

Quell'articolo del 1972 fu la prima e ultima volta in cui Ratzinger "aprì" alla comunione ai divorziati risposati. In seguito, infatti, egli non solo aderì in pieno alla posizione rigorista, di divieto della comunione, riaffermata dal magistero della Chiesa durante il pontificato di Giovanni Paolo II, ma contribuì in misura determinante anche all'argomentazione di tale divieto, come prefetto della congregazione per la dottrina della fede."

João,

Não vejo problema nenhum em relação ao facto de Ratzinger ter defendido a tese A em 1972 e de posteriormente ter reflectido e actualmente defender a tese B. Isto não é uma questão de veracidade ou falsidade, como suscita a propósito do texto do Pe. Miguel Almeida. Isto é sim uma questão de evolução de pensamento de um homem que profundamente pensa estas coisas.

O que não percebo e que nunca vi acontecer (com todo o respeito) é pessoas de certa forma virem à posteriori (em 2014, 40 anos depois) dizer: afinal em 1972 eu não defendia a tese A. Isto sim, é estranho e causa-me alguma perplexidade.

Eu compreendo que Ratzinger não queira estar associado às posições de Kasper, no entanto isso não se faz apagando ou tentando apagar a História.

E o facto é: em 1972 Ratzinger defendia/inclinava-se para a tese A.

Ora, isto é incontornável.

E não vejo qualquer desonestidade intelectual em tentar represtinar uma tese de Ratzinger da década de 70.

Tudo o resto parece-me discutível

Anónimo disse...

Pois mas se o homem hoje acha que estava errado em 1972 pode querer que não usem o seu erro do passado para apoiar outros erros no presente.

Anónimo disse...

Antes demais aconselho a leitura do Canon 8 do Concílio de Niceia (325).

Mais esclarecimentos : "Digamoi indicates those persons who entered into a second marriage. In itself it could simply refer to those who have married a second time after the death of the first spouse. But this canon is directed to the Novatians who taught that those who were guilty of sins leading to death were to be excluded from penance and reconciliation. “Since, however, remarriage after the death of a spouse was not considered a sin leading to death until long after the council of Nicea, the council’s digamoi must be those who have remarried after a divorce or repudiation."

http://chiesa.espresso.repubblica.it/articolo/1350707

Mas há mais "aberturas" de Ratzinger, veja-se HACIA UNA TEOLOGÍA DEL MATRIMONIO (in fine), 1968:

"La cuestión de la unidad e indisolubilidad
Es claro que si se entiende bien el sacramentum del matrimonio cristiano, se siguen necesariamente su unidad e indisolubilidad: como realización -en la fidelidad del hombre- de la fidelidad de Dios a la alianza, el matrimonio cristiano expresa el carácter definitivo e irrevocable del sí divino en la definitividad e irrevocabilidad del sí humano. Sólo esto es adecuado a la fe y, por tanto, realización de un verdadero éthos cristiano. Uno de los elementos fundamentales que contiene la fe es la posibilidad de tomar irrevocablemente decisiones, que la misma fe muestra. Por supuesto, hay que recordar al mismo tiempo que por puro derecho natural no se puede deducir la unidad e indisolubilidad del matrimonio. También conviene recordar que la apelación de Jesús a lo primigenio frente a lo antiguo, trasciende la ley y no es ley. El intento de asir jurídicamente esa llamada supralegal y suprajurídica lleva a incluir de nuevo en el derecho la "dureza de corazón" del hombre y a proceder conforme a ella. Es el peligro de hacer de las palabras de Jesús una nueva posición
casuística. Cierto que las palabras de Jesús sobre el divorcio son el criterio incondicional de todo matrimonio cristiano, pero no son ley en el sentido estricto de la
palabra. Así se entiende el que la Iglesia oriental desde muy pronto concediera la posibilidad de divorcio para el cónyuge inocente en caso de adulterio. Posibilidades semejantes fueron también mucho tiempo reconocidas por la Iglesia latina. Esto responde al hecho de que también en el NT el hombre necesita de condescendencia con respecto a su dureza de corazón, de que el hombre sólo es justo en cuanto pecador justificado y de que el sermón del monte representa una norma válida desde la fe, pero no la concreta forma jurídica de convivencia. Esto no quiere decir que la Iglesia latina deba seguir los pasos de las Iglesias ortodoxas de oriente y admitir la posibilidad canónica del divorcio, basándose en la cláusula de Mateo. Tiene un sentido profundo el mantener la indisolubilidad como derecho de la fe. Pero entonces la pastoral debe dejarse guiar más por el límite de toda justicia y por la realidad del perdón; no debe descalificar al hombre que ha pecado en este campo de una manera que resulta unilateral con respecto a otras formas de pecado. Debe cobrar una conciencia más clara del carácter peculiar que tiene lo jurídico dentro de la fe y la justificación en la fe, y debe encontrar nuevos caminos para mantener abierta la comunidad de fe también a quien no pudo sostener en toda su exigencia el signo de la
alianza.

Anónimo disse...

THESIS 3 The solemn teaching of the Council of Nicea is intimately related
to the Church’s teaching on divorce and remarriage, and has much
to say to its pastoral practice today.

"There is a veneration in the Church of ecumenical councils, especially of the first four councils, and most especially of the first of them, the Council of Nicea (325) whose Creed established the doctrinal basis of the Christian faith. Canon 8 of that council goes to the very heart of the
question of divorce and remarriage.
As regards those who define themselves as the Pure and who want to join the Catholic and Apostolic Church, the holy and great Council decrees that they may remain among the clergy once hands have been imposed upon them. But beforehand they will have to promise in writing to comply with the teachings of the Catholic and Apostolic Church and to make them the rule of their conduct. That is to say, they will have to communicate both with those who married a second time (digamoi) and with those who failed under persecution but whose time has been established and whose moment of reconciliation has arrived. They will, therefore, be
bound to follow the teaching of the Catholic and Apostolic Church completely (Mansi, II, 672. My emphasis).
According to this canon, the “Pure,” those who belonged to the rigorous sect called Novatians (Hefele, I, 410), had to promise in writing to accept the teaching of the Catholic Church before they could be reconciled with it. Specifically, they had to accept to live in communion with those who had been married twice (digamoi) and those who had apostacized during persecution but who had completed their period of penance and had been reconciled to the Church. We are concerned here only with those digamoi who have done penance and have been reconciled to the Church.
Novatian teaching excluded from penance and reconciliation those who were guilty of certain sins “leading to death,” among them digamia which refers to remarriage either after the death of a spouse or after a divorce. Since, however, remarriage after the death of a spouse was not
considered a sin leading to death until long after the Council of Nicea, the council’s digamoi must be those who have remarried after a divorce or repudiation. That “sin,” according to the council, can be forgiven and reconciliation with the Church can be achieved after a period of
suitable penance. Acutely relevant is the fact that neither the Church before Nicea nor the council itself required the repudiation of the new spouse as a prerequisite for forgiveness and reconciliation. This was in keeping with the proscriptions of Deut 24:1-4, which was taken to be binding in the Church before Nicea and which forbade a husband to take back his repudiated wife after she had married another (See Origen, PG 13, 1237 and Jerome, PL 22, 563). Basil explicitly reports the treatment of a man who had abandoned his wife and remarried, who had “done penance with tears,” and who, after seven years, had been accepted back “among the faithful” (Basil, PG 32, 804–5). The man’s second marriage is accepted and neither the repudiation of his second wife nor his taking back of the first is demanded as a prerequisite for full communion. This teaching of Basil is the foundation for the teaching and practice of the Orthodox Church known as oikonomia."

João Silveira disse...

Nao consigo perceber se o primeiro Anonimo è o terceiro. Seja como for, o que tenho a dizer vai para o primeiro.

Caro Anonimo,

Proponho uma analogia: S. Paulo era fariseu. Sabia a lei de tràs para a frente e é bem possível que, antes do evento na estrada para Damasco, tenha escrito textos a defender a circuncisão como necessária para pertencer ao povo de Deus. Se não escreveu era sem duvida o seu pensamento. Mais tarde, e até ao fim da vida, lutou contra os que tinham essa visão, mostrando que a circuncisão não era necessária, mas a fé em Jesus Cristo.

Imaginando que agora surge a discussão: Serà que os cristãos se precisam de circuncidar para se salvar?

Seria honesto ir buscar o primeiro pensamento de S. Paulo sobre isso como fonte de autoridade para obrigar a circuncisão? Não, porque toda a autoridade de S. Paulo vem da época em que ele era contrario a essa posição e lutou contra ela. Por isso é um falso argumento de autoridade e também uma desonestidade em relação a quem lutou contra essa ideia.

O mesmo se passa com o Papa Bento. A autoridade dele (presente) não a tinha (nem de perto nem de longe) em 1972. Pouco depois disso percebeu que estava errado, deixou a sua ideia bem clara e lutou contra os que defendiam a comunhão dos “recasados”: http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_19980101_ratzinger-comm-divorced_po.html

A tese “A” e tese “B” não são apenas opiniões. A “A” està em directo desacordo com as palavras de Jesus e o ensinamento da Igreja ao longo destes 2000 anos e por isso é falsa. A “B” é verdadeira, tal como defendeu e defende o Papa Bento XVI.

Anónimo disse...

THESIS 8 The argument that Catholics who are divorced and remarried civilly without annulment are “in a situation that objectively contravenes God’s law (and) consequently they cannot receive holy communion as long as this situation persists” (CDF, 339) is contrary to the universal law of the Catholic Church, obedience to which takes precedence over obedience to a Roman dicastery.

The matter is clear from Book IV, Title III, Chapter I, Article 2 of the current Code, “Participation in the Blessed Eucharist.” The relevant canons prescribe the following: “Any baptized person who is not forbidden by law may and must (debet) be admitted to holy communion” (1983 Can 912); “those upon whom the penalty of excommunication or interdict has been imposed or declared, and others who obstinately persist in manifest grave sin, are not to be admitted to holy communion” (1983 Can 915. My emphasis); “anyone who is conscious of grave sin may not celebrate mass or receive the Body of the Lord without previously having been to sacramental confession. . . .” (1983 Can 916. My emphasis). Since the first part of Canon 915 does not apply to Catholics who have been divorced and civilly remarried without annulment, because they are neither excommunicated nor placed under interdict, that leaves only the question of grave sin or mortal sin in the terms of Canons 915 and 916. The question can be put succinctly: Does grave sin in the Catholic tradition, and therefore in the mind of the legislator, follow from the fact that an action “objectively contravenes God’s law” or constitutes gravely sinful matter? The answer can be put just as succinctly: In Catholic moral theology an objectively serious sinful action does not ipso facto result in grave sin. In addition to objectively grave matter, grave sin requires both full consciousness of the sinfulness of the action and fully free consent to the action. The civil remarriage of the Catholic divorced and without annulment may constitute grave matter in the eyes of the Church; it may even constitute sin. But it constitutes grave sin only when there is full awareness and free consent. Those Catholics who have attempted remarriage after divorce without obtaining an annulment, or who have been unable to obtain an annulment for some formal reason, do not all necessarily have the required full awareness and free consent to commit grave sin. They are not, therefore, all guilty of grave sin and are not all, therefore, prohibited by law from receiving holy communion. Those who are not guilty of grave sin because the traditional conditions for grave sin, objectively grave matter, full consciousness and free consent, have not all been met—and whether or not the conditions have been met will have to be decided on a case by case basis in discussion with a pastoral counselor—must be admitted to holy communion according to the universal law of the Catholic Church (1983 Can 912). No undifferentiated pronouncement of any Roman dicastery, or even of the bishop of Rome (AAS, 74, 185), can bar them from the communion to which they are entitled by faith and by law. And no minister of the Church should either take or be put in the invidious position of refusing them the holy communion to which they are entitled.

João Silveira disse...

Caro Anonimo das Teses,

Neste artigo, e nos que sao citados, percebe-se que esse Canon do Concilio de Niceia se referia ao segundo casamento de viuvos e nao ao de pessoas ainda casadas: http://senzapagare.blogspot.it/2014/10/resposta-do-artigo-do-pe-miguel-almeida.html

O autor dessas teses que cita, Michael G. Lawler, defende publicamente a coabitaçao entre catolicos (chamado concubinato) e rejeita o ensinamento da Igreja em relaçao aos actos homossexuais, por isso nao sei se serà a pessoa mais credivel do mundo para nos mostrar qual é a doutrina da Igreja.

"Michael Lawler: publicly claims (http://www.newoxfordreview.org/article.jsp?did=0907-csank)that couples who live together and have sex prior to marriage are not necessarily sinning.

Todd Salzman and Michael Lawler wrote this book: 'Two principles capture the essence of the official Catholic position on the morality of sexuality (http://press.georgetown.edu/book/georgetown/sexual-person): first, that any human genital act must occur within the framework of heterosexual marriage; second, each and every marriage act must remain open to the transmission of life. In this comprehensive overview of Catholicism and sexuality, theologians Todd A. Salzman and Michael G. Lawler examine and challenge these principles.' No, they do not merely ‘challenge’ these principles, they reject them. They promote the idea that premarital sex should become a formal part of the process of marrying. They reject Catholic teaching against homosexuality."

Anónimo disse...

Não seja tendencioso:
"Mais esclarecimentos : "Digamoi indicates those persons who entered into a second marriage. In itself it could simply refer to those who have married a second time after the death of the first spouse. But this canon is directed to the Novatians who taught that those who were guilty of sins leading to death were to be excluded from penance and reconciliation. “Since, however, remarriage after the death of a spouse was not considered a sin leading to death until long after the council of Nicea, the council’s digamoi must be those who have remarried after a divorce or repudiation."

João Silveira disse...

O "recasamento" dum viuvo foi considerado digno de pena de morte muito depois de Niceia? Onde e quando?

No, the Council of Nicea did not admit "remarried" to Communion:
"Second Marriages", Distorted Historical and Theological Evidence, and a Very Grave Mistake: http://rorate-caeli.blogspot.com/2014/02/no-council-of-nicea-did-not-admit.html

Anónimo disse...

https://www.commonwealmagazine.org/separated-faithful

O link supra mencionado faz uma boa abordagem a este tema.

"A tese “A” e tese “B” não são apenas opiniões. A “A” està em directo desacordo com as palavras de Jesus e o ensinamento da Igreja ao longo destes 2000 anos e por isso é falsa. A “B” é verdadeira, tal como defendeu e defende o Papa Bento XVI."

Portanto estás a dizer que Ratzinger em Introduzione al cristianesimo. Professione, battesimo, sequela (1972) e em Hacia Una Teología del Matrimonio (in fine), 1968 "...està em directo desacordo com as palavras de Jesus e o ensinamento da Igreja ao longo destes 2000 anos..."

Muito bom.

Adoro a leveza e ingenuidade com que dizes ser falsa toda a doutrina dos nossos Irmãos ortodoxos em relação a esta matéria.
Ratzinger aqui acima (1968) afirma que "Posibilidades semejantes fueron también mucho tiempo reconocidas por la Iglesia latinas" –, mas apenas que foi escolhido seguir outra tradição, não uma tendo por base a "cláusula de Mateo".

"Esto no quiere decir que la Igle¬sia latina deba seguir los pasos de las Iglesias ortodoxas de oriente y admitir la posibilidad canónica del divorcio, basándose en la cláusula de Mateo"

A Igreja Ortodoxa é contra a Verdade de Cristo?! Nem nos piores momentos da história das rivalidades católico-ortodoxas isto era acusado!

E que eu tenha conhecimento "Hacia Una Teología del Matrimonio" não foi republicada, nem houve nenhuma retractatio portanto reflecte o pensamento de Ratzinger em 1968 à Maneira de Basílio

João Silveira disse...

Caro Anonimo,

Nao sou eu que o digo, é o proprio Papa Bento. No artigo que o caro Anonimo insiste em ignorar o Papa, ainda como Cardeal explica muito bem a impossibilidade de distribuir a comunhao aos recasados, por vontade de Deus.

Ora, segundo o principio da nao contradiçao uma coisa nao pode ser e nao ser ao mesmo tempo, por isso quem defender a tese contraria està a defender o contrario da vontade de Deus. Onde falha este raciocinio?

O actual prefeito da congregaçao para a doutrina da Fé diz exactamente a mesma coisa: "Esta prática não é coerente com a vontade de Deus, claramente expressa pelas palavras de Jesus acerca da indissolubilidade do matrimónio, e isto representa certamente uma questão ecuménica que não deve ser subestimada."

Desconfio que o caro Anonimo ja terà rasgado as vestes ao ler estas palavras verdadeiras do guardiao da Fe da Igreja.

E o proprio diz que essa pratica dos ortodoxos origina graves problemas ecumenicos, como é obvio.

Essa pratica surgiu como comformaçao das normas eclesiais no oriente, depois do Cisma, às leis civis. Os ortodoxos aceitam o divorcio onde o Estado permitir o divorcio. Se o Estado o proibir eles tambem o teriam de proibir. Sera este um bom exemplo a seguir, mesmo esquecendo que é contra a Lei de Deus? Nao creio.