Casimiro, príncipe da Polónia e rei eleito da Hungria, o décimo-terceiro filho do rei Casimiro IV da Polónia e Isabel da Áustria, nasceu na Croácia, a 14 de Outubro de 1458. Não só recebeu uma educação primorosíssima de sua santa mãe, mas teve também excelentes mestres que o introduziram nas ciências; entre eles, merece atenção o célebre Longino, homem de grande saber e virtude.
O maior prazer de Casimiro era rezar e estudar e o seu lugar predileto era a Igreja. “Em parte alguma me sinto tão bem - dizia - como nos degraus do altar. Tendo para escolher entre a casa, o jogo, a dança e outros divertimentos, dispenso-os todos, se puder ficar na Igreja”.
À santa Missa assistia Casimiro com um recolhimento admirável. Tendo mais idade, levantava-se durante a noite para fazer uma visita à igreja; se a achava fechada, ficava de joelhos na porta, em profunda adoração ao Santíssimo Sacramento. Terníssima era sua devoção à Sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo. Os olhos enchiam-se-lhe de lágrimas, todas as vezes que olhava para o Crucificado. A Maria Santíssima não chamava de outro nome senão o de “minha querida Mãe”.
O hino predileto, que muitas vezes recitava era: “Omni die dic Mariae”(*), pérola preciosíssima da literatura cristã, não da sua lavra, como muitos pretendem que seja, mas provavelmente de autoria de Santo Anselmo de Canterbury. Uma cópia deste hino achava-se no túmulo do Santo, quando aberto em 1604. O corpo estava perfeitamente conservado e o hino encontrou-se debaixo da cabeça.
(*)Omni die dic Mariae
Mea laudes anima
Ejus festa, ejus gesta
Cole devotissima
Como o amor a Jesus e Maria, ligava Casimiro uma grande caridade aos pobres, o que lhe valeu o título de “pai dos pobres”. A algumas pessoas da corte, que achava essa caridade um tanto exagerada, Casimiro respondeu: “Melhor aplicação da nobreza um príncipe não pode fazer, senão servindo aos pobres. Quanto a mim, maior honra não aspiro que fazer-me servo do mais pobre”.
O desprezo que tinha pelas honras e grandezas do mundo é bem caracterizado pelo modo por que se houve na campanha contra Matias, rei da Hungria.
Matias tinha perdido o trono, e representantes da nação húngara ofereceram a Casimiro a coroa de Santo Estevão. O pai apoiava fortemente o pedido dos embaixadores e determinou ao filho, que contava apenas 13 anos, que com força armada entrasse na Hungria, onde Matias o aguardava com poderoso exército, esperando a entrada do jovem príncipe. Nesse meio tempo, como o povo declarou-se novamente a favor de Matias para que retornasse, o Papa Sisto IV também manifestou a intenção de vê-lo de volta ao trono. Em consideração a estes fatos, Casimiro retirou-se para o castelo de Dobzki, onde passou uns meses às práticas da mais austera penitência. Um segundo convite de políticos húngaros não mais foi tomado em consideração, e o desejo do santo de alcançar a coroa da glória eterna aumentou consideravelmente.
Apesar de rodeada de todo o conforto, a vida de São Casimiro foi acompanhada de um espírito de penitência que não é comum entre os homens. Extremamente rigoroso consigo, Casimiro trazia sempre um cilício para castigar o corpo, e cada semana dedicava uns dias ao jejum. Os dias de jejum e abstinência por mandamento da Igreja eram observados com toda a pontualidade, mesmo na doença. Ao sono eram reservadas poucas horas e, embora tivesse à disposição um leito que em comodidade nada deixava a desejar, Casimiro escolhia de preferência o chão para o repouso do corpo.
A prática de todas estas virtudes mereceram ao príncipe a fama de grande Santo. Entre as virtudes que lhe adornavam o coração, foi a da santa pureza que Casimiro exercia com especial esmero, e à qual se obrigou por um voto. É admirável que o jovem príncipe pudesse chegar a um grau tão elevado, principalmente nesta virtude, quando se via, dia por dia, rodeado de perigos e seduções. A chave deste segredo estava na recepção dos Sacramentos, na devoção à Santíssima Virgem, na mortificação constante do corpo e na fuga das más ocasiões. Em sua presença ninguém ousava proferir palavra que ofendesse a moral. Quando contava 24 anos, lhe apareceram no organismo todos os sintomas da tuberculose. Os médicos, vendo já esgotados todos os recursos da ciência, deram ao príncipe, como última esperança de salvar a vida, o conselho de se casar. Casimiro, mal tinha ouvido esta proposta, declarou: “Antes prefiro morrer; e se tivesse de perder mil vidas, todas perderia, para guardar a castidade virginal”.
Por um favor especial de Deus, Casimiro soube o dia de sua morte, para ela se preparou com muito fervor. As últimas palavras que disse, foram, depois de ter beijado o Crucifixo: “Em vossas mãos, ó Jesus, entrego o meu espírito”.
Casimiro morreu em 1484, sendo sua festa celebrada no dia 04 de março. São Casimiro goza de grande veneração na Polónia, onde sua festa é comemorada com oitava.
SOBRE A INCORRUPÇÃO DO CORPO
Passados 120 anos de seu enterro, ao abrir-se seu sepulcro, encontrou-se seu corpo incorrupto, como se estivesse recém-enterrado. Nem sequer os seus vestidos estavam deteriorados, considerando-se ainda que o sítio onde encontrava-se o seu sepulcro era extremamente húmido. Sobre o seu peito (ou debaixo de sua cabeça) foi encontrada uma poesia à Santíssima Virgem (Omni die dic Mariae), que mandou que colocassem sobre seu cadáver no dia de seu enterro.
REFLEXÕES
As devoções prediletas de São Casimiro eram a Sagrada Paixão e Morte de Nosso Senhor e a devoção a Maria Santíssima. Nestas devoções estava o segredo por que tão ciosamente guardava a virtude da pureza. Preferia a morte a macular esta virtude. Quem tem amor a Jesus e Maria deve igualmente amar a virtude angélica, que é a predileta da Mãe de Deus e de seu Filho. Se queres adiantar-te neste santo amor, cultiva em teu coração a Sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo. Durante a Quaresma, devias fazer uma leitura quotidiana de um ou outro trecho da Sagrada Paixão. Quanto mais o teu espírito penetrar neste mistério de amor, tanto mais em tua alma se acentuará o desejo de servir unicamente a Deus, que tanto te amou.
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1 comentário:
É caso para refletir, como uma Formação de Excelência pode redundar numa vida exemplar e até mesmo Santa!
Contudo, o contrário, também pode acontecer.
E, infelizmente, hoje, parece que é isso que está na moda, com a agravante de se pôr em causa todas as estratégias e REMÉDIOS divinos...em nome duma falsa liberdade:" Quando for adulto que escolha!"
Escolher o quê, se à partida, não tem nada para ESCOLHER, pois somente o que o "mundo" lhe "impinge" conhece?
E, depois, não nos queixemos de que a violência gratuita, o egoísmo, o desrespeito pelo outro, a competição desonesta, a promiscuidade avancem a olhos vistos.
E vou repetir, mais uma vez, a célebre conclusão de alguém famoso: "Tirem Deus ao Homem e ele se transformará numa BESTA!"
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