Alguns advogam que a “direcção” Espiritual deverá ser absolutamente independente da Confissão Sacramental. Entende-se o raciocínio: uma vez que o confessor não pode fazer uso de qualquer coisa que tenha ouvido na Confissão Sacramental, o que, absolutamente falando, é uma verdade incontestável, não o poderá usar na “direcção” Espiritual.
Não obstante, sempre foi admitida pela Igreja a legitimidade de o confessor pedir autorização ao confessado de fazer uso, sempre salvaguardado pelo sigilo da Confissão, do conhecimento obtido no Sacramento para melhor o poder ajudar. Isto foi uma prática de muitos séculos que ajudou uma imensa multidão de pessoas a alcançar a Santidade.
Outros advogam que a Confissão Sacramental deve ser o lugar próprio do Acompanhamento Espiritual. Invocam em sua defesa não só que o foro interno está incomparavelmente mais protegido pelo sigilo Sacramental do que pelo sigilo profissional, mas também que a Graça conferida pelo Sacramento confere uma eficácia particular à assistência Espiritual.
Ademais, cuidam que o nome de Direcção Espiritual não é adequado porque não só incute a impressão de que o dirigido deve, do ponto vista moral ou teológico, obediência ao seu “Director” - ora, a chamada “Direcção Espiritual” não pode obrigar em consciência os chamados “dirigidos”: como aliás nos é descrito pelo director espiritual de Santa Isabel da Hungria.
Isto deverá ser muito claro para que não aconteça, por exemplo, alguém negar a infabilidade do Papa ou o ensino Magistral Ordinário da Igreja, ou ainda ignorar a obediência que deve aos seus superiores religiosos, e tomar como infalível e decisivo o seu orientador, ou pai espiritual.
O Assistente Espiritual tem como missão acompanhar e ajudar o seu assistido a deixar-se guiar pelo Espírito Santo, seguindo Jesus Cristo, que é juntamente com o Pai a fonte desse mesmo Espírito.
Uma vez que o “director” Espiritual, habitualmente, só conhecerá o que o seu “dirigido” lhe diz de si próprio, não duvidando absolutamente em nada da sua sinceridade, importará muito inquiri-lo sobre a opinião dos outros que o conhecem e vivem com ele - porque, como diz o povo “há gente que não se enxerga”, isto é que não se conhece tal como é, ou ainda, ‘ninguém é bom juiz de si próprio’.
Padre Nuno Serras Pereira
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