1. ‘Deus é amor’. Uno na Sua essência, não é solitário, mas é comunhão de três Pessoas iguais e distintas. O Pai dá-se totalmente, gerando eternamente, nessa dádiva de Si mesmo, o Filho, que é total acolhimento e resposta de amor ao amor que o gerou. Nessa união dos dois, o Pai espira eternamente pelo Filho e com o Filho o ‘entre’, o ‘nós’ ou a comunhão, que é o Espírito Santo.
2. Deus criou o homem, em Cristo, à Sua imagem. Ser feito à imagem é-lhe constitutivo, não algo que se lhe junta. A imagem é o próprio homem, a sua identidade, a sua estrutura. Só no amor é ele mesmo, porque é imagem do amor, amor participado, feito pelo amor, para o amor. (A imagem pelo pecado deformada é em Cristo restaurada.) Amor é relação, diálogo, comunicação, doação e acolhimento incondicionais.
Por isso, o homem só se encontra e realiza no ‘dom sincero de si mesmo’ e no acolhimento incondicional dos outros. O amor não exclui, pois, ninguém. Dando-se a todos, serve, com uma entrega radical, como Cristo, em especial os que mais precisam. A vida mais sofrida é a que mais carece de ser acolhida; a vida mais desamparada ou desgraçada é a que mais necessita de ser amada. ‘A dignidade da vida não está ligada só às suas origens, ao seu vir de Deus, mas também ao seu fim, ao seu destino de comunhão com Deus ....’
Sendo o homem amor criado, se faz alguma coisa incompatível com o amor, contradiz a sua identidade, deformando-a. Eliminar voluntária e directamente qualquer ser humano inocente é sempre incompatível com a justiça e o amor. Quem o faz é gravemente injusto e violento para com o outro, imagem de Deus, e simultaneamente contraria, desfigurando-a, a própria identidade de ser racional e social, feito para amar, não para matar.
3. A Igreja, ao proclamar que toda a vida humana inocente, sem excepção absolutamente nenhuma, é sagrada e inviolável desde o momento da concepção até à morte natural, não faz mais do que servir o homem, recordando-lhe a sua verdade, lembrando o que Deus revelou e Cristo exemplificou.
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