«Sabei que o Senhor me fez maravilhas. Ele me ouve, quando eu o chamo» (Sal 4,4). Estas palavras do Salmo Responsorial exprimem o segredo da vida do bem-aventurado Nuno de Santa Maria, herói e santo de Portugal. Os setenta anos da sua vida situam-se na segunda metade do século XIV [catorze] e primeira do século XV [quinze], que viram aquela nação consolidar a sua independência de Castela e estender-se depois pelos Oceanos – não sem um desígnio particular de Deus –, abrindo novas rotas que haviam de propiciar a chegada do Evangelho de Cristo até aos confins da terra. São Nuno sente-se instrumento deste desígnio superior e alistado na militia Christi, ou seja, no serviço de testemunho que cada cristão é chamado a dar no mundo. Características dele são uma intensa vida de oração e absoluta confiança no auxílio divino. Embora fosse um óptimo militar e um grande chefe, nunca deixou os dotes pessoais sobreporem-se à acção suprema que vem de Deus. São Nuno esforçava-se por não pôr obstáculos à acção de Deus na sua vida, imitando Nossa Senhora, de Quem era devotíssimo e a Quem atribuía publicamente as suas vitórias. No ocaso da sua vida, retirou-se para o convento do Carmo por ele mandado construir.
Sinto-me feliz por apontar à Igreja inteira esta figura exemplar nomeadamente pela presença duma vida de fé e oração em contextos aparentemente pouco favoráveis à mesma, sendo a prova de que em qualquer situação, mesmo de carácter militar e bélica, é possível actuar e realizar os valores e princípios da vida cristã, sobretudo se esta é colocada ao serviço do bem comum e da glória de Deus.
Sinto-me feliz por apontar à Igreja inteira esta figura exemplar nomeadamente pela presença duma vida de fé e oração em contextos aparentemente pouco favoráveis à mesma, sendo a prova de que em qualquer situação, mesmo de carácter militar e bélica, é possível actuar e realizar os valores e princípios da vida cristã, sobretudo se esta é colocada ao serviço do bem comum e da glória de Deus.
Parte da Homilia de Bento XVI na Canonização de São Nuno Álvares Pereira
Esta última parte fez-me pensar um bocado na questão da guerra e a atitude que um cristão deve ter. No meu caso, sinceramente, acho que não seria capaz de ir para a guerra. E vocês? Acham que um cristão tem o dever de defender o seu país numa guerra, ou que deve ser objector de consciência (Sendo que com isto pode não deixar de estar a defender o seu país)?
4 comentários:
Eu iria para a guerra "combater o bom combate"!
Se a guerra for justa (à luz das regras da Igreja) o cristão têm o dever de defender a sua pátria se a isso for chamado.
Claro que há vários motivos para nem todos os cristãos o terem ou sequer deverem-no fazer. Antes demais as mulheres em tempos de guerra devem ser deixadas "de parte" do conflito. Para além disso os sacerdotes tambem não devem combater, pois cumprem um dever maior de cuidar das almas.
Outra coisa é se, na hora da verdade, eu era capaz de o fazer. Não sei, mas peço a Deus para que o fosse.
"É um erro e até uma heresia querer desterrar a vida religiosa da comunidade dos soldados, das oficinas dos artesãos, da corte dos principes e do lar dos casais...
Portanto, Deus não quer que cada pessoa siga todos os conselhos, mas que cada qual siga só aqueles que se lhe adequem e segundo as características da personalidade, segundo a situação da época ou segundo as circunstancias e as forças de que disponha.
Por isso, se os teus pais necessitam realmente da tua ajuda, não seria oportuno seguir o conselho de entrar num convento; pois precisamente agora o amor manda realizar o mandamento: honra, serve, apoia e ajuda o teu pai ou a tua mãe... Na força deste amor devem muitos ser aconselhados a seguir no mundo, conservar os seus bens, casar-se, até que peguem em armas e partam para a guerra, por mais perigoso que seja este estado de vida."
S. Francisco de Sales
Mto bem, concordo com a margarida. Ou melhor, com S.Francisco
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