quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Roubo de Igreja
Quem é do Sporting sabe bem o que é um roubo de igreja mas nem todos certamente saberão qual a origem desta expressão, que se perdeu na noite dos tempos. Pese embora os dez milhões de euros gastos nas comemorações do centenário republicano, não sobraram nem mil reis para recuperar um simbolo que é talvez o mais autêntico retrato daquilo que foram os primeiros dias desta nova era. Não, não me refiro àquela senhora incerta semi desnuda que povoa a capital um pouco por toda a parte. O clima antilclerical descrito pelos principais estudiosos desse tempo dá conta da expulsão dos bispos para fora das suas dioceses, do encerramento dos seminários, das perseguições a padres e, de menor importância mas historicamente relevante, da tomada da grande parte do património da Igreja, entre outro, da Igreja de S. António a Campolide. Este templo foi então transformado em armazém republicano até final da década de trinta, quando finalmente voltou a ser permitido o culto, sem que, no entanto, tenha sido restituida a propriedade do edifício. Com o passar dos anos, o desgaste natural foi-se acentuando e hoje o risco de derrocada é real. O que faz o Estado? Para além de gastar dez milhões a comemorar uma das efemérides com menor importância nos mais de 850 anos da história portuguesa, vem exigir ao povo de Deus que, se quiser o templo de volta, o templo que foi roubado e deixado apoderecer, com o telhado a cair, tem de pagar. Há ano e meio já o Provedor de Justiça alertara para esta tão peculiar forma de ética republicana. Até eu, habituado que estou a ver jogos do Sporting, fico escandalizado com tamanha vergonha. A final da Taça da Liga no Algarve, ao pé disto, é coisa de amadores. Perder um jogo na ultima jornada com três golos em claro off side, cedendo para o fcp na corrida à champions, deixa de fazer sentido. Perder um campeonato por causa de um golo com a mão... bom, isto se calhar até já é parecido. Enfim. Mas, roubar e querer vender de volta, agora sim, é um roubo e de grande categoria!
Talvez fosse altura de recordar ao nosso presidente, agora que estamos em pré-campanha eleitoral para o cargo, que afinal, em democracia não pode haver roubos de Igreja, que tudo não passou de um mal entendido, foi um ALD - aluguer de longa duração - cabendo ao arrendatário a restituição do locado no mesmo estado em que lhe foi entregue. Em português moderno, faz favor de fazerem obrinhas e de entregarem as chaves ao verdadeiro dono e legítimo proprietário.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
este rapaz escreve bem, hã?
qualquer dia escreve coisas destas em alemão
Baixo-assinado para
opções:
exigir as obras;
ou
exigir a devolução à Igreja;
É possível processar o estado neste caso? por certo devem estar a quebrar alguma lei, não?
a opção deveria ser: façam as obras e devolvam a igreja! qdo a roubaram não estava neste estado!!
Enviar um comentário