sexta-feira, 6 de maio de 2011

Espectacular homilia no encerramento do ano paulino - Bento XVI

O próprio pensamento de uma necessária renovação do nosso ser pessoas humanas, Paulo explicou-o ulteriormente em dois trechos da Carta aos Efésios, sobre os quais portanto agora queremos reflectir brevemente. No capítulo 4 da Carta, o Apóstolo diz-nos que com Cristo temos que atingir a idade adulta, uma fé madura. Não podemos mais permanecer como "meninos inconstantes, levados por qualquer vento de doutrina..." (4, 14). Paulo deseja que os cristãos tenham uma fé "responsável", uma "fé adulta". A expressão "fé adulta", nas últimas décadas, tornou-se um slogan difundido. Ouvimo-lo com frequência no sentido da atitude de quem já não dá ouvidos à Igreja e aos seus Pastores, mas escolhe autonomamente aquilo em que quer acreditar ou não portanto, uma fé ad hoc

E é apresentada como "coragem" de se expressar contra o Magistério da Igreja. Na realidade, todavia, para isto não é necessária coragem, porque se pode ter sempre a certeza do aplauso público. Pelo contrário, é necessária coragem para aderir à fé da Igreja, não obstante ela contradiga o "esquema" do mundo contemporâneo. Este é o não-conformismo da fé ao qual Paulo chama uma "fé adulta". É a fé que ele quer. Por outro lado, qualifica como infantil o correr atrás dos ventos e das correntes do tempo. Assim faz parte da fé adulta, por exemplo, empenhar-se pela inviolabilidade da vida humana desde o primeiro momento, opondo-se assim de forma radical ao princípio da violência, precisamente também na defesa das criaturas humanas mais inermes. Faz parte da fé adulta reconhecer o matrimónio entre um homem e uma mulher para toda a vida, como ordenamento do Criador, restabelecido novamente por Cristo. 

A fé adulta não se deixa transportar aqui e ali por qualquer corrente. Ela opõe-se aos ventos da moda. Sabe que estes ventos não constituem o sopro do Espírito Santo; sabe que o Espírito de Deus se expressa e se manifesta na comunhão com Jesus Cristo. No entanto, também aqui Paulo não se detém na negação, mas leva-nos ao grande "sim". Descreve a fé madura, verdadeiramente adulta, de maneira positiva com a expressão: "agir segundo a verdade na caridade" (cf. Ef 4, 15). O novo modo de pensar, que nos foi dado pela fé, verifica-se antes de tudo em relação à verdade. 

O poder do mal é a mentira. O poder da fé, o poder de Deus é a verdade. A verdade sobre o mundo e sobre nós mesmos torna-se visível, quando olhamos para Deus. E Deus torna-se-nos visível no rosto de Jesus Cristo. Olhando para Cristo, reconhecemos mais uma coisa: verdade e caridade são inseparáveis. Em Deus, ambas são inseparavelmente uma só coisa: a essência de Deus é precisamente esta. Por isso, para os cristãos verdade e caridade caminham juntas. A caridade é a prova da verdade. Sempre de novo, deveríamos ser medidos em conformidade com este critério, para que a verdade se torne caridade e a caridade nos torne verídicos.


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