Nos passados dias 13 e 14 de Junho, o Angelicum, Universidade de S. Tomás de Aquino em Roma, acolheu o IV convénio sobre o Motu Proprio Summorum Pontificum, do Papa Bento XVI.
Foi organizado por "Amicizia Sacerdotale Summorum Pontificum e Giovani e Tradizione", tendo como responsável o Pe. Vincenzo M. Nuara O.P, presidente honorário da Associação "Giovani e Tradizione".
O evento começou com uma Missa na forma extraordinária do Rito Romano, celebrada pelo Cardeal Burke, no dia de Santo António. Poucos minutos depois começaram os trabalhos, com a presença de Nossa Senhora de Fátima:
S.E.R. Card. Raymond Leo Burke, Patrono da Ordem Soberana e Militar de Malta
"A Tradição como fundamento da liturgia católica"
S. Paulo manteve uma forte luta contra os abusos litúrgicos, quando corrige os que iam à Eucaristia para comer e beber, como se não tivessem comida em casa; e também quando faz um aviso sério aos que comungam sem estarem preparados.
A lei de rezar vem antes da lei do agir. Deus tem o direito a ser reconhecido como o Senhor da História. O culto é-Lhe devido por justiça. O beato Paulo VI, Papa, no comentário à constituição Sacrossantum Concilium, explica que a liturgia vem em primeiro lugar.
As mudanças e abusos litúrgicos não foram feitos por motivos pastorais, mas por outros motivos. Respeitar a liturgia é um acto profundo de amor para com Nosso Senhor.
Prof. Dom. Cassian Folsom, O.S.B. (Ateneo Pontificio Ateneo Sant’Anselmo- Roma)
"Lex orandi-lex credendi no Motu proprio Summorum Pontificum"
É possível um duplo usus do mesmo rito. O essencial é a unidade litúrgica, não uniformidade. O rito é uma dada liturgia particular. Usus é uma variação da tradição local à volta de um rito.
A fé reflecte-se na liturgia, que por sua vez se reflecte na fé que vem da liturgia. O Missal de 1970 evita a palavra jejum e fala da penitência de forma genérica; enquanto que o Missal anterior falava bastante de jejum. São duas espiritualidade diversas, mas unidas. Neste momento no rito romano temos duas leges orandi e duas leges credendi, em sentido lato. Mas em sentido estreito temos apenas uma porque é a mesma fé que une os dois usus do rito.
Prof. Giovanni Turco (Università degli Studi- Udine)
"Justiça, religião, verdadeiro culto: a perspectiva de São Tomás de Aquino"
S. Tomás diz que a ordem é a recta disposição das coisas ao seu fim. Ordem é vista como expressão da racionalidade. A ordem pressupõe a coisa (res) e a sua inteligibilidade. É próprio dos sábios ordenar.
Não se pode procurar a saúde sem combater a doença, não se pode servir a verdade sem combater a mentira.
Os falsos profetas são os que defendem erros apresentando-os como verdade divina. São normalmente teses cómodas de serem ditas. Semeiam dúvidas e abalam certezas. Semear uma dúvida e não resolvê-la é o mesmo que apoiá-la.
O orgulho está na raíz do desprezo pelo culto, é o pecado da impiedade. Deus tem direito a ser adorado, é uma relação de justiça. Sem verdade não há justiça. A virtude da religião é a mais alta de todas as virtudes morais.
A virtude da piedade consiste em agradecer aos pais, pátria e Deus, a quem estamos em dívida de gratidão. Essa virtude torna mais fácil render culto a Deus como filho de Deus.
O culto passa por actos externos que exprimem actos internos. O culto é como cultivar, cuidar. Para S. Tomás o problema do culto é de verdade, não de praxis.
Don Marino Neri (Università degli Studi - Pavia)
"O culto em espírito e verdade: liturgia e simbolismo"
Santo Agostinho explica que os sinais chamam a atenção para outra realidade. Existem sinais naturais, como por exemplo o fumo, e sinais intencionais, convencionados pelo Homem. O sinal exprime/comunica a coisa (res)...revela e esconde.
O sinal tem que ser: 1 – diferente da coisa; 2 – ter uma relação com a coisa; 3 – ser mais acessível do que a coisa.
Cardeal Ratzinger queixou-se que na liturgia hoje em dia parece que Deus foi esquecido, no centro está o Homem.
S.E.R. Card. Gerhard Ludwig Müller, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e Presidente da Comissão Pontifícia Ecclesia Dei
“A Tradição como princípio próprio da teologia católica"
Citando Santo Agostinho: Não importa a quantidade de bispos mas a qualidade da sua doutrina.
Prof. Mons. Stefan Heid (Pontificio Istituto di Archeologia cristiana – Roma)
"Onde o céu se abre: o altar paleocristão na liturgia e arte"
Desde a Antiguidade, onde há um altar há um sacrifício. O sacerdote, mesmo entre os pagãos, era apresentado muitas vezes com as mãos para cima, em posição orante.
O sacerdote, juntamente com a assembleia, olhava para o alto. Deus olhava para o povo. Toda a acção era dirigida ao Céu, por isso em muitas absides de igrejas antigas pode ver-se a Cruz, Jesus ressuscitado ou algo que parece o Céu.
Os Padres da Igreja referem que os anjos estão à volta do altar na Missa. Em muitas imagens podem ser vistos a servir, anjos diáconos.
Mons. Marco Agostini (Secretaria de Estado - Cidade do Vaticano)
"O permanecer de Deus entre os homens: o altar e os seus tesouros"
Os altar cristãos começaram, nos primeiros séculos, a ser construídos sobre o túmulo de santos. A veneração de santos vem desde o princípio do cristianismo. No séc. VI não existem altares sem relíquias de santos. No séc. VII aparecem também relíquias em cima do altar. A partir do séc. IV o culto é realizado em direcção ao Oriente, ad orientem.
No séc. XII começam a aparecer os sacrários, por causa da heresia de Berengario de Tours. Antes disso as espécies eram escondidas, estavam em cima do altar ou na parede, como se fosse um sepulcro.
A balaustrada sempre foi considerada um prolongamento do altar, daí que se utilizem toalhas para a tapar durante a distribuição da Comunhão.
Antigamente quando se entrava numa igreja percebia-se imediatamente onde estava o seu centro, e fazia-se o acto de adoração. Isso não acontece em muitas das igrejas novas, que mais parecem auditórios ou ginásios.
S.E.R. Mons. Athanasius Schneider (Bispo auxiliar da diocese da Santíssima Mãe de Deus em Astana)
"O tesouro do altar: a inefável majestade da Sagrada Comunhão"
A majestade divina encontra-Se escondida no mistério eucarístico. Devemos crer na palavra de Jesus, que Se encontra ali verdadeiramente, contra tudo o que parece evidente.
O nosso tempo é marcado por uma inédita crise eucarística e litúrgica. Parece que já não existe relação entre a Missa e a cruz.
Tudo numa igreja deveria conduzir e apontar para o tabernáculo, onde Se encontra presente o próprio Deus.
Durante a Missa não deve estar uma cruz entre o sacerdote e o povo, mas os olhos de todos devem estar dirigidos para a cruz.
É importante reintroduzir a comunhão na balaustrada. Este acto tão especial deve ser revestido de humildade corporal e visível.
No dia 14 de Junho, às 11 horas, S.E.R. Card. Velasio de Paolis celebrou uma Missa Pontifical na Capela do Santíssimo Sacramento - Basílica de São Pedro, Vaticano
No dia 14 de Junho, às 11 horas, S.E.R. Card. Velasio de Paolis celebrou uma Missa Pontifical na Capela do Santíssimo Sacramento - Basílica de São Pedro, Vaticano
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