Perguntem
a qualquer Mãe sobre o nascimento dos seus filhos. Ela vai dizer-vos
não só a data do nascimento, mas também será capaz de recitar a hora, o
local, o tempo, o peso do bébé, o comprimento do bébé e um número de
outros detalhes. Eu sou pai de seis filhos abençoados e enquanto que eu
algumas vezes me esqueço destes detalhes (mea maxima culpa), a minha
mulher não.
Iria a Santíssima Virgem Maria alguma vez
esquecer-se do nascimento do seu Filho Jesus Cristo, que foi concebido
sem semente humana, anunciado pelo Anjo Gabriel, nascido de uma forma milagrosa e
visitado por Magos? Ela sabia desde o momento da Sua Divina Encarnação
no seu ventre que Ele era o Filho de Deus e Messias. Iria ela alguma vez
esquecer este dia?
Estariam os Apóstolos interessados em ouvir
Maria contar esta história? Claro! Pensam que o santo Apóstolo que
escreveu "E o Verbo fez-se carne" não estaria interessado nos detalhes
minuciosos do Seu nascimento? Portanto
o aniversário exacto (25 de Dezembro) e a hora (meia-noite) deveriam ser
conhecidos já no primeiro século.
Os Padres da Igreja testemunham o 25 de Dezembro
Testemunhos seguintes revelam que os Católicos afirmavam
25 de Dezembro como o Nascimento de Cristo antes da conversão de Constantino e do Império Romano.
O Papa S. Telésforo (reinou de 126 e 137) instituiu a tradição da Missa à Meia-noite na Véspera de Natal. Apesar do Liber Pontificalis não
nos dar a data do Natal, este assume que o Natal já era celebrado pelo
Papa e que tinha sido acrescentada uma Missa à meia-noite.
Cerca de 70 anos mais tarde, S. Hipólito escreve de
passagem que o nascimento de Cristo ocorreu numa Quarta-Feira dia 25 de
Dezembro. Santo Hipólito escreveu algures entre 200 e 211! Eis a citação:
"O Primeiro Advento [vinda] de nosso Senhor na carne ocorreu quando Ele nasceu em Belém, era 25 de Dezembro, uma Quarta-Feira, quando Augustus estava no seu quadragésimo segundo ano, que é cinco mil e quinhentos anos desde Adão. Ele sofreu no trigésimo terceiro ano, dia 25 de Março, Sexta-Feira, do décimo oitavo ano de Tiberius Caesar, enquanto Rufus e Roubellion eram Cônsules."
Santo Hipólito de Roma, Comentário a Daniel
Reparem
também na citação acima no significado especial de 25 de Março, que
marca a morte de Cristo (25 de Março era visto como o correspondente ao
mês hebraico Nisan 14 - a data tradicional da crucifixão).**
Acreditava-se que Cristo, como homem perfeito, tinha sido concebido e morto no mesmo dia (25 de Março). No seu Chronicon,
Santo Hipólito diz que a terra foi criada no dia 25 de Março, 5500 a.C.
Então, 25 de Março era identificado pelos Padres da Igreja como:
- a data da Criação do Mundo
- a data da Anunciação e Encarnação de Cristo
- a data da Morte de Cristo nosso Salvador
Na
Igreja Síria 25 de Março ou a festa da Anunciação era vista como uma
das festas mais importantes do ano inteiro. Indicava o dia em que Deus
assumiu a sua morada no ventre da Virgem. De facto, a Anunciação e a
Sexta-Feira Santa apareciam em conflito no calendário, a Anunciação
superava-a - tão importante que era na tradição síria! Isto sem dizer
que a Igreja Síria preservou algumas das mais antigas tradições cristãs e
tinha um profunda e doce devoção por Maria e a Encarnação de Cristo!
25 de Março era consagrado na mais antiga tradição Cristã e a partir
desta é fácil descobrir a data do nascimento de Cristo. 25 de Março
(Cristo concebido pelo Espírito Santo) mais nove meses leva-nos a 25 de
Dezembro (o nascimento de Cristo em Belém).
Santo Agostinho confirma esta tradição de 25 de Março como a concepção messiânica e 25 de Dezembro como o Seu Nascimento:
“Porque se acredita que Cristo foi concebido a 25 de Março, dia em que também sofreu; portanto o ventre da Virgem, onde Ele foi concebido, onde nenhum mortal foi gerado, corresponde ao novo sepulcro onde ele foi sepultado, onde nenhum homem alguma vez esteve nem antes nem desde então. Mas ele nasceu, de acordo com a tradição, a 25 de Dezembro.”
Santo Agostinho, De trinitate, Livro IV, 5
Por volta do ano 400, Santo Agostinho
também notou como os donatistas cismáticos se recusavam a celebrar a
Epifania a 6 de Janeiro, visto que viam a Epifania como uma nova festa
sem base na Tradição Apostólica. O cisma donatista começou em 311, o
que pode indicar que a Igreja Latina estava a celebrar o Natal a 25 de
Dezembro (mas não uma Epifania a 6 de Janeiro) antes disso.
Taylor Marshall
2 comentários:
Alguém pode me explicar o significado de "sofreu" em -" Ele sofreu no trigésimo terceiro ano.
Resumindo: o que por vezes se conta de que teria a ver com o deus sol, Helios, dos romanos, não pega porque é anterior.
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