Acho que me está no DNA a “mania” de querer pôr questões. Gosto de saber as coisas como são, sou curioso! Esse desejo ajudou à minha conversão, já que quando pús as perguntas que andei a “não pôr” durante algum tempo, pumbas, embati com Cristo. As marcas desse choque foram, e são, bem grandes. Mesmo assim continuei sempre a questionar, e vim a aprender que só assim se chega a uma fé verdadeira, que não foge à razão. Não há tabus nem coisas que são assim porque sim, tudo tem razão de ser, e quase sempre as razões para ser dessa forma e não de outra, são bem humanas, ainda mais do que divinas. Para quem já não percebe nada do que estou a falar, dou um exemplo: sexo antes do casamento. Há motivos humanos muito fortes para a abstinência sexual antes do casamento, não é so porque Deus quer, porque tem esse capricho, e mai nada! Isso faria do Criador um déspota, um ditador, e não Alguém que fez todo o universo para mim, e só me quer bem.
Estas perguntas levaram-me também para o mundo dos que não acreditam em Deus. Aliás, não fui investigar os que simplesmente não acreditam só porque não, ou Deus lhes é indiferente, porque essa experência já tive e sei quais as “desculpas” usadas. Entrei antes no mundo dos que declararam guerra a Deus, e a quem O segue, ateus militantes. Tenho aprendido imenso, muito especialmente sobre o Homem, e sobre mim próprio. Tenho lido as coisas mais bárbaras, as teorias mais recambolescas, as mentiras mais cortantes, e acho que isso me ajudou a perceber duas coisas muito importantes, para a minha maturidade espiritual:
- sem humildade não há fé. Os ateus militantes recusam-se a qualquer forma de humilhação, e exultam a afirmação pessoal. Por isso sempre que eu for orgulhoso estou a ser ateu, e as poucas vezes em que consigo ser humilde estou a ser um verdadeiro católico.
- a fé é muito mais do que sentimento. Tudo pode começar, e normalmente começa, pelo sentimento, como um qualquer namoro. Mas ultimamente tenho percebido que a minha fé em Cristo vem quase totalmente dum factor humano muito simples, o testemunho.
Isto ainda é novo na minha cabeça, nunca li sobre isto, mas se Deus se manifestasse por sensações que tive, ou senti, ou apenas por um instinto, que me diz que Ele existe, tudo condicionado pela educação que recebi, isso poderia ser tudo fruto da minha imaginação. Poderia ser apenas eu próprio a enganar-me, para combater o medo de morrer ou querer um Deus que me ame acima de tudo, ou uma desculpa para ser bonzinho, etc...Mas não, não escolhi aderir a Cristo por causa dessas coisas mais ou menos vagas, mas sim por algo concreto, ou seja o testemunho de quem O seguiu.
Toda a minha fé em Cristo vem da vida santos que ao longo destes 2000 anos me mostraram que a vida com Ele faz todo o sentido, que preenche os critérios do meu coração. Essas pessoas mostraram-me, e mostram-me, uma maneira de viver diferente de todos os outros, embora muitas vezes fazendo as mesmas coisas, mas fazendo-as por outro motivo, para glória de Deus. No confronto com essas vidas o meu coração não consegue ficar indiferente, quer ser como elas...e como fazer isso? Fazer como elas fizeram, seguir Cristo!
As palavras de Jesus são brutais, e o que fez também, mas tudo isso poderia ter sido inventado. Mas a vida dos santos, e das pessoas que me rodeam, e que amam mais do que amariam se não acreditassem n´Ele, é a prova que preciso para acreditar em tudo o que se passou, muito especialmente na ressurreição. Acredito que Jesus ressuscitou porque acredito no testemunho dos apóstolos, é tudo confiança, não me é dada mais nenhuma prova além disso! Mas , por experiência, tenho muitas razões para acreditar neles, daí ser razoável ter fé.
Passando isto para a vida do dia-a-dia, serei tanto mais prova da existência real de Cristo, e motivo de fé para os outros, quanto mais for santo, e quanto mais a minha vida for diferente por causa da Sua palavra. Mãos à obra...
João Silveira
João Silveira
2 comentários:
Por isso carissimo João percebemos como é importante o testemunho de vida dos Santos e como é importante para aqueles que ainda não acreditam o nosso testemunho de vida.
Um testemunho de vida em que Deus esteja presente em tudo o que fazemos, em todos os "compartimentos" das nossas vidas, e não apenas em alguns que, pensamos nós, "generosamente" Lhe damos.
E falta tanto, tanto o nosso testemunho de cristãos católicos em todos os momentos...
Abraço amigo em Cristo
Caro Joaquim, por isso mesmo Luiza Andaluz, fundadora das Servas de Nossa Senhora de Fátima, dizia: "Dá pouco a Deus quem não Lhe dá tudo".
E nem é preciso conseguir dar tudo, mas há que tentar com todas as forças. E quem tenta fazer isso torna-se automaticamente em exemplo a seguir, torna-se luz do mundo e sal da terra.
Abraço em Cristo Vivo
Enviar um comentário