As que se consagram inteiramente ao Senhor não devem afligir-se pelo facto de, guardando a sua virgindade como Maria, não se poderem tornar mães segundo a carne. [...] Aquele que é o fruto de uma única Virgem santa é a glória e a honra de todas as outras santas virgens, pois, tal como Maria, elas são mães de Cristo, se fizerem a vontade de Seu Pai. A glória e a felicidade de Maria como Mãe de Cristo brilha sobretudo nas palavras do Senhor: «Aquele que fizer a vontade de Deus, esse é que é Meu irmão, Minha irmã e Minha mãe.» Ele indica assim a paternidade espiritual que O liga ao povo que resgatou. Os Seus irmãos e irmãs são os santos homens e as santas mulheres que são co-herdeiros com Ele da Sua herança celeste (cf Rm 8,17).
Sua mãe é a totalidade da Igreja, pois é ela que, pela graça de Deus, dá à luz os membros de Cristo, isto é, àqueles que Lhe são fiéis. Sua mãe é ainda toda a alma santa que faz a vontade de Seu Pai e onde a caridade fecunda se manifesta naqueles que dá à luz por Ele, «até que Cristo Se forme entre vós» (Gl 4,19).
Entre todas as mulheres, Maria é a única que é ao mesmo tempo virgem e mãe, não apenas pelo espírito, mas também com o corpo. Ela é Mãe segundo o espírito [...] dos membros de Cristo, isto é, de nós próprios, porque cooperou com a sua caridade para dar à luz, na Igreja, os fiéis, que são os membros desse Chefe divino, nossa cabeça (cf Ef 4,15-16), de Quem Ela é verdadeiramente Mãe segundo a carne. Era preciso, com efeito, que o nosso Chefe nascesse segundo a carne duma virgem, para nos ensinar que os Seus membros deveriam nascer, segundo o espírito, doutra virgem, que é a Igreja. Maria é, assim, a única que é Mãe e Virgem ao mesmo tempo, tanto no corpo como no espírito. Mas também a totalidade da Igreja, nos seus santos que deverão possuir o Reino de Deus, é, segundo o espírito, mãe de Cristo e virgem de Cristo.
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