Nas igrejas, é frequente o aviso a pedir que se desligue o telemóvel. É razoável, porque atender uma chamada, num templo, é uma falta de respeito para com Deus. Mas, talvez não seja muito católico porque, do outro lado, pode estar... o Papa!
Não sei o cognome com que ficará na História, mas Francisco bem poderia ser designado o Papa das surpresas. Desde que iniciou o seu ainda breve pontificado, multiplicaram-se os gestos inéditos: recém-eleito, foi, pelo seu próprio pé, pagar uma conta; trocou a viatura oficial pelo autocarro em que viajavam os cardeais; preferiu viver na casa de Santa Marta, em vez de no apartamento pontifício, etc.
Um capítulo especial das benditas extravagâncias do Papa Francisco respeita aos seus telefonemas. Logo após a sua eleição ligou, directa e pessoalmente, o que não é suposto num Papa, ao superior geral da Companhia de Jesus, a que pertence. E agora telefonou a uma jovem grávida, abandonada pelo progenitor do seu filho, para lhe dar apoio espiritual e humano.
Imagino Jesus assim. Solene, quando proclama as bem-aventuranças, afirma que é Deus ou, diante de Pilatos, se intitula rei. Mas nunca frio, ou distante: toca o leproso que cura; fala a sós com a samaritana, junto ao poço de Sicar; repara em Zaqueu, empoleirado numa árvore, e vai a sua casa, apesar de ser a de um pecador.
Ser pastor é ser, sobretudo, pai. Por isso o Papa é tão "papá" de todos e de cada um de nós. Para que cada um de nós o seja do seu próximo.
Portanto, se receber uma chamada de um número desconhecido, atenda: pode ser o Papa! E, se não for, seguramente será Deus, que nos chama através das necessidades dos outros.
1 comentário:
Mudança de paradigma para muitos dos Srs. Padres e Bispos.
Penso mesmo que um destes dias ele telefonará para o meu Pároco.:)
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