segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Nova investigação neurológica revela que a pornografia pode ser tão viciante como heroína ou cocaína

No outro dia ouvi um tipo dizer que o Starbucks era "o maior dealer de droga nos Estados Unidos." Sendo culpado desse tipo de "dealing de drogas," dispenso-me de discutir os méritos de tal culpa. Mas e se eu vos dissesse que a internet "é o maior dealer de droga nos Estados Unidos?"

Um grupo de investigação em crescimento apoia esta opinião na medida em que ela se relaciona com o novo "narcótico": a pornografia na internet. O Inquérito Nacional sobre o uso das Drogas e a Saúde estimou que em 2008 havia 1,9 milhões de utilizadores de cocaína. De acordo com a Central Intelligence Agency (CIA), existe uma estimativa de 2 milhões de utilizadores de heroína nos Estados Unidos, com números entre os 600,000 e os 800,000 considerados viciados de alto nível. Comparem estes números com os 40 milhões de utilizadores frequentes de pornografia online na América.
Uma investigação neurológica revelou que o efeito da pornografia online no cérebro humano é tão potente como as substâncias químicas aditivas tais como a cocaína ou a heroína - se é que não é mais. Num anúncio antes do Congresso, a Dra. Jeffrey Satinover, uma psiquiatra, psicoanalista, física e ex-Fellow de Psiquiatria de Yale, avisou:

Com o aparecimento do computador, o sistema de entrega deste estímulo viciante ficou quase sem resistência. É como se tivéssemos inventado um tipo de heroína 100 vezes mais poderoso que antes, usado na privacidade da própria casa e injectado directamente no cérebro através dos olhos. E está agora disponível num stock sem limites através de uma rede de distribuição que se auto-multiplica e que é glorificada como arte e protegida pela Constituição.

Apesar de a pornografia, de uma forma ou de outra, ter existido ao longo de toda a história humana, o seu conteúdo e a forma como as pessoas lhe têm acesso e a consomem mudou drasticamente nas últimas décadas com o aparecimento da internet e as tecnologias com ela relacionada.

Existem três razões principais pelas quais a pornografia da internet é radicalmente diferente das suas formas antigas: (1) o seu preço (K. Doran, Professor Auxiliar da Economia na Universidade de Notre Dame, estima que 80 a 90% dos utilizadores de pornografia vêem conteúdos grátis online), (2) o acesso (acesso 24/7 em qualquer lugar com ligação à internet), e - o mais importante - (3) o anonimato. Estes três factores combinados com as imagens de pessoas reais a realizar actos sexuais reais enquanto o utilizador observa online, criaram um narcótico potente - no sentido mais literal do termo.

Ainda assim, muitos argumentam que a pornografia é apenas "discurso", uma forma de "expressão" sexual que devia ser protegida como um direito constitucional na Primeira Emenda. A questão dos direitos da Primeira Emenda é inegavelmente o último obstáculo para abrir caminho a uma posição legal - e pegarei nesta questão no ensaio de amanhã do Public Discourse. Hoje começa a minha análise de uma perspectiva científica, porque recentes descobertas neurológicas mostraram a pornografia da internet como sendo algo mais, muito mais, que um mero "discurso".

Pornografia da Internet: O Novo Narcótico
Enquanto que o termo "toxicodepedência" tem estado reservado para substâncias química ingeridas fisicamente (inaladas ou injectadas) no corpo, a pornografia online - tomada através dos olhos - afecta o cérebro química e fisicamente de uma maneira semelhante à das substância químicas ilegais. William M. Struhers, Professor de Psicologia no Wheaton College, explica no seu livro Wired for Intimacy: How Pornography Hijacks the Male Brain que a pornografia trabalha "através do mesmo circuito neuronal, tem os mesmos efeitos relativos à tolerância e afastamento e tem todas as outras marcas de uma dependência."

Isto acontece porque estas partes do cérebro reagem tanto às substâncias ilegais como à excitação sexual. A dopamina, o químico activado pela excitação sexual e o orgasmo, é também o químico que activa os caminhos de dependência no cérebro. Tal como observa o Dr. Donald L. Hilton Jr., um neurocirurgião experiente e professor clínico associado de neurocirurgia na Universidade do Texas:

A pornografia é uma feromona visual, uma droga poderosa de 100 mil milhões de dólares por ano que está a mudar a sexualidade ainda mais rápido através da ciber-aceleração da Internet. Está a "inibir a orientação" a "distorcer a comunicação pré-matrimonial entre os sexos ao permear a atmosfera."

Pensem no cérebro como uma floresta onde os caminhos estão cheios de assaltantes que andam pelos mesmos sítios vezes sem conta, dia após dia. A exposição a imagens pornográficas cria caminhos neurais semelhantes que, com o tempo, se tornam cada vez mais "bem trilhados" quando são repetidamente usados com cada exposição à pornografia. Estes caminhos neurológicos, acabam por se tornar o caminho na floresta cerebral pelo qual as interacções sexuais são conduzidas. Assim, um utilizador de pornografia "criou sem saber um circuito neuronal" que torna a sua maneira normal de ver os assuntos sexuais como se fossem geridos pelas normas e expectativas da pornografia.

Estes "caminhos cerebrais" podem ser iniciados e "trilhados" devido à plasticidade do tecido cerebral. O Dr. Norman Doidge - um psiquiatra, psicoanalista e autor do bestseller internacional do New York TimesThe Brain That Changes Itself - explora o impacto da neuroplasticidade na atracção sexual num ensaio em The Social Costs of Pornography.  O Dr. Doidge diz que o tecido cerebral envolvido nas preferências sexuais (i.e., o "o que o liga") é especialmente maleável. Assim, estímulos externos - tais como as imagens pornográficas - que ligam coisas que antes não estavam ligadas (ex: a tortura física ou a excitação sexual) podem causar neurónios que não estavam relacionados no cérebro a "disparar" em conjunto, de forma que da próxima vez a tortura física causa mesmo desejo sexual no cérebro. Estes disparos de neurónios em conjunto criam "ligações" ou associações que resultam em novos caminhos cerebrais poderosos que permanecem mesmo depois de os estímulos externos terem desaparecido.
Pensando na nova ciência do cérebro, a comunidade científica relacionada com o tema (a American Society of Addiction Medicine), que costumava definir que a dependência era em primeiro lugar um comportamento, recentemente redefiniu "dependência" em primeiro lugar como uma doença cerebral relacionada com o sistema neuronal de recompensas [N.T.: reward system]. A força poderosa da pornografia online no sistema neuronal de recompensas claramente que a coloca nesta nova definição de "dependência."

Alguns podem argumentar que muitas substâncias e actividades - tais como a TV, a comida, ir às compras, etc. - pode causar a formação de químicos aditivos no cérebro, no entanto é um facto que não queremos o governo a controlar a quantidade de TV que vemos, quantas vezes vamos às compras ou quanto é que comemos. Enquanto que há uma quantidade enorme de pessoas dependentes da TV, da comida e de ir às compras, o Dr. Hilton explica que as imagens sexuais são "únicas no que toca às recompensas naturais" porque as recompensas sexuais, ao contrário da comida e de outras recompensas naturais, causam "uma mudança persistente na plasticidade sináptica." Por outras palavras, a pornografia online faz mais do que apenas criar picos nos níveis de dopamina no cérebro para uma sensação de prazer. Literalmente muda a matéria física dentro do cérebro, de modo a que os caminhos neurológicos necessitem do material pornográfico para iniciar a sensação de recompensa desejada.

Portanto, como é que a pornografia da internet se compara com substância químicas de dependência como a cocaína ou heroína? A cocaína é considerada um estimulante que aumenta os níveis de dopamina no cérebro. A dopamina é o principal neurotransmissor que a maior parte das substâncias aditivas libertam, visto que causam uma "moca" e uma contínua fome de repetição dessa "moca", em vez de um contínuo sentimento de satisfação por via de endorfinas. A heroína, por outro lado, é um narcótico, que tem um efeito relaxante. Ambas as drogas aumentam a tolerância química, o que obriga o consumo de altas quantidades de droga a serem usadas de cada vez que se quiser atingir a mesma intensidade no efeito.

A pornografia, tanto ao excitar (o efeito da "moca" via dopamina) como ao causar um orgasmo (o efeito de "libertação"via narcóticos), é um tipo de multidroga que liberta ambos os tipos de químicos de dependência no cérebro de uma só vez, assim como o seu poder dá início a um padrão de aumento de tolerância. No caso da pornografia, a tolerância não requer necessariamente mais quantidade de pornografia mas novos conteúdos pornográficos, como actos sexuais "proibidos", pornografia infantil ou pornografia sadomasoquista.

A excitação sexual é resultado dos picos de testosterona, dopamina e norepinefrina, enquanto que a euforia e transcendência experimentada durante o orgasmo estão relacionados com a libertação de narcóticos interiores. Ao mesmo tempo que a pornografia activa o sistema de apetites devido à dopamina, o orgasmo causado pela pornografia não liberta endorfinas, que são os químicos que nos fazem sentir satisfeitos. Pelo contrário, as endorfinas são libertadas depois de um orgasmo causado por se ter tido sexo com um ser humano real. Esta falta de satisfação, combinada com a plasticidade competitiva do cérebro, faz com que o cérebro necessite cada vez mais de imagens novas e chocantes para obter o mesmo resultado químico de antes.

Enquanto que os efeitos de dependência da pornografia online são semelhantes à combinação dos efeitos de dependência das substâncias químicas, os primeiros vão para além dos das substâncias químicas.

Por exemplo, os "neurónios-espelho" no cérebro permitem-nos aprender ao olhar para um comportamento e a copiá-lo. O professor Struthers diz que, devido aos neurónios-espelho, "ver pornografia cria uma experiência neurológica onde a pessoa participa como se estivesse naquilo que está a ver." Esta dependência interactiva única é permitida pela combinação de estímulos sob o cérebro e o corpo; nas palavras de Struthers, a pornografia "envolve o sistema visual (olhar para a pornografia), o sistema motor (masturbação), o sistema sensorial (estimulação genital) e os efeitos neurológicos da excitação e do orgasmo.

Outro aspecto da dependência pornográfica que ultrapassa as caracterísiticas nocivas e aditivas do abuso das substâncias químicas é a sua permanência. Enquanto que as substâncias podem ser metabolizadas para fora do corpo, as imagens pornográficas não podem ser metabolizadas para fora do cérebro porque as imagens pornográficas são guardadas na memória do cérebro. Enquanto que quem abusa das substâncias químicas pode causar um dano aos seus corpos e cérebros devido ao uso de drogas, a substância em si mesma não continua no corpo depois de ter sido metabolizada para fora do corpo. Mas com a pornografia não há nenhum intervalo de tempo de abstinência que possa apagar os "discos rígidos" de imagens no cérebro, que podem continuar a aumentar o ciclo vicioso.

Para resumir, a investigação cerebral confirma o facto crítico de que a pornografia é um sistema de distribuição de droga que tem um efeito distinto e poderoso sobre o cérebro humano e sistema nervoso. Mais parecido à cocaína do que com livros ou discursos públicos, a pornografia online não é o tipo de "discurso" para o qual a Primeira Emenda foi feita para proteger da censura do governo - tal como vou argumentar amanhã. As pessoas que lêem livros ou ouvem ideias podem usar as suas mentes conscientemente para pensar sobre as asserções e informação. Mas, tal como diz o Dr. Doidge,  “Os que a usam não têm noção até onde os seus cérebros são alterados por ela." De facto, não têm ideia de que a pornografia está a desenvolver "novos mapas nos seus cérebros."  
Morgan Bennet in thepublicdiscourse.com


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