Um artigo publicado na revista médica Cancer Research descreve mais um estudo que apresenta a relação entre cancro da mama em mulheres jovens e o uso de contraceptivos orais.
Os autores do estudo destacam que é único porque se baseia em registos electrónicos de farmácias e não apenas em relatos pessoais, o que permite uma análise mais precisa do quadro de uso dos anticoncepcionais. A equipa responsável pela pesquisa considerou também as várias formulações de contraceptivos hormonais para analisar as variações no risco, dependendo do anticoncepcional usado.
Foi estudado o uso de contraceptivos por parte de 1100 mulheres entre 20 e 49 anos, diagnosticadas com cancro da mama. Os resultados foram comparados com um grupo de controle de cerca de 22 mil mulheres.
A descoberta é que houve um aumento global de 50% no risco de cancro da mama nas mulheres que tinham usado qualquer contraceptivo oral durante o ano anterior. Este risco não mostrou dependência do histórico familiar. A pesquisa identificou ainda riscos específicos associados com as diferentes formulações dos contraceptivos, lembrando que, quanto maior o componente estrogénico do contraceptivo, maior o aumento do risco.
Os contraceptivos com dose moderada de estrogénio aumentam o risco de cancro da mama em 1,6 vezes. Já os contraceptivos com altas doses de estrogénio aumentam o risco de cancro da mama em 2,7 vezes.
A utilização dos populares contraceptivos orais trifásicos, que supostamente mimetizam melhor as variações hormonais naturais do corpo, mais do que triplicaram o risco de cancro da mama. O componente progestina, presente nos contraceptivos orais, aumentou o risco de cancro da mama de 1,5 a 3 vezes, dependendo do tipo de progestina usada.
O cancro da mama em mulheres de 20 a 49 anos é bem diferente do cancro da mama em mulheres na pós-menopausa. As mulheres mais jovens geralmente sofrem uma forma do cancro da mama que é mais agressiva e que responde menos aos tratamentos. Por isso, tudo o que aumenta o risco de cancro da mama em mulheres mais jovens aumenta na prática o número de mulheres que morrem de cancro da mama. Incentivar as mulheres jovens a evitar os contraceptivos hormonais parece um passo razoável para combater a doença.
É surpreendente, portanto, ouvir a principal pesquisadora responsável por este estudo minimizar a importância das próprias descobertas. A Dra. Elisabeth Beaber, do Centro Fred Hutchinson de Pesquisa do Cancro, localizado em Seattle, nos Estados Unidos, afirma: "Tendo em conta que estes resultados ainda não foram replicados e considerando a importância de avaliar tanto os benefícios quanto os riscos do uso de contraceptivos orais, não podemos fazer quaisquer recomendações clínicas com base nos resultados deste estudo único".
Como ela mesma aponta com clareza em seu artigo, porém, este não é o único estudo que encontrou uma relação entre o uso de contraceptivos orais e o cancro da mama. O seu estudo analisou dados mais precisos que os estudos anteriores e ainda descobriu que o risco de cancro da mama aumenta significativamente nas usuárias de contraceptivos orais.
Quais seriam, afinal, os benefícios capazes de compensar esse risco? A diminuição da acne? Menos cólicas menstruais?
Haverá quem aponte a possível diminuição do risco de cancro de ovário como um “benefício compensatório” do uso de contraceptivos orais. Acontece que o risco de uma mulher ser diagnosticada com cancro da mama é de 1 em 10. Já o risco de ser diagnosticada com cancro de ovário é de cerca de 1 em 72. Sugerir, então, que a diminuição do risco de cancro de ovário causada pelo uso de contraceptivos orais seria um contraponto que equilibra o risco crescente do cancro da mama é como dizer que dobrar o risco de se envolver num acidente de carro é vantajoso porque diminui o risco de se envolver num acidente de autocarro. Ou seja, não faz o menor sentido.
O que existe é uma grande pressão política e comercial para evitar o questionamento do uso de contraceptivos orais.
A enorme força dos defensores da contracepção fica evidenciada no lobby que pretende tornar os contraceptivos hormonais um benefício “obrigatório” das novas políticas de saúde pública do governo Obama, nos Estados Unidos, bem como na agressiva relutância dessa mesma legislação a permitir isenções a convicções morais ou religiosas.
Muitas mulheres acreditam, erradamente, que não poderão ser bem sucedidas na vida se não se tornarem praticamente estéreis. Os responsáveis por alimentar este mito é que estão a fazer a verdadeira guerra contra as mulheres, e não quem questiona a eficácia e a honestidade da ideologia feminista radical, que, em diversos aspectos, vem sacrificando a vida e a realização integral de milhões de mulheres, em especial das mais jovens.
É hora de os profissionais médicos falarem com clareza e sem desculpas sobre os perigos da contracepção hormonal.
Denise Hunnell in Aleteia
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