"Imagina que tens 26 anos e vives com outras quinze mulheres
como tu. Não podes deixar a casa onde estás, não podes casar, levantas-te às
5h20 da manhã e só podes falar 2 vezes por dia". Começa assim o artigo da
"Marie Claire" da África do Sul que
dedicou à jovem Lauren Franko.
Embora Lauren já não use esse
nome, mas faz-se passar por Irmã Maria Teresa do Sagrado Coração. Sim,
concluíram bem: Lauren é religiosa.
A vocação dela contada numa revista de moda
A vocação dela contada numa revista de moda
Com faces coradas e sorriso contagiante, Lauren conta a
história à revista. Com naturalidade e sinceridade, alegria e leveza. Tanto que
a jornalista não hesita em retratá-la como «uma pessoa com mente brilhante e um
grande sentido de humor».
E como é que se fez freira? Lauren conta que sempre quis
ser, mas percebeu que nem sempre era compreendida quando na sua infância dizia
que o que ela queria ser quando fosse grande era religiosa. «Por isso, quando
um dia pediram na escola que nos vestíssimos daquilo que quiséssemos ser em
adultos, eu vesti-me de criadora de gado».
Abandona a Igreja e experimenta outras religiões
Depois veio a adolescência e Lauren desorientou-se.
Abandonou a Igreja e experimentou outras religiões. Realmente, experimentou de
tudo: «Pensava que era normal e que isso me faria bem. Mas a verdade é que
fiquei vazia. A nossa sociedade nunca diz: "Se isto não deu, experimenta
com Deus"».
Regresso à Igreja católica
Cansada com o vazio, regressou à Igreja Católica. Na
universidade recomeçou a fazer oração e, embora continuasse a ter um namorado,
o desejo de ser freira regressou. No entanto, julgava que por causa do que
tinha vivido na adolescência não poderia vir a ser; e andava muito triste com
isso.
O YouTube e uma música
«Certa noite, no meu quarto, comecei a rezar. Mas também
queria ouvir a minha música favorita. Pus os headphones e fui ao YouTube buscar
a música. Mas em vez de ouvir a canção, ouvi a letra: "Queres casar
comigo". Imediatamente desliguei a música e disse "sim" a Deus.
De alguma forma, eu já tinha tomado a decisão, mas isto confirmou-me».
À volta, incompreensão
A reacção nos círculos mais próximos foi terrível: os pais
irritaram-se com ela, as amigas quiseram chantageá-la dizendo que ia perder a
liberdade e ia entrar num ambiente patriarcal que a ia escravizar. Mas nada
travou a decisão de Lauren, que entrou no mosteiro dominicano de Summit, New
Jersey (EUA), com 20 anos de idade.
Admiração da jornalista
A pergunta agora é simples: de que forma tratou uma revista
de moda como a Marie Claire a vida de uma jovem de 20 anos dentro de quatro
paredes de um mosteiro? A resposta é simples: com admiração. Basta ler o artigo
e reler o relato das orações, do trabalho manual, do silêncio que vivem durante
o dia (refeições também), as penitências que fazem para bem do mundo, incluindo
a vida de castidade.
«A dificuldade – diz sobre este assunto a agora Irmã Maria
Teresa – não está tanto em renunciar à actividade sexual, como em renunciar à
proximidade e sintonia de uma relação matrimonial. Eu renunciei voluntariamente
à possibilidade de ter um marido com quem caminhar na vida, com quem partilhar
alegrias e tristezas, renunciei a abraçar e a ser abraçada. E é difícil,
sobretudo nos momentos em que Deus parece estar distante».
Sexualidade e celibato
Mas nem tudo é renúncia: «A sexualidade é uma realidade que
deve ser valorizada, e eu valorizo-a. O vazio que esta falta de relação deixa é
provocado precisamente para poder abrir um espaço para Deus. Porque, ainda que
esse vazio possa ser difícil, é também a minha grande satisfação. Tenho uma
paixão profunda por Deus! E sendo freira possa amar da maneira mais radical
possível: renunciando a tudo pelo meu Amor. Esta relação é muito mais intensa
do que qualquer relação humana pode ser. É verdade, tenho esposo: Deus».
A família e a vocação
Com o andar do tempo, a família aceitou a vocação de Lauren
e, uma vez por mês, visita-a. E mesmo continuando a ser difícil - «tenho
saudades de ir às compras ou de ir à missa com a minha mãe», reconhece Lauren –
o sorriso não larga o seu rosto. De facto, daqui um ano professará os votos
solenes... e não tem medo daquilo que está para vir!
Selar um casamento com Deus
«Quando o fizer, renunciarei a ter seja o que for; ficarei
ligada até à morte. Pensei muito neste passo e vou dá-lo com muita segurança».
E assim selará o casamento com Deus tão desejado por ela: um casamento que
surpreende até revistas como a Marie Claire, e que teve o seu primeiro sinal
naquela tarde em que ouvia no YouTube a canção preferida.
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