Para que um soldado rodeado de inimigos consiga escapar tem de combinar um forte desejo de viver com um estranho desprendimento pela morte. Não pode apenas agarrar-se à vida, pois seria um cobarde e não escaparia. Não pode apenas esperar pela morte, pois seria suicídio e não escaparia. Tem de encontrar um espirito de furiosa indiferença perante a sua vida. Tem de desejar a vida como se fosse água e beber a morte como vinho.
Nenhum filósofo, parece-me, terá expressado este enigma romântico com lucidez adequada, eu certamente não o fiz. Mas o Cristianismo fez ainda mais: marcou os seus limites nas campas do suicida e do herói, mostrando a distância entre aquele que morre em nome da vida, e aquele que morre em nome da morte.
G.K. Chesterton in 'Ortodoxia'
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