sábado, 21 de janeiro de 2023

O corajoso martírio e a santa pureza de Santa Inês

Entre as heroínas da Igreja primitiva, que derramaram o sangue em testemunho da fé é Santa Inês aquela a que os Santos Doutores da Igreja tecem os maiores elogios. São Jerónimo, em referência a esta santa, escreve: “Todos os povos são unânimes em louvar Santa Inês, porque vencendo a fraqueza da idade e o tirano, coroou a virgindade com a morte do martírio”. De modo semelhante se exprimem Santo Ambrósio e Santo Agostinho. Com Maria Santíssima e Santa Tecla, Santa Inês é invocada para obter-se a virtude da pureza.

Inês nasceu em Roma, descendente de família nobre. Logo que soube avaliar a excelência da pureza virginal, ofereceu-a a Deus, num santo voto. A riqueza, formosura e nobre origem de Inês fizeram com que diversos jovens, de famílias importantes de Roma a pedissem em casamento. A todos Inês respondia que seu coração já pertencia a um esposo invisível a olhos humanos. Do amor ao ódio é só um passo.

As declarações de amizade e afecto dos pretendentes seguiu-se a denúncia, que arrastou a donzela ao tribunal, para defender-se contra a acusação de ser cristã. A maneira como o juiz a tratou, para conseguir que abandonasse a religião, obedeceu ao programa costumeiro em tais ocasiões: elogios, desculpas, galanteios e promessas. Experimentada a ineficácia destes recursos, entravam em cena, imposições, ameaças, insultos, brutalidades. O juiz fez Inês saborear todos os recursos da força inquisitorial da justiça romana.

Inês não se perturbou. Mesmo quando lhe mostraram os instrumentos de tortura, cujo simples aspecto era bastante para causar espanto ao homem mais forte, Inês olhou-os com indiferença e desprezo. Arrastada com brutalidade ao lugar onde se achavam imagens de deuses e intimada a queimar incenso, a donzela levantou as mãos puríssimas ao céu, para fazer o sinal da cruz. No auge do furor, vendo frustrados todos os esforços e posta ao ridículo sua autoridade, o juiz teve uma inspiração diabólica: mandar a donzela a uma casa de pecado. Inês respondeu-lhe: “Jesus Cristo vela sobre a pureza da sua esposa e não permitirá que lha roubem. Ele é meu defensor e abrigo. Podes derramar o meu sangue. Nunca, porém, conseguirás profanar o meu corpo, que é consagrado a Jesus Cristo”.

A ordem do juiz foi executada e daí a pouco Inês foi levada para o lugar da prostituição. Dos diversos rapazes que lá estavam, só um teve o atrevimento de se aproximar de Inês, com malignos intuitos. Mas, no momento em que ia estender a mão contra ela, caiu por terra, como fulminado por um raio. Os companheiros, tomados por um grande pavor, tiraram o corpo do infeliz e levaram-no para outro lugar. Não estava morto, como todos supuseram no primeiro momento, mas aos olhos faltou-lhes a luz. Inês rezou sobre ele e a cegueira desapareceu.

O juiz, profundamente humilhado com esta inesperada vitória da Santa, deu ordem para que fosse decapitada.

Ao ouvir esta sentença, a alma de Inês encheu-se de júbilo. Maior não podia ser a satisfação e a alegria da jovem noiva, ao ver aproximar-se o dia das núpcias, que o prazer que Inês experimentou, quando ouviu dos lábios do juiz o convite para as núpcias eternas com Jesus Cristo, o seu celeste esposo. O algoz tinha recebido ordem para, antes de executar a sentença de morte, convidar a Inês para prestar obediência à intimação do juiz. Inês rejeitou com firmeza . Ajoelhando-se, inclinou a cabeça, ao que parecia para prestar a Deus a última adoração aqui na terra, quando a espada do algoz lhe deu o golpe de morte. Os presentes, vendo este triste e ao mesmo tempo grandioso espectáculo, soluçavam alto.

Santa Inês completou o martírio a 21 de Janeiro de 304 ou 305. tendo apenas a idade de 13 anos. No tempo do imperador Constantino foi construída em Roma uma igreja dedicada à gloriosa mártir.

Santa Inês é padroeira das Filhas de Maria, por causa da sua pureza Angélica. Os jardineiros também a veneram como padroeira, por ser o modelo perfeito da pureza, como Maria Santíssima, que é chamada “hortus conclusus”, horto fechado. É padroeira dos noivos, por ter-se chamado esposa de Cristo. 

Do nome Inês há duas interpretações, a grega e a latina. Inês em grego é Hagne, isto é, pura; em latim, agna significa cordeirinho. Na Igreja latina prevaleceu esta interpretação. Dois dias depois da sua morte, a mártir apareceu a seus pais, acompanhada de um grupo de virgens, tendo ao seu lado um cordeirinho. 

Santo Agostinho admitia as duas interpretações. “Inês, diz ele, significa em latim um cordeirinho e em grego, a pura”. – No dia da festa desta Santa, na sua igreja em Roma são apresentados e bentos cordeirinhos, de cuja lã são confeccionados os “pálios” dos Arcebispos.

in farfalline


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1 comentário:

Maria José Martins disse...

Nos tempos de hoje, esta história até parece surreal!
Somente uma Fé inabalável, alicerçada num Grande Amor a Deus, é capaz de ultrapassar tudo o que Santa Inês ultrapassou.

"...Quanto mais a Criatura Ama e Serve a Deus, com todas as suas forças e possibilidades, tanto mais, a parte mais Nobre (Seleta) do seu espírito tem aumentada a sua capacidade de Conhecer, de Contemplar e de Penetrar nas Verdades Eternas!"

"...Somente os GRANDES AMOROSOS para com Deus atingem a Contemplação Verdadeira, e a parte mais Seleta da sua alma: a alma da alma, o espírito do espirito TORNA-SE FORTÍSSIMA, ao ponto de ficar capacitada para Conhecer a Deus e as Suas Verdades, e derramar sobre os irmãos a Sua Caridade e as Suas Graças..." da Obra --O Evangelho como me foi revelado--

Não foi isso que Santa Inês fez com o jovem que a queria USAR?!
Não só lhe perdoou, como ainda intercedeu por ele, para que Deus o curasse!